NIOAQUE 175 ANOS DE FUNDAÇÃO
FATOS HISTÓRICOS – PARTE 1
ANHOAC – ANHUAC - ANIOAC – NIOAC – NIOAQUE
Dia
8 de abril 1849 -* 8 de abril 2024
* 175 anos de Fundação *
“No
dia 8 de Abril, verifiquei o lugar do embarque e desembarque no Rio Anhuac; é
um ponto onde se lhe ajunta um arroio a que puz o nome de Urumbeva, e alli
finquei dois padrões de cerne Piuva, um
na barranca do rio, outro no campo; onde gravei a era de 1849, e as letras
iniciaes do nome de V. Ex. – B. de A. (Barão de Antonina)”
PAGINA 326.
Propósitos:
Proponho desenvolver 20 tópicos de Fatos Históricos de forma objetiva e documental sobre Nioaque do tempo de Porto Fluvial, Colônia Militar, Freguesia, Vila, Município, Comarca, Presença Militar do Exército.
1 - Presidio de Miranda á Município de Miranda.
Não é possível contextualizar a História e a Fundação de Nioaque, sem que antes se tenha breve resumo sobre a Origem de Miranda; isto porque Nioaque é fundada dentro do território e administração do Município de Miranda.
A Fundação do Presidio de Miranda (1797) à Vila e desta a transferência do Quartel Distrito Militar, 1º Corpo de Cavalaria de Mato Grosso para a Colônia Militar de Nioac (1859)
De um trecho dos debates no Parlamento Legislativo, sobre qual seria a melhor via para a construção da estrada de Ferro, para interligar a Província de Mato Grosso à São Paulo, de um trecho, destaca sobre a importância da Villa de Miranda e o porquê da transferência do Corpo de Cavalaria, e sede do Distrito Militar para a Colônia Militar de Nioac.
Historicamente é interessante reportar no tempo.
“Agora vou ler a
opinião do mesmo Sr Barão[1]
a respeito da Importância de Miranda:
__ Quanto a Villa de
Miranda, entendo que não tem tanta importância, quanto lhe dão algumas pessoas.
Como a tradição de
alguma sorte abona esta importância, vou dizer o que me ocorre a tal respeito.
No fim do século
passado[2]
(Século XVIII), aquele Distrito, (excetuando Camapuã), não tinha outros
habitantes senão índios.
Em 1797, tendo os Guaicurus
cometidos depredações no Paraguay, o Coronel Espindola, em perseguição deles,
entrou no nosso território, a testa de 800 á 100 homens.
Informado da invasão,
o Governador da Capitania de Mato Grosso Caetano Pinto de Miranda Montenegro,
tendo aliás ordem da Corte de Lisboa para precaver-se contra as hostilidades,
mandou reforçar a Guarnição da Fronteira[3].
Foi então que se
fundou o Presídio e que se deu o apelido do Governador.
“_Presídio de Miranda”.
A Força expedida para
este fim, postou-se no primeiro lugar habitável que encontrou na margem direita
do Rio chamado impropriamente de Mondego (Rio Miranda).
Levantou-se uma insignificante
fortificação passageira, que por vezes foi destruída pelas águas e reedificada,
e da qual não restam vestígios.
Nas imediações do
Presídio fixaram-se algumas aldeias de índios, que provocavam abrigo contra os Espanhóis.
Foi esta a origem da
Povoação de Miranda, que foi sucessivamente erigida em Freguesia e Villa por
Leis Provinciais de 1825 e 1857.
Foi por muito tempo
este lugar o único ponto Militar, e portanto a única base das operações que
podia exigir a defesa daquele deserto Distrito.
Tinha lenta, mas fácil comunicação com Coimbra e Cuiabá e ainda com o Registro do Jauru, que dista trinta e tantas léguas da cidade de Mato Grosso[4], onde então residia o Governador.
Ano 1877\Edição 00002
Annaes do Parlamento Brasileiro (RJ) - 1826 a 1888 - DocReader Web (bn.br)
Annaes do Parlamento Brasileiro (RJ) - 1826 a 1888
Sessão em 21 de Julho de 1877
Páginas 156-157
A estas circunstâncias deve a importância que se lhe deu.
Subsiste a vantagem,
não pequena, da comunicação fluvial, qual a tenho descrito com o rio Paraguay.
Opõe-se porém que a
Villa tome grande incremento, a sua posição topográfica.
Esta situação em
lugar sobranceiro ao transbordamento do Rio, mas cercada de baixadas, mas que
mesmo na estação da seca, são inundadas por chuvas acidentais.
A água que os
habitantes bebem é de cacimba, por não ser potável a do rio.
O clima é menos saudável
e ameno do que na proximidade da serra do Amambay, e sobretudo nas suas
vertentes Orientais.
As nossas Forças estacionadas em Miranda, digo na Villa, em 1856, fizeram dolorosa experiência de suas más condições higiênicas.
A Comissão de Engenheiros, que examinarão a posição em
1856 e 1858, apreciarão o seu pouco valor estratégico, e desde 1859 foram
transferidos para Nioac o Quartel de Comando Militar do Distrito e a parada do
Corpo que a Guarnecia.
Na publicação do Sr.
Visconde de Mauá vem um mapa do recenseamento de 1872, pelo qual vê-se, não
contando os índios aldeados, cujo número não chega a mil, que a população do Distrito
é de 2.832 almas. E da Villa limita-se à
das secções 3ª e 4ª do dito mapa, que dão ao contingente de 766 almas” (...)
2- A Fundação
do Porto de São João de Antonina (Anhoac, Nioac)
8 de abril de
1849, por Joaquim Francisco Lopes.
As principais fontes, documentos, que
registram todo o contexto para a fundação do Porto fluvial de Nioac, nas confluências
entre os rios Nioaque e Urumbeva foram publicados pela Revista do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro e diversas edições de 1870, e cujos
manuscritos também são de propriedade de Instituto.
a. Expedição Oficial de Reconhecimento de comunicação, varadouro, entre o Rio Brilhante e o Rio Nioaque 1847 e 1848
Conforme escreveu o John
Henrique Elliot, acompanhado de Joaquim Francisco Lopes, em empreendimento
financiado pelo Senador João da Silva Machado, Barão de Antonina, publicado Sexta Entrada,
Tibagi , Província do Paraná ao Baixo Paraguai, na Província de Mato Grosso
Descobrir Trânsito Fluvial Embarcado
Revista Trimestral de Historia e Geographia
ou Jornal do Instituto Historico e
Geographico Brasileiro, Rio de Janeiro, Tomo X, segunda Edição, 1870, páginas 160; 168; 172; 174;
Esta Expedição, de exploratória foi a sexta, de sete, foi Iniciada 14 de junho de 1847 e concluída em 18 de abril de 1848 como pode se ver:
“...Em 14 de Junho de 1847, embarcamos o Sr.
Lopes, eu e três camaradas uma légua para baixo da Campina do Inhoho e demos início
a viagem, jogando a vida de uma empresa desaprovada por todos, pois que jamais alguém
se persuadia que se pudesse conseguir a via de comunicação que o Sr. Barão
tinha premeditado...
Foi entre 30 de agosto e 6 de
setembro de 1847 na ida para o Presidio na Vila de Miranda que esta expedição
percorreu o trecho entre a Fazenda do Senhor Antônio Gonçalves Barbosa, no
Planalto da Serra de Maracaju, no rio Brilhante e atingem a confluência dos
rios Nioaque e Miranda, na Fazenda Forquilha do Major Gonçalves.
Retornando da Vila de Miranda
no dia 29 de setembro e atingindo novamente a Fazenda do Senhor Barbosa em 5 de
outubro de 1847.
A necessidade de marcar um
varadouro terrestre através da Serra de Maracaju, conectar o alto com o baixo
da serra, um ponto em um rio, no caso o Brilhante ou Ivinhema (Bacia
Hidrográfica do Paraná) Província do Paraná, São Paulo e um ponto em um rio, no
caso o Anhuac (Nioac) ou Mondego (Miranda) para dar acesso ao Rio Paraguai e
deste chegar a Capital da Província de Mato Grosso Cuiabá.
O Encerramento desta
Expedição de Exploração e reconhecimento ocorreu no dia 18 de abril de 1848.
Concluindo:
Esta viagem foi de exploração e reconhecimento por parte dos que prestaram o serviço, que iniciou em 1847 e concluiu em 1848. Entretanto em nenhum dos momentos se falou na fundação de um povoado, ou seja Nioac. Diga-se de passagem que este caminho o qual percorreram Elliot e Lopes já o era conhecido de muitos anos pelos Bandeirantes seiscentistas, pelos índios e pelos próprios ocupantes de terras, das famílias Barbosas e Lopes. Um dos irmãos de Joaquim, o Gabriel Francisco Lopes, que era casado com a Dona Senhorinha Conceição Barbosa Lopes, mais tarde, casa em segunda núpcia com o cunhado, Jose Francisco Lopes, o Guia Lopes, já possuíam fazenda próximo ao Apa, a Fazenda Monjolinho, hoje município de Bela Vista.
b. Expedição Oficial de Reconhecimento de comunicação, varadouro, entre o Rio Brilhante e o Rio Nioaque 1849 e a Fundação do Porto de São João de Antonina, Nioac
Sétima Entrada ou Expedição
Itinerário de Joaquim Francisco Lopes, encarregado de explorar a melhor via de comunicação entre a Província de São Paulo e a de Mato Grosso pelo Baixo Paraguai
Revista Trimestral de
Historia e Geographia ou Jornal do
Instituto Historico e Geographico Brasileiro, Rio de Janeiro, Tomo XII, segunda
Edição, 1872.
Páginas 315, 322, 323, 325,
326, 334,335
A transcrição na íntegra de todo este itinerário está transcrito em um item abaixo. A seguir apenas alguns recortes para caracterizar este período entre 1848 e 1849, o qual culminará com a demarcação do ponto de embarque no rio Nioaque, do Varadouro para o rio Brilhante, em 8 de abril, data oficial para a fundação que dará origem a atual cidade e depois município de Nioaque.
Esta
Expedição iniciou no dia 3 de agosto de 1848, em um porto de embarque no rio
Congonhas, Província do Paraná, afluente do Tibagi, e concluída em 15 de agosto
de 1849.
No dia 7 de Dezembro de 1848, atingem as Fazendas dos irmãos Antonio e Inacio Gonçalves Barbosa, confluência dos rios Sete Volta, no Brilhante, denominado Porto Sete Voltas ou dos Barbosas, atualmente no município de Maracaju e dali seguem, descem a serra de Maracaju em Direção a Vila de Miranda.
A
caminho de Miranda, chegando no dia 6 de janeiro, no inicio do novo ano, de
1849. Nota-se que nesta caminhada segue direto, e nem se fala ainda na fundação
da povoação de Nioac.
O
retorno da Vila de Miranda inicia no dia 12 de Janeiro e retornando a Fazenda
Boa Vista, Antônio Gonçalves Barbosa no dia 20 de janeiro de 1849. Nota-se novamente, que nem se falará ainda na
fundação de Nioac.
A
12 de fevereiro de 1849, foi que Joaquim Lopes iniciou oficialmente a
exploração da navegabilidade dos rios para encontrar os pontos mais próximos
para demarcar o Varadouro ou seja um caminho terrestre, através da serra de
Maracaju, que é o divisor entre as nascentes dos rios, afluentes entre o Rio
Paraná, a Leste e o Rio Paraguai, para o
Oeste.
O
Reconhecimento do rio Anhuac, Nioac e o retorno a Vila de Miranda, a 15 de
março de 1849.
O
Retorno da Vila de Miranda, a 31 de março 1849, passando pela Fazenda
Forquilha, confluência do Nioac e Miranda.
Enfim,
chegando, o dia 8 de abril de 1849, demarcando o ponto de Embarque e
Desembarque, nas confluências dos rios Anhuac e Urumbeva, que dará origem a
atual cidade de Nioaque, na Província de Mato Grosso.
Chegando
aqui, ao ano de 1849, como ano oficial do pontapé inicial que dará a fundação
da imortalizada Nioac, Patrimônio Imaterial Histórico Cultural do Estado de Mato Grosso do Sul, da República
Federativa do Brasil.
“No dia 8 de Abril, verifiquei o lugar do embarque e desembarque no Rio Anhuac; é um ponto onde se lhe ajunta um arroio a que puz o nome de Urumbeva, e alli finquei dois padrões de cerne Piuva, um na barranca do rio, outro no campo; onde gravei a era de 1849, e as letras iniciaes do nome de V. Ex. – B. de A. (Barão de Antonina)”
As previsões de Joaquim Francisco Lopes, para a fundação de uma povoação, foi concretizada. Se isto já estava escrito nas estrelas, somente Deus, pode confirmar seus planos, mas foi do fruto trabalhoso dos Lopes, Barbosas, Gomes, Elliot, indígenas, Camaradas, negros, militares... e tantos outros anônimos à História, conservaram este território à Nação Brasileira, já que fora cobiçada pelos espanhóis e posteriormente pelos paraguaios. Homenagem e Gratidão a todos que souberam acreditar e dar vida à Anhuac dos Guaicurus.
Esta expedição chegou a termo no rio Congonhas, ponto do embarque e desembarque a 15 de agosto de 1849, depois de mais de um ano em viagem. Conforme registrou o Lopes, a distância entre a Vila de Miranda, na Província de Mato Grosso, até o Porto de Jatahy, na foz deste rio com o Tibagy, Província do Paraná o percurso é de 120 léguas. Que convertido para quilômetros, tem-se aproximadamente 120 x 6,600 = 792 km, percorrido via fluvial, exceto a via terrestre do varadouro na serra, entre as confluências do Nioaque e Urumbeva (Porto de São João de Antonina) e no Brilhante confluência com o Santo Antônio (Porto de São José do Monte Alegre) de aproximadamente 60 km. (“O varadouro terá de 8 a 9 léguas por campos”)
Concluindo:
O
ano de 1847/1848
– foi o ano que se iniciou a exploração da comunicação fluvial, mas não da
Fundação de Nioaque.
O
ano de 1848
– foi o ano que iniciou a segunda etapa da exploração de uma via de comunicação
fluvial, mas não da fundação de Nioaque.
O
ano de 1849
– foi o ano da demarcação da via de comunicação, definição do varadouro, demarcação dos
Pontos, os Portos fluviais no Nioaque e Brilhante, e do Porto nas confluência
entre o Anhuac e Urumbeva, surgirá a cidade da Terra de Bravos, Berço de Heróis.
Barão
de Antonina.
[1]
Barão de Melgaço. Augusto Leverger.
[2]
Esta sessão legislativa aconteceu em 1877, início da segunda metade do século
XIX, 1801-1900.
[3]
Com a então Província do Paraguai, colônia espanhola.
[4]
Nota, Embora Cuiabá tenha a sua fundação em 1719, mas a primeira Capital da de
Mato Grosso foi a atual cidade de Mato Grosso, Villa Bella da Santissima
Trindade.
Cuiabá, “Em 1718, chegou ao local, já abandonado, a
bandeira do sorocabano Pascoal Moreira Cabral. Em busca de indígenas, Moreira
Cabral subiu o Coxipó, onde travou uma batalha com os índios coxiponés. Como
perderam a batalha, os bandeirantes voltaram e no caminho encontraram ouro,
deixando, assim, a captura de índios para se dedicar ao garimpo.
Em 1719, Pascoal Moreira foi eleito, em uma eleição
direta em plena selva, comandante da região de Cuiabá. Em 8 de abril de 1719,
Pascoal assinou a ata da fundação de Cuiabá no local conhecido como Forquilha,
às margens do Coxipó, de forma a garantir os direitos pela descoberta à
Capitania de São Paulo. A notícia da descoberta se espalhou e a imigração para
a região tornou-se intensa.
Cuiabá foi elevada à condição de cidade em 17 de
setembro de 1818, tornando-se a capital da então província de Mato Grosso em 28
de agosto de 1835 (antes a capital era Vila Bela da Santíssima Trindade) (Cuiabá –
Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)) Fevereiro de 2024.