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sábado, 16 de abril de 2016

ATIVIDADES ECONÔMICAS NO MUNICÍPIO DE NIOAQUE – 1850 – 1900

CAPITULO XVI

16 Introdução


            Reunidos neste capítulo os  elementos sustentáculo da formação histórica de qualquer  cidade ou município, as atividades econômicas.

            Nenhum processo social acontecerá numa sociedade, caso inexista atividades de produção. Estas atividades estão agrupadas em três grupos principais: Setor Primário – constituído pela agricultura, pecuária, extração animal, vegetal e mineral; Setor Secundário – Caracterizado pelo processo de transformação dos produtos primários em manufaturados ou industrializados e pelo Setor Terciário – relacionado a quaisquer ações de prestação de serviços: comércio, oficinas, igrejas, escolas, transportes, comunicação, saúde, segurança e outros elementos de apoio e assistência aos cidadãos.

            A forma de relação entre o homem e a exploração da natureza, resulta em produção de atividades econômicas, que é a base para todas as estruturas sociais  sobrevivam e até mesmo existam: política, militar, cultural, histórica, religiosa.

            Reconstruir a vida econômica do Município de Nioaque do Século XIX é um processo tão difícil quanto o de entender a sua própria História; por outro lado, escrever crônicas é  mais prático e menos comprometedor com a verdade do que escrever os fatos reais e para isso foi preciso reunir alguns poucos elementos fragmentados, estudá-los e ordená-los numa  seqüência, para deixar uma relação direta entre o presente e o passado, com algumas informações anteriormente escritas.

Toda História de Nioaque está fragmentada em antes e depois: antes e após a Guerra do Paraguai: antes e após o Século XIX assim, deste modo, estão reunidos neste Capítulo  as principais atividades econômicas  entre 1850/1870 e 1871/1900.
           
A fragmentação do tempo, não significa que a História deixou de acontecer, isto porque o tempo jamais pára, apenas os acontecimentos alteram de ordem entre o espaço geográfico e a temporalidade, mas sempre numa sucessividade cronológica entre o homem, agente  e o – espaço, o elemento que sofre a transformação. Deste modo, até 1900, o Município de Nioaque, representava nada menos que uma  extensão de 200.000 km² e que após este período, entrou o declínio político, econômico e fragmentação do seu espaço territorial, reduzido no século XX a 4.113 km².

            Percebe-se assim, que para chegar a quaisquer questões foi preciso cautela, pois definirmos dados, quando não se possui referência, poderia colocar o trabalho no rol do subjetivismo e do provável.
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16.1  Atividades econômicas – 1850 – 1870


            As atividades que caracterizaram a vida econômica do povoado de “Nioac” neste período que se registra da sua fundação até o final da Guerra do Paraguai, foram essencialmente primárias.

            A população urbana não excedia a 200 habitantes.

            As vias de comunicação eram extremamente precárias; estradas abertas a machado através dos cerrados, onde trafegavam carretas, tropeiros e cavaleiros.

            Havia algumas poucas estradas que interligavam com Nioaque, além do mais, os núcleos populacionais na região restringiam a guarnições militares.  Havia também a navegação fluvial através dos rios Nioaque, Miranda, Paraguai, Brilhante, Ivinhema, Paraná.
           
            O povoado de Nioaque pertencia ao Município de Miranda  e Comarca de Corumbá, por isso não se pode definir área geográfica, pois o mesmo não se constituía em Distrito, muito embora existisse um destacamento militar.

            A atividade terciária, prestação de serviços e assistência, estava diretamente ligada ao apoio dos militares do Corpo de Cavalaria, saúde e segurança, a religiosa vinha de Miranda.

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Foto ilustrativa de um carro de  boi, puxado por três juntas de animais principal meio de transporte terrestre empregado na época. (Album Grafico de Mato Grosso, 1910)

            O comércio tinha três vias: uma que entrava por Concepción pelo Paraguai; a outra por Miranda, via fluvial: rios Paraguai, Cuiabá, São Lourenço, Miranda – Assunción, Corumbá, Miranda, Cuiabá e uma terceira, precedente de São Paulo e Minas Gerais, entrada através de Santana do Parnaíba.

            Já nas atividades secundárias, as industrias eram artesanais, produtos fabricados em casa e manualmente: madeiras,  tijolos de adobe[1], alambiques de fabrica de aguardente, engenho de açúcar, monjolos, ferrarias e alimentícias.

            As atividades primárias, a fonte de toda a base da economia, tinha na pecuária, criação de gado vacum e cavalar  sua principal riqueza.

            Os animais eram criados praticamente soltos e usavam as pastagens in natura, processo chamado pecuária extensiva[2].

            Embora o gado pouco valesse, a comercialização constituía-se  na venda do animal em pé e do couro, que era para o sul do país – Brasil e Argentina.

            Também se fazia uso do gado vacum como força de tração para puxar as carretas. Uma junta de bois amansada, treinada para as carretas possuía um valor acima dos outros animais comuns destinados apenas para o abate.

            Com relação à agricultura, sua produção era de subsistência  e destinava-se ao consumo local do Povoado e do próprio produtor, usado no sustento das famílias e empregados da própria fazenda.


Criação de Gado, fazenda Forquilha, final do século XIX e início  do século XX, propriedade da família Rufino, localizada na foz do rio Nioaque ao Miranda (Arquivo do Autor, crédito Dario Pires)

            As propriedades constituíam-se de latifúndios, denominadas de fazendas, onde se praticava a agricultura: cana-de-açúcar, arroz, mandioca, milho, abóbora, melancias, bananas ananases, frutos cítricos e a criação de animais: bovinos, suínos, ovinos, eqüinos e aves.
            As transações comerciais na maioria  seguiam o processo “in natura”, ou seja, trocava-se um produto pelo outro; por exemplo: cavalos por sal, gado bovino por erva-mate.

Dinheiro muito pouco existia, a circulação constituía nas moedas de ouro, prata, cobre, patacões, real, reais, réis do Brasil e libra esterlinas, moeda inglesa.

            Os mercadores ou mascateiros ambulantes traziam nas carretas ou no lombo das tropas de cavalos ou muares as mercadorias que eram escassas neste interior: sal, tecidos, ferragens, armas e trocavam por gado, couros, crinas, aguardente, cavalos.

            Mascateavam-se também por encomendas, fazia-se o negócio diretamente com o fazendeiro na sede das fazendas; não havia praticamente estabelecimentos comerciais  que abastecessem a região, apenas algumas vendas gêneros de primeira necessidade.

            Normalmente os mascateiros eram estrangeiros, conforme registram as crônicas da época: italianos, espanhóis, portugueses, argentinos e paraguaios.

            Os mascateiros formavam uma caravana ora com carretas, ora usando montaria dos cavalos ou muares em regiões de difícil acesso e a viagem durava algumas vezes meses.
           
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16.2  Atividades Econômicas – 1871 – 1900


            Com a conclusão efetiva do conflito que envolveu a Tríplice Aliança e o Paraguai em 1º de Março de 1870, de Nioaque restava apenas o nome, porque os cinco anos de guerra, deixaram a vida econômica da região a mercê dos cuidados da natureza.
           
Teve-se deste modo, o que pode se chamado de Renascimento Histórico, Político, Cultural, Militar, Social e Econômico que sucedeu até o final do Século XIX e início do Século XX.

            Este período assinalado com trinta anos, foi marcado e influenciado por inúmeras conseqüências provenientes do conflito.

            Com a invasão da Província de Mato Grosso, no Sul, pelo Paraguai, os  espaços que até 1864 estavam desocupados, passaram a ser preenchidos por centenas de novos estabelecimentos com criatórios de bovinos.

            O descaso das autoridades da Província e do Império do Brasil com  relação a esta região sulina converteu-se agora em preocupação e tratou-se logo de ocupar e preservar os limites da fronteira, estimulando o povoado com a instalação de guarnições militares, forma de garantia e segurança.

            Os espaços palmilhados pelos combatentes paraguaios e brasileiros possibilitaram o conhecimento e divulgação da região, entre eles, os da Expedição da coluna do Coronel Carlos Moraes Camisão. Visconde de Taunay, através dos seus livros, entre eles “Retirada da Laguna”, relata fatos históricos que serviram para dar expressão das vastas áreas de campos e cerrados e matas tropicais próprios para a criação de animais e para o desenvolvimento das atividades agrícolas.

            Muitos dos próprios ex-combatentes ficaram residindo na região, atraindo aos poucos novas famílias, pela facilidade de se conseguir terras.

            A existência nativa da erva-mate, como será descrito à frente foi uma atividade extrativa e industrial altamente competitiva com os mercados consumidores e produtores da região e do exterior.

            A Guerra extinguiu o desenvolvimento das Colônias Militar de Miranda e Dourado, porém, possibilitou o surgimento de novas cidades: Bela Vista, Ponta Porã, Rio Brilhante, Campo Grande, Aquidauana e o progresso das existentes: Corumbá, Miranda, Nioaque, Paranaíba.

            Assim sendo, dentro deste contexto histórico é que florescerá o desenvolvimento econômico na grande região de Nioaque.

            Já mesmo muito antes de 1º de Março de 1870, muitas famílias que haviam deixado o povoado e arredores, as correrias no final de Dezembro de 1864 e Janeiro de 1865, estavam retornando para certificar-se do que havia restado.
           
O próprio retorno de Cuiabá do Corpo de Cavalaria e instalado em Nioaque, com a sede do Comando do 4º Distrito Militar e Guarnição da Fronteira com o Paraguai, esteve relacionado com as necessidades de apoiar a população e atrair novas, para o renascimento  e progresso da cidade e região, o que de fato aconteceu.

            Essa situação deixou Nioaque em posição privilegiada colocando-a no pedestal de “Cidade Pólo” e centro político-administrativo mais fluente e atraente do centro Sul de  Mato Grosso.

            As atividades terciárias foram as de maior fomento econômico neste período, tendo o setor comercial, o principal destaque, com a construção de casas comerciais[3], comércio de importação e exportação dos produtos regionais, posto de compra e venda.

            A primeira casa comercial segundo registro da época, foi fundada em 1871, pelo Italiano Vicente Anastacio, cujo anúncio comercial do final do século assim expressava sua mensagem[4]:



“VICENTE ANASTACIO – 
Nioac (casa matriz) – Fundada em 1871 –

Importação em geral: fazendas, armarinhos, ferragens, modas e novidades, seccos e molhados – exportação de couro vaccum, crinas, borracha, paina, penna de garça –
 Banqueiro das Caixas Geral das Familias, da Bonificadora e da Companhia de Seguros Sul America”.






Em outro anúncio relativo ao próprio Vicente Anastacio, encontramos a seguinte alusão[5]:

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VICENTE ANASTACIO – Aquidauana e Nioac  -

 Serviço regular de navegação  subvencionada pelo Governo do Estado com a lancha a vapor “Liguria”, com uma marcha de  seis milhas por hora, rebocando as chatas “Albuquerque” e “Aieta”, com a capacidade para 45 toneladas.


            Nas fazendas da casa, nas proximidades de Nioac, denominada “São João” e “Urumbeva” com uma extensão de 5 respectivamente 2 léguas quadradas existem bem adiantadas criações de  gado vaccum, cavallar, de lanígeros e suínos.

            O stock de gado vacum, composto de cruzamento com  raças Chino e Zebú, conta de 4.000 cabeças e o de cavallos de 500.         
Exportação direta de Couros".

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CASAS COMERCIAIS
VICENTE ANASTÁCIO


Abaixo fotografias das Casas Comerciais de Vicente Anastacio na Cidade de Nioac no final do Século XIX e início do Século XX.


Casa Comercial de Vicente Anastácio em Nioaque, final do século XIX e início do Século XX, situada na rua  15 de Novembro, próximo ao monumento aos heróis da Retirada da Laguna

Prédio de Vicente Anastácio - Posto Telegráfico em Nioaque inaugurado pelo Marechal Rondon. Esquina da atual Avenida General Klinger com a Rua Quintino Bocaiúva.

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ANÚNCIO COMERCIAL DA EMPRESA
CANDIA & MOLITERNO
 Fotografia da Loja Comercial da Empresa Candia e Moliterno, italianos radicados, constituiu-se no prédio mais imponente para a época, um dos poucos sobreviventes aos dias atuais.   Atualmente é conhecido pelo nome de “Casarão”. Localizada na Rua 15 de Novembro esquina com a Rua Alexandre Denruy.


CANDIA & MOLITERNO

Aquidauana e Nioac
Importação em geral
Exportação de productos do paiz

O grupo empresarial construiu em Nioaque o mais imponente prédio arquitetônico, um dos poucos que sobreviveram até o século XXI, o Casarão.


Referências a outros dois anúncios comerciais das empresas Candia & Moliterno[6] na  cidade de Nioaque, final do Século XIX e início do Século XX.


            O Prédio onde  funcionou a Loja do Grupo Candia e Moliterno é atualmente conhecido pelo nome de  Casarão, embora restaurado, sofreu diversas modificações do projeto arquitetônico inicial.

           

CANDIA & MOLITERNO

Aquidauana e Nioac
Importação em geral
Exportação de productos do paiz

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ANÚNCIO COMERCIAL
DA EMPRESA RUFINO

O próximo anúncio comercial referia-se às casas de Affonso Rufino, cuja publicidade apresenta a referência seguinte[7] imagens do final do Século XIX e início do Século XX.


AFFONSO RUFINO – Nioac


Rua 15 de Novembro – Fundada em 1898
           


Capital Primitivo: Rs.: 12:000$ - hoje rs.:225:000$000
Importação  em Geral  - Seccos e Molhados – Compra e venda de gado.

            A fazenda “Forquilha” de propriedade da firma  tem uma
extensão de 212.474 hectares, com excelentes plantações de cereais e arvores frutíferas, contando uma existência de 3.200 cabeças de gado, cruzamento de Zebú e Chino”.



Casa Comercial Affonso Rufino, atual Hotel Central, Rua 15 de Novembro. Atual Hotel Central. Arquivo do Autor.
           

Fotografia da fazenda Forquilha[8], considerada a mais antiga no município de Nioaque e a primeira estabelecida nas imediações da cidade.  A Fazenda que pertenceu a família Rufino.
           


Fotografia da fazenda Forquilha[1], considerada a mais antiga no município de Nioaque e a primeira estabelecida nas imediações da cidade.  A Fazenda que pertenceu a família Rufino. Arquivo do Autor (crédito Dario Pires)





[1] Fotografia da Família Rufino, datada de  15 de agosto de 1927.


Preste atenção no detalhe da extensão da propriedade da firma de Affonso Rufino: 212.474 hectares.    
          
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 É verdade, existiram outras casas comerciais, mas que no momento, não possuí referências.  
                  
Nioaque era abastecido por inúmeras carretas que provinham através de Concepción, Argentina, Rio grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais. Corumbá tornou-se o Porto mais importante do Sul de Mato Grosso, funcionando como um entreposto comercial de distribuição dos produtos importados e exportados de outras regiões e do interior, através da navegação fluvial, dos rios da Bacia do Prata e Paraguai e que por sua vez os afluentes: Miranda e Aquidauana . A navegação pelo Nioaque permitia tão somente pequenas embarcações e somente em algumas épocas do ano. Fazia-se uso das carretas e tropas de animais cavalares ou muares.

            Nioaque era um ponto terrestre intermediário de comercialização e distribuição de produtos. Aqui vinham os fazendeiros da região para se  abastecerem e algum de pontos distantes: Campo Grande, Bela Vista, Ponta Porã, Vacaria.

            A  transação comercial, já mais acelerada que no período anterior, mesmo assim ainda se usava o processo das trocas de mercadorias, por  produtos da região e quando disponível usava-se a moeda corrente do Brasil: real – réis.
           
Outras atividades comerciais estabelecidas com expressão local: açougues, farmácias ou drogarias, lojas de vendas de jóias, ouro, pratarias, barbearias, tipografia, casa de biliar ou outros jogos permitidos, casa de pasto[9].

            As atividades de serviços e assistência: médica, educação, segurança, religiosa, jurídica; eram oferecidas pelos militares do exército, professores, funcionários da Intendência e da Câmara Municipal, Juizes, advogados e demais funcionários do fórum, cartorários, policiais, fiscais de renda.

            Quanto ao setor secundário, a atividade industrial, teve: oficina de sapateiros, marcenarias, carpintarias,  funilarias, ourives, alfaiates, padarias, olarias, máquinas para serrar madeira, curtumes de couro, carvão vegetal, pedra de cal, fécula de mandioca.

            O fabrico da erva-mate pode ser considerado como a principal atividade econômica do setor e desse período.

            Na região de Nioaque[10], propriamente dita, não havia ervais nativos, concentravam-se na fronteira com  o Paraguai: Ponta Porã, Bela Vista, Cabeceira do Apa, Itaum, Vacaria, Amambai, Antonio João, Vista Alegre.

            Vale lembrar, como pode ser observado através do mapa Anexo Histórico 2 do que estas e outras localidades todas pertenceram à área do Município  de Nioaque, Freguesia em 1877 e Município em 1890.

            No orçamento da Intendência Municipal de 1892,  o primeiro do Município, na sua previsão de receita para exercício,  os valores seriam cobrados sobre a atividade ervateira[11]:

            “ § 14º - Sobre cada rancho de fabricação de Herva-matte, cinquenta mil réis;
             n. 1 – para cada 15 quilogramas de herva-matte exportada do Municipio            para pais estrangeiro, cem réis e para consumo do municipio, cinquenta réis e outros Municipios vizinhos, vinte e cinco réis”.
           
Também no orçamento para o exercício de 1893, também se previa arrecadar através da erva-mate os seguintes valores na exportação do produto:

            No orçamento[12] para 1893, assim prescrevia:

c) "todo individuo que por si ou por companhia  que o organizem, obtiver concessão do Governo Estadoal para fabrico de herva-matte, pagará o imposto de 200 réis, por cada 15 kilos sobre o numero que extrahir;

             d) sobre o dinheiro para extracção tão somente 30:000$000”.

            A exploração da erva-mate constituiu-se na principal fonte de receita do Estado de Mato Grosso, contribuição do Sul, do Município de Nioaque. O Estado possuía o monopólio do controle fiscal, revertendo para os seus cofres todas as arrecadações e o Município ficava com uma insignificante parcela.

            Nos relatórios do Intendente Municipal, oferece-nos uma visão global da questão econômica e da exploração da erva-mate.



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            No relatório[13] de 10 de Junho de 1893, o Intendente Municipal, assim se expressou:

“O lapso de tempo decorrido em esses trabalhos é necessario para a discussão e aprovação do orçamento e postura foi quasi  (desculpe-me a frase)  perdido porquanto não percebendo-se as rendas exaustas os coffres  impossibilitarão complemente, poder nem quer occupar da attenção de tantas exigencias e necessidades como pesão sobre a actual Camara. E já que relativamente a recursos, me é dado tratar, seja-me permittido chamar a attenção do Illustre Presidente do Estado sobre grave mal causado a este nascente Municipio com a privação de perceber os direitos sobre Herva-Matte, extrahidas das imensas quão longinquas florestas que se comprehendem  no Municipio.

Não  deve deixar de apreciar-se com este motivo que,  convertida em ruínas, esta comarca há vinte annos, um dia na vida  dos povos e começando recém a erguer,  á reconstruir, aquellas ruinas e a formar novamente a sua povoação exterminada, porem gloriosamente e naquella hecatombe, sua industria exigua e  com quanto suas fontes de riquezas são innumeras, a falta se braços, a carencia de capitaes e as dificuldades das vias de communicação  que sobre carregão os preços das produções, aconselhão  a não carregar o municipio com impostos relativos a outros lugares em que seu desenvolvimento natural e progressivo, não foi tão energeticamente contra restado .

            Por estas razões, devendo ser produzido pela generalidade dos impostos municipaes a ser insignificantes e sendo muitas as necessidades, porquanto, tudo ha que criar a unica  e exclusiva esperança da Cammara Municipal d’esta Villa podia e devia ser rendas dos Hervaes, rendas que por outra parte,  não hia agravar sobre o humilde industrial, sobre o insignificante commercio á varejo, unico existente na commarca, sobre o pôvo productor enfim,  se não muito pelo  contrario, sobre o  capital representado por grandes companhias que vem a extirpar as riquezas do Municipio e colocal-as em sua grande maioria  parte no exterior. E não diga que essa supressão do direito sobre os hervaes é aconselhada por medida economica tendente a equilibrar o preço da herva-matte com aquellas de outras precedencias, não porque hoje a herva-matte extrahida do Municipio de Nioac, não tem  e nem permite competencia. Achão-se  extintos os hervaes da vizinha Republica do Paraguay, a causa é do systema não observado nos cortes das plantas e sua produção de hoje insignificante para a demanda dos lugares consumidores de herva de broto, que nunca pode ser comparada com  qualidade e preço a com aquellas que provem dos hervaes virgens como ainda as de nossas florestas. As Hervas de Corientes, Paraná e Paranaguá, nunca pela classe, systema de elaboração, ou outras cousas nunca poderão revalizar com a do Paraguay,   única que colocou em paralelo com a nossa.

            Porquanto, o pequeno e exiguo  direito estabelecido nas  posturas juntas, como se prova pelo orçamento que nada prejudica aquelles hervaes, unico  recurso de certa importância para o desenvolvimento da missão incumbida a municipalidade, importante base de toda instituição democratica e sem cujo recurso ou elemento a vida da Camara Municipal da Villa de Nioac  sendo a demais será sumamente illusoria,  posto que não podera atender nem a instrucção publica e da garantia individual.

            E quanto por agora posso levar ao conhecimento do Illustre Presidente do Estado. E convicto dos nobres sentimentos patrioticos  que todos alentão e do amôr que naturalmente devem sentir este futuro Municipio, parte integrante da nossa terra Natal, me é dado esperar que desejo um olhar protector a esta fronteira a conservação da sua existencia politica e sua vida autonoma municipal   a desliguem  das travas que a detem  no caminho  do Progresso”.

            Não é uma crônica histórica, mas através de um trecho do relatório seguinte, de 31 de Dezembro de 1894, do próprio Intendente Geral do Município de Nioaque, deixa a transparência da situação financeira, que por sua vez é a vida econômica, quatro anos após a criação do Município, dirigida ao Presidente do Estado de mato Grosso, acompanhe o relato[14]:

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            “Finanças -  Nada se encontra mais deploravel do que o estado financeiro do Municipio, que actualmente mais contribui para a prosperidade dos coffres do Estado.

            É contristado e seria mesmo para desesperar se tal estado de cousa prolongar-se, o que não é possivel suppôr-se, pois  que um Municipio novo, onde tudo está por fazer onde medra a ignorancia  por falta das necessarias escolas, onde estradas são as que a natureza as creou naturalmente, que precisa de ediffício apropriado para o Paço Municipal, que tem urgencia de casa para cadêa civil,  que não pode dispensar a construção de algumas pontes reclamadas com instancias e outros serviços, é contristado repito, a ver-se que em breve terá de estender-se a mão indigente para pedidos auxiliares pecuniarios aos coffres       estadoaes afim de  manter-se.

Se não a totalidade, ao menos uma grande parte das rendas estadoaes, cuja prosperidade é digna de nota são fornecidos pelos productores industriaes d’este Municipio, que entra para o orçamento do thesouro com o melhor da sua seiva.Sem querer negar o valioso concurso dos seus irmãos, cujo futuro  brilhante os aguarda um porvir não muito remoto, ninguem deixará de reconhecer que d’este Municipio,  é que são tiradas as maiores contribuições de nossa Lei Tributaria e não seria exagero dizer que é uma injustiça exhaurir toda as suas fontes de receitas só em proveito dos coffres estadoaes e em prejuizo grave os Municipio, que ficou d’esta forma completamente aniquilada.

Sem meios de agir, sem poder enfrentar as suas mais palpitantes  necessidades, asphixiadas  pelo pezo de tantas e tão graves responsabilidades, nada poderá emprehender em prol d’esta zona riquissima, debatendo-se no circulo de ferro de seos apuros, verá  nullificada a sua razão de ser, desapparecendo como está sendo a sua constitucional autonomia por esta forma cercado.

Em um Municipio como este, destinados aos maiores progressos e vehiculo das relações comerciaes do Sul do Estado, como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e ligando com o Paraguay com as melhores proporções, para desenvolvimento de via fêrrea, pelas grandes planicies que estendem em grade parte de sua riquissima zona, cuja produção agricola precisa ainda ser animada com a abertura de vias de communicação para diversas partes

O atrophiamento  das suas rendas seria o seo completo aniquilamento, seccando assim uma das melhores rendas do Estado.

Urge por isso, chamar criteriosamente a attenção de Vossa Excellencia para o assumpto de tanta magnitude e para  elle  solicito a fraternal cuidado com o que costuma zelar aos negocios da administração que foi entregue as a vossas sabias mãos.

Ninguem melhor que Vossa Excellencia, pensa que será um engano crasso e de amargas desillusões,  o querer enriquecer as arcas do thesouro, desamparando e atrophiando as fontes, onde esse mesmo thesouro vai aurir os seos recursos, isto é, os municipios.

Se não devido os meios necessarios aquelles para a manutenção dos serviços á seo cargo, não é menos verdade, que o municipio, base de toda organização do actual regime, precisa e muito não morrer a mingôa, dos meios que lhe são indispensaveis tambem e que elle vê tirar de si para levar a plethora algures.

A Erva Mate

Contribuindo pois, este Municipio para o Estado, com toda a renda da exportação da Herva-Mattte e gado vaccum e não tendo onde aurir fontes de receita para as suas mais palpitantes necessidades, lançou mão de um  pequeno tributo sobre o principal objecto dos seos productos  e decretou o imposto de 200 réis por cada 15 kilos de Herva-Matte extrahida,  conforme consta do orçamento, que em tempo tive a honra de submeter a apreciação de vossa excellencia, como se vê essa contribuição em nada affectará ao direito de exportação cobrado pelo fisco estadoal.

Pelo junto balancete avaliará V.Exa., de que modo, sem este imposto essa Camara poderá administrar, zelar e melhorar o estado material d’este Municipio. Pela Lei do Orçamento ja citado, está demonstrando que a receita foi calculada em  Rs.:35:344$000 e as despesas em 35:504$000, figurando da receita a renda presumivel do imposto da extracção de Herva-Matte dentro do Municipio em 30:000$000 rs. Esta arrecadação ainda não feita e ignoro eu a razão, officiei ao agente municipal de Ponta Porã, que me respondesse com urgencia qual o motivo que fosse elle nomeado em diaz do mez de Outubro do corrente anno.

Por ora, esta Camara desfalcada em quantia de verbas Rs.:30:000$000 (extração de Herva-Matte), não poude por em execução os melhoramentos que carece fazer no Municipio.De modo que por grande seja a economia d’esta Camara, a não se realizar a cobrança d’aquelles direitos, verificar-se-ha o alcance e ficarão frustrados todos os esforços para a manutenção dos serviços dos melhoramentos municipaes.

Esta Câmara roga-vos o vosso formal apoio em todos os pontos mencionados...”.

Com relação às atividades primárias praticadas no Município em face de grandiosidade e as peculiaridades regionais tivemos: Pecuária – não podemos precisar o número exato, mas acredita-se que era superior a 3.000.000 cabeças de gado vacum, principalmente das raças Chino e Zebú, 20.000 cavalares, 5.000 ovinos e caprinos e 10.000 aves.

A pecuária continuava sendo do tipo extensiva, usando grandes áreas e geralmente pastagens naturais.  A criação bovina, a base principal da economia deste setor, era de corte[15].

Quanto à agricultura continuou a de subsistência, produção destinada para o abastecimento da população da região produtora.Os principais produtos: frutos diversos,  arroz, feijão, milho, mandioca, batata, café, cana-de-açúcar, algodão. Com a migração de famílias principalmente no Rio Grande do Sul, houve a introdução de culturas diversificadas, muitas das quais até então dos Estados do Sul: frutos Subtropicais, ervas medicinais, além das experiências com cultura do  trigo e outras leguminosas.

O extrativismo mineral: consistia basicamente na extração da argila, utilizando nas olarias para a fabricação de tijolos, telhas e utensílios, extração de pedra cal, queimada e utilizada nas construções, além de pedreiras e extração de areia. Quanto à exploração de ouro e outras preciosidades minerais, não temos referências, senão as contidas previstas nas receitas do orçamento do Município, do exercício de 1894, diz o seguinte:

“6.  Por concessão do uzo, goso e exploração das riquezas comprehendendo as minas de ouro, prata, platina, ferro, chumbo, cal, cobre e outros productos:

a)      sendo em terreno de propriedade, contribuirão os proprietarios por cada uma especie que explorarem – Rs.: 100$000;
b)      se a concessão for pedida para exploração das riquezas dentro dos limites do Municipio ou em outros não ocupados por particulares, não excedendo a concessão de um anno, pagará o concessionario o imposto de Rs.: 200$000”.

Já para o extrativismo vegetal, que se utilizava da madeira, como a principal matéria prima, tivemos na exploração  da erva-mate a principal atividade. Houve a exploração de madeira de leis, destinadas para maquinas de serrar[16], estas eram praticamente manual e queima para a fabricação do carvão vegetal.

Com relação ao aproveitamento do extrativismo animal, em face de grandiosidade do seu território, distribuído entre as duas principais Bacias Hidrográficas: Oeste a do rio Paraguai e a Leste a do rio Paraná, havia abundância de animais silvestres e variadissimas qualidades de peixes e que destinavam ao consumo da própria comunidade.

            Outras fontes de receitas, previstas no orçamento de 1893[17] proveniente da arrecadação de impostos, cobranças de taxas e multas e que de certa forma contribuíram para a sustentação econômica.   As fontes de receitas descritas logo abaixo, obedecem as termologias e grafias da Língua Portuguesa desta época.      


  • Casa de negocio loja ou armazem, vendendo a grosso ou a retalho;
  • Taverna em que se vender generos do paiz;
  • Exercer  a medicina ou cirugia, inclusive dentista[18];
  • Ocuparem de trabalhos forenses exercendo o officio de procurador judicial[19];
  • Açougue ou caza e em que se  exponha á venda carne de porco, de vaca;
  •  Caza de biliar ou outros jogos permitidos;        
  • Pharmacia ou drogaria;
  • Caza ou fabrica em que se fabrique fogos artificiaes;
  • Caza ou loja em que se vender joias  d’ouro, prata, plaques, brilhantes;
  • Officina de sapateiro, marcineiro, carpinteiro, funileiro, ourives, alphaiate e outros similares;
  • Caza de barbeiro ou cabelleiro;                         
  • Carro ou carreta para condução de materiaes ou outras  quaesquer carga dentro do municipio;
  • Carro ou carreta vinda d’outro  municipio conduzindo carga para este de frete ou de sua propriedade;
  • Envenenar couros[20];
  • Caza de pasto[21], padaria e olaria;
  • Machina de serrar madeira[22] e outras, por agua ou  vapor;
  • Caza de negocio ou negociante  de fasendas e molhados, estabelecidos  fora da Villa, nos Districtos deste municipio;
  • Cada embarcação de qualquer especie ou denominação que se empregue no transporte de cargas que seja com generos do paiz ou do estrangeiro, vindo d’outros Estados, nos portos de Vacaria e Brilhante;
  • Qualquer alambique de fabricar aguardente qualquer que seja sua capacidade;
  • Guia por cada uma rês que sahir do municipio;
  • Registro de marca;
  •  Engenho tocado por animaes;
  •  Engenho tocado por agua ou a vapor;      
  • Caza que vender aguardente por miudo ou grosso;      
  • Matricula de cães;      
  • Tirar esmolas para festividades religiosas dentro do municipio;  
  • Leilões ou arrematação judicial ou particular de festividades religiosa  por dia;      
  • Cururú, samba ou outro  qualquer divertimento;     
  • Corrida de touro ou cavalaria por dia;      
  • Espetaculo lyrico ou dramatico, jogos de gynasticas ou similares sendo rettribuido por noite;      
  • Cada rês que for abatida para o consumo d’esta Villa ou nos Districtos da mesma;      
  • Cada uma rês que entrar para o  consumo nesta Villa e em seus Districtos pago pelo introdutor;     
  • Mascates e fasendas ou joias ou quaesquer mercadorias  inclusive molhados de quaesquer  especies vendendo pelas ruas d’esta Villa e fora nos Districtos da mesma por cada carro ou carreta;      
  • Dizimo de generos alimenticios que pela Lei   Estadoal passarem as municipalidades, sendo sobre  o milho, o feijão e arrôs com casca 10 e sobre o arrôs pilado, farinha de mandioca, de milho e toucinho 5%;      
  • Licença para factura de adobes em terrenos não aforados  e para extração de pedras, areias,   tabatinga e barro por anno;   
  • Multas  por infração de postura.

Ainda de Acordo com o Orçamento de 1893, constituíam as principais despesas da Intendência Municipal de Nioaque, o básico era com o pagamento do funcionalismo publico. Respeitando a grafia da época segue:


  • ¨      Expediente da Secretaria;
  • ¨      Jury e custas;
  • ¨      Alimento e curativo dos presos pobres;
  • ¨      Assignatura da Gazeta Official;
  • ¨      Expediente e livros para a qualificação    e outros serviços;
  • ¨      Aluguel da caza para Camara Municipal;
  • ¨      Mobilia  para a mesma;
  • ¨      Aluguel da caza para instrucção publica  d’esta Villa, Campo Grande, Bella Vista, Ponta-Poran, Vacaria;
  • ¨      Ordenado do professor de instrucção primaria d’esta Villa, Freguesia de Santo Antonio de Campo Grande, Vacaria, Bella Vista, Districto de Dourados e Ponta-Poran;
  • ¨      Para tinta, livros, penna, papel para as escolas publicas;
  • ¨      Para construcção de pontes, concertos e abertura de estradas dentro do municipio;
  • ¨      Ao Agente fiscal de Bella Vista, Ponta-Poram, Ipehum, Vacaria  e porto do mesmo e Brilhante, Campo Grande;
Policiais:

  • ¨      de Alferes commandante;
  • ¨      1º Sargento;
  • ¨      2º Sargento;
  • ¨      Furriel;
  • ¨      Cabos;
  • ¨      Praças;
  • ¨      Corneta;
  • ¨      Aluguel para a caza do quartel da Policia;
  • ¨      Expediente, luses e eventuaes;
  • ¨      Intendente Geral.
  • ¨      Policiais

E para finalizar este sinótico quadro econômico destas três décadas, que antecederam o final do Século XIX, Está sendo colocado nos Anexos Históricos[23] diversos outros dados inéditos para que se possa aprofundar as pesquisas relativas às atividades econômicas deste período. São Orçamentos, Relatórios, Leis, Concessões para Extração de Erva mate, criação da Coletoria estadual e tantos outros.

Concluindo: dos manuscritos do final do século há as seguintes referências[24]: “No ano de 1896, registrava a entrada diária de até cem carretas, transportando mercadorias até o Rio Grande do Sul”. “Belas casas comerciais e residenciais”. “Centro comercial do eixo Brasil, Paraguai e Argentina, orientando para todo o Sul do  Estado de Mato Grosso”. “Sua pujança fará florescer num futuro próximo um municipio próspero e pujante”.

            Para a administração Pública municipal deste período do século XIX, as câmaras municipais eram quem governavam de fato o município.  O intendente era um executivo que representava o município, mas que pouco governava.  A grande maioria dos documentos desta época era expedida pela Câmara Municipal de Vereadores e assinada pelo respectivo presidente.

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16.3 Criação da Coletoria de Nioaque[25]

            “Collectoria das Rendas do Estado

            Acto nº 57 de 15 de outubro de 1891, da Assembléa Legislativa, cria na Villa de Levergeria, por proposta do Inspector do Thesouro, uma collectoria das Rendas do Estado”.


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16.4  Comércio, Importação, Exportação, Trânsito e Navegação

Até o final do Século XIX as importações e exportações do Estado de Mato Grosso e Nioaque, através da via fluvial era feita realizado pelos Portos de Corumbá e Murtinho, ambos no rio Paraguai, acessível o ano inteiro para embarcações  que não ultrapassassem 1000 toneladas de carga.

Os principais artigos que eram importados de outros Estados Brasileiros e de Paises estrangeiros:  calçados, chapéus, drogas medicinais e perfumarias, tintas, óleos, ferro esmaltado, papel, mobílias, instrumentos agrários e industriais, conservas, bebidas, açúcar, café, banha, farinha de mandioca e de trigo, sal, tabacaria, ferragens, tecidos e confecções.

Entre os principais produtos de exportação da região sul do Estado  de Mato Grosso:  erva-mate, gado em pé, couros secos e salgados, sebo e graxa, charque, crina de animal, penas de aves, chifres de bois e vacas, peles de onças e outros animais silvestres.

O principal acesso das vias de transportes e comunicação era  terrestre e fluvial.   Até o ano de 1857, o itinerário básico utilizado era o das monções que se utilizavam dos rios afluentes do Paraná: Ivinhema, Brilhante, Anhanduí, Pardo, Sucuri e afluentes do rio Paraguai: Miranda, Aquidauana, Coxim, Taquari, São Lourenço, Cuiabá e  o próprio Paraguai em território Brasileiro.

A partir do ano  de 1857, com a assinatura do tratado de navegação entre o Império do Brasil e a República do Paraguai, o Rio Paraguai passou a ser a nossa principal via de comunicação e transporte com outros Estados, Cuiabá, Rio de Janeiro e outros Países estrangeiros.

Com o tratado de navegação,  intensificando o fluxo do transporte, foi  criada a Companhia de Navegação a Vapor do Alto Paraguai.  A Empresa que manteve linhas de navegação  através dos Paquetes[26] foi a  Lloyd Brazileiro  que realizava serviço de navegação entre a Capital  Federal, Rio de Janeiro e a Capital  do Mato Grosso, Cuiabá.

Esta navegação  subdividia em três seções de acordo com as possibilidades dos canais e leitos, através das águas marítimas e fluviais implicando na substituição de embarcações para prosseguimento da viagem.


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16.4.1    A Primeira Etapa  - Rio de Janeiro, no Brasil a Montevidéu, no Uruguai

Passando pelos Portos de Santos, Cananéia, Iguapé, Paranaguá, Antonina, São Francisco, Florianópolis, Rio Grande e Montevidéu, navegação através do Oceano Atlântico.  Em Montevidéu era realizado o transbordo de passageiros, mercadorias e correspondências para outros navios a vapor de menores Calado.

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16.4.2 Segunda Etapa – de Montevidéu, no Uruguai a Corumbá em Mato Grosso

            O transporte era realizado através dos vapores batizados pelos nomes de Mercedez, Venus, Ladário, Murinho, Cáceres, Miranda entre outros.   Navegando através dos portos de Assunção e Conceição,  no Paraguai e Murtinho e Corumbá, no Brasil e Mato Grosso.
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16.4.3    Terceira Etapa – transbordo de passageiros, mercadorias, correspondências


Fotografia do  navio a vapor batizado de Nyoac que pertenceu à empresa  Lloyd Brazileiro que fazia serviço de navegação entre Corumbá e Cuiabá. Arquivo do Autor.


16.4.3.1 De Corumbá a Cuiabá e Alto Paraguai -  através dos rios Paraguai, São Lourenço e Cuiabá. Levava-se em média de quatro a cinco dias e a empresa Lloyd Brazileiro oferecia este serviço através dos Paquetes, navios a vapores batizados com os nomes: Coxipó, Orvalho e Nioac, passando pelo porto de Cáceres. Veja as fotografias[27]  do navio a vapor batizado de Nyoac.


Cartão Postal[28] do início do Século XX, onde mostra o Porto de Corumbá com uma intensa atividade de navegação, onde está sendo homenageado o Vapor Nyoac, Partindo para Cuiabá.

 O original deste cartão Postal pertenceu a Família  de Antonio Francisco Xavier. (Octacilia Xavier)


16.4.3.2 De Corumbá – Miranda – Aquidauana e Baixo Paraguai – Entre Corumbá e as localidades nas cercanias de Miranda, Aquidauana, Nioaque e outras, em virtude do leito dos rios o transporte era realizado por  embarcações a vapor batizadas por nomes: Rio Cuiabá,  Jamacy, Aurora, Iguatemy, Etruria, São José, Ilex, Guaporé, Ipiranga, LiguLiguria era uma lancha a vapor pertencente ao comerciante italiano  Vicente Anastácio, que possuía  casa  comercial em Nioaque desde 1872 e fazendas com criação de gado, lancha esta que desenvolvia uma marcha de até seis milhas por hora, rebocando as Chatas Albuquerque e Aieta com capacidade para transportar até 45 toneladas de carga.   Através destas embarcações era realizada uma boa parte do comércio de importação e exportação entre Nioaque e o restante do Brasil e do Mundo.

16.4.3.3 De Aquidauana a Nioaque -  O transporte era realizado através de carretas de bois.

            Além das vias fluviais citadas, havia as estradas que interligavam diversas localidades pelo sul do Estado através das quais  eram realizados o transporte das mercadorias e outros negócios  comerciais e de correspondências interligando: Coxim, Aquidauana, Miranda, Campo Grande, Vacaria, Bela Vista,  Ponta Porã, Nioaque, Murinho.

            Diversas atividades comerciais utilizavam as rotas:
¨      Nioaque a Concepción no Paraguai e vice-versa;
¨      Nioaque a Porto Murinho e Vice-Versa
           







[1] Tijolo não cozido ao fogo, mas seco simplesmente ao sol.
[2] Pecuária Extensiva, criação de gado a campo aberto, geralmente sem muito manejo, pastagem natural, tendência natural, grande área de terra para pouco gado.
[3] As Fotografias com anúncios comerciais foram extraídas do Album Graphico de Matto-Grosso, 1912.
[4] Álbum Gráfico de Mato Grosso – Hamburgo – 1914.
[5] Op. Cit. Ref. 4.
[6] Op. Cit. Ref. 3.
[7] Op. Cit. Ref. 4.

[8] Fotografia da Família Rufino, datada de  15 de agosto de 1927.
[9] O mesmo que restaurante ou uma lanchonete nos dias de hoje.
[10] Considerando a área atual do município de 4113 km².
[11] Orçamento de 1892, Anexo Histórico  2, artigo 1°.
[12] Orçamento de 1893, Anexo Histórico 3.
[13]  No Capítulo XVII, Evolução Política de Nioaque, possui a  transcrição da primeira e última parte do citado Relatório do Intendente Municipal.
[14] Relatório da Câmara Municipal de Nioaque, 1894. Anexo Histórico 8
[15] Gado de corte, criado para o abate,  produção e comercialização da carne e couro.  Neste período, vendia-se principalmente o gado em pé.
[16] As serrarias modernas.
[17] Anexo Histórico 3.
[18] Em termos modernos, consultório ou clinica médica ou odontológica.
[19] Em termo moderno, escritório de advogacia.
[20] Curtir o Couro.
[21] Restaurantes ou lanchonetes tempos modernos.
[22] As serrarias.
[23] Anexos Histórico 2, 3, 4, 8, 9.
[24] Do Arquivo da Prefeitura Municipal de Nioaque, 1982.
[25] Também denominada Agência Fazendária.
[26] Paquetes, navios grandes a vapor ou motor destinados a condução de passageiros, mercadorias e correspondências.
[27] Fotografia, Álbum Graphico de Matto-Grosso, 1912
[28] Este Cartão Postal pertenceu a família do  Coronel Antonio Francisco Xavier.

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