TRAJETÓRIA DO CORPO DE CAÇADORES DE CAVALARIA COMANDO DE PEDRO JOSÉ RUFINO
6 Introdução
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Acampamento Córrego Canindé – 26.02.1867
Acampamento rio Desbarrancado – 27.02.1867 – 02.03.1867
Acampamento rio Feio – 02.03.1867
Acampamento Colônia Miranda – 03.03.1867 – 15.04.1867
CAPÍTULO VI
6 Introdução
Este Capítulo, sem pretensão de
ser totalidade da História Militar em Nioaque, ocorrida no século XIX, mas esta
relação de fragmentos visa oferecer uma visão global sobre os fatos das
Unidades Militares ali estacionadas desde o princípios da fundação de Nioaque.
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TÓPICO 45 - NIOAQUE ATRAVÉS DA HISTÓRIA DOS QUARTÉIS - SÉCULO XX
A História da presença Militar em
Nioaque está ligada ao próprio povoamento, ou seja, o povoado de Nioaque, hoje
cidade e cabeça de Comarca que somente foi possível, graças a presença
permanente de elementos militares.
Através das Unidades Militares
que aqui sempre estiveram proporcionaram entre outras influências: garantia da
fronteira com o Paraguai, segurança contra os ataques indígenas, proteção contra bandidos e congêneres, apoio
ao povoamento, comércio, sem contar as atividades sociais, políticas, saúde,
religiosas e culturais.
Apresentamos um esboço desde a
fundação da Colônia Militar ou Destacamento Militar, com a chegada do 1º Corpo
de Cavalaria, que traz o impulso para o desenvolvimento, sua participação durante a Guerra do Paraguai; posterior à
Guerra, sua participação para o renascimento do povoado de Nioaque,
transformado mais tarde em 7º Regimento
de Cavalaria, seu apogeu em Nioaque e sua
transferência para Bela Vista.
Para complementar, documentos
inéditos, correspondências entre o 7º Regimento e os Governantes da Capital,
Cuiabá e a relação dos Ex-Comandantes Militares que aqui desempenharam um papel
relevante, influenciando sob todos os aspectos as decisões da comunidade e da
região.
Algumas informações estão
relacionadas aos Capítulos anteriores, povoamento de Mato Grosso, Criação da
Capitania, fundação da cidade de Nioaque, Guerra do Paraguai, Campanha de Mato
Grosso.
6.1 – As Colônias
Militares
Segundo a História do Exército
Brasileiro[1],
o Brasil não encontrava no Império
recursos humanos suficientes para a povoação das extensas áreas de terras.
No entanto não se intimidou.
Obstinado na preservação das conquistas,
selecionou nos extremos mais longínquos, os pontos mais favoráveis, os locais
de passagens obrigatórias e os ocupou por destacamentos militares.
Satisfizeram plenamente as
principais necessidades: propiciar bases para o “Uti Possidetis”, porque
as fronteiras desguarnecidas e não tínhamos tratados de limites com as novas
Repúblicas emancipadas do domínio espanhol.
O primeiro Ato Legislativo a
respeito das Colônias Militares encontra-se na Lei orçamentária do Império,
exercício de 1850/51, nº 555 de 15 de
junho de 1850, cujo artigo 13º, item 3º, autoriza o Governo Imperial a
estabelecer, onde convier, presídios e Colônias Militares, dando-lhe a mais
adequada organização.
Instruía-se formalmente a
Colonização Militar do país, e a regulamentação do gabinete definia as
finalidades:
- ¨ Proteção e assistência ao colono que nelas se estabelecessem;
- ¨ Policiamento da região, refúgio de vagabundos e criminosos;
- ¨ Promoção da cultura do solo e a exploração de produtos naturais;
- ¨ Proteção e assistência à catequese dos silvícolas.
- ¨ Ainda outras instruções para o funcionamento das diversas Colônias: conter o desrespeito aos índios, proteger a população dos assaltos e correrias, proteger a navegação fluvial, proporcionando-lhes pontos de apoio, nas margens despovoadas dos rios.
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6.1.1
Por que as Colônias Militares?
Além das finalidades já descritas
há outras razões também consideradas relevantes dificuldade em conseguir
voluntários civis para povoar o interior, local alguns inóspitos, sem conforto
e atrativo dos centros urbanos; apelava para o pessoal militar que uma vez
designados, obedeciam.
Nos relatórios do secretário da
Guerra do ano de 1858, diz “o de que se trata é de estabelecer núcleo de
povoamento em legares remotos, centrais, despovoados, onde a princípio só
podem resistir às privações e permanecer
como colonos, indivíduos habituados à
obediência passiva, adquirida pelos severos hábitos militares de disciplina”.
O Diretor da Colônia era o
próprio comandante do contingente, geralmente um oficial subalterno.
Essas Colônias Militares viriam
aos poucos se tornarem núcleos de apoio à emigração espontânea da população
civil.
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6.1.2
Referências Sobre a Colônia
Militar de Nioac
Em Mato Grosso foram criadas diversas Colônias Militares entre elas a de
Nioaque:
Tabela 1: Colônias Militares em Mato
Grosso.
Local
|
Período
|
Nioac
e Brilhante
|
Em
1850
|
Dourados[2]
|
1856
|
Miranda
|
1859
|
São
Lourenço[3]
|
1859
|
A respeito da Colônia Militar de Nioac diversas literaturas tratam deste
aspecto, todas ligadas à fundação do povoado de Nioaque.
Na genealogia da família Barbosa
em Mato Grosso do Sul, encontra a descrição seguinte[4]:
“...passavam-se os anos e Manoel Bruswick Barbosa, residente na fazenda
Urumbeva, um belo dia recebeu do seu pai, Inácio Gonçalves Barbosa, um bilhete
onde lhe pedia para ajudar o Capitaneo
da Malícia, que iria fundar Santa Rita do Anhuac. Escolhesse o local mais
adequado para uma futura cidade e conduzisse os seus amigos Guaicurus para que
contribuíssem na construção de um pequeno quartel, aproximassem dos civilizados
civilizando-os também. Assim fez
Manoel, granjeando a amizade e consideração dos
ilustres brasileiros, valente João José Dias”.
No álbum gráfico de Mato Grosso[5] no
aspecto histórico do Município de Nioaque faz a referência seguinte: “Á
princípio simples destacamento militar de vinte e cinco praças de linha, com a
tentativa do Barão de Antonia em ligar a então província de Mato Grosso á do
Paraná por meio da navegação dos rios Tibagy, Paranapanema. Paraná, Ivinhema,
Brilhante, Anhoaque e Miranda foram aos poucos, ahi se estabelecendo desde
1848, diversos moradores.”
Na própria História do Exército
Brasileiro, encontramos novas referências[6].
“...Em Mato Grosso tivemos várias Colônias Militares, Nioac e Rio Brilhante,
criadas em 1850, regulamentadas em 1855, as primeiras. A cada uma, o Governo
Imperial destinou em 1854, cerca de um
milhar de colonos portugueses. A principal finalidade e ambas: proteger e
auxiliar a navegação fluvial entre as Províncias do Paraná e Mato Grosso”.
O que tem certeza é de que estes
colonos para cá nunca chegaram, nem para Nioac, nem para Brilhante.
Sérgio Buarque de Holanda oferece
mais detalhes às duas Colônias[7]:
“...o Governo Imperial, quando a partir de 1854 tentou incentivar as viagens
pelo Ivinhema; a velha rota começou nesta época a ser mais praticada,
abandonando-se de todo ou quase o trajeto pelo Camapuã. A varação pelo Nioaque
fazia-se a partir do Vacaria, que freqüentaram tão assiduamente as bandeiras
seiscentistas, o trato da terra de oito a nove léguas, que era o quanto chegava
neste ponto, o divisor entre as bacias
do Paraná e Paraguai, seria balizado nas
extremidades por duas povoações. Chegou-se a dar princípio a execução
deste plano, com a fixação de dois destacamentos de 25 praças, cada um dos
extremos do Nioac e do Brilhante. Diversos contratempos impediram, porém que tal iniciativa
produzissem todos os resultados esperados. Em compensação, ela veio permitir o
crescimento do núcleo de Nioaque, fruto dessa navegação.
"... desse ponto em diante, na
direção do Vacaria e do Nioaque, seria aberto um caminho de carros,
empreendimentos relativamente fácil em lugar pouco acidentado.”
Para o pesquisador Odilon Queiroz[8]
descreve o seguinte sobre a Colônia Militar de Nioaque: “Em 1850, o Imperador
D. Pedro II para proteger a florescente Vila de Miranda, hoje cidade e
cabeceira de Comarca, mandou fundar a Colônia Militar de Miranda, a 210 km ao
sw mais ou menos, tendo sido nomeado para organizá-la, o Capitão honorário do
Exército Brasileiro, João Ribeiro e a sua fundação se deu a 23 de dezembro
daquele ano. O organizador viu a
necessidade de se criar um ponto
intermediário entre a Vila de Miranda e a Colônia e resolveu fundar a 23 de Novembro de 1853 o Povoado de
Nioaque, sob a invocação de Santa Rita, que ficou sendo a padroeira da cidade.
Seu povoado foi feito com grande número de índios aldeados no Urumbeva e
Ariranha e outros pontos próximos e por alguns civilizados, precedentes da Vila de Miranda, de onde por
via fluvial se dirigiam a Corumbá, à direita do Paraguai.
O escritor e historiador
Nioaquense, Hélio Serejo em “Nioaque, um pouco de sua História[9],
também transcreve a mesma referência: “...E desta Maneira, orientado por um
representante do Presidente da Província, o valoroso Capitão João Ribeiro, no
dia 23 de Novembro de 1853, foi fundada definitivamente, a VILA DE NIOAQUE”.
Encontramos entre os próprios
textos de Queiroz[10],
outros elementos interessantes, embora não seja da sua autoria. “A Colônia
Militar de Nioaque mencionada nos
documentos paraguaios com o nome de Nhuaque, foi à origem do nome da Vila de
Nioac. Está situada à margem do rio Nioac que nasce na serra do Amambaí ou
Anhanvaí e deságua no Miranda no local denominado Forquilha e a 21º 09’, 30’ de
latitude Sul e a 57º 09’ 30‘ de longitudes Oeste de Paris.
Foi criada como ponto
intermediário ou ligação com o rio Brilhante, pelo Barão de Antonina, que
procurou estabelecer comunicação fluvial entre Mato Grosso e o Paraná, pelos
rios Tibagi, Paranapanema, Paraná, Ivinhema e Brilhante, ponto terminal da
primeira parte e onde foi estabelecida uma guarda de 25 praças, pois daí
deveriam as cargas ser transportadas até o ponto denominado de Nioac, onde
outra guarda ficou instalada, dando origem ao Porto ou Colônia Militar, que em
verdade nunca existiu, prosseguindo a rota, por água pelos rios Nioac e
Miranda.
O posto de Nioac ficou denominado
de São João de Antonina e o Posto de Brilhante, São José de Monte Alegre, os
nomes, porém não “pegaram”. O posto e
Porto de Brilhante ficou desde logo abandonado, em virtude da quase
impossibilidade da navegação projetada e o de Nioac ficou estacionado até 1859,
data em que ele se mudou a parada do
Corpo de Cavalaria e o quartel do Comando do Distrito de Miranda”.
Porém, quem descreve sobre a
chegada do 1º destacamento Militar a Nioaque é o próprio é o próprio Hélio
Serejo[11] “No mês de março, via fazenda “Passa Tempo”,
fundada em 1844, chega a Nioaque, o destacamento Militar, que, em 1.848, Inácio
Gonçalves Barbosa, solicitou ao Major Joaquim José de Oliveira, Presidente da
Província. Compunha-se ao mesmo de 75 homens e vinha sob o comando do Capitão
Afonso Matias Pereira Fortes, que tinha qualidade e conhecimento suficiente
para guarnecer a fronteira.
Alojada as famílias, em ranchos;
umas obrigadas em simples coberturas, o comandante Matias Fortes, com
instruções de Inácio Barbosa, escolheu o local mais apropriado, à margem direita
do rio Anhuac, terras da Fazenda Urumbeva e deu início à construção do quartel[12]”.
De fato este último texto resume
o aspecto histórico da Colônia Militar
de Nioaque[13]. Também
há diversas referências onde é
atribuído a Joaquim Francisco Lopes a
denominação de São João de Antonina, pois era uma homenagem ao Barão de
Antonina, Senador João da Silva Machado.
Na seqüência os registros sobre
a transferência do Corpo de Cavalaria de
Miranda para Nioaque, em 1859.
6.2
Origem do Primeiro Corpo de Cavalaria -
ao 7º Regimento de Cavalaria
Ligeira ao – 10º Regimento de Cavalaria
Mecanizada
6.2.1 Organização
Militar na Capitania de Mato Grosso[14]
A origem destas Unidades
Militares é uma só, apenas mudaram de denominação, de acordo com as missões que desempenharam e adequadamente e
cada época.
A 09 de Maio de 1748, o Governo
do Brasil afim de por cobro aos desmandos e desordens que criavam os dirigentes
das terras de Mato Grosso como o sucesso das terras de Mato Grosso, como
sucesso das incessantes descobertas de minas de ouro, resolveu separar as ditas
terras Capitanias de São Paulo.
Em ato de 9 de maio de 1748,
assim procedia. Como conseqüência deste Ato e com fim de regularizar os
negócios administrativos da nova Capitania considerou D. João V, Rei de
Portugal da Dinastia de Bragança, governou de 1706 – 1750, a urgente necessidade e conveniência da presença nessas
ricas regiões de uma autoridade de primeira
categoria.
Dividiu o Mato Grosso em duas Capitanias: Cuiabá e Mato Grosso.
A primeira de maior importância
veio D. Antonio Rolin de Moura Tavares como Governador e Capitão General.
Em Janeiro de 1751, foi chegada de D. Antonio e com ele
190 praças de linha, casco de um Regimento de Infantaria. Parece daí a vinda do
Exército regular a essas terras.
A 30 de Junho, por razões
ignoradas[15],
fizeram com que D. Antonio se estabelecesse
no lugar denominado, Pouso Alegre, mais tarde Vila Bela.
Entre os anos de 1751 a 1766,
como conseqüência às lutas da Espanha e Portugal pelo domínio do Brasil, combateu
essas tropas por diversas vezes aos espanhóis que procuravam se estabelecer
além da linha determinada pelo tratado
de Tordesilhas.
No ano de 1769, continuando essa
luta, criou-se nesse ano duas legiões: dos Hussares e dos Infantes para melhor
êxito contra os castelhanos e contra os índios.
Entre os anos de 1769 a 1817,
como fato comum as duas Nações em Organizações continuaram sem trégua as lutas
pelo predomínio dessas regiões, a que ambas se julgavam possuidoras.
Em 1818, o último dos Capitães Generais, Francisco de
Paula Magessi Tavares de Carvalho, criou uma Legião das três Armas: Cavalaria,
Infantaria e Artilharia.
No ano de 1820, dois antes da
Independência do Brasil foi transferida a sede do Governo de Vila Bela[16]
para Cuiabá, partindo a Legião para este novo destino.
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6.2.2
No Império
Com a Proclamação da
Independência e passando o Brasil ao novo regime, Monarquia Imperial, como fato
comum a todas neo-entidades, grandes foram as modificações sofridas no Exército
e tão contínuas eram elas que as designações não são conhecidas.
Através do Decreto nº 30 de 22 de
Fevereiro de 1839, foi criada a companhia de Cavalaria de Mato Grosso.
Sofre alterações no ano de 1834,
com nova denominação de Companhia para o Primeiro Corpo Fixo.
Em 1844, teve novamente outra
designação, vindo a chamar-se Primeiro Corpo Fixo de Cavalaria.
No ano seguinte várias
designações foram atribuídas, conforme a missão e que por inúmeras não são
conhecidas.
Através de um decreto de 22 de
Agosto de 1846, passou a denominar-se
“Esquadrão de Cavalaria Ligeira”. Datando daí o perfeito conhecimento da sua
História, isto é história que escreveu na cidade de Nioaque por quase meio
século de existência, como veremos a seguir, acompanhando os fatos
cronologicamente.
6.2.3 De Cuiabá
para Vila Maria
A 14 de fevereiro de 1847,
marchou de Cuiabá para Vila Maria, hoje cidade de Cáceres. Local designado para
sua sede. Vila Maria passou a ser um dos Distritos Militares da Província,
ex-capitania.
No ano seguinte, a fim de
assegurar provavelmente o domínio das fronteiras, foram enviados
reconhecimentos a Corixa, São Lourenço, Dourados, Cassange, Cassiana, Porto
Felix e Cidade de Mato Grosso.
Sofreu nova alteração a 9 de
Janeiro de 1849, a partir da qual passou
a denominar-se de Primeiro Corpo Fixo de Cavalaria Ligeira.
No dia 13 de Dezembro de 1850,
marchou e estacionou no Porto da Onça e retornando a sua sede em Vila Maria a
23 de Março de 1851.
Nova denominação lhe foi
atribuída a 10 de Abril de 1851, passando a chamar-se de Primeiro Corpo de
Cavalaria de Mato Grosso.
Entre os anos de 1852 a 1857, não
houve alterações.
6.2.4
O Primeiro Corpo de Cavalaria de Mato Grosso a Caminho do Povoado de Nioaque
Nioaque prepara-se para receber o
Primeiro Corpo de Cavalaria de Mato Grosso, para tomar a arrancada do seu
desenvolvimento.
Vinha Nioac o começo desde 1847, quando o Barão de Antonina, empreendeu a
ligação fluvial entre o Paraná e Mato Grosso,
pelos rios Tibagi, Paranapanema, Paraná, Ivinhema, Brilhante,
atravessando um varadouro de nove léguas até atingir as águas do Nioaque e
desde então, às do Miranda e Paraguai.
Nioac ficou estacionado até o ano de 1859, data em que para cá se mudou a
Parada do Corpo de Cavalaria e o Quartel do comando do distrito Militar de
Miranda.
Através desta rota fluvial
viajaram o Comandante das Armas da Província de Mato Grosso e o 2º Batalhão de
Artilharia a Pé, que em 1856 chegaram em Nioaque, onde o primeiro Tenente de
Engenharia F.C. Souza Pitanga examinou o local de Nioaque de Dezembro de 1857 a
Fevereiro de 1858.
Este estudo minucioso da região
de Nioaque foi o que proporcionou a transferência do comando Militar e do Corpo
de Cavalaria.
Virgilio Corrêa[17], se refere à região de Miranda, onde estava
instalado o Quartel de Comando do Distrito Militar e do 1º Corpo de Cavalaria:
”Posto Edificado em má posição topographica, o posto militar se converteu, por
lei provincial de 1835, em freguesia e foi se desenvolvendo até 1859, condenado
pelas comissões de Engenharia que lhe arguiram o diminuto valor estratégico,
transferiu o comando militar do distrito para Nioac.”
Estas forças Militares que
estiveram aquarteladas em Miranda que naquela época era a sede do 4º Distrito
Militar, juntamente com o comando da Guarnição da Fronteira com o Paraguai, o
primeiro organizado em Mato Grosso, integradas pelo 1º Corpo de Cavalaria da
Província.
6.2.4.1 De Vila
Maria para Vila de Miranda
Retrata no Histórico do atual 10º RCM,
estacionado em Bela Vista, que no dia primeiro de maio de 1858,
marchou o Corpo da Vila Maria para a fronteira do Baixo Paraguai,
Miranda, em seguida, Vila de Nioaque, sua
nova sede.
A 13 de Junho chegou a Miranda,
então Presídio Militar onde acampou.
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6.2.4.2 Chegada a
Nioaque
No dia 28 de Novembro de 1859,
chegou em Nioaque.
Com auxílio das famílias
residentes na região, entre elas a que a História deixou registrada, Inácio
Gonçalves Barbosa e do seu irmão
Antonio, ajudaram a construir o quartel, localizado nas imediações do prédio da Escola Estadual de 1º
e 2º Graus “Odete Ignês Resstel Villas Bôas, Antigo Grupo Escolar Antonio João,
coberto com palha de palmeiras, com estrutura de adobe e pau-a-pique, recebeu
assim, para alojar o 1º Corpo de Cavalaria, e Nioaque que foi transformado na
sede do Comando do 4º Distrito Militar, Guarnição da Fronteira com o Paraguai,
sendo então Presidente da Província e também chefe das Armas, o Tenente Coronel
Antonio Pedro de Alencastro.
A determinação Governamental da
transferência de Miranda para Nioaque consistia que segundo a avaliação da
comissão de Engenheiros, era um ponto
estratégico, havia via de comunicação,
clima agradável, além de Nioaque ser o único povoado desta região e que estava
muito mais próximo e sujeito aos ataques vindo pelo Paraguai do que a Vila de
origem.
A transferência deste Comando e
do Corpo de Cavalaria trouxe o impulso para o desenvolvimento de Nioaque, com a
vinda de muitas famílias de Miranda, da
Capital da Província, de Paranaíba Minas, Goiás, São Paulo e de estrangeiros,
como registram as crônicas históricas.
Nioaque de rica fauna e flora,
não era uma região pantanosa, foram elementos da natureza que também
contribuíram para este fim.
6.2.5 Algumas
Atividades do Primeiro Corpo de Cavalaria
6.2.5.1 Participação na Guerra do
Paraguai à resistência e a fuga
No dia 1º de Abril de 1861,
assumiu o comando do Corpo e também do
Distrito Militar o Tenente Coronel José Antonio Dias da Silva.
A 7 de Novembro, tendo
conhecimento da infiltração paraguaia pela fronteira, ordenou o comando que
enviasse reconhecimento para os campos do Apa, via Iguatemi, Exopil e Itapir.
Em Agosto de 1864, o Corpo de
Cavalaria mantinha destacamentos nos
seguintes locais:
¨
Distrito
Militar do Baixo Paraguai;
¨
Colônia
de Miranda;
¨
Fazenda Betione;
¨
Colônia de Dourados.
Total de 76 homens, com três
prontos, 36 empregados, 2 doentes, 2
presos sentenciados e nove fora da Província, perfazia 128 praças que
constam do mapa de 14 de Agosto de 1864.
No
dia 30 de Dezembro de 1864 chegou ao
conhecimento do Corpo terem os paraguaios invadidos o Brasil, atacando as
Colônias Militares de Miranda e Dourados, onde pereceu o Tenente do Corpo,
Antonio João Ribeiro, após heróica resistências.
Neste mesmo dia, marchou o Corpo
para a Colônia de Miranda[18],
a fim de tomar conhecimento do fato.
No dia 31 de Dezembro de 1864,
distante três léguas da Colônia de Miranda, Rio Feio, teve encontro com o
inimigo invasor, pondo-se o Corpo em defensiva, com 120 homens, sofrendo carga
de Cavalaria e um ataque nos rios Santo
Antonio e Desbarrancado, repelindo-os com honra da dignidade nacional[19].
A
1º de janeiro, acham-se as forças invasoras perto de Nioaque, retirou-se o
Corpo para Santana do Paranaíba, pois os atacantes eram em número de 3.000 e o
corpo não poderia fazer frente, dispondo de apenas 120 homens.
Em
Salobra ficou o Capitão Pedro José Rufino, a fim de salvar o arquivo do Corpo,
que fez, reunindo-se com Dias da Silva em Santana do Parnaíba em 20 de Maio.
No dia 23 de Novembro de 1866,
chegou a Capital da Província, onde através do Decreto Imperial n.º 3.555,
publicado na organização da Arma de cavalaria, passou o Corpo a denominar-se Primeiro Corpo de
Caçadores a Cavalo.
6.2.5.2 Participação na Guerra do
Paraguai, de volta a Nioaque, 1867
Em 31 de Dezembro de 1866,
uniu-se em Miranda às Forças Expedicionárias em Operação no Sul da Província de
Mato Grosso, sob o comando do Capitão Pedro José Rufino.
Ao
primeiro dia de Janeiro de 1867, assumiu o comando da coluna o Senhor Coronel
Carlos de Moraes Camisão e a 11 Marchou para a Vila de Nioaque, então, somente
ruínas, chegando a 24, às 11 horas, onde acampou em ordem de Batalha. Estava de
volta a Nioaque o Corpo, porém incorporado à Coluna Expedicionária.
6.2.5.3
Participação na Guerra do Paraguai, a caminho da Colônia Militar de Miranda
No dia 25 de Fevereiro de 1867,
marchou, acampou a uma légua de distância da Vila, às margens do Rio Nioaque e
a 26, acampou no Canindé.
Acampou no Desbarrancado a 27 e
no dia 2 de Março atingiram o rio Feio, onde também acamparam, chegando no local onde foi a
Colônia Militar de Miranda somente no dia 4
e ai acamparam e permaneceram até
15 de Abril.
A 15 de Abril, levantou
acampamento, fazendo o Corpo e retaguarda, indo atravessar o rio Miranda e
acampar perto do Serro do Retiro no dia
seguinte.
6.2.5.4
Participação na Guerra do Paraguai, a caminho do Apa, Bela Vista
Iniciando a marcha, acampando no
lugar onde fora a Estância de Gabriel Francisco Lopes, irmão do Guia da Coluna, José Francisco
Lopes, no dia 17 de Abril.
A 19 de Abril atravessou o
Taquarussu tiroteando com os paraguaios
e foi acampar no rio Sobreiro, justamente no triângulo que este rio forma com o
Apa; e a 20 passou o ribeirão José Carlos e
tomou a Estância da Machorra, após curto tiroteio, aí acampou.
Reiniciando a marcha a 21,
atravessou o rio Apa e tomou o Forte de Bela Vista[20] e
aí acampou.
No dia 22 de abri de 1867, o
Corpo foi elogiado em ordem do dia pelo Senhor Coronel Carlos de Moraes
Camisão.
6.2.5.5 Participação na Guerra do
Paraguai, a caminho da Fazenda Laguna,
no Paraguai
Seguindo marcha, atingiu o Apa-Mi no dia 30, onde fez alto na Estância
da Laguna, indo acampar meia légua adiante. Invernada da Laguna.
Do dia 5 de Maio, seguiu o Corpo
para um lugar previamente designado, as cinco da manhã a fim de cooperar no
ataque aos paraguaios, após penosíssima marcha através de terrenos pantanosos
no flanco esquerdo do inimigo, chegou o Corpo ao clarear do dia nas imediações
do inimigo.
No dia seguinte, antes de reconhecer a
posição, foi o Corpo atacando pela retaguarda; mudando de frente, por conversões de meios esquadrões, avançou
seguindo à frente, o primeiro meio esquadrão em linha de atiradores. Após uma
hora de fogo, dispersou o Corpo a os paraguaios e deixou mais de seis mortos,
imediatamente seguiu o Corpo a mache-marche, a fim de ajudar o 21.º Btl de Infantaria
que se achava em má posição atacando a artilharia e infantaria paraguaia, a
primeira em uma eminência de terreno e a Segunda emboscada. Carregando com
denodo, destroçou o inimigo que deixou mais de 20 mortos no campo. Novo ataque
do Corpo contra os paraguaios que então abandonaram a posição deixando 30
mortos, seis cavalos e inúmeros objetos. Nada sofreu o Corpo, estando finda a
sua missão foi atacado pela cavalaria inimiga que procurava cercá-lo, onde mais
uma vez foram repelidos.
6.2.5.6 Participação na Guerra do
Paraguai, a Retirada da Fazenda Laguna
Na data de 8 de Maio, tendo sido
acertado a retirada pela falta absoluta de gado, marchou o Corpo fazendo a
vanguarda. Logo no início da marcha, foi o Corpo atacado pela cavalaria e
Infantaria inimiga que se achava emboscado em dois capões. Avançou o Corpo com dois e meio 2 ¹/² esquadrões,
indo o primeiro pelo flanco direito e o segundo pelo esquerdo. Após meia hora
de nutrido fogo, retirou-se à tropa inimiga para um curral de casas próximas
onde se entrincheirou. Pouco tempo levou aí onde saiu para campo e combateu-se
a fero frio. Avançou novamente o Corpo
contra o inimigo em número superior a 500, derrotando-o. Retirou-se o inimigo em completa debandada
para um mato próximo distante 1/4 de
légua do lugar do combate. Teve o Corpo nove mortos e quatro feridos, inclusive
o Capitão comandante. O inimigo deixou em acampo quarenta e cinco mortos e
grande quantidade de armamento e mutilação. Após atravessar o Apa-Mi, acampou o
Corpo na sua margem direita.
As 06:30 horas do dia 9 de Maio
iniciou a marcha tiroteando com o inimigo por mais de uma hora. Neste mesmo dia acampou em uma eminência que fica a margem do rio Apa.
No dia 11 recomeçou a marcha,
indo o Corpo no centro da Coluna. Às 11:00 horas atravessou o Apa. Marchavam
descuidados, quando foram inopidamente atacados pelo inimigo, que estava
oculto por uma elevação do terreno.
Sucessivas cargas foram feitas à coluna.
Cavalaria e infantaria inimiga, inimiga jogaram-se com ímpeto contra a Coluna.
Houve grande confusão, acrescida pelo estouro da boiada. Generalizou-se o maior
combate da retirada, tendo o Corpo se portado com bravura. Finalmente foram
vencedores, tendo o inimigo mais de duzentos mortos. Teve o Corpo algumas
baixas e a Coluna mais de cem. Marchou o corpo neste mesmo dia, indo acampar no
ribeirão José Carlos.
Ao alvorecer do dia 12,
reiniciou-se a marcha sob incêndio atravessando o ribeirão José Carlos, onde se
acamparam.
Novo tiroteio com o inimigo, que
se aproveitava da fumaça para atacar a Coluna. Continuou a marcha através da
macega incendiada, isto a 15 de maio.
Dia 16 de Maio a Coluna
atravessou o rio das Cruzes (Pompocú) e continuou-se a marcha sob incêndio. A
marcha do dia seguinte foi muito lenta devido aos atoleiros.
Sob intensa chuva recomeçou a
marcha no dia 18, sofrendo o Corpo e a Coluna, cerrado tiroteio do inimigo,
aliás, sempre o repelindo. Começou a grassar a Cólera-morbo. Os dias 20 e 21
não foram por menos: marcha sob fogo, incêndio na macega, ataque do inimigo e a “Cólera Mórbus”.
No dia 22 de Maio, acampara-se num banhado, próximo
ao rio Prata. E a 23, avançaram somente uma légua e meia, sendo grande o número
de coléricos. Houve um incêndio e um ataque paraguaio, repelidos com bravura.
A marcha começou no dia 24,
sempre hostilizada pelo inimigo. No dia seguinte, atravessaram o rio Prata. No
Cambaracê, em virtude de resolução dos chefes, ficaram os coléricos que foram
trucidados pelos paraguaios.
Fotografia da
Expedição Retirada da Laguna, ano de 1999, na mata do Cambarecê, no atual
município de Jardim, onde foram abandonados os combatentes coléricos, praças e
voluntários da Pátria, 25 de maio de 1867.
A marcha do dia 26 foi do mesmo
aspecto da anterior.
6.2.5.7
Na Guerra do Paraguai, a Retirada da Fazenda Laguna, à chegada a Fazenda do
Guia Lopes, à margem do rio Miranda, as mortes
A chegada ao rio Miranda foi no
dia 27 de Maio, onde acamparam. Neste dia o Corpo atravessou o rio que se
encontrava cheio dentro de pelotas.
Pelotas é um couro de boi, com as extremidades em forma de cesto,
utilizado para passar pessoas, objetos, alimentos, armamentos de uma margem a
outra do rio, neste contexto, no Rio Miranda, aproximadamente a dois
quilômetros das cidades de Jardim e Guia Lopes da Laguna, nas imediações entre
o cemitério dos Heróis da Retirada da Laguna e a sede da antiga fazenda Jardim,
rodovia Guia Lopes da Laguna – Bonito,
A 29 de Maio, a cólera-morbo
ceifava a vida do Comandante Coronel Carlos de Moraes Camisão e o Tenente
Coronel Juvêncio Menezes. Neste dia assumiu o comando da Coluna, o Major José
Tomaz Gonçalves.
O resto da Coluna passou o
Miranda no dia 30.
A 1.° de Junho, acamparam na
Estância do Falecido Guia da Coluna, José Francisco Lopes. Marchando após
descanso para Nioaque.
E P O P É I A D A
R E T I R A D A D A L A G U N A
MARCHA PARA LAGUNA
Vila
Miranda – 17.09.1866 – 11.01.1867
Chegada
a Nioaque da Coluna Camisão – 24.01.1867 – 25.02.1867
Acampamento Córrego Canindé – 26.02.1867
Acampamento rio Desbarrancado – 27.02.1867 – 02.03.1867
Acampamento rio Feio – 02.03.1867
Acampamento Colônia Miranda – 03.03.1867 – 15.04.1867
Cerro
Retiro – 15.03.1867
Estância Monjolinho (Finado Gabriel Fco. Lopes) – 17.03.1867
Acampamento rio Sobreiro – 19.03.1867
Machorra – 19.03.1867
Forte de Bela Vista (Paraguai) – 21.04.1867
Fazenda Laguna (Paraguai) – 01.05.1867 – 08.05.1867
RETIRADA DA LAGUNA
Acampamento Corrego Prata – 22.05.1867
Margem esquerda do Miranda – falecimento do Cel. Camisão, Cel. Juvêncio, Guia Lopes(José Francisco Lopes) – 27.05.1867 – 1.°.06.1867
Acampamento na Estância Jardim de Propriedade do finado Guia Lopes – 01.06.1867
Travessia do Canindé – 02.06.1867
Retorno a Nioaque – 04.06.1867
Travessia do Ribeirão Formiga – 05.06.1867
Acampamento no Rio Taquarussú – 08.06.1867
Região dos Morros e região do Rio Aquidauana
Rumo de Cuiabá tomado pelo Corpo de Cavalaria do Capitão Pedro José Rufino chegando em 19.10.1867
Rumo de Santana do Parnaíba do restante das Tropas.
Estância Monjolinho (Finado Gabriel Fco. Lopes) – 17.03.1867
Acampamento rio Sobreiro – 19.03.1867
Machorra – 19.03.1867
Forte de Bela Vista (Paraguai) – 21.04.1867
Fazenda Laguna (Paraguai) – 01.05.1867 – 08.05.1867
RETIRADA DA LAGUNA
Acampamento Corrego Prata – 22.05.1867
Margem esquerda do Miranda – falecimento do Cel. Camisão, Cel. Juvêncio, Guia Lopes(José Francisco Lopes) – 27.05.1867 – 1.°.06.1867
Acampamento na Estância Jardim de Propriedade do finado Guia Lopes – 01.06.1867
Travessia do Canindé – 02.06.1867
Retorno a Nioaque – 04.06.1867
Travessia do Ribeirão Formiga – 05.06.1867
Acampamento no Rio Taquarussú – 08.06.1867
Região dos Morros e região do Rio Aquidauana
Rumo de Cuiabá tomado pelo Corpo de Cavalaria do Capitão Pedro José Rufino chegando em 19.10.1867
Rumo de Santana do Parnaíba do restante das Tropas.
<><><><><><><>
5.2.5.8 Na Guerra
do Paraguai, a Retirada da Fazenda Laguna, retorno a Nioaque
Fazia o Corpo da vanguarda.
Atravessando o Canindé no dia 2, acampando a duas léguas de Nioaque.
E finalmente retornando a
Nioaque, acampando no dia 4 de Junho de 1867, depois de mais de três meses de
penoso sofrimento deixando a mesma no dia seguinte, acampando-se no Formiga.
Reiniciando a marcha no dia
6 e acampando no ribeirão das Areias.
Atingindo o Taquarussu no dia 8
onde acamparam.
O Porto Canuto, à margem esquerda
do rio Aquidauana no dia 11, onde acamparam.
O Corpo de Cavalaria foi elogiado em ordem do dia, pelo
Senhor Major José Tomaz Gonçalves, Comandante da Coluna pela brilhante ação
durante a penosa retirada, isto a 12 de Junho de 1867.
Este era o fim da Retirada, a “Epopéia da
Laguna”.
<><><><><><><>
6.2.6 O Regresso a
Cuiabá do Corpo de Cavalaria
O Corpo depois de ter cumprido a
sua missão junto a Coluna das Forças Expedicionárias em operação no Sul da
então Província de Mato Grosso busca novamente o seu caminho de origem, a
Capital, Cuiabá.
A 5 de Agosto de 1867, da margem
esquerda do Aquidauana reinicia a marcha.
Acampando no adia 22 de Agosto na marcha do ribeirão das Correntes; e
a 26 saíram e atravessara o rio Taquari, onde acamparam.
Reiniciaram a viagem a 19 de
Setembro, chegando no rio São Lourenço,
onde acamparam, no dia 04 de Outubro.
A 19 de outubro chegaram no
Mimoso e a 12 de novembro acamparam no
Aricá. Chegando ao Coxipó onde acamparam no dia 18.
E finalmente chegaram no seu
destino, na data de 19 de novembro de 1867.
6.2.7. As novas Missões
do Corpo de Caçadores, Corumbá, 1868
Em 18 de Fevereiro de 1868,
marchou para Calsange e regressando para Cuiabá a 04 de Junho.
Em virtude da ordem do dia, n.°
53 de Setembro, do Barão de Melgaço, Presidente da Província e Comandante das
Armas, embarcou o Corpo para Corumbá,
viagem que teve início no dia 20 e
desembarcou a 1.° de Outubro onde ai permanecera até o final da Guerra
da Tríplice Aliança e o Paraguai.
Fotografia[21] do M. D. Ajudante do 1º Corpo de Cavalaria, Joaquim Severo Bispo, Nioaque, 1885.
Fotografia[21] do M. D. Ajudante do 1º Corpo de Cavalaria, Joaquim Severo Bispo, Nioaque, 1885.
<><><><><><><>
6.2.8 O Primeiro Corpo de Caçadores a Cavalo
Retornando a Caminho de Nioaque, 1870, Período Pós-Guerra do Paraguai
Em virtude da Ordem do n.°20 de
09 de Abril de 1870, a 18 de Junho embarcou para Vila de Miranda, desembarcando
a 06 de Julho, seguindo depois para Nioaque.
O Senhor Presidente da Província louvou o Primeiro
Corpo de Caçadores, em nome do Governo
Imperial, pela resignação com a que sofrera as privações, lutando com a peste,
a fome e a Guerra na retirada das tropas
do Norte do Paraguai e vários oficiais e praças, o Governo Imperial condecorou
com a medalha da Constância e Valor, criada para as Forças que operavam no Sul
de Mato Grosso.
A 1.° de Fevereiro de 1871, o
Boletim Regimental n.° 01 do Primeiro Corpo de Cavalaria, ainda com sede em
Nioaque, publicou o Decreto n.° 4.572 de 12 de Agosto de 1870, que aprovando o
Plano de Organização do Exército, após a Guerra do Paraguai, dava essa
denominação ao antigo e agora extinta o Primeiro Corpo de Caçadores a Cavalo.
Continuou a comandar a unidade
recentemente organizada, o já então Capitão José Rufino, que a constituiu com o
remanescente do seu glorioso Corpo de Caçadores a Cavalo.
A 08 de Março de 1883, o Capitão
Pedro José Rufino, foi substituído no comando pelo Tenente Coronel Francisco
Xavier de Godoy, e transferido para o 2.° Corpo de Cavalaria na Província do
Paraná.
Em 1.° de Setembro de 1885, em
ordem do dia n.°245, o Comandante Major Frederico Solon Sampaio Ribeiro, passou
novamente o Comando do Corpo ao Tenente Coronel Pedro José Rufino.
A
gravura[22]
ao lado registra o uniforme de um oficial e uma praça de Cavalaria do ano de
1886.
Aos 18 dias do mês de novembro de
1886, assumiu o comando do Corpo o
Coronel Manoel Lucas de Souza, recebe-o do Tenente Coronel Pedro José
Rufino.
<><><><><><><>
6.2.9 Nasce o 7º Regimento de
Cavalaria Ligeira, Nioaque, 1889
Recebeu o Coronel Manoel Lucas de Souza, o ofício n.°
599 de 11 de Abril de 1889, do Comandante das Armas da Província de Mato
Grosso, versando sobre o Decreto referido no ano anterior.
Fotografia
que mostra a frente do 7º Regimento de Cavalaria Ligeira, Quartel que estava localizado no local do
prédio da Atual Escola Estadual Odete Ignês Resstel Villas Bôas
Em conseqüência mandou encerrar a
escrituração do extinto “Primeiro Corpo de Cavalaria” e abrir uma nova para o
“Sétimo Regimento de Cavalaria Ligeira”. As quatro Companhias foram
respectivamente formadoras dos quatro esquadrões de Cavalaria, não havendo
alteração na remuneração das praças. Já em Fevereiro do mesmo ano, ordem do dia
n.° 2.241, classificava no Regimento um grau de oficiais, dos quais a maioria
aqui não se apresentou.
A 03 de Fevereiro, de 1890,
atinge a idade limite para a compulsória, de acordo com o Decreto n.°193-A de
30 de Janeiro, o Tenente Coronel Pedro José Rufino, que, todavia continuou em
suas funções até 1.° de Maio.
<><><><><><><>
6.2.10 Deixando
Nioaque Definitivamente o 7º Regimento de Cavalaria Ligeira
Depois de mais de seis décadas,
agora deixará Nioaque a Unidade Militar que acompanhou todo o desenvolvimento
de Nioaque, desde suas primícias até sua maior idade.
Nos primeiros dias do mês de
Março do ano de 1903, 0 7.° Regimento de Cavalaria Ligeira deixou Nioaque,
marchando para Vila de Miranda, sua nova e provisória sede. Bivacando a 6 de
Março no passo do Lajeado, e a 16 de Março, realizou no passo do Furriel Pires
e no seguinte, aquartelados em Miranda.
A 18 de Março, o Capitão
Francisco Rego, retransmitiu o Comando ao Coronel Augusto Pinto Pacca, que
voltara de Corumbá, promovido a este posto e que comandara o Regimento como
Tenente Coronel.
Entre os anos de 1904/1905, neste
ano o Major João José da Luz, promovido a Tenente Coronel, para o sétimo
Regimento, apresentou-se em Miranda, no começo de Junho, assumindo o comando,
que exerceu até quatro de Junho de 1905, quando publicou uma ordem do dia, de
onde se tirara os seguintes dados: existência de 36 oficiais, 110 praças, 115
cavalos, 30 bois e um muar.
Em 26 de Agosto de 1905, o Regimento
deslocou novamente de Miranda para Nioaque.
Chegando em Nioaque no dia 10 de
Setembro, onde aquartelou sob comando do Capitão Lourenço de Souza Rego.
No dia 28 de Novembro de 1906,
recebeu o Tenente Coronel João Inácio Alves Teixeira, a seguinte ordem
telegráfica. “Deveis estar pronto seguir vosso Regimento para Bela Vista”.
“Coronel Pedro Paulo Comandante
do 7.° Distrito Militar”.
Sua nova sede, Bela Vista, 10 de
Dezembro de 1906.
Hoje possui denominação Moderna
de 10.° Regimento de Cavalaria Mecanizada permanece ainda em Bela Vista.
Foto
Arquivo do Autor. Não lembro crédito
original. Vista de Prédios comerciais e da Intendência Municipal, frente a
Praça Principal, atual Rua Quintino Bocaiuva. Paralela com a Avenida xv de
Novembro.
<><><><><><><>
6.3 Algumas
Correspondência Militares, expedidas pelo 7º Regimento de Cavalaria Ligeira com
os Governo da Capital
mato-grossense, Cuiabá, 1889
As cópias de algumas correspondências que fizeram parte da
vida do 7º Regimento de Cavalaria Ligeira, também fazem parte da História de
Nioaque. Todo o cotidiano da Comunidade
Nioaquense esteve influenciado pela presença das instituições militares e suas respectivas corporações. São informações que ajudam a compreender
aspectos da vida deste período, quando o município de Nioaque atingiu a sua
maturidade política e constituindo-se na força política mais influente do Sul
do Estado de Mato Grosso.
São poucos
os fatos Históricos apresentados neste
Livro que estiveram isentos de participação das corporações militares: saúde,
segurança, educação, cultura, religião, política, economia, administração,
jurisprudência; o centro da autoridade e das infra-estruturas era a Unidade
Militar, aliás, foram os primeiros servidores públicos a estabelecerem em
Nioaque e a contribuir com renda mensal para a economia do local.
6.3.1 Documento um
- Correios
“Administração dos Correios da
Provincia de Matto Grosso n.°41 Cuyabá,
22 de Agosto de 1889
Mm° Exm°
Snhr.
Não tendo Luiz José Pinto de
Figueiredo acceitado a nomêação de Agente do corrêio da Freguesia de Nioac, venho por isso
e em virtude da ley n.º2.794, de 20 de Outubro, de 1877, propor a V. Exa. Claro
de Almeida Pombo, para substituil-o, visto já se achar investido do referido
cargo interinamente.
Deus Guarde V.Exa.
Digm°
Snr. Coronel Ernesto Augusto da Cunha Mattos
Presidente
desta Provincia.
O Adm° - André Virgilio Per.ª
Albuquerque”
6.3.2. Documento
dois - correio
“Ilmo.
E Exm° Snr.
N.º
596 – Quartel do Comando do 7.º Regimento de Cavallaria Ligeira em Nioac, 14 de
Dezembro de 1889.
A Agencia do correio d’esta
localidade está confiada a um ex-praça camarada do Hespanhol negociante, José
Alvares Surga quem de facto é o agente. E este homem alem de muito antepathico,
não por indole e que aqui existe por fugir a justiça Publica mormente do
Paraguay, onde consta ter feito um ou dois assassinatos e dever oito a dez mil patacões.
A
malha do Corpo aqui chegou de Miranda no dia 28 do mez proximo passado,
entretanto que a particular, por cuja direção, isto é de Surga, funciona,
chegou no dia 9 do corrente, occasionando por esta forma não haver tempo para
responder toda a correspondencia.
As malhas para Nioac, vindas de
Cuyabá fexadas tem ordem do Administrador para não serem abertas em Miranda, o
que sendo, desapareceria este inconveniente, visto que por praças do Regimento
viria com presteza, não prejudicando o serviço.
Nestes Termos peço a V.Ex.ª
providencias para que se digne intervir no sentido de ser a malha official para
Nioac, aberta em Miranda, pelo respectivo agente e alli entregue ao commandante
do destacamento, de modo a continuar este serviço sem perda de tempo e tropeço
para a sua marcha ou então a nomeação de um agente para o Correio que possa
despor de sympathia, confiança e patriotismo.
Deus Guarde a V. Exª
Ilm°
Exm° Snr. Coronel Ernesto Augusto da Cunha Mattos
Digm°
Presidente e Commandante das Armas da Provincia
Manoel Lucas de Souza
Coronel.”
<><><><><><><>
“(Ao
Snr. Administrador do Correio para informar Palacio do Governo do Estado de
Matto-Grosso, Cuyabá 3 de Janeiro de 1890 – General Cunha)”
6.3.3. Documento
três – pedido de licença
“Pedido
de Licença
Ilm°.
E Exmo.Senr. General Governador do Estado de Matto-Grosso
Manoel Satyro de Souza Brandão,
2.º Esquadrão do 7.º Regimento de Cavallaria Ligeira, tendo em Cuyabá sua avó,
que pela idade avançada precisa de seo auxilio, vem pedir respeitosamente a
V.Exa. se digne conceder-lhe quarenta e cinco dias de licença afim de ir para
essa Capital buscal-a para sua
companhia, occorendo por sua conta todas as despesas de viagem.
Conscio da justiça que sempre
privado aos actos de V. Exa. O supplicante pede defferimento.
E.R.Mce.
Manoel Lucas de Souza
Coronel”.
<><><><><><><>
“Ilmo. Snr.
Passo as mãos de V. Exª o presente requerimento do 2.º Sargento
Manoel Satyro de Souza Brandão e que pede ao Exmo. Snr.Governador do Estado de
Matto-Grosso, 45 dias de licença para ir a Capital do mesmo Estado de
Matto-Grosso, buscar a sua avó, correndo as despesas de passagem por sua conta,
informando a V.Exa., direi que a petição do supplicante é justa.
Quartel do Commando interino do
2.º Esquadrão, em Nioac,
Manoel
José Rodrigues
Ten.
Commte. Interino do
2.º”
N.º
14 - Pg. Dusentos réis de sello p. verba
Nioac
15 de Janeiro de 1890 – O Escrivão de despesas”
“(Indeferido –Palacio do Governo do Estado de
Matto-Grosso, em Cuyabá 7 de Fevereiro de 1890)”.
Fotografia mostra uma outra ala do prédio do antigo Quartel que sediou o 7º Regimento de Cavalaria
Ligeira
6.3.4 Documento
cinco - correio
“N.º 02 – Administração do
Correio do Estado de Matto Grosso, em Cuyabá, 25 de Janeiro de 1890
Senhor
General Governador
Informo-vos o conteudo do officio
n.º 596 de 14 de Dezembro do anno findo, do Commando do 7.º Regimento de
Cavallaria em Nioac, cumpre-me dizer:
O
actual agente do Correio de Nioac é Claro de Almeida Pombo e não o negociante
José Alvares Sanches Surga, como assegura o Commando daquelle Regimento.
As malas com destino a Nioac não
é possivel serem abertas em Miranda, visto como oppõe-se a isso todas as ordens
em vigor do Governo Central, mesmo
porque o facto das malas serem
abertas em Miranda traria a irresponsabilidade dos dous agentes, o de Miranda
e o de Nioac e a confiança do Correio n’este caso desapareceria.
Nutrindo os melhores desejos para
attender o quanto reclama aquelle Comando do Regimento, vou tomar informações e
em breve vou apresentar o nome de outro cidadão para substituir o actual
agente.
Finalizando a presente
informação, devo declarar-vos que esta repartição não pode deixar de trazer ao
vosso conhecimento o quanto ella se acha grato com aquelle negociante, que tem
feito conduzir gratuitamente há seis meses a
esta parte todas as malas de Nioac a Miranda e tem promovido com
interesse todo o bem estar do Correio.
Junto
devolvo-vos o oficio acima alludido.
Saude e fraternidade
O Administrador–
André Virgilio Pereira
Albuquerque”
<><><><><><><>
“N.º 03 Administração do Correio do Estado de
Matto-Grosso
Em
Cuyabá, 27 de Janeiro de 1890
Senr. General Governador
Antecipo-vos que por conveniencia
do serviço publico foi hoje assinado a tabella para a partida dos correio
terrestres de combinação com o respectivo contratante em a qual ficou assentada
a sahida mensal dos estafetas nos dias 14 e 29.
Saude e fraternidade
O Administrador –
Andre Virgilio Perª Albuquerque”.
<><><><><><><>
“N.º
04 Administração do Correio do Estado de Matto-Grosso
Em Cuyabá, 28 de Janeiro de 1890
Senr. General Governador
Venho propor-vos a demissão de
Claro de Almeida Pombo de Agente do Correio de Nioac e para substituil-o,
apresento o Cidadão José Alvarez Sanches Surga.
Saude e fraternidade
O Administrador –
André Virgilio Pereira Albuquerque”.
6.3.5 Documento
cinco - Correio
N.º076 – Quartel do Commando do
7.º Regimento de Cavallaria Ligeira,
Em Nioac, 10 de Fevereiro de 1890
Ao
Cidadão General Antônio Maria Coêlho
Digmo.
Governador e Commandante das Armas
Cumpre-me levar ao conhecimento
de V.Exa. o modo inconveniente e desleixado, porque continua a ser feito o
serviço do Correio deste ponto pelo agente que é um ex-praça do Exercito
camarada do negociante espanhol José Alvares Sanches Surga, agente de facto.
Este individuo sob direcção se acha a mala postal, nenhum interesse toma pelo
desempenho satisfatorio da incumbencia que assumo e que já tive a honra de
fazer sciencia a V.Exa. em officio n.º
596 de 14 de desembro do anno findo, cujo officio por copia a V.Exa. e
no qual parece-me ter provado a incapacidade do referido agente para
desempenhar o cargo.
A mala do Regimento que chegou de
Miranda no dia 26, no entanto, que só a 30 tudo do mez findo recebeu-se a
particular que se acha sob a direção de Surga; facto identico da-se em quasi
todas as paradas prejudicando desta forma a bôa marcha do serviço do Corpo,
cuja correspondencia não pode ser totalmente respondida, pela falta de tempo, determinada pela demora
desnecessaria e desleixada da parada particular.
Assim peço a V.Exa. providencia
para que se digne intervir no sentido de ser a mala official para Nioac aberta em Miranda e onde sendo
entregue ao commando do destacamento ali existente, seguirá emmediatamente seu
destino, sem demora, nem incoveniente para o serviço do Regimento; ou então a
nomeação de outro agente que desempenha a contento as suas funções, qualidade
inseparavel de ter que actualmente serve.
Saude e fraternidade
Manoel Lucas de Souza
Coronel Cmmte”.
<><><><><><><>
6.3.6. Documento
seis - desordem pública
“Juiso de Paz de Nioac, 8 de
Abril de 1890
Cidadão
Tendo sido preso e recolhido no
Estado Maior do 7.º Regimento de Cavallaria, sob o vosso digno commando, o
Tenente Reformado do Exercito Paulo Nunes de Siqueira, por embriagues e
desordem que promovêra na noite de 6 para 7 do corrente e tendo conhecido
proprio de que o referido Tenente vive diariamente ébrio e entregue a mais
desgraçada capula acompanhado de praças do citado 7.º Regimento e de classe
proletaria que reunem na caza, onde
proferem palavras offensivas aos bons costumes e pertubão a paz das familias.
Reporto-vos a continuação de manter na prisão por ordem desde juiso afim de
obrigal-o a assinar na forma da ley o competente termo de bem viver.
Saude e fraternidade
Ao
Cidadão Coronel Manoel Lucas de Souza
Digmo.
Comm. Do 7.º Regimt° de Cavª
O Juis de Paz
João Anastacio Monteiro de
Mendonça”.
6.3.7 Documento
sete - desordem pública - transferência
N.º 160 – Quartel do commando do
7.º Regimento de Cavallaria Ligeira, em Nioac, 9 de Abril de 1890
Ao
Cidadão General Antônio Maria Coêlho
Digmo.
Governador e Commte. das Armas deste Estado
Incluso tenho a honra de passar
ás mãos de V.Exa. o officio do Juiz de Paz desta Freguesia pedindo para continuar
preso até que assine termo de bem viver, o Tenente Reformado do Exercito Paulo
Nunes de Siqueira, que fôra no dia 7 do corrente recolhido ao Estado Maior
d’este Regimento por provocar desordens em estado de embriagues na noite
antecedente.
Allega o Juiz de Paz e cumpre-me
affirmar a V.Exa. que de facto da-se o referido Tenente ao vicio da mais
desenfreada crapula das familias. Vista do exposto, peço a V.Exa. a bem da
moralidade desta povoação e do proprio Tenente se digne providenciar para que
elle se retire d’este ponto, por isso que sua conducta pode dar lugar a
excessos da parte dos responsaveis pela tranquilidade publica.
Saude e fraternidade
Manoel Lucas de Souza
Coronel”.
6.3.8 Documento
oito - congratulações
N.º161 – Commando do Quartel do
7.º Regimento de Cavallaria Ligeira, em Nioac, 14 de Abril de 1890
Ao
Cidadão Antônio Corrêa da Costa
Secretario
do Governo do Estado de Matto-Grosso
Acuso recebido o officio circular
n.º 68 de 10 de Fevereiro ultimo, em que V.S.ª communica-me ter assumido o
exercicio de Secretario do Governo deste
Estado para o qual foi nomeado por Decreto n.º 9 de Dezembro do anno findo,
congratulando-me com a Providencia pela
acertada escolha do Governo, approveito a occasião para declarar a V.S.ª que
encontra n’este Commando todo o apoio para o bom desempenho do cargo que ora
exerce.
Saude e fraternidade
Manoel Lucas de Souza
Coronel”.
6.3.9 Documento
nove – Recursos para construção do Quartel
“Quartel de minha residencia em
Nioac
12 de Maio de 1890
Ao
Ilustre Cidadão Marechal de Campo
Antônio
Maria Coelho
Governador
e Commandante das Armas do Estado
Tenho a honra de dar-vos sciencia
que harem do recebido quatro contos de Réis para continuar a construção do
Quartel n’esta localidade, por ordem do Eminente Cidadão Generalissimo Marechal
Deodoro da Fonseca, então Marechal de Campo, fil-o recolher ao cofre do 7.º
Regimento de Cavallaria, dos quaes forão somente gastos até 1.º de Maio do
corrente anno, 438:740 réis, continuando o mesmo excedente no mesmo cofre.
E como nenhuma instrucção tive a
respeito, peço-vos se digneis dal-as, por isso que eu os tinha destinado
somente para compra de tintas, ferragens, vidros para janellas interiores e
ferramentas, o que julgo acertada essa aplicação, visto poder continuar este importante
serviço, como até aquella data em que deixarei o commando do mesmo Regimento
que se construiu de pedra e cal com a abnegavel solidez de 128.400 palmos
cubico de parede (calculo aproximado), inclusive os claros de janellas e
portas.
Saude e fraternidade
Manoel Lucas de Souza
Brigadeiro Reformado”.
<><><><><><><>
6.3.10 Documento
dez - Ofício assunto Reservado, Prisões
“Quartel do Commando do 7.º Regimento de Cavallaria
Ligeira, Levergeria, 11 de Dezembro de 1890
N.º
Reservado
Ao
cidadão
Segue n’esta data escoltados os irmãos José Lopes e João
Lopes e o individuo José Maria companheiro dos mesmos e uma mulher que se dis
esposa de um daquelles, todos de nacionalidade paraguaya que foram presos nas
imediações de Ponta-Porã, conforme vossas recomendações reservadas em officio
ao Cidadão chefe de Policia deste Estado dirigido a este commando em data de 8
do mez preterito, mandei-os fornecer com a diaria de 400 réis marcada para
prezos civis alimentando-se que apoio-vos digno approvar.
Aproveito a opportunidade para apresentar os protestos de
minha mais alta e perfeita estima e subida consideração.
Saude e fraternidade
Ao Ilustre Cidadão
Excelentissimo General de Divisão Barão de Anhambahy
Dignissimo
Governador e Commandante das Armas do Estado de Matto-Grosso.
João da Silva Barbosa
Coronel”.
<><><><><><><>
6.3.11 Documento onze - Comandantes
Militares[23]
de Nioaque, 1861 – 1906
Esta
relação tem o objetivo de permitir a ilustração do Capítulo destacando a
presença militar em Nioaque das tropas militares do Exército.
Tabela
2: Relação dos Comandantes
militares do Exército que passara por Nioaque entre os anos de 1861 a 1906, a
partir do Corpo de Cavalaria de Mato Grosso.
N.º
|
NOME
|
PERÍODO
|
OBSERVAÇÃO
|
1.
|
Tenente Coronel José Antonio Dias da Silva
|
01.04.1861
|
|
1.
|
Cap. Pedro José Rufino
|
06.01.1863
|
Corpo de Caçadores a Cavalo
|
2.
|
Cap. Pedro José Rufino
|
12.06.1866
|
Primeiro
Corpo de Cavalaria
|
3.
|
Maj. Pedro José Rufino
|
01.02.1871
|
|
4.
|
Ten.Cel. Francisco
Xavier Godoy
|
08.03.1883
|
|
5.
|
Maj. Frederico Solon Sampaio
|
02.05.1884
|
|
6.
|
Ten.Cel. Pedro José Rufino
|
01.09.1885
|
|
7.
|
Cel. Manoel Lucas de Souza
|
18.11.1886
|
7º Regimento
de Cavalaria Ligeira
|
8.
|
Cel. Manoel Lucas de Souza
|
08.06.1889
|
|
9.
|
Maj. Antônio Nicolau Cônsul
|
07.03.1890
|
|
10.
|
Ten. Cel. João da Silva Barbosa
|
01.06.1890
|
|
11.
|
Maj. Antônio Nicolau Cônsul
|
18.04.1891
|
|
12.
|
Ten. Cel. João da
Silva Barbosa
|
01.08.1891
|
|
13.
|
Maj.
Justino da Rocha
|
01.10.1891
|
|
14.
|
Ten. Manoel José Rodrigues
|
18.11.1891
|
|
15.
|
Maj. Nicolau Cônsul
|
25.01.1892
|
|
16.
|
Ten. José Florêncio
de Toledo Ribas
|
04.02.1893
|
|
17.
|
Cap. João de
Almeida dos Santos Velho
|
03.12.1893
|
|
18.
|
Major Rodolpho Leopoldo
Pinheiro Bitencourt
|
07.06.1894
|
|
19.
|
Cap. João de
Almeida dos Santos Velho
|
03.04.1895
|
|
20.
|
Cap. Antônio
Augusto Santhiago
|
26.07.1896
|
|
21.
|
Cap. João de
Almeida dos Santos Velho
|
05.04.1897
|
|
22.
|
Maj. Manoel Marques
Saraiva do Amaral
|
18.01.1899
|
|
23.
|
Cap. Joaquim
Ignacio Baptista Cardoso
|
28.01.1899
|
|
24.
|
Cel. Alfredo
Barbosa
|
06.07.1899
|
|
25.
|
Maj. Hermenegildo
Monteiro de Albuquerque
|
18.09.1899
|
|
26.
|
1.º Ten. Peixoto Velho
|
05.03.1900
|
|
27.
|
Cap. Berine
|
29.03.1900
|
|
28.
|
Maj. Henrique
Guilherme Coêlho
|
13.11.1900
|
|
29.
|
Ten.Cel. Carlos
Augusto Pinto Pacca
|
08.03.1901
|
|
30.
|
Maj. Henrique
Guilherme Coêlho
|
19.05.1902
|
|
31.
|
Cel. Carlos Augusto
Pinto Pacca
|
03.09.1902
|
|
32.
|
Cap. Francisco
Lourenço de Souza Rêgo
|
26.01.1903
|
|
33.
|
Cel. Carlos Augusto
Pinto Pacca
|
18.03.1903
|
|
34.
|
Maj. Marcos Antonio
dos Santos
|
23.07.1903
|
|
35.
|
Cap. Francisco
Lourenço de Souza Rêgo
|
20.04.1904
|
|
36.
|
Ten. Cel. João José
da Luz
|
01.07.1904
|
|
37.
|
Cap. Francisco
Lourenço de Souza Rêgo
|
04.01.1905
|
|
38.
|
Cap. Camillo Brandão
|
09.08.1905
|
|
39.
|
Cap. Francisco
Lourenço de Souza Rêgo
|
26.08.1905
|
|
40.
|
Maj. Graduado
Camillo Brandão
|
09.09.1905
|
|
41.
|
Major Juvenal de
Souza
|
10.01.1906
|
|
42.
|
Major Camillo
Brandão
|
25.07.1906
|
|
43.
|
Ten. João Ignacio
Alves Teixeira
|
22.11.1906
|
A seguir uma Fotografia[24] do
Capitão Rogaciano do Corpo de Cavalaria em Nioaque e sua família, em 7 de julho
de 1884.
<><><><><><><>
6.3.12 Documento
doze – tabela de Rancho
“Presidente do Conselho de
Fornecimento
Em Cuyabá, 6 de Novembro de 1890
Cidadão
General
Tenho a honra de submetter a
Vossa apreciação a inclusa tabella da distribuição da etapa as praças do 7.º
Regimento de Cavallaria Ligeira, estacionado na Villa de Levergeria[25],
destinada a vigorar no 1.º semestre do proximo vindouro ano de 1891 a qual foi
presente ao Conselho e aprovada em sessão de hoje tendo fixado em
$
670 Réis o valor da referida etapa.
Saude e fraternidade
Ao
Senor. General de Divisão Antônio Maria Coêlho
Dignissimo
Governador do Estado
Brigadeiro Reformado
Antonio José da Costa”.
(Cópia
anexo – duas folhas)
Tabela
de Racho dos Praças do 7º Regimento
de Cavalaria Ligeira, em Levergeria
(Nioaque) Primeiro Semestre do ano de
1891
Tabella para Fornecimento de etapa aos praças durante o
1.º semestre do anno de 1891
|
|||||||||||||
Generos
|
Unidades
|
7.º Regimento de Cavallaria
Ligeira
|
Ceia
|
Unidade
|
Preço
|
Contracto
|
|||||||
Valor da etapa 669 reis
|
|||||||||||||
Almoço
|
Jantar
|
Fornecedôr
|
|||||||||||
3.ªs 5.ªs e Domin-gos
|
2.ªs 4.ªs e Saba-dos
|
6.ªs
Feiras
|
3.ªs 5.ªs e Domin-gos
|
2.ªs
4.ª e Saba-dos
|
6.ªs
Feiras
|
1.º
de Janeiro, 21 de Abril 3 e 13 de Maio
|
Nome
|
Morada
|
|||||
Assucar
|
gramas
|
50
|
50
|
50
|
10
|
Kilo
|
535
|
Zozimo Francisco Gonçalves etc
e Cia.
|
Largo do Quartel
|
||||
Arroz
|
gramas
|
70
|
70
|
70
|
70
|
Kilo
|
240
|
||||||
Azeite doce
|
centilitro
|
2
|
Litro
|
1:000
|
|||||||||
Bacalhau
|
gramma
|
180
|
Kilo
|
900
|
|||||||||
Batata Inglesa
|
gramma
|
80
|
80
|
Kilo
|
200
|
||||||||
Banana ou Laranja
|
duas
|
2
|
2
|
2
|
Duas
|
10
|
|||||||
Café em grão
|
grammas
|
40
|
40
|
40
|
30
|
Kilo
|
1:100
|
||||||
Carne Secca
|
grama
|
125
|
250
|
Kilo
|
300
|
||||||||
Carne Verde
|
gramma
|
200
|
500
|
500
|
Kilo
|
160
|
|||||||
Carne Verde de Porco
|
gramma
|
225
|
Kilo
|
400
|
|||||||||
Farinha de mandioca
|
decilitro
|
1,5
|
1,5
|
3
|
3
|
3
|
3
|
Kilo
|
120
|
||||
Feijão
|
decilitro
|
2
|
2
|
Litro
|
180
|
||||||||
Goiabada
|
gramma
|
100
|
Litro
|
2:000
|
|||||||||
Manteiga
|
gramma
|
12
|
12
|
12
|
7
|
Kilo
|
4:000
|
||||||
Macarrão
|
gramma
|
15
|
15
|
Kilo
|
1:000
|
||||||||
Pão
|
gramma
|
200
|
200
|
250
|
120
|
Kilo
|
600
|
||||||
Queijo
|
gramma
|
40
|
Kilo
|
600
|
|||||||||
Sal
|
centilitro
|
1
|
1
|
1
|
1
|
1
|
Litro
|
140
|
|||||
Toucinho
|
gramma
|
10
|
10
|
25
|
25
|
5
|
30
|
Kilo
|
700
|
||||
Vinagre
|
centilitro
|
1
|
2
|
2
|
Litro
|
500
|
|||||||
Vinho tinto de Lisbôa
|
centilitro
|
16
|
Litro
|
1:500
|
|||||||||
Verduras
|
ração
|
1
|
1
|
1
|
1
|
Ração
|
10
|
Observação
Aos domingos se dará a cada praça
uma ração de vinho e não dias de formatura, marchas, exercicios, etc, uma de
aguardente na porção de um litro para vinte praças em virtude da Portaria do
Ministro da Guerra de 21 de Dezembro de 1889 que publicou a tabella de
fornecimento de viveres para o 1.º semestre do corrente anno.
Quartel na Villa de Levergeria,
em 25 de Setembro de 1890.
João da Silva Barbosa
Coronel.
[1] Baseado na História do Exército Brasileiro,
Vol. II. Biblioteca do Exército, 1972,
p. 511 – 515.
[2]
Colônia Militar de Dourados, Localizada no atual município de Antônio João.
[3]
Colônia Militar de São Lourenço, localizada as margens do rio São Lourenço, no
atual Estado de Mato Grosso.
[4] Considera-se, o Livro não possui capa e
identificação de autoria, para algumas pessoas consultadas, sugeriram que fosse
de Emilio Garcia Barbosa. Os Barbosas em
Mato Grosso. S/d., apresenta
características de impressão dos anos de 1950 ou 1960.
[5]
Album Graphico de Matto-Grosso, Hamburgo, Alemanha, 1912. P. 75.
[6] Op. Cit. Ref. 1, p. 514.
[7]
Sérgio Buarque de Holanda. Monções. Coleção Estudos Brasileiros, RJ. 1945
[8]
Aspectos Históricos das Cidades de Jardim e Guia Lopes da Laguna. Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul.
1985. Textos manuscritos.
[9]
Volume I, 1985, p. 27 – 28.
[10]
Apud Manuel de Pinho, apontamentos históricos quando sargento do 7º Regimento de Cavalaria Ligeira
em Nioaque. Fundação de Cultura de Mato
Grosso do Sul. Campo Grande, 1985.
[11]
Helio Serejo. Nioaque um pouco de sua história. 1985,
Volume I, p. 27 – 28.
[12]
Localização esta, que atualmente encontra-se nas imediações do Prédio da EEPSG
“Odete I. R. Villas Bôas”, antigo Grupo Escolar “Antonio João”, frente ao
ginásio de esportes de Nioaque.
[14]
Algumas destas informações foram cedidas pelo 10º RCM de Bela Vista, 1986.
Resumo do Histórico do atual 10º Regimento de Cavalaria Mecanizada. Regimento Antônio João. Bela Vista-MS.
[15]
Ver Capítulo I, Criação da Capítania de Mato Grosso.
[16]
Atual cidade de Mato Grosso.
[17]
Virgilio Correa. Mato Grosso. 1929
[18]
Cerca de 18 quilômetros da cidade de Guia Lopes da Laguna, na estrada para
Ponta Porã e Antonio João.
[19]
Mais detalhes podem ser lidos no Capítulo V, A Guerra do Paraguai.
[20]
No Paraguai. Bela Vista, cidade
brasileira,não existia nesta época.
[21]
Fotografia oferecida ao Alferes Antonio Francisco Xavier, em sinal de
obediência e gratidão. Nioac 1º de
Janeiro de 1885.
[22]
Fotografia extraida do Livro História do
Exército Brasileiro, 1972.vol 2, p. 628,
[23]
Relação nominal cedida pelo Major Reformado Gamaliel Stumff, 1985, extraída da
listagem dos comandantes militares do 10º RCM, Bela Vista, elaborada pelo
Capitão e Comandante Luiz Barbosa Lima, Ponta Porã, 21 de abril de 1936.
[24]
Fotografia pertence a família do Major de Cavalaria Antonio Francisco
Xavier. No verso apresenta a inscrição:
O Capitão Rogaciano e sua família visita e comprimenta aos seus estimados
compadres o Senhor Alferes Antonio Francisco Xavier e sua Exma., família.
Nioac 7 de julho de 1884.
[25]
Nioaque.
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