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domingo, 10 de abril de 2016

GUERRA DO PARAGUAI - 5 - MARCHA E A RETIRADA DA LAGUNA NO PARAGUAI

ABORDAGEM - 5

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5.3.4.1 A CAMINHO DO PARAGUAI E A RETIRADA DA FAZENDA LAGUNA

a) A Caminho  de Laguna
b) A Retirada da Laguna
c) A Doença o Cólera
d) Mudança de direção
e) Cambarace
f) Falecimento do filho do Guia Lopes e do Pai, José Francisco Lopes
g) O Falecimento dos  Comandantes Camisão e Juvêncio
h) Travessia do rio Mirandas
i) Na fazenda Jardim
j) Encontro no Canindé
l) Marcha sobre Nioaque
m) a Segunda ocupação e destruição da Vila de Nioaque pelos Paraguaios.
n) A explosão na Igreja
o) A Caminho de Canuto



“Parte  dada pelo Commandante Interino das Forças em Operação no Sul de Matto-Grosso, que invadiaram o territorio paraguayo, Major José Thomaz Gonçalves, ao Presidente da Provincia de Matto-Grosso, Dr. José Vieira Couto Magalhães, em officio de 16 de junho de 1867.

Ilmo. Snr. - Tenho a distinta honra de dirigir a V.Exa., a participação dos acontecimentos que acabam de dar-se por occasião da retirada á que se via obrigada a força operadora no  Sul da Provincia de Matto-Grosso, depois de invadido o territorio Paraguayo por effeito da occupação do Forte de Bella Vista.



Rio Apa e o Forte Bella Vista. - Esboço tirado pelo Visconde de Taunay quando do ataque da Coluna brasileira a esta fortificação paraguaia a 21 de abril de 1867. É o único documento iconográfico existente sobre a Retirada da Laguna."
(A Retirada da Laguna - Affonso de E. Taunay)
Os soldados brazileiros n’aquella  delicada operação de guerra luctaram com os mais estupendos  obstaculos que se puderão imaginar: tocaram ao auge dos sofrimentos e á um tempo viram-se a braços com um inimigo encarniçado, com a mais horrivel  epidemia que flagella a humanidade, o cholera morbus, que numa proporção assustadora de victimas n’um só dia atacou mortalmente ao chefe da expedição Sr. Coronel Carlos Moraes Camisão e ao seu immediato o Tenente Coronel Juvêncio Manoel Cabral de Menezes.   Este facto que acabrunhou por momentos a officiaes e soldados, collocou-me de subito á frente da briosa e martyr columna operadora, lançando-me sobre os ombros o mais pezado cargo que jamais tocou a um militar.   Como Capitão mais antigo, Major de Commissão, assumi immediatamente o commando com a responsabilidade immensa das graves circunstancias que me rodeavam.

Relato profunctoriamente á V. Exa. Os factos extraordinarios que se succederam no seio destas forças, apresentarei o quadro veridico sempre - ás vezes sublime, outro medonho e negro,  de tudo quanto a sorte adversa poude em poucos dias suscitar contra a nosso diminuta porção de bravos.

No dia 21 de abril, entraram as forças brazileiras sob o comando do Coronel Camisão no Forte Paraguayo de Bella Vista, que foi desamparado pela sua guarnição á vista de nossas bandeiras:  feito glorioso para as nossas armas a qual já deve estar no conhecimento do Governo Imperial, e que encheo de justo orgulho ao chefe da nossa expedição.


5.3.4.2 A Busca de Gado na Fazenda Laguna


Desde o dia da occupação, começando-se a fazer sentir a falta de gado, mandava a prudencia que fosse effectuada uma prompta retirda sobre Nioac que era a nossa base de operações que algum tanto inconsideravelmente fôra deixada, apenas protegida por uma pequena guarnição, visto como mesmo a diminuta porção de 1500 a 1600 soldados, não permittia distrahir muitas praças por occasião de avançar contra o inimigo.    Entretanto, o Coronel Camisão, tendo tido informações dos fugitivos brasileiros, os quaes como V. Exa. Não ignora, se achavam entre nós desde 11 de abril, que a 3 ½  leguas de Bella Vista, n’uma  Fazenda do Presidente López havia grande quantidade de gado (Fazenda Laguna), não trepidou em avançar, dando ordem de marcha ás forças no dia 30 do mez acima citado.   Como subordinados, obedecemos de bom grado a resolução de nosso chefe, tocando-me tão sómente como commandante do corpo e cumprir os deveres difficeis que a todos exigia aquelle passo brilhante, porem algum tanto arrojado.
Visão Panorâmica da "Fazenda Laguna" - Atual "Estancia Arroyo Primero",  do Departamento de Amambay, Paraguai.  Imagem Google Earth Pro 2016.  Data da Imagem 05/09/2005 – Adaptação e copilação JVD

O inimigo que occultava a sua força, retirou-se como sempre, deixando-nos a estrada franca até  a Invernada da Laguna, onde acampamos, a  8 ½  leguas do rio Apa, na esperança de obter algum gado.    Varias vezes foram os nossos batalhões proteger aos campeiros, sendo sempre incomodados por partidas de cavallaria, as quaes sem fazerem frente a nossos soldados, impediam, comtudo, totalmente a execução do que pretendiamos.

Foi, pois,  pouco desvanecendo-se a esperança que nutria o Commandante das forças, a qual, depois de resolver levantar acampamento quis, contudo, por uma surpreza audaz, ir bater o inimigo, acampado a mais de legua e cujo numero era ainda desconhecido.    Encarregados desta honrosa missão foram o Batalhão n. 21 de Infantaria que eu tinha a ufania de commandar e o brioso Corpo de Caçadores a Cavallo, que tem a sua frente o denodado Capitão Pedro José Rufino.

Imagem na Fazenda na Laguna, Paraguai 2008. CAT/Jardim/MS.

Na madrugada de 6 de maio (1867) foram os paraguayos accordados ao som de nossas descargas, sendo incontinentemente occupado o acampamento inimigo.    Gloria immensa coube a nossa soldadesca!     O entusiasmo era indescriptivel!     N’esse occasião, os paraguayos desmascaravam a força de que dispunham.    Mais de 700 cavalleiros, carregaram por vezes a Infantaria Brazileira, ao passo que duas boccas de fogo atiravam sobre ella innumeros projecteis.   As partes destes  combates vão juntas e minuciosamente relatam os seus  brilhantes episodios.    Muitas lanças, armas, cavallos, arreios e ponchos revieram para o nosso acampamento, pois que haviam os dous corpos recebidos a ordem para se retirarem, apenas o inimigo cedesse o campo.


O dia (41) 7  passou-se sem novidades, bem que um temporam violentissimo acompanhado de chuva torrencial, como tinhamos tido nos dias 4 e 5 fizesse suppôr dever-se esperar uma revendita da parte do inimigo.


5.3.4.3  A Retirada da Laguna


No dia 8 de maio ás 7 horas da manhã começou a força a  mover-se, sendo  logo tiroteiada fortemente por infantes, emboscados em uma mattinha, os quaes,   porem cederam á bizarria do Corpo de Caçadores a Cavallo que d’ella os expelliu, apezar das de Cavallaria que o obrigarm a formar circulos parciaes até a chegada de uma grande Divisão do Batalhão n. 20 que com uma bocca de fogo correu em seu auxilio.   O campo de acção ficou em nosso poder.   Enterramos os mortos, foram n’elles curados os feridos, e seguiu-se avante, havendo previamente o Coronel Camisão adoptado a seguinte ordem de marcha: O Corpo de Caçadores a Cavallo que trabalhava a pé por falta de cavalhada, na frente, seguido por uma peça de Artilharia; na retaguarda, o Batalhão n. 17 de voluntarios da Patria; no flanco esquerdo, o Batalhão n. 20 de Infantaria; e no direito o  Batalhão n. 21, ficando comprehendida no centro d´este  Corpo toda a bagagem que marchava protegida, alem d’isso por duas fileiras de carros puxados por bois.    As quatro peças de Artilharia, puxadas tambem por bois, vinha debaixo da protecção de cada um dos Corpos, caminhando este pesadissimo trem com extraordinaria lentidão.   Os paraguayos estenderam então a linha de atiradores por todos os lados, frente, retaguarda, flancos fazendo continuado fogo calibre 3 e 6 muito aligeirada e puxada por cavallos, tomava rapidamente posição, procurando incessantemente offender-nos  a marcha deste dia, de 2  ½ leguas, effectuou-se sempre ao som da artilharia e fuzilaria, conservando comtudo, a força brazileira a attitude a mais firme possivel, cabendo a nossa Artilharia pelas eminencias que occupou e d’onde varias vezes fulminou o inimigo, o mais importante papel n’essa jornada gloriosa.

V. Exa.  Conhece perfeitamente os perigos de uma retirada diante de uma cavallaria ousada, quando a infantaria não tem para oppôr aos ataques d’ella alguns esquadrões resolutos.    A força moral que o soldado perde por effeito de um movimento retrogado, tem de ser substituido pela coragem continua e esforços  incessantes.

Mil e tresentos combatentes á pé não podiam desprezar setecentos homens perfeitamente montados e que dispunham da artilharia extremamente movel.    Por isso, o dia 8 de maio deve ser considerado um brilho feito de armas: por isso só se por ventura fosse esse feito o único na história da força operadora em Matto-Grosso, mereceriam os seus officiaes e soldados a attenção benevola do paiz.

No dia 9 raiou com o troar do canhão e da fuzilaria de uma extensa linha de atiradores inimigos; entretanto, as posições que tomou a nossa artilharia e as perdas que experimentaram os contrarios com os nossos tiros, fizeram com que a entrada no forte de Bella Vista fosse-nos facil e os paraguayos  não procurassem nos deter os passos.


5.3.4.4  De regresso ao solo brasileiro

O dia 10 foi de descanso, effectuando-se a 11 pela manhã a passagem do Apa, com a qual gastou a força mais de 4 horas pela quantidade de animaes e carros que passaram de uma margem a outra.   As 9 horas começou na ordem adoptada anteriormente, caminhando-se perto de tres quarto de leguas sem avistarem-se inimigos.

Entretanto, os terrenos prestavam-se perfeitamente ao movimento da cavallaria por serem ligeiramente ondulados e abertos em todos os sentidos.   Observou-se por isso  o maior cuidado, prevendo qualquer tentativa em que fosse ainda experimentado o valor brazileiro.     Na realidade ás 11 horas do dia foi  repentinamente atacada a  linha de atiradores do Batalhão n. 17 de Voluntarios da Patria que marchavam na frente, por infantaria inimiga, á qual se seguiu uma furiosa carga de cavallaria que veio esbarrar contra aquelle Batalhão, abrindo-se em duas alas, as quaes desfilaram a todo galope de um lado e de outro de nossa força, procurando penetrar na bagagem.    O fogo que então sofreu o inimigo foi terrivel.    Cada Batalhão formou quadrado com rapidez espantosa, indo muitos cavalleiros morrer espetdos nas pontas das bayonetas do intrepido Batalhão n. 21.    A Artilharia mettendo em bateria com extrema velocidade, fez fogo mortifero de granada sobre a cavallaria paraguaya, que deixava o campo alastrado de mortos e feridos.    A perda do inimigo não foi inferior a 70 homens; a nossa foi de 19 mortos e 29 feridos,nos numeros dos quaes constam o Tenente do Batalhão n. 17, Joaquim Mathias de Assumpção Palestino que faleceu dois dias depois e Raymundo Fernandes Monteiro, que portou-se com muita intrepidez.   Ainda essa vez como sempre, o campo ficou em nosso poder, dando-se sepultamento aos mortos e recolhendo-se os feridos.

Um soldado paraguayo ferido declarou que o commandante da força inimiga era o Major Martinho Urbieta e que o reforço esperado por este e pedido depois de conhecidos os movimentos da força brazileira, havia chegado, devendo-se reunir com brevidade outra que já se encontrava  no caminho.

Uma circunstancia veio depois entristecer os espiritos  depois de acabada a animação d’aquelle glorioso combate:  o gado que era trazido enconstado ao flanco direito da força, havia desembestado com o estrondo das descargas, assim com os poucos cavallos que serviam para tangel-o .  Eram os recursos de bocca que escasseavam  por modo desanimador, deixando a nossos soldados a perspectiva de 25 leguas de marcha com o inimigo sempre a frente e sem esperança de renovação de boiada.


5.3.4.5  A mudança de Direção

A mudança  de direção   -   ao invés da estrada que ligava à Colônia Militar de Miranda, procurou o caminho na direção da Fazenda Jardim de José Francisco Lopes.

Esse facto importantissimo, influiu poderosamente para que o Coronel Camisão tomasse então uma resolução que veio para o futuro crear novos e terriveis obstaculos a facil retirada das forças.

Achava-se como guia entre nós o excellente pratico José Francisco Lopes o qual de há muito  conhecedor dos terrenos do Apa e suas visinhanças, apresentou a possibilidade de conduzir a força  por lugares retirados da estrada com seis dias de marcha á Fazenda Jardim que lhe pertencia e a qual dista de Nioac 9 leguas.

As vantagens d’este desvio, era em primeiro logar, o encurtimento de viagem, pois elle promettia levar a força em 8 dias a Nioac e ainda abrir uma estrada de recursos, completamente desconhecida pelos paraguayos e onde poder-se-hia apanhar o gado que fosse encontrado n’aquelles terrenos, que segundo afiançava o mesmo pratico, era abundante.   Além d’isso, arredava-se o inimigo do caminho de Nioac, onde sabia o Coronel, acharem-se muitos carros e mantimentos que vinham ao nosso encontro, obrigando os inimigos a nos acompanharem por  logares que elles  mal conheciam.

Tomaram, pois, as forças nova direcção, abrindo os pés de nossos soldados, uma estrada por terrenos nunca d’antes trilhados.

As razões apresentadas acima são as ponderações justificativas d’aquelle passo; entretanto, outras lhe eram bem contrarias e os acontecimentos futuros demonstraram a toda evidencia que houve erro fatal na escolha d’aquella direcção.   Perderam com elle os nossos soldados bôa parte da força moral, abandonando a estrada para irem trilhar logares cobertos de matto ou campos não bem conhecidos, que souberam aproveitar com habilidade.

O Coronel Camisão, foi sempre guiado pelo desejo ardente em poupar fadigas e incommodos ao  soldado e n’aquelle passo, houve tão sómente confiança desmedida em promessas que não se verificaram e que um conjuncto de circunstancias muito especiaes tornaram irrealisaveis. 

A marcha, pois, tomou novo rumo,  cortando o Pratico42, rumo ao Norte, para ganhar o ponto denominado Jardim, cinco leguas adiante  da Colonia de Miranda e nove leguas distante de Nioac.

O primeiro dia de marcha foi por cerrados, ficando assim inutilisados  os meios de acção da cavallaria e artilharia inimiga, o que nos poupava o argumento de gravame de bagagem, consideração que pesou também  no animo do Coronel Commandante.   Entretanto, com difficuldade caminhava a nossa força, vencendo, apesar de andar o dia inteiro, muita pequena distancia no bom rumo.

No dia seguinte, passaram-se as cousa do mesmo modo,   do corrego José Carlos, n’uma mattinha, que foi logo cercada pela cavallaria inimiga, a qual nos acompanhara de longe.   Conquistou-se a agua a tiros,  e a força passou a noite em alarme.

No dia 13 de maio43  cahiu uma chuva torrencial que impossibilitou a marcha, tornando os terrenos que deviamos atravessar, quasi intransitaveis e fazendo sofrer a nossa soldadesca extremamente pela falta de fardamento.   N’esse pouso, decidiu o Commandante das Forças a reducção da bagagem,o que foi executado pelos officiaes com a maioar bôa vontade e espontaneidade.   Os seus animaes de carga passaram a servir no transporte do cartuxame e todos abandonaram as poucas commodidades de que ainda gozavam, em consideração ao bem geral.

A 14 recomeçou a marcha que em breve tornou-se penosissima, pelo estado  dos terrenos e pelo novo meio de guerra que adotarão desde então os paraguayos para impedir-nos a continuação da viagem: lançavam fogo aos campos, os quaes reseccados pelo sol ardente de dias de trovoadas ardiam com intensidade extraordinaria, cercando-nos por todos os lados de calor abrasador e fumaça asphyxiante.   O vento Norte que  soprava constantemente n’este mez, ainda mais critica tornava a posição da nossa força.

Protegidos pela fumaça, vinham então tiroteiar-nos vivamente, respondendo os nossos soldados com grande tenacidade e constancia.   No pouso, esta scena repetiu-se, recebendo a força em massa durante muitas horas um chuveiro de balas partindo por dentro de  denso rolos de fumo.

No dia  subsequente,os inimigos, procuravam deter-nos, fazendo fogo vivo, encobertos por accidentes de terreno, enquanto passava a nossa pesada bagagem um difficultuoso banhado.

A resposta de nossa parte trouxe-lhes, entretanto, a convicção de que nunca poderiam fazer-nos frente, pois que as pontarias certeiras de nossos soldados se succediam ao passo que as d’elles eram todas incertas e os tiros precipitados.

Continuaram, pois, o systema de guerra desleal que haviam adoptado detendo-nos pelas queimadas dos campos durante muitas horas em que era impossivel a marcha.

Os  transes por que passaram a força, commeçaram a ser horriveis.   A boiada dos carros era de há muito morta para sustento das praças e  regulada de  modo que já muito soffriam ellas da falta de alimentação.   Officiaes e soldados enfraquecidos, assim eram comtudo, obrigados a extrema vigilancia na guarda dos acampamentos, aos trabalhos em construir pontes e fazer rampas nos ribeirões e corregos que encontravamos engrossados pelas continuas chuvas.    A inclemencia do tempo era desanimadora.   Marchavam os nossos soldados ora em pantanaes, ora em campos que o fogo devorava n’uma larga extensão.

5.3.4.6 O  Cólera-morbo (44)


No dia 18 de maio, houve um novo tiroteio, retirando-se o inimigo, apenas começou a trabalhar a artilharia  que elle respeitava extremamente.     N’este dia começaram aparecer com mais frequencia os casos de uma molestia que os dous distinctos facultativos da força, duvidaram por dias, apesar de seus syntomas irrecusaveis em qualificar, e que em breve tornou-se um flagello medonho, capaz de causar a desorganisação dos mais bem constituidos exercitos.   Era a   Cholera Morbus, que fazia a sua apparição, grassando repentinamente nas fileiras de nossos soldados reduzidos á susceptividade morbida, depois de soffrimentos extraordinarios.

As causas e marcha d’esta epidemia vão minuciosamente descripta na parte do medico a qual acompanha esta exposição.

A progressão crescente da enfermidade foi assustadora.  

No dia 19 de maio de continuo tiroteio, os atacados pela epidemia, eram ja  em numero extraordinario, as victimas, em poucas horas perecciam no meio de dores crueis chegando a ser summamente difficil o transporte dos doentes de pouso a pouso, apesar de marchas muitas vezes de menos de meia legua.  

A 20 de maio, o fogo inimigo durou desde a manhã até as quatro horas da tarde, respondidos rigorosamente pelos nossos que então luctavam com a cholera, com a fome e com o excesso de cansaço proveniente do serviço de guerra aggravado pela necessidade em carregarem os seus companheiros, visto como a boiada dos carros  que se ia carneando, obrigava a queimar aquelle meio de conducção.    N’essas penosas contigencias marchou a força debaixo de chuvas repedidas durante os dias 21, 22, 23, 24 e 25 de maio, em que chegou ao corrego Prata, a 3 ½ leguas do Jardim45.     Então, o numero de enfermos era tal que litteralmente metade da força era empregada em carregal-os,  pois que cada piola occupava oito homens em sua conducção.   O descontentamento e a fadiga da soldadesca eram evidentes.   Os sãos depois de poucas  marchas cahiam exhaustos pelo cansaço aos golpes da molestia; o estado geral, reclamava uma prompta solução. 

O Coronel Camisão, tomou então uma medida de que dependia a salvação do resto da força, medida cuja execução foi horrorosa e custou-nos momentos angustiosos e crueis.

A 26 de maio ficaram abandonados 76 moribundos,os quaes apenas moveu-se a força, foram degollados pelos paraguayos que seguiam-nos sempre em certa distancia.


Monumento Cambaracê, local do abandono dos coléricos. Foto CAT/Jardim/MS.2009


Monumento Cambaracê, local do abandono dos coléricos. Foto CAT/Jardim/MS.2009


Scena medonha que fica indelevemente marcada no espirito d’aquelles que ouviram os gritos dos miseros cholericos!

Quadro horroroso, que a sorte adversa nos proporcionou na mais extraordinaria collisão!


5.3.4.7  As despedidas de José Francisco Lopes,  O GUIA LOPES

N’esse dia caminhou a força de um só folego 3  ½ leguas, levando ainda muitos enfermos nos armões e carros de artilharia.    Sobre elles iam deitados o Commandante das Forças e seu immediato, atacados pela cholera morbus, indo a falecer ambos no mesmo dia, no acampamento, junto a margem esquerda do rio Miranda. 




Fotografia do atual Cemitério dos Heróis da Retirada da Laguna, situado a margem esquerda do rio Miranda, em terras da antiga Fazenda Jardim de propriedade de José Francisco Lopes, o Guia Lopes e de Dona Senhorinha Maria da Conceição Barbosa Lopes, atualmente Município de Jardim-MS./2009

Na vespera (46),  tambem havia perecido do mesmo mal o pratico José Francisco  Lopes e seu filho,os unicos que poderiam levar as forças ao ponto em que encontrava-se estrada batida(47)
A divina providencia permittiu que aquella coincidencia fatal se d’esse no mesmo dia em que muitos dos nossos soldados de cavallaria pisaram terrenos que lhes eram conhecidos.

No dia  29 de maio assumi, pois, o commando interino das forças, havendo previamente reunido os diversos commandantes dos corpos, os quaes, concordaram em dar-me aquelle logar que me tocava por direito  de antiguidade, havendo então dado parte de doente o Tenente Coronel de  Comissão Antônio Enéas  Gustavo Galvão, por ser no exército de patente inferior a minha.


D’esde então, tomei as mais energicas providencias sobre os meios de passagem do rio Miranda, que se achava muito cheio.   Affogando-se por occasião da transposição duas praças e o Srn.  Capitão Antônio Dionizio do Souto  Gondim, arrebatados pela muita correnteza das águas.  Procurei, d’esde  logo impedir o desanimo que lavrava, sobretudo conter o espirito de desobediencia que dia em dia  pronunciava mais claramente.


Transposição do rio Miranda, demonstração efetuada pela marcha cívico cultural, Retirada da Laguna, em julho de 1999, empregando uma Pelota feita de couro de boi, na qual foram transportadas laranjas. Dessa forma reviveu-se o episódio das laranjas, cujo consumo, permitiu a cura dos doentes coléricos.

O soldado brazileiro é facilmente facil em sujeitar-se e subordinar-se.   Alguns actos de vigor vieram calar no espirito de todos, produzindo excelentes resultados.   Além d’isso, a molestia reinante apresentou melhoras permittindo alento que foi  logo por mim aproveitado a bem da disciplina.


5.3.4.8 Na fazenda Jardim do José Francisco Lopes


A causa d’aquella modificação hygienica, foi a quantidade extrema de limões e laranja que nossa soldadesca encontrou no pomar da fazenda Jardim, como especifica  a parte dos medicos.
Os dias 30 e 31  de maio e 1º de junho foram todos empregados na passagem do rio48  que se conservou sempre cheio dando apenas pessimo e perigoso vão.   Com difficuldades passaram as nossas tropas, as 4 peças e armões havendo sido queimados os carros monchegos, forja e galera para dar carne as praças, como haviam decidido os comandantes de corpos em reunião, do que existe acta, cuja copia tenho honra de remetter a v. exa.    Esforcei-me em trazer as quatro bocca de fogo e consegui-o com grande satisfação.

Assim, pois, no dia 1º de junho achavam-se as forças no lado direito do rio Miranda, com 9 leguas diante de si em boa estrada para chegar a Nioac.   Os paraguayos haviam effetuado a passagem antes de nós e ja se achavam a nossa frente.
           


Imagem atual da antiga fazenda Jardim de propriedade do Guia Lopes e Dona Senhorinha, atualmente pertence ao senhor Joelcio de Souza Padinha e família (2004)



Fotografia das árvores, figueiras,  centenária próximos as laranjais no local onde ficava a sede da Fazenda Jardim de propriedade do Guia Lopes, onde as tropas brasileiras recolheram muitas laranjas e limões, o que ajudou a combater a infecção do cólera morbo que levou a morte do Guia Lopes, Coronel Juvêncio, Coronel Camisão e outros. Arquivo do Autor/ 2000


Comprehendi a necessidade urgente de marchas  rapidas  sobre Nioac, por cuja sorte muito temia, apesar de saber que  o official  commandante d’aquelle ponto, a frente de mais de cem homens, tinha instrucção muito severas, corraboradas por um bilhete que o Coronel Camisão, a 24 de maio dirigira ao Snr.  Coronel Francisco Augusto de Lima e Silva, Chefe da repartição Fiscal e que ficara em Nioac, para formar e promover  o deposito de viveres, ordenando a esse que se retirasse para logar segura com objectos da Fazenda Nacional, ficando o official obrigado a resistir aos inimigos n’aquelle ponto emboscando na matta.

5.3.4.9  A  Marcha sobre Nioac

Deis por isso, ás 6 horas da tarde ordem de marcha ás forças caminhando a noite inteira e chegando ás 3 horas do dia 2 de junho no Canindé, a 3 leguas de Nioac.

Essa marcha forçada effectuou-se maravilhosamente, apesar da chuva copiosissima que cahiu durante todo o trajecto e levando então cada corpo os seus doentes.


No Canindé (49), achei signais da passagem dos paraguayos.   Carros queimados, existiam no caminho, estando o chão coberto de farinha e arroz.

Ponte sobre o rio Canindé – Foto CAT/Jardim/MS.


Vista Parcial do Rio e da ponte do Canindé nos limites dos municípios de  Guia Lopes da Laguna, Nioaque, Mato Grosso do Sul, Brasil, a antiga estrada de acesso da época, por onde passaram as Tropas Paraguaia na invasão de 1864; a resistência e confronto das tropas Brasileiras sob o comando do Capitão Pedro José Rufino e do Tenente Coronel Dias da Silva.  Também por este caminho passaram as Tropas brasileiras  sob o comando do Coronel Camisão em 1867. Deste ponto  seguia para a travessia de outro rio, o Santo Antonio. Acesso para chegar a Nioaque. Imagem Google Earth Pro 2016.  Data da Imagem 23/04/2013 – Adaptação e copilação JVD. 

            A soldadesca comeu enfim, apanharam tudo o que foi encontrado depois de 22 dias de cruel fome, durante os quaes a ração de simples carne era tão diminuta que repartia-se 4 a 8 rezes, em logar das 21 que habitualmente iam para corte!

Canhão raiado Artilharia brasileira. Arquivo do Exército..

Projétil utilizado em canhão raiado e bomba explosiva

            Do Canindé, segui incontinentemente para Nioac, encontrando  pelo caminho restos de carros queimados e mantimentos.    A leguas de distancia viram a força as casas de palha do acampamento ardendo, estando ás duas horas da tarde n’aquelle  logar de desolação e tristeza, visitado poucas horas antes pelo inimigo que achando-o completamente  abandonado pela guarnição, havia lançado fogo ao deposito de viveres, retirando-se com o nosso aproximar.

            A posição de Nioac era excellente para defeza.    Com poucos homens na matta do Orumbeva, confluente d’aquelle rio, com os viveres de que dispunham o deposito, poder-se-hia apresentar  longa e heroica resistencia.

Ao paraguayos que chegaram a Nioac foram em muito pequeno numero e só entraram na povoação, quando verificaram que ella se achava  deserta.

É pois inqualificavel o procedimento do commandante do destacamento de Nioac, Capitão Martinho José Ribeiro, o qual desprezando as suas  intrucções que o obrigavam a defender a todo o transe o ponto que comandava e a nova e expressa ordem do seu chefe, abandonou covardemente o seu logar de honra.

 Fotografia da finalização da Marcha Retirada da Laguna, em Nioaque, julho de 1999.  Nesta ocasião, houve a explosão da maquete da igreja, simbolizando o último ardil dos paraguaios, ocorrido em 11 de junho de 1867, na segunda ocupação do Povoado de Nioac (Nioaque). Arquivo do Autor. 1999.


Por esse procedimento perdeu a Fazenda Nacional grande porção de viveres destinadas a estas praças, alguns fardamentos de praças e outros objectos que uma duzia de paraguayos encontrou  em abandono na casa que servia de deposito.   O senhor Coronel Francisco Augusto de Lima e Silva fez, como tinha ordem, recolher o cartuchame, a caixa militar, papeis officiaes, alguns generos, etc., recahindo pois, tão somente sobre o commandante de Nioac fraco e pusilanime, a responsabilidde de seu acto, pelo que mando desde já sujeital-o a conselho de investigação e posteriormente o de guerra.



5.3.4.10  Em  Nioac (Nioaque)

Ainda em Nioac, esperava-nos nova calamidade.  No chão do deposito havia ficado espalhada muita polvora que não poderia ser transportada.   Apesar das mais energicas e reiteradas recommendações, a imprudencia de um soldado provocou uma formidavel explosão que queimou 13 praças, das quaes 6 faleceram poucos dias depois apesar dos cuidados que fiz observar na conducção d’elles.    Com a retirada do Capitão Martinho José Ribeiro era impossivel a estadia em Nioac, reduzida á  cinzas.


Monumento aos Herois da Retirada da Laguna na Praça Central,Arquivo do autor, 2009.

Vista Panorâmica da entrada para o Atual Quartel em Nioaque, 9º GAC.
 Arquivo do Autor 2010.


No dia seguinte, ordei tomar direcção ao ponto onde se achava o Coronel Lima e Silva, fazendo desde então, muito regularmente marchas de 2  ½  e 3 leguas por dia, sendo nós acompanhados por uma pequena partida inimiga de observação, a qual retirou-se, quando nos approximamos do rio Aquidauana.

... eis, exmo. Snr., a narração succinta de tudo quanto occoreu ás Forças em operação no Sul da Provincia de Matto-Grosso, d’este  os primeiros dias do mez de maio  até a data presente.

Deus guarde V. Exa. - Quartel do Commando interino das Forças  Operadoras no Sul da Provincia de Matto-Grosso.

Acampamento junto a margem esquerda do Rio Aquidauana, 16 de junho de 1867.

Major Thomaz Gonçalves
Major da Comissão, Commandante Interino das Forças.




Imagens à Margem do Rio Aquidauana, Porto Canuto. Desfecho  das tropas em Operação No Sul da Província de Mato Grosso em 1868. Arquivos do Autor. 2008



5.3.4.11 A Segunda ocupação de Nioaque pelos Paraguaios


Pobre Nioaque! Infaustos Brasileiros!

Mais uma vez o testemunho de Alfredo Escragnolle Taunay, Visconde de Taunay, nos retrata como foi a Segunda ocupação do Povoado de Nioaque. Trata-se de uma  ocupação e não invasão, uma vez que a guarnição que deveria defendê-la a abandona, sem que o inimigo pudesse oferecer perigo.

Além das narrativas já descritas, contidas no relatório do Major Gonçalves, descreveremos outros trechos extraídos da Obra de Taunay, “Retirada da Laguna e Cartas da Campanha de Mato Grosso”.

“O oficial encarregado da defesa de Nioac durante a nossa incursão em território paraguaio, ausentara-se da Vila a 1º de junho sem que ali se tivesse notícias da aproximação do inimigo, procedendo assim, contra as ordens determinantes de 22 de maio que lhe impunha toda defesa, a todo transe de um ponto que era a nossa base de operação”.

“Assim abandonada passara a ser presa dos paraguaios, isso eram dia 3 de junho de 1867.   Quando os brasileiros esfomeados e cansados das pesadas jornadas e pelo sacrifício imposto pelas necessidades de uma sobrevivência miserável, encontraram-na toda saqueada e queimada, salva a igreja, poupada, não por espírito religioso, mas pelo contrário, com fito de utilizarem num ardil infernal, retiraram a sua infantaria ante a nossa aproximação, entricheirando-se no cemitério.   Seguira-se então pela mata, em direção a um vau pelo Urumbeva, que a Cavalaria reconhecera”.

“Sem preocupação com o inimigo, fomos a toda pressa ver o que ainda havia sobrado a salvar”.

“Esta bonita povoação abandonada e pela Segunda vez desde o início da guerra, devastada, convertera-se num montão de destroços fumegante”.

“O grande galpão que, outrora servira de armazém de mantimentos e ainda achamos de pé sobre esteios incendiados,  mostrava renques de sacos que nossa gente, sem dúvida, não tivera tempo de carregar e já servira de pasto ao fogo.  O arroz e a farinha carbonizados exteriormente, o sal, gênero este tão precisos e escasso no interior do país, negrejara e fundira-se sob nossas vistas.  Não pouparam esforços   os nosso soldados em salvar o que puderam”.

“Aqui e acolá jaziam muitos cadáveres, todos de brasileiros, fora um deles, de pés e mãos amarradas e sangrando como um porco; havia outro crivado de chagas e uma velha estirada a seus lados de goela aberta e seios decepados, nadavam no próprio sangue”.

“Foi quase toda a Coluna acampar  por esta noite atrás da igreja.  Sentia o Comandante feliz em poder contentar os soldados com dupla e tripla ração.   Restava-nos apenas, para  nos por fora de qualquer perigo eventual, fazer quinze léguas e caminhar por excelentes estradas de Nioaque a Aquidauana,  onde éramos esperados.  

À noite foi calma e serena, contudo prenunciava dever suceder.
Durante a última estada em Nioac, depositáramos na igreja muitos e diversos objetos: instrumentos da banda musical, munição de cartuchames e foi talvez, o que lhes sugeriu a primeira idéia da horrível maquinação, que tanto lhes conduzia a feição cruel.  

Depois de carregarem o que mais poderiam aproveitar deixaram o resto por destruir, para nos engodar e nos reter o  maior lapso de tempo possível em torno de um amontoado  de objetos sob o qual colocaram um barril de pólvora com rastilhos.    Não podíamos ter a menor suspeita de semelhante cilada e a vista dos cartuchos que deveríamos transportar, tomamos as precauções costumeiras, contra as eventualidades de uma explosão.   Enquanto na igreja trabalhávamos, outro pessoal fazia a vigia contra toda e qualquer espécie de fogo.

Contudo, um infeliz soldado, encontrou pelo chão um isqueiro, dentro do edifício e lhe veio à estapafúrdia idéia de o utilizar.   Soltou logo uma faísca sobre alguns grãos de pólvora dos que coalhavam a nave, instantaneamente, foram os rastilhos, incendiados e ocorrera à explosão.  Os soldados precipitaram em apagar o fogo, os oficiais presentes, compreendendo melhor a situação, ordenara imediatamente que fosse evacuada a igreja.  Mas como se a bruxa estivesse solta, antes que toda gente  se achasse de lado de fora, ocorreu a explosão, faltando pouco para que o edifício voasse para os ares, onde todos os que se encontravam por ali poderiam ficar sobre os escombros perecidos.

Terrível de se ouvir e sentir, até no ponto distante em que nos achávamos com o comandante, foram os estampidos e o abalo.   Grande grito acompanhou a explosão, seguida de silêncio e depois de novo e horrível clamor e ainda pausa.   Soaram os clarins, julgando todos que era o inimigo, como na verdade eram.  Os Corpos entraram em formatura.   Já nos precipitáramos para a igreja  dela saiam dentre turbilhões de fumo irreconhecíveis formas, fantasmas enegrecidos e avermelhados pelo fogo.  Ardiam uns com as roupas em chamas, outros completamente nus e cuja pele pendia em frangalhos, soltavam urros, alguns ainda rodopiando como alucinados, já se debatiam na angústia da agonia.   Morreram ali mesmo no local uns quinze desventurados.

Foi o adeus dos paraguaios, a sua última demonstração do seu ódio contra nós, sem nos abandonar de todo, porfiavam, contudo, em só de deixar entrever fora do alcance.

A 5 de junho de 1867, ao raiar do dia, saímos da infeliz e bela Nioac, afinal aniquilada com a igrejinha, seguíamos a estrada do Aquidauana e marchávamos penalizados sob a impressão do funesto  sucesso da véspera”.

Declara-nos o autor do Livro “Retirada da Laguna”, Visconde de Taunay, nos seus dias de Guerra e de Sertão, no dia da invasão do território  paraguaio, em abril de 1867, era o efetivo da Coluna de 1680  homens e 11 de junho de 1867, reduzira-se para 700 combatentes.

Morreram além deste grande número de combatentes, ainda muitos índios, mulheres e homens, negociantes ou camaradas, que haviam acompanhados a marcha agressiva das Tropas.





41 Maio de 1867.
42 José Francisco Lopes
43 Maio de 1867.
44 Cólera doença infecciosa caracteriza por vômitos, diarréia, cãibras.  É uma moléstia infecciosa aguda, fortemente contagiosa,  produzida por um bacilo ligeiramente curvo, que, pela sua forma, é chamado bacilo vírgula.  Descoberto por  Kock em 1883.  A cólera começa com náuseas, insônia e arrepios seguidos de uma diarréia violenta e repetida acompanhada de vômitos e de vertigens.  Alguns dias depois o doente queixa-se de zunidos nos ouvidos, palpitações no coração, peso no estômago, expressão de angústia e palidez na face.  Os intestinos apresentam-se vazios sem dor, com descargas semelhantes à água de arroz.  A dor no estômago e sobre o coração é muitas vezes insuportável, cãibras nas barrigas das pernas e nos braços.   A sede é contínua e violenta.  O doente cai em algidez.  Muitas vezes as urinas são suprimidas.   O doente cai numa sonolência depois em estado comatoso e morre ou pode  repentinamente melhorar e então ir para a convalescença ou cair no coma fatal em poucos dias. (Baseado na Enciclopédia Didática de Informações e Pesquisa Educacional, vol. 3, 1987. p. 951).
45 Estas terras pertencem ao atual Município de Jardim
46 Dia 27 de maio de 1867.
47 Os túmulos onde haviam sido sepultados  os oficiais e José Francisco Lopes, seu filho e outros soldados, fica na cidade de Jardim_MS., no local conhecido como Cemitério dos Heróis da Retirada da Laguna.
48 Rio Miranda.
49 O Rio Canindé,  afluente do Rio Nioaque, tem a sua nascente nas terras  do atual Município de Guia Lopes da Laguna.



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