ABORDAGEM - 2
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A INVASÃO DA PROVÍNCIA DE MATO GROSSO
5.2.5 A ocupação da
Província de Mato Grosso pelas tropas militares da República do Paraguai
Na invasão da região Sul da Província Mato Grosso[1]
foram empregada duas Colunas Militares paraguaias que em realidade, foi à
aplicação dos planos de guerra descritos em tópicos anterior.
¨
Via Fluvial: que atuou através do rio Paraguai;
¨
Via Terrestre: que atuou de Concepción – Bella Vista
(Paraguai),
Colônia dos Dourados, Colônia de Miranda, Nioaque, Vila de Miranda e Coxim.
Diz o General Fragoso “que o
exame ponderado das operações realizadas não deixam a mínima dúvida de que
López só ambicionava apoderar-se dos terrenos limítrofes, em litígios, na sua
fronteira setentrional”.
Rota principal da Invasão da província de Mato
Grosso, duas terrestre e uma naval.
5.2.5.1
Expedição Fluvial
Era comandada
por Vicente Barrios, Coronel de Infantaria. Segundo os dados da História
do Exército Brasileiro, era composto de quatro batalhões de Infantaria, cerca
de 3200 homens e cerca de 1000 cavalarianos, efetivo reduzido de cavalos, mas
contava com 12 peças raiadas de foguetes a congrave, mais os vapores Taquari, Paraguarari, Igurei, Rio Blanco e
Iporá; as escunas independência e Aquidaban; o Patocho Rosário e os lanções
Humaitá e Cerro León. Mais tarde
juntaram-se o Salto Guaíra, Rio Apa e Marques de Olinda.
Visão Panorâmica da cidade de Concepcion, Capital do
Departamento de Concepción, Paraguai.
Imagem Google Earth Pro 2016.
Data da Imagem 11/08/2014 – Adaptação e copilação JVD
5.2.5.2 Ataque a
Coimbra
No dia 26 de dezembro de 1864,
desembarcaram ao sul do forte de Coimbra, tropas paraguaias e a 27 de dezembro
uma sentinela avistou os vapores paraguaios a uma légua daquele ponto; cerca de
oito horas e trinta minutos, recebeu o Tenente Coronel Porto Carrrero,
comandante do Distrito Militar do Baixo Paraguai e do Corpo de Artilharia da
Província, que na ocasião realizavam inspeção no Forte, a intimação de Vicente
Barrios, que por ordem do seu Governo, veio tomar posse da Fortaleza e
pedia-lhe que se entregasse no prazo de uma hora e caso não o fizesse,
tomá-la-ia a força.
Porto Carrrero respondeu por escrito
que somente por ordem do seu superior o
faria e mandou o Jauru a Corumbá para informar o comandante das Armas da
Província.
Por volta das onze horas, a esquadra
paraguaia iniciou o bombardeio, estendendo-se até as dezenove horas. Os ataques repelidos em sua tentativa de
assalto provocaram a retirada daqueles que reembarcaram deixando mortos e
feridos no campo de batalha.
Reiniciando a luta no dia 28, houve
nova tentativa de assalto de Infantaria, sem sucesso, retiraram a bordo dos
navios.
Depois de uma reunião de oficiais
brasileiros, concluíram pelo abandono do Forte, depois de forte resistência, a
escassez de munição, não colocou outra alternativa.
Às vinte horas do mesmo dia a
bordo do Anhambaí, dirigiram-se para Corumbá.
No dia 29 de dezembro, os paraguaios apossaram-se do Forte de Coimbra.
Anhambaí navegando para Corumbá,
encontrou-se com o Jauru e o Corumbá que vinham em auxílio trazendo reforços de
artilharia. Sem condições de oferecer
resistência, contornam o caminho, chegando em Corumbá.
Em Corumbá houve pânico com a
chegada das notícias. Diante das indecisões o Comandante das Armas, Carlos
Augusto de Oliveira e o Tenente Coronel Carlos Moraes Camisão em retirarem-se ou oferecer
resistência. Com a notícia de que os
navios paraguaios encontravam-se em Albuquerque, o Comandante das Armas ordenou
a retirada, a 2 de janeiro de 1865. Retirada empreendida de maneira desordenada
e em péssimas condições, todos queriam embarcar ao mesmo tempo nas poucas
embarcações disponíveis.
A jornada foi pontilhada de inúmeras
dificuldades, de um lado os navios inimigos, do outro o grande número de
retirantes que seguiam de Coimbra, Albuquerque e Corumbá, civis e militares que
buscavam alcançar a Capital da Província.
Muitos foram obrigados a marchar a
pé, através dos pantanais de Corumbá, São Lourenço e Cuiabá e alguns outros
seguiam por água através das embarcações que ofereceram condições de navegação.
Visão
Panorâmica da "do Forte de Coimbra"
à margem do Rio Paraguai, ao Sul da cidade de Corumbá,
no Mato Grosso do Sul - Brasil . Imagem Google Earth Pro 2016. Data da Imagem 07/07/2003 – Adaptação e
copilação JVD
5.2.5.3 Ocupação de
Albuquerque
Após a ocupação do Forte de
Coimbra em 29 de dezembro de 1864, o comandante Barrios, navegou o rio Paraguai
acima alcançando a povoação de Albuquerque no dia 1º de Janeiro de 1865 e que
se encontrava abandonada.
Após ocupada e incendiada, dali
os paraguaios levaram cerca de 30.000
cabeças de gado vacum, cavalares e muares e alguns índios aprisionado. Os animais pertenciam à Fazenda Nacional.
Visão
Panorâmica do atual Distrito de “Albuquerque” nas proximidades entre os rios
Miranda e Paraguai, no Mato Grosso do Sul -
Brasil . Imagem Google Earth Pro
2016. Data da Imagem 11/12/2013 –
Adaptação e copilação JVD.
5.2.5.4 Ocupação de
Corumbá
De Albuquerque, Barrios
dirigiu-se para Corumbá, em 4 de janeiro, também abandonadas. Ocupa. Destrói e saqueia tudo o que pode.
Visão
Panorâmica do atual cidade de Corumbá e Ladario, às margens do Rio Paraguai, no Mato Grosso do Sul - Brasil .
Imagem Google Earth Pro 2016.
Data da Imagem 18/09/2014 – Adaptação e copilação JVD.
5.2.5.5 Ocupação do
Posto Naval de Dourados
Dourados era um depósito de munição de guerra e possuía um
estaleiro para pequenos consertos de embarcações. Situada a 13 quilômetros de Corumbá, à margem
esquerda do rio Paraguai. A
ocupação se deu no dia 6 de Janeiro,
havia sido abandonada no dia 2, na passagem do Jauru.
Visão Panorâmica do antigo estaleiro
e base militar de “Dourados”, às margens do Rio
Paraguai, Norte de Corumbá, (direção à Cuiabá – MT.) no Mato Grosso do Sul - Brasil .
Imagem Google Earth Pro 2016.
Data da Imagem 28/05/2011 – Adaptação e copilação JVD.
Os navios de Barrios, sob o
comando do Tenente Herrreros, seguem em perseguição a navios brasileiros que se
dirigiam para Cuiabá. O Jacobina que
estava encalhado foi ocupado e rebocado para Corumbá. O Anhambaí que retornava em seu auxílio foi perseguido, encalhado e sua tripulação,
muitos perseguidos e mortos.
-
Visão Panorâmica do antigo “Porto Sará” à margem do rio Cuiabá e ao Norte de
Corumbá, (direção à Cuiabá – MT.) Já em
territótio do estado de Mato Grosso do
Sul. Imagem Google Earth Pro 2016. Data da Imagem 10/04/2014 – Adaptação e
copilação JVD.
Da foz do Rio São Lourenço, a
expedição paraguaia dirigia-se para o
Norte, chegando até o Sará, pequeno Porto, que em face das profundidades das
águas, não lhes permitiram a navegação, retrocedendo para Dourados, depois de
abandonar definitivamente a viagem para Cuiabá.
5.2.6 Expedição Terrestre
Comandada pelo Coronel de
Cavalaria Isidoro Resquín e pelo sub-chefe da mesma Arma, Major Martín
Urbieta. Esta expedição militar contava
com um efetivo aproximadamente de 2500 cavalarianos e um Batalhão de
Infantaria.
A divisão do norte, nome da
coluna que atacou por terra, partiu de
Concepción em dezembro de 1864.
Resquín penetrou em Mato Grosso,
vindo direto ao Fortín Bella Vista[2]
e depois atravessa o rio Apa.
- Visão Panorâmica da "da cidade de Bella Vista
Norte" - do Departamento de
Amambay, Paraguai. Imagem Google Earth
Pro 2016. Data da Imagem 09/08/2010 –
Adaptação e copilação JVD. História “Bella Vista Norte es uno de los cuatro
distritos del departamento de Amambay a orillas del río Apa, que lo separa de
la ciudad brasileña de Bela Vista. Está a 469 kilómetros de Asunción y a 150
kilómetros de Pedro Juan Caballero, la capital del Amambay.
Según cuenta la historia, en 1850, la hija de don Carlos A.
López le solicitó a su padre una propiedad en Mato Grosso del Sur, conocida en
esa época como la Provincia de Jerez, que pertenecía al Paraguay. Es así que en
1851 se fundó la localidad de Villa Bella la que hoy es Bella Vista Norte. Desde
1860 la zona donde hoy se asienta Bella Vista Norte comenzó a poblarse y
durante el gobierno de Héctor Carvallo tomó como nombre Bella Vista Norte y fue
elevada a la categoría de distrito. Bella Vista Norte está unida con la ciudad
brasileña de Bela Vista a través de un puente de cien metros sobre el río Apa. http://www.abc.com.py/nacionales/bella-vista-norte-cumple-112-anos-de-fundacion-612499.html.2013”. Segundo
Relata Tanay em A Retirada da Laguna, que nesta ocasião da Guerra do Paraguai,
Bela Vista era constituída de uma pequela Vila e um Quartel ou pequeno forte; “o
forte, que apenas consistia em sólida estacada de madeira, foi ocupado, assim
como a vila “... Bela Vista era o ponto mais ao Norte do Paragua na fronteira
com a Província de Mato Grosso e Império do Brasil. Dga-se a Bela Vista
brasileira não existia nesta época do conflito.
Urbieta deslocou-se por Cerro
Corá, Chiriguelo, indo a Colônia Militar dos Dourados, onde era comandada pelo
Tenente de Cavalaria, Antônio João
Ribeiro.
Antônio João soube da aproximação
dos paraguaios no dia 28 de dezembro de 1864.
Mandou que a população evadisse do local, permanecendo com sua
guarnição.
Enviou um mensageiro com a
notícia da invasão ao Comandante da Colônia Militar de Miranda e ao Tenente
Coronel Dias e Silva que se encontrava em Nioaque, a quem dirigiu a seguinte
mensagem:
“Sei que morro, mas o meu sangue
e o de meus companheiros servirá de protesto solene contra a invasão do solo de
minha Pátria”.
Segundo algumas crônicas
históricas este mensageiro que levava a notícia foi capturado pelo inimigo, sem
que antes tivesse chegado à notícia da aproximação dos paraguaios. A notícia chegou através de outro mensageiro
enviando por Antonio João, na ocasião da invasão.
5.2.6.1 Ocupação da
Colônia Militar de Dourados
No dia 29 de dezembro de 1864,
deu-se o encontro com a coluna paraguaia e a ordem de rendição, Antonio João
respondeu ao comandante Urbieta:
__
"Somente me renderei se apresentar às instruções do Governo Imperial”.
Na resistência a ocupação, o
comandante foi morto e o restante da guarnição debandou.
Vista
Parcial do Parque Histórico da Colonia Militar de Dourados, no município de
Antonio João, Mato Grosso do Sul. Local do primeiro confronto das Tropas
Paraguaias com Tropas Brasileiras, com mortes, feridos, prisioneiros,
fugitivos. Morte do comandante da Colonia Tenente Antonio João Ribeiro. Em
Dezembro de 1864. Imagem Google Earth
Pro 2016. Data da Imagem 01/04/2015 –
Adaptação e copilação JVD
5.2.6.2 A Ocupação da Colônia Militar de Miranda, “em
Guia Lopes da Laguna”
Marchando na direção Norte, a Coluna
comandada pelo Coronel Resquín, partindo do Forte de Bela Vista, chegou a
Colônia Militar de Miranda, que já havia sido abandonada, com a notícia da
chegada das tropas paraguaias, a 31 de dezembro de 1864.
Segundo,
Emílio G. Barbosa17, descreve como foi essa ocupação da Colônia militar de Miranda:
Uma vanguarda de 150 homens, ao mando do tenente Narciso Ribas, fez uma
descarga contra a Colônia Militar de Miranda: não obtendo resposta, constatou o
evacuamento da praça, no dia 29 de Dezembro de 1864. No dia seguinte, mandou Resquin Patrulha as
adjacências , percorrer as matas e descobrir possíveis esconderijos dos Colonos
de Miranda”.
No dia 2 de janeiro de 1865,
Francisco Isidoro Resquín, ocupa a Povoação de Nioaque e em seguida a Vila de Miranda e Coxim, sendo
Nioaque, o Quartel General.
A estrada utilizada, saída da
Colônia, à única então existente, passava no atual território de Guia Lopes da
Laguna, no rumo das confluências dos rios Feio e Desbarrancado no Santo
Antonio, afluente do Rio Miranda, próximo a cidade de Guia Lopes. A Fazenda Jardim, de propriedade do José
Francisco Lopes, encontrava-se muito longe desta estrada, por este motivo não
foi visitada de imediato pelas tropas paraguaias.
- Vista Parcial do local onde existiu a antiga Colonia
Militar de Miranda, as margem do córrego atoleiro, afluente do rio
Miranda, atual município de Guia Lopes
da Laguna, Mato Grosso do Sul. Deste
local havia acesso das antigas estrada que interligavam Fazendas e direcionavam
para a Colônia de Dourados até Concepcion, Horqueta, Assuncão e Bella Vista na República do Paraguai. Também era a via de
acesso para a Vila de Nioaque, Miranda, Corumbá, Paranaiba, Coxim. Esta estrada
primitiva cortava diversos rios e
córregos, entre outros, o Miranda, o Apa, Feio, Desbarrancado, Santo Antonio,
Nioaque. Urumbeva. Imagem Google Earth
Pro 2016. Data da Imagem 01/04/2015 –
Adaptação e copilação JVD
5.2.6.3 A Resistência e a “Primeira Retirada”
O atual Município de Guia Lopes da
Laguna possui três rios que se destacam
no cenário da epopéia da Guerra: Santo
Antônio, Desbarrancado e o Feio.
A notícia da invasão paraguaia havia
chegado a Vila de Nioaque no dia 30 do mês de Dezembro de 1864, cujo comandante
geral militar desta região era o Coronel Dias da Silva.
No mesmo dia 30 de Dezembro de
1864, organiza-se a partir de Nioaque uma resistência, uma força militar e
civil, de Nioaque, Colônia de Miranda e região para contra atacar a coluna
paraguaia. O corpo de Cavalaria de
Mato Grosso, sediado em Nioaque,
comandado pelo Coronel Dias e Silva,
tentando atingir a Colônia do Dourados.
Ainda nas descrições de Emilio Barbosa18
“enquanto se mobilizava a tropa regular aquartelada, convocaram-se todos os
paisanos que tivessem condições de empunhar armas. O efetivo contava de 129 soldados do corpo
de cavalaria, mais 89 músicos vindo de Miranda,inclusive soldados. Apenas 20 voluntários atenderam ao chamado,
os outros desgarraram para o mato, desesperadamente, sem recursos, abrigaram-se
nas malocas dos caduveus. A cavalhada
do Destacamento era maltratada, magra, de pouca eficiência. Retirou-se de Nioaque o Coronel Dias da Silva
com 130 homens e deixou 19 de guarda no quartel.
A Força brasileira marchou para o
Sul, com a possível celeridade, em grande parte a pé, na fluência da tarde e no
decurso de algumas horas da noite.
Ao transpor o rio Nioaque, antes do
curso do Canindé, o Coronel Dias da Silva determinou ao Capitão Pedro José
Rufino que vanguardasse as forças com pelotão montado, 1 alferes e 20
praças.
Ao alvorecer do dia 31 de Dezembro,
avizinhava-se as tropas de Dias da Silva das margens do Desbarrancado, pequeno afluente do rio Santo Antonio, que por
sua vez era tributário do rio Miranda.
As 8 horas da manhã, transposta a pequena ponte, sobre aquela corrente,
alcançava o sítio, do mesmo nome, Miranda.
Neste lugarejo de quatro casa de sapé, numa clareira, cerca de três
quarto de léguas distante da margem direita do rio Feio, o Coronel Dias da Silva,
entrou em contado com a pequena vanguarda chefiada pelo Capitão Pedro Rufino.
Soube que a tropa inimiga se achava
à margem esquerda do Feio e o comandante dela desejaria falar-lhe sobre
negócios de paz. Anuído ao convite de
um encontro, o brasileiro passou o rio Feio e ficou aguardando o
aparecimento do chefe adversário. Em vão
o esperou. Impaciente pela demora, redigiu a lápis uma
comunicação ao chefe, que ignorava quem fosse, confirmando os seus desejos de
entendimento para explicações sobre as instruções que havia recebido do governo
imperial quanto a defesa de que estava incumbido.
-
Vista Parcial do Rio Feio, no atual Município de Guia Lopes da Laguna, Mato
Grosso do Sul, Brasil, a antiga estrada de acesso da época, por onde passaram
as Tropas Paraguaia na invasão de 1864; a resistência e confronto das tropas
Brasileiras sob o comando do Capitão Pedro José Rufino e do Tenente Coronel
Dias da Silva. Também por este caminho
passaram as Tropas brasileiras sob o comando
do Coronel Camisão em 1867. Deste ponto
seguia para a travessia de outro rio, o Santo Antonio. Acesso para
chegar a Nioaque. Imagem Google Earth Pro 2016.
Data da Imagem 23/04/2013 – Adaptação e copilação JVD. (História. Conforme Campestrini durante a Guerra da Tríplice Aliança
(1864-1870), neste rio, o coronel Resquin, comandante paraguaio, intimou à
rendição a tropa brasileira, comandada pelo tenente-coronel José Antônio Dias
da Silva. IHG-MS.
A vanguarda das forças paraguaias
era comandada nessa conjuntura, pelo capitão Blas Rojas, imediato de Isidoro
Resquin, na direção da tropa divisionária.
De posse da comunicação do comandante brasileiro, o paraguaio
respondeu-lhe propondo a rendição imediata das forças sob o seu comando para
evitar maiores prejuízos. O coronel
Dias da Silva em nova nota, igualmente a lápis, repeliu a proposta e protestou
contra a invasão traiçoeira que os
guaranis consumavam.
Mal essa segunda nota chegou ao
poder do paraguaio, um tiro da
artilharia guarani encetava o combate.
Dias da Silva retrocedeu para o rio Santo Antonio, e em seu encalço precipitou-se numa distância
de mais de duas léguas, um esquadrão de
cavalaria paraguaia sob o comando do tenente Blas Ovando.
- Vista Parcial do “Rio Santo Antonio”, no atual
Município de Guia Lopes da Laguna, Mato Grosso do Sul, Brasil, a antiga estrada
de acesso da época, por onde passaram as Tropas Paraguaia na invasão de 1864; a
resistência e confronto das tropas Brasileiras sob o comando do Capitão Pedro
José Rufino e do Tenente Coronel Dias da Silva.
Também por este caminho passaram as Tropas brasileiras sob o comando do Coronel Camisão em 1867.
Deste ponto seguia para a travessia de
outros rios o Feio e o Desbarrancado. Acesso para chegar a Nioaque. Imagem Google
Earth Pro 2016. Data da Imagem 01/04/2015
– Adaptação e copilação JVD.
Ao chegar ao rio Santo Antonio, pode
aquilatar o efetivo das forças
invasoras, estimada em cerca de dois mil homens das três armas. O coronel brasileiro pressentiu a manobra
adversária, para cortar-lhe a retirada sobre o Desbarrancado e ordenou a
destruição da pequena ponte de acesso
sobre essa derradeira corrente.
O combate nas circunvizinhanças do
rio Feio, no entanto, foi enfrentado pela pequena força sob o comando do
Capitão Rufino. Nele os paraguaios
perderam o tenente Camilo Castelo e ficaram ferido dos soldados, consoante a
parte oficial, talvez inexata, do coronel
Resquin. De acordo com esse mesmo
registro, as perdas brasileiras teriam ascendido a um oficial e 57 praças
mortas e 13 prisioneiros, além de 31
cavalos e 8 mulas, prejuízos reduzidos ou desmentidos pela comunicação
oficial do Coronel Dias da Silva e dois cabos, cinco soldados e um civil
voluntário, nos diferentes tiroteios havidos.
Esse voluntário foi Manoel Brunzwick Barbosa, filho de Inácio Gonçalves
Barbosa”.
Mapa do Município de Guia Lopes da Laguna.
Local por onde havia acesso a Nioaque, Côlonias Militar de Miranda,
Dourados, e para a República do
Paraguai.
Assim, no dia 1º de Janeiro de
1865, menos de 200 brasileiros, sem
nenhum preparo para a guerra e sem equipamentos, contra aproximadamente 2000
paraguaios, treinados e equipados para enfrentar a guerra, são obrigados a
recuar, o que chamo a este episódio como a “Primeira Retirada” depois de tiroteios violentos na região do rio
Feio, onde o comandante paraguaio exige que o comandante brasileiro se renda,
recuam para as margens do Santo Antônio, não muito distante, já sem condições de fazer enfrentamento, recuam,
para o Desbarrancado, deferindo ai, novo e encarniçado combate. O comandante brasileiro manda incendiar a
ponte e retira-se para Nioaque.
Enquanto as Tropas Brasileira
efetuavam a “Primeira Retirada” heróica e histórica, esquecida nos
discursos e palestras históricas, pois o evento consta de poucos registros,
embora o fato hoje faça parte do território lagunense, entretanto, outrora
pertenceu à Nioaque, à Miranda, à Província de Mato Grosso, ao Império do
Brasil que estava ao comando de D.Pedro II, este fato deveria ser mais
abordado, pois, foi o primeiro combate
organizado, ainda que as pressas para fazer frente a invasão paraguaia
no episódio da Guerra do Paraguia19. Agora, brasileiros em retirada, e o esquadrão
de Blas Ovando e Resquin, marchavam ao primeiro dia do ano novo de 1865,
avançava sobre a Vila de Nioaque, de onde a população civil já haviam
abandonada, procurando encontrar lugar seguro na região do Alto da Serra de
Maracaju, alguns chegando até Vila de Paranaíba.20
Ainda de acordo com Emilio G.
Barbosa, os tropas paraguaias atingiram
a fazenda Desbarrancado,onde residia Antonio Candido de Oliveira e
família. As forças guaranis para melhor
explorar e saquear as vizinhanças, as fazendas, entre o Miranda e o Nioaque
dividiam-se em pequenos pelotões. Atingiram as fazendas de Francisco Felix,
Francelino Rodrigues Soares, Nicolau Tolentino dos Santos, Hipólito José
Machado, Inácio Gonçalves Barbosa Sobrinho, Manoel Francisco Machado, Gabriel
Antonio Ferreira, Joaquim Felizardo Correia, Ferreira Ribeiro, a do Guia Lopes
e outros.
5.2.6.4 A Primeira
Ocupação de Nioaque
Já contava o Povoado de Nioaque
com um bom desenvolvimento sócio-econômico nos limiares de 1864, quando então,
a extensibilidade dos planos de López ao invadir a Província de Mato Grosso, as
forças terrestres avançam sobre o povoado de Nioaque, Distrito da Vila de
Miranda.
Vista
Parcial do local onde se localizavam os antigos Quarteis, casas, e a igreja no
período dos Conflitos entre Paraguaios e Brasileiros. Atualmente esta assentada
a Escola Estadual Odete Ignez Resstel Villas Boas. Imagem Google Earth Pro 2016. Data da Imagem 20/04/2013 – Adaptação e
copilação JVD.
No dia 2 de Janeiro de 1865, ao cair
da tarde, sob o comando geral do coronel Francisco Isidoro Resquín, ocupava a
Vila de Nioaque, agora totalmente indefesa e entregue a ação do inimigo, uma
vez que não havia tropas e recursos bélicos suficiente para oferecer
resistência por parte dos brasileiros, o jeito foi abandona-la para salvar o
resto das vidas humanas.
O comandante brasileiro, logo
após ter recebido a intimação para
render-se, , recuou as Tropas de Dias da Silva, que retraiu para Nioaque e em
seguida para a Vila de Miranda, tomando medidas para a retirada, inclusive do
grosso do Batalhão de Caçadores que ali se encontrava.
Dirigiu-se para o Salobra,
localidade a três léguas da Vila de Miranda, onde pretendia esperar por socorro
de Corumbá. Tomando conhecimento da
situação desta cidade, compreendeu a impossibilidade de auxílio, resolveu
encaminhar para Santana do Paranaíba21,
chegando com o que restou das duas unidades em precaríssimo estado, a 17 de
fevereiro de 1865”.
A ocupação da Vila de Nioaque pela
tropas paraguaias feita sem nenhuma resistência por um pequeno esquadrão, ali
no local da Vila, aproveitando as próprias instalações militar e civil dos
brasileiros nioaquenses, acamparam e estabeleceram o comando geral das forças
em operação terrestre no sul da Província de Mato Grosso. No dia 4 de Janeiro de 1865 os paraguaios
puseram-se em marcha para a Vila de Miranda pela velha estrada que interligava
as duas povoações.
Ainda de acordo com Emilio Gonçalves
Barbosa, coube ao Capitão Martin Urbieta a missão para vasculhar as fazendas no
alto da serra de Maracaju com a finalidade de destruir o Porto de Santa Rosa no
Rio Brilhante e arrebanhar todo o gado, cavalos e outros pertences de interesse
das fazendas, além de atearem fogo nas benfeitorias para evitar que seus
proprietários retornassem. Vasculharam a
região dos rios Vacarias e Brilhante, Fazenda Sete Voltas, São Bento, Água
Fria, Taquara, Boa Vista, Aroeira, Lageado, Passa Tempo entre outras, aprisionado João Luiz Cavalheiro, filho do
Barão de Antonina, Maria Ferreira das Dores, João Ferreira Ribeiro juntamente
com familiares, filhos, agregados e até mesmo escravos.
As populações, os que não fugiram,
foram mortos e transformados em prisioneiros de guerra e conduzidos para
regiões do Paraguai. Em poucos dias após a ocupação haviam sido capturados mais
de 300 brasileiros civis, desarmados, fazendeiros pacíficos das terras pastoris
da região.
Urbieta tendo deixado um
destacamento militar de 80 combatentes no porto paraguaio as margens do rio Vacaria e adjacências,
plantou-se em Nioaque, transformada em praça de guerra paraguaia ai
permanecendo por cerca de dois anos. Na
região da Serra de Maracaju, vacarias, terras férteis fizeram roças, ranchos e
um mangrulho (mirante) com fábrica de
arreios para cavalos.
No documento seguinte, pesquisado por Hélio Serejo,
Resquín relata ao Comandante Supremo, Marechal Francisco Solano López, a
ocupação do povoado de Nioaque em
janeiro de 1865, e que estrategicamente servirá de sede das operações de guerra
paraguaias no sul da Província de Mato Grosso.
Carabina
Minié 14.8 mm de calibre
Ao amanhecer
“do dia seguinte, levantei o acampamento e depois de três léguas de
marcha, passei o arroio Ponte e com duas léguas mais o Nioaque, a uma hora do
dia. Concluída a passagem, fiz
adiantar-se o Capitão Rojas com dois esquadrões para apossar-se da Povoação de
Nioaque, onde não se encontrou mais que dois indivíduos um espanhol e outro
português europeu. Eu acampei-me a
frente da Povoação e ordenei o reconhecimento das casas, do armamento e demais
cousas, porém, na comandância não se encontraram mais que seis carabinas de
caça e seis espadas de tropas. Depois
se encontraram os armamentos: caixões de balas, pólvora e demais papéis enterrado no fundo do curral da
comandância e também algum armamento e munição se encontraram nas casas que,
com efeito, mandei visitar, como Vossa Excelência verá pela minuta junta. O arquivo parece completamente destroçado e
os papéis tomados são os que se encontram enterrados com os 26 caixões de
pólvora encartuchados e 11 de pólvora solta.
No mais não se acharam senão comestíveis e trastes que não puderam levar
na fuga.
O Povoado consta de 130 casas,
sendo 30 principais, tendo um oratório e um espaçoso quartel que cai a Oeste da
Praça principal sobre a rua Leverger.
A comandância cai a Leste da mesma praça sobre a rua Santa Rita, podendo
aquartelar 500 homens. Nomeei para
comandante deste ponto, o Tenente Cidadão Pascal Rivas, ficando às suas ordens
o Alferes Cidadão Aleixo Gomes e Waldo Gimenes.
No dia 5 proponho-me seguir minha marcha sobre a Vila de Miranda a
curtas Jornadas, para não fatigar a cavalhada com o excessivo calor.
No decorrer da perseguição
tomaram-se vários papéis e entre eles aparecem as comunicações juntas.
Deus Guarde Vossa Excelência muitos anos”.
– Vista Panorâmica da atual cidade de Nioaque, no Estado de
Mato Grosso do Sul. Palco de diversos eventos do conflito da Guerra do
Paraguai, antes, durante e depois. Como Ponto Estratégico Terrestre serviu de
base tanto para os paraguaio durante a ocupação; quanto as tropas Brasileiras
comandadas pelo Coronel Camisão em 1867. Sofreu por parte dos paraguais duas
investidas, destruição, em 1865 e 1867. Imagem Google Earth Pro 2016.
Data da Imagem 20/04/2013 – Adaptação e copilação JVD.
Condições em que ficou a Bela
Nioac, nas narrativas de Alfredo Escragnolle Taunay22:
fora a Vila de Nioac abandonada pelo inimigo a 2 de Agosto de 1866.
Por todas as partes ali se viam
vestígios de incêndio. Poupada apenas
duas casas e uma pequena igreja de pitoresca aparência. A primeira vista nos agrada o local, de um
lado o povoado e um ribeirão chamado Urumbeva e do outro o rio Nioaque, cujas
águas confluem a 900 metros para trás da igreja, deixando livre em torno desta
à direita e à esquerda um espaço duas vezes maior. Pequena Colina fica-lhe em frente a pouca
distância23.
5.2.6.5 Ocupação da
Vila de Miranda e Coxim
A Coluna de Resquín deixou um pequeno efetivo
guarnecendo o ponto de Nioaque e marchou para a Vila de Miranda, ocupação
fácil, uma vez que toda a população já havia abandonada a Vila, assim que se
soube da retirada das tropas de Nioaque do Tenente coronel Dias e Silva.
- Vista Panoramica da cidade de Miranda, as margem do mesmo
rio, no Mato Grosso do Sul, Brasil. A
Antiga Vila de Miranda fora ponto estratégico do povoamento do sul da Província
de Mato Grosso. Durante a Guerra do
Paraguai ali estiveram as tropas das
duas Nações, Brasil e Paraguay. Imagem 09/08/2013 Google Earth Pro 2016.
Adaptacão e copilação JVD.
Vista Panorâmica da região
do “Salobra”. Salobr aRio, afluente,
pela margem esquerda, do rio Miranda, no município de Bodoquena. Bacia do rio
Paraguai. Suas nascentes se localizam na serra da Bodoquena; parte de seu alto
curso é limite entre os municípios de Miranda e Bodoquena; sua foz se localiza
no município de Miranda. História, na foz do Salobra refugiaram-se numerosos
moradores de Miranda, em face da invasão das tropas paraguaias nos primeiros
dias de 1865. Entre aqueles estava frei Mariano de Bagnaia, que logo depois
seria feito prisioneiro e levado para a República do Paraguai em 1865. IHG-MS.
Imagem 09/08/2013 Google Earth Pro 2016. Adaptacão e copilação JVD.
A Freguesia de Herculânea24
progredia, quando as tropas do Coronel Resquín, no dia 14 de Abril de
1865, dominando a povoação e toda a região, onde o destacamento estabeleceu o
seu quartel-general, no local denominado Fazenda São Pedro. Ali armazenando o
produto do saque de todas as fazendas circunvizinhas.
-
Vista Panorâmica da cidade de Coxim, no Norte do Estadode Mato Grosso do Sul.
Localidade ocupada pelos Paraguaios na invasão e também ponte de encontro das
Tropas Brasileiras que atuaram no Sul da Província de Mato Grosso. Ponto limítrofe das tropas terrestre que
marcharia para Cuiabá ao Norte ou à Miranda, Nioaque ao Sul. Imagem 01/10/2015
Google Earth Pro 2016. Adaptacão e copilação JVD.
Dia 30, os paraguaios saíram desse
ponto depois de avançarem cerca de sete léguas, adiante do caminho de Piquiri e
Cuiabá.
Figura 12 - Imagem Cidade de Cuiabá
Antiga. https://www.achetudoeregiao.com.br/mt/cuiaba/historia.htm
Vista panorâmica dos principais pontos onde ocorreram episódios da Guerra do Paraguai na Provincia de Mato Grosso. Visão de Assunção à Cuiabá.
Não havendo mais guarnições
militares brasileiras no Sul da Província de Mato Grosso, os paraguaios
estabilizaram as suas conquistas.
Restavam dois Corpos de Artilharia em Cuiabá e um Batalhão de Caçadores
e um Corpo de Cavalaria estacionado em Santana do Paranaíba.
[1]
Hoje território do Estado de Mato Grosso do Sul.
[2]
No Paraguai, cidade de Bela Vista Norte.
17 Os
Barbosas em Mato Grosso, 1961 p. 43.
18 Op. Cit. P.43.
19
Não se está desconsiderando a atitude do Tenente Antonio João Ribeiro da
Colônia Militar de Dourados, que sacrificou a sua vida em protesto contra a
invasão do solo brasileiro. Neste tópico
trata-se de tropas organizadas que enfrentaram, combateram e morreram em defesa
das terras mato-grossenses e brasileiras.
Historicamente, para os lagunenses, esse episódio deveria ser
representado como um ato de memória história e homenagens de patriotismo,
civismo, de estudo por parte de todos, pois, não existiria a nossa vida e
história do presente sem que houvesse a nossa história do passado.
20 Antiga
Santana de Paranaíba, hoje cidade do Mato Grosso do Sul, na divisa com Minas
Gerais.
21 Cidade de
Paranaíba, Mato Grosso do Sul.
22 O Livro
Retirada da Laguna, Biblioteca do Exército, 1954.
23 A referida colina situa-se hoje onde está
instalado o 9º Grupo de Artilharia.
24 Atual
cidade de Coxim.
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