CAPÍTULO V
A- ABORDAGEM GERAL
B-
CAMPANHA DE MATO GROSSO
D- DESFECHO FINAL DA GUERRA
E- EPISÓDIOS BIOGRÁFICOS
F- TRAMITAÇÃO DE UMA ESCRITURA DE TERRA DO
TEMPO DA
GUERRA, DEPOIMENTOS HISTÓRICOS
5 Introdução
O mais longo conflito externo que o
Brasil enfrentou em toda a sua História, está na Guerra do Paraguai ou como
muitos historiadores preferem chamar, Conflito da Tríplice Aliança com o
Paraguai, Brasil, Argentina, Uruguai e
Paraguai, 1864 – 1870. Será abordagem
deste Capítulo, inserindo o contexto mato-grossense
e sul mato-grossense.
O princípio da Guerra iniciou com o
aprisionamento do Presidente da Província de Mato Grosso, seguida da ocupação
das Colônias de Dourados, Miranda, Nioaque, Coxim, Vila de Miranda, Forte de
Coimbra, Albuquerque, Corumbá e Porto de Dourados; direcionando
em seguida para o Sul, Brasil, Argentina e Uruguai, buscando ligação
marítima.
Este trabalho relacionar documentos
e referências históricas da ocupação de Mato Grosso, deixando a Campanha pelo
Sul do País de lado e também não se tem pretensão de enfocar a ocupação da
Província com estudos completos, mas ordenar fatos dispersos para chegar a
entender qual foi à participação de Nioaque no conflito da Guerra do Paraguai, tema deste
Livro, e que por sua vez não se encontra encerrado, já que a História jamais
será concluída com um “ponto final”;
buscou-se dentro da realidade os registros históricos deixados por outros
pesquisadores sem ficar preso somente às crônicas, mas aproveitando o seu valor literário e
referencia histórica.
O acontecimento do passado não registrado deixa enormes lacunas
e campos abertos ao subjetivismos das interpretações.
Para enriquecimento e curiosidade do
leitor e futuros pesquisadores, consta a
transcrições de cópias originais de diversos documentos, cabendo ao
leitor, extrair suas próprias reflexões.
Está sendo oferecida uma visão
global da Campanha de Mato Grosso, em razão de que os fatos não aconteceram
isoladamente em Nioaque, mas Nioaque como parte integrante da então Província
de Mato Grosso e do Império do Brasil, está incluída nos
acontecimentos, que vão desde os planos de Solano López para a ocupação, a
chegada da notícia, as correrias, as tentativas de defesa, os combates, os
bravos heróis, retiradas, a ocupação pelo inimigo de guerra, a chegada da
Coluna de Força comandada pelo Coronel Carlos Moraes Camisão, os combates na
fronteira, a Retirada da Laguna, o abandono definitivo de Nioaque; ainda,
alguns episódios da crônica histórica e por fim o desfecho para o
reconhecimento da legitimidade de posse e propriedade de terra entre os rios
Apa e Estrela, que definiu definitivamente as questões de limites entre os dois
Países: Brasil e Paraguai.
O que realmente o Paraguai, através
do Francisco Solano López, desejou do Sul da Província de Mato Grosso? Em síntese,
retomada de posse das terras ocupadas pelo Brasil na linha de fronteira
e que de reclamos e tratados nunca havia ficado definido desde o Período
Colonial.
5.1 ABORDAGEM GERAL
DA TRÍPLICE ALIANÇA (BRASIL, ARGENTINA E URUGUAI) E O
PARAGUAI
5.1.1 O Paraguai
Antiga Província do Reino do
Prata ficou independente em 1811 do domínio espanhol, tornando-se uma República
imediatamente, enquanto que o Brasil, libertou-se do domínio português em 1822,
tornando-se uma Monarquia, mudando esta estrutura política somente em 1889, com
a Proclamação da República.
Um dos seus primeiros governantes foi Dom José
Gaspar de Francia, que adotava uma política de isolamento para com seu país
Paraguai, porém mantendo boas relações
com o Império do Brasil.
Francia não admitia em seu país
cônsules ou representantes estrangeiros, só fazia exceção ao Brasil.
O povo laborioso e pacífico era
na maior parte descendentes de Guaranis, catequizados nas antigas missões
jesuíticas.
Carlos López que sucedeu o governo de Francia continuou esta política,
um pouco mais abrandada, não tolerava, porém, nenhuma oposição. Foi em seu tempo em que o Brasil reconheceu
a sua Independência do Reino Espanhol.
Era a primeira Nação do Mundo,
chegando o Paraguai solicitar ao Brasil,
o envio de missões militares que ajudou a organizar o exército e a construir
fortalezas em pontos estratégicos nos
rios Paraná e Paraguai.
Com a morte de Carlos López,
ocupou o poder o seu filho Francisco Solano López, que estudara na Europa e
possuía projetos ambiciosos para seu
país.
Pretendia Solano López, construir
o “Paraguai Maior[1]”,
construir fronteiras até o Oceano Atlântico, entretanto, para isso, precisaria conquistar terras dos territórios
das Províncias Argentinas de Entre Rios e Corrientes, Uruguai e a Ilha de
Martins Garcia à entrada do rio da Prata.
Além disso, para assegurar as conquistas para o Sul, precisava garantir
a posse das terras da então Província de Mato Grosso, as quais já constituíam
antigas reivindicações.
No princípio, para realizar os
seus planos, López contava com a solidariedade
do Partido Blanco Uruguaio e com
a maior força armada da América do Sul.
Diversos fatos políticos
sucederam, até que os governos do Brasil, Argentina e Uruguai declararam Guerra ao Paraguai.
Quando em Agosto de 1864, o
Brasil interveio no Uruguai na campanha
contra Aquirre, do Partido Blanco, López protestou, contra o governo brasileiro
de D. Pedro II. Apesar disso, nada
parecia indicar que o maior confronto da América do Sul estava preste a
estourar.
Em 11 de novembro de 1864,
começou o conflito, quando o navio brasileiro Marques de Olinda navegava
através do rio Paraguai, trazendo para a capital da Província de Mato Grosso,
Cuiabá, Frederico Carneiro de Campos,
presidente da Província, López ordenou o seu aprisionamento.
Segundo consta, Carneiro de
Campos, companheiros e tripulação foram detidos e morreram na prisão em
Assunção.
Surgiram outros atos de
hostilidades, com a invasão do Sul de Mato Grosso, atualmente sudoeste, oeste e
norte do Estado de Mato Grosso do Sul, da Colônia Militar de Dourados, Nioaque
à Coxim além de Coimbra e Corumbá.
Depois de desrespeitada a neutralidade
da Argentina, López lançou-se com suas tropas e penetrou pelo território
argentino.
Ao atravessar o território
argentino, apreendeu navios que se encontravam no porto o que provocou a
revolta do povo e levou o seu governo a assinar um tratado com o Brasil e o
Uruguai, formando a Tríplice Aliança,
em 1º de maio de 1865, ficando o comando das forças aliadas de terra e o mar da
seguinte maneira:
a) General Bartolomeu Mitre,
presidente da Argentina, comandava as forças aliadas de terra quando as lutas
em território argentino e paraguaio;
b) General Venâncio Flores,
presidente provisório do Uruguai,
comandaria as forças uruguaias, quando as lutas em seu território;
c) General Manoel Osório, comandaria
as forças brasileiras, nas lutas em território brasileiro;
d) Almirante Joaquim Marques
Lisboa, Barão de Tamandaré, comandaria a esquadra geral aliada.
5.1.2 A Guerra no
Sul do País
López armou-se fortemente e
disposto a impor a sua política expansionista e vencer o domínio inglês na região do rio da Prata, enfrentou os aliados.
Com o objetivo de bloquear os
portos Paraguaios e deter os seus navios, parte da esquadra dos aliados sobe o
rio Paraguai sob o comando de Francisco Manoel Barroso.
Os paraguaios tinham “67 canhões, 45 nos navios
e 22 nas barrancas do rio e cinco mil homens; enquanto que os brasileiros, 29
canhões e 2287 homens”. Barroso içado no
Amazonas, ao sinal “O Brasil espera que todos cumpram os seus deveres, levantando a moral
dos comandados”.
O Brasil não esperava um
conflito: a questão das fronteiras do
Norte resolvia-se amigavelmente e a navegação pelas águas do Rio Paraguai
já fora regulamentadas por tratados.
Entretanto, quando o Império teve que intervir contra Aquirre, no
Uruguai, López ofereceu a sua mediação, que não pode ser aceita e poucos meses
depois protestava contra com a Guerra de modo ameaçador.
5.1.3 Batalha de
Riachuelo
Unidade da esquadra sob o comando
de Barroso subiu o rio Paraná, estava próxima a foz do Riachuelo, quando veio
ao seu encontro a esquadra paraguaia, oito vapores e seis chatas ou baterias
flutuantes, com apoio de baterias
dispostas nas barrancas do Rio, eram nove os navios dos aliados.
A luta durou perto de oito horas.
Decidiu-se a nosso favor, o Almirante Barroso, que de pé sobre a caixa
das rodas do Amazonas sob um chuveiro de balas, realizou um dos maiores feitos
da história naval: “arremessando o seu navio audaciosamente, como aríete,
contra os paraguaios, pôs ao fundo sucessivamente três das melhores unidades,
em 11 de junho de 1865.
Poucos meses depois, a coluna que
invadira o Rio Grande do Sul ficara sitiada em Uruguaiana, rendia-se, perto de
seis mil soldados. A rendição de
Estigarribia, chefe dos paraguaios, deu-se na presença do Imperador, que tinha
seguido para o Sul, ao ser conhecido a tomada de Uruguaiana.
Os brasileiros venceram a maior batalha naval da Guerra, a de Riachuelo.
Após a rendição de Uruguaiana, os
paraguaios passaram à defensiva. Por
outro lado, os aliados realizaram a invasão do Paraguai, sob o comando do
General Bartolomeu Mitre. No ano
seguinte, 1866, os aliados avançaram sobre o território paraguaio após longa
marcha. O Exército brasileiro penetrou
no Paraguai pelo Passo da Pátria.
Em 24 de maio de 1866, trava-se a
maior batalha da Guerra, a de Tuiuti. Nesta batalha destacou-se o General Manoel
Luiz Osório, futuro Marquês de Herval.
5.1.4 Passo da
Pátria e Tuiuti
Apoiado pelos couraçados, sob o
comando de Tamandaré, as forças aliadas tomaram a poderosa Fortaleza de Curuzu.
Mais tarde Mitre, ordena ataque à
Fortaleza de Curupaiti. Apesar dos
esforços dos aliados, eles são derrotados com muitas baixas, pela heróica
resistência dos paraguaios. Logo a
seguir, Mitre retira-se para Buenos Aires.
Assume o comando mais tarde, o Marquês de Caxias.
5.1.5 Comando de
Caxias
Em 1866, o comando supremo dos
aliados fora entregue ao Marquês de Caxias. Nesta época, a situação geral era
muito difícil, milhares de doentes
com “cólera-morbo”
e faltavam recursos para combatê-la.
Caxias precisou de vários meses para reorganizar as tropas aliadas.
Em fevereiro de 1868, Caxias
explorou as posições paraguaias, iniciou depois a famosa Marcha de Flancos, com que
contornando as posições paraguaias, foi acampar na frente de Humaitá, a mais
poderosa fortaleza da América do Sul.
Caxias resolve tomar a Fortaleza de Humaitá. Os seus soldados contornam-na por terra.
Enquanto isso, seis navios
brasileiros, sob o comando de Delfim Carlos de Carvalho, futuro Barão da Passagem, conseguem ultrapassar aquele trecho considerado
intransponível, por causa das correntes que fechavam o Rio de uma margem a
outra. Algumas correntes foram
arrebentadas a tiro de canhões.
Após tomar Humaitá, Caxias parte
ao encalço das tropas de López em retirada.
Constrói em 22 dias, em pleno pântano, uma estrada flutuante, com
troncos de palmeiras, quase 12
quilômetros, através dela, os soldados aliados chegam ao Porto de Santo
Antônio, dezembro de 1868.
Começa a Dezembrada, é uma série
de vitória memorável para os aliados, entre as quais a da ponte de Itororó, a
Batalha do Avaí, onde Osório foi ferido.
No dia 5 de janeiro de 1869, as
tropas brasileiras entram em Assunção e
para organizar o novo governo paraguaio,
é enviado do Rio de Janeiro, o Visconde do Rio Branco.
Caxias, já doente e cansado,
retorna para o Brasil.
López, porém com alguns soldados fiéis, não se rende,
retira-se para o Norte do Paraguai, resistindo sempre.
5.1.6 Final da
Guerra
Em Assunção, o Visconde do Rio
Branco, enviado pelo Imperador, organiza um Governo Provisório no Paraguai e
declara livres os escravos da República.
Enquanto, Francisco Solano López, continua resistindo na Campanha da
Cordilheira.
Em substituição a Caxias, é
nomeado comandante supremo das tropas aliadas, o Conde D’Eu, marido da Princesa
Izabel. Pouco tempo mais tarde, as
últimas poucas batalhas da Guerra: Peribebuí e Campo Grande, com a derrota das
forças de López em agosto de 1869.
Em 1º de março de 1870, trava-se
o último combate da Guerra: o de Cerro Corá.
Sentindo a derrota iminente,
López empreendeu a fuga, entretanto, o comandante brasileiro, General José Antônio Correia da Câmara,
intimou-o a render-se, oferecendo a Solano López garantia de vida. O comandante brasileiro não foi atendido,
então ordenou a um dos comandados a
desarmar López.
Depois de breve resistência,
tomba sem vida às margens do Aquidabaniqui.
Com a morte, estava terminada a mais longa Guerra sul americana, com sacrifício de
milhares de vidas.
5.1.7 O fim de
Francisco Solano López
O General Câmara em seu relato
sobre a morte de López, assim se expressa “foi nesta posição, ajoelhado, ferido
na barranca do rio Aquidabaniqui, que tenho me apeado e seguido no seu encalço,
o encontrei. Intimei-lhe que se rendesse
e entregasse a espada que eu lhe garantiria o resto da vida, eu o General que comandava aquela força. Respondeu-me atirando um golpe de espada. Ordenei então, a um soldado que o
desarmasse, ato que foi executado ao tempo que exalava o último suspiro”.
5.2 A CAMPANHA E A INVASÃO DA PROVÍNCIA DE MATO GROSSO
5.2.1 Questões de
Fronteira do Império do Brasil com a República do Paraguai, na região da
Província de Mato Grosso
A descoberta da América criou
impasses com disputas pelas terras no Novo Continente entre Portugueses e Espanhóis.
Enquanto que estes se viram de
imediato face às grandes riquezas de minas de ouro e prata, os portugueses se
defrontaram com índios e selvas e destas só podiam extrair madeira e algumas
aves exóticas do tropicalismo. Conseqüentemente, a fixação das instalações
mineradoras acarretou a estabilização dos descobrimentos espanhóis e
portugueses transformando-se em desbravadores dos sertões em busca de riquezas mais imediatas.
A penetração dos portugueses pelo
interior do Brasil, levou-os a fazer, a recuar e mesmo a anular a linha
divisória do Tratado de Tordesilhas, com a qual se
retificava a bula, em que o Papa Alexandre VI dividira o Mundo Novo que estava
sendo descoberto, entre os dois Reinos
Católicos, Espanha e Portugal. As
Entradas e Bandeiras de todos os tempos escreveram páginas na História sobre a formação da ocupação e configuração
atual do território brasileiro e mato-grossense e sul mato-grossense.
A descoberta de ouro em Mato Grosso,
Cuiabá e região, levou a uma colonização
mais efetiva, com seus vastos campos, cerrados e matas tropicais,
proporcionou a radicação de povoadores com intensas áreas na criação de gado vacum e cavalar.
Já no século XVIII, fazia-se
sentir com certa intensidade a disputa fronteiriça entre paraguaios e
mato-grossenses. Com a eliminação das
missões jesuíticas de Itatim, não mais havia espanhóis voltando a possuir instalações permanentes ao
Norte da linha do rio Igurei – Apa e ao Oeste do rio Paraguai. O Tratado de Madrid de 1750 procurou
fixar os limites no rio Paraná, pelo
Igurei até as suas nascentes, daí pela linha seca até encontrar, na
contravertente, a cabeceira do rio que deságua no Paraguai, por esta fronteira
continuaria pelo Norte.
Para Portugal e depois para o
Brasil, desprezando os termos do Tratado supracitado, o limite se fixava na
linha Igurei-Apa; ao passo que para a República do Paraguai ele se situava mais
ao Norte, chegando mesmo ser indicada à linha do rio Ivinhema - rio Branco, o primeiro
afluente do Paraná e o último do Paraguai.
Sucedeu-se ao Tratado de Madrid
de 1750, os de El Pardo de 1761 e o
de Santo Idelfonso de 1777; no entanto, nenhum deles chegou a uma demarcação
definitiva da fronteira.
Essa conclusão de fronteira será solucionada
definitivamente somente depois do encerramento da trajetória da Guerra do
Paraguai, em março de 1870.
5.2.2 Plano inicial
de ocupação de Mato Grosso, elaborado pelo Marechal Francisco Solano
López, Presidente da República do
Paraguai, em Assunção, no dia 13 de Dezembro de 1864
A Transcrição dos próximos três
documentos[2]
firmados em Assunção, a 13 de dezembro de 1864, onde contém um esboço das
instruções de Francisco Solano López, presidente da República do Paraguai,
para a invasão de Mato Grosso e leva estes títulos:
a) Instrução para o Coronel
Cidadão Vicente Barrios nomeado comandante da Divisão de Operações no Alto
Paraguai;
b) Instrução para o Coronel Cidadão Francisco Isidoro Resquín, nomeado
comandante da coluna de Operações contra a Vila de Miranda e o rio Mbotetey
(Miranda);
c) Instrução para o Cidadão
Capitão Martín Urbieta, nomeado
comandante da Expedição à Colônia de dourados ao rio Brilhante.
5.2.2.1 Instrução a
Barrios:
López fez um estudo geral do
terreno e as possibilidades do inimigo.
Computa assim o efetivo deste:
Tabela
1: Efetivo no Rio Paraguai
Forte
de Coimbra
|
200
– Artilharia
|
Albuquerque
(nada sabe)
|
|
Corumbá
|
600
– Artilharia
|
Fonte:
História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai, General Augusto Tasso
Fragoso. Biblioteca do Exército, Volume
V, 1960.
Tabela
2: Efetivos no Rio Mbotetey[3]
Colônia
de Miranda [4]
|
40
– Cavalaria
|
Destacamento
de Ñuaqui[5]
|
125
- Cavalaria
|
Vila
de Miranda
|
40
– Cavalaria
|
Fonte:
História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai, General Augusto Tasso
Fragoso. Biblioteca do Exército, Volume
V, 1960.
Tabela
3: Efetivo no rio Dourados
Colônia
de Dourados[6]
|
60
– Cavalaria
|
Fonte:
História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai, General Augusto Tasso
Fragoso. Biblioteca do Exército, Volume
V, 1960.
Total das forças brasileiras ao
Norte do rio Apa até Corumbá: 800 Artilharia e 265 Cavalaria. López declara que a invasão se fará mediante
as três colunas:
a) A primeira caberá tomar o
forte de Coimbra e as Povoações de Albuquerque e Corumbá.
b) A Segunda, operará contra a
Colônia de Miranda e o destacamento de
Nioaque e Vila de Miranda. Desalojará
os povoadores das cercanias do rio Miranda e suas nascentes e da esquerda do rio Igurei, Jaguari ou Ibineima[7].
c) A terceira, tocará operar
contra a Colônia de Dourados e suas imediações, desalojando os povoadores que
se encontrem entre os rios Igurei, Amambai-Guaçu e sua retaguarda ao sul até o Iguatemi.
Tabela 4:
Composição da primeira Coluna - Força Terrestre:
Três
batalhões de infantaria de 700 praças
|
2.100
|
Dois
esquadrões de cavalaria de 100 praças
|
200
|
Dois
canhões raiados com 160 tiros cada um
|
20
|
Artilheiros
por peça
|
40
|
Dois
canhões de bronze de seis a oito homens de Guarnição
|
16
|
Dois
ditos cônicos de quatro a seis homens de guarnição
|
12
|
Meia
companhia de gastadores
|
50
|
Ferreiros
|
02
|
Médicos
e Cirurgiões
|
04
|
Assistente
de hospital
|
16
|
Fonte:
História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai, General Augusto Tasso
Fragoso. Biblioteca do Exército, Volume
V, 1960.
Para os canhões raiados da
campanha, levar-se-ia doze mulas por peças e no mínimo, oito para condução das
munições de infantaria nas marchas.
5.2.2.2 A Força
Naval
A força naval contaria navios de combates e os de
comércio necessários para transporte da tropa.
A reunião inicial da expedição
far-se-ia em Acampamento-Cué, local situado na margem esquerda do Rio Paraguai,
na vizinhança do Forte Olimpio e que jamais fica inundado.
O primeiro objetivo seria o Forte
de Coimbra, o segundo Albuquerque e o terceiro Corumbá.
As instruções contêm vários
informes sobre Coimbra e suas imediações.
Tecem a pormenores quanto ao ataque do Forte e referem-se a um esboço
anexo, explicativo desse ataque. Mandam
também que se faça um desembarque na margem esquerda para aproveitar o morro da
Marinha, fronteiro ao morro em cujo sopé demora o Forte de Coimbra e de lá
atuar com a Artilharia contra o dito Forte.
A expedição aproveitará para o
seu reabastecimento com recursos locais, sobretudo em gado. Chama-se atenção para a Estância do Barão de
Vila Maria, denominada “Menino do Diabo”, que dizem possuir crescido rebanho, fica
uma légua e meio acima do Forte. É o
primeiro estabelecimento de campo que se deve ocupar.
Depois da tomada de Albuquerque,
procurará na margem esquerda do Paraguai e à distância regular da foz do
Mbotetey, um lugar conveniente para estabelecer comunicação com a coluna de
operação contra a Vila de Miranda.
Informa haver um caminho terrestre entre esta Vila e Albuquerque.
Em Corumbá deverá Barrios
aguardar novas ordens.
Tabela
5: Instruções para Resquín,
encontra-se esse efetivo para a sua coluna
Um batalhão de
|
400
homens
|
Dois
regimentos de cavalaria
|
960
homens
|
Quatro
canhões de quatro com 40 artilheiros
|
40
homens
|
Gastadores
|
30
homens
|
Cirurgiões
|
04
homens
|
Enfermeiros
|
16
homens
|
Total
|
1.450
homens
|
Fonte:
História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai, General Augusto Tasso
Fragoso. Biblioteca do Exército, Volume
V, 1960.
Resquín disporá de 2.573 cavalos
(dois por cavaleiros e artilheiros e 1 e
1/3 por infante). Levará mais reserva de
400 para a coluna de Barrios.
Tabela
6: Os brasileiros são assim
computados
Na
Colônia de Miranda
|
40
praças
|
Em
Nioac
|
125
praças
|
Em
Vila de Miranda
|
40
praças
|
Total
|
205
praças
|
Fonte:
História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai, General Augusto Tasso
Fragoso. Biblioteca do Exército, Volume
V, 1960.
Por causa das dúvidas, López
triplica este número e estima a força inimiga em 615 homens.
O
ponto de partida de Resquín será a Vila de Concepción, a 53 léguas do Arroio
Machorra, distância que se poderá vencer em sete dias.
Objetivos:
Primeiro a Colônia de Miranda; segundo
Nioac e terceiro a vila de Miranda.
Chegando a esta Vila, deverá Resquín
por em Comunicação com Barrios e enviar-lhes cavalos que lhe são destinados. Com esse intuito, buscará informações sobre
os caminhos de Albuquerque, Corumbá, estância Menino do Diabo, do Barão de Vila
Maria.
Também colherá notícias sobre a
Estância do Senhor João Ferreira e certo porto do rio Brilhante, afluente do Igurei
ou Ivinhema, “pois consta que uma tropa de linha brasileira e os
armamentos que vem do Rio de Janeiro por
São Paulo, o Paraná e o Ivinhema, desembarcam no porto de João Ferreira e chegam em três dias
a Nioac”.
Mencionam-se
estas distâncias:
a) Concepción ao Forte de Bela
Vista (Paraguai) 50 léguas;
b) do Forte de Bela Vista a
Colônia de Miranda 24 léguas e ¾;
c) de Nioac à Vila de Miranda 25
léguas e ½.
López assinala a Resquín a
possibilidade de ser tomada a de Vila
Maria e Cuiabá, o objetivo posterior da
expedição do Alto Paraguai e da Coluna de Miranda, se as circunstâncias o
aconselharem.
“A continuação das operações”
escreve ele – para cima de Corumbá (por via fluvial) e para cima da Vila de
Miranda, contra Cuiabá, não principiar, senão de acordo com as ordens que serão
comunicadas pelo governo em vista das informações aqui prescritas, sobre as
facilidades ou dificuldades das operações ulteriores naquele ponto do
território brasileiro, assim como das
vantagens que se possam
alcançar".
“Por enquanto, o fim da expedição
da coluna de Miranda é reconquistar o
território o da República clandestinamente usurpado pelo Brasil; o
comandante tratará com benevolência os
povoadores e com severidade os que a isso fizerem jus pelo seu procedimento”.
Nas Instruções a Martín Urbieta,
registram-se estas distâncias:
a)
de Concepción à Colônia dos Dourados 77 léguas e ½;
b) da Colônia dos Dourados à de
Miranda 16 léguas e ¾;
Tabela
7: Fixa para a Coluna de Urbieta
este efetivo:
Dois
esquadrões de cavalaria de 120 praças
|
240
homens
|
Uma
companhia de infantaria
|
100
homens
|
Gastadores
|
25
homens
|
Fonte: História da Guerra entre a
Tríplice Aliança e o Paraguai, General Augusto Tasso Fragoso. Biblioteca do Exército, Volume V, 1960.
Os solípedes seriam em número de
780, a saber: 730 cavalos e 50 mulas.
Informa-se que a Guarnição de
Dourados em 1862 constava de um oficial e 60 praças.
Prescreve-se que os ataques a
Coimbra, Vila de Miranda e Colônia de Dourados, se operem simultaneamente.
Recomenda-se que, depois da
ocupação de Dourados, se busquem informações a respeito da Estância de João
Ferreira.
A coluna Urbieta baterá em
retirada, deixando em Dourados a conveniente
guarnição ou irá incorporar-se a Resquín, se este chefe assim o
determinar.
Vê-se assim, do exposto, que
López, marca as suas duas primeiras colunas as Vilas de Corumbá e Miranda, com
limite setentrional do primeiro lanço.
A prossecução do movimento mais para o
Norte ficará dependendo das informações que se obtiverem e de novas
ordens”.
5.2.3 Efetivo Militar da Província de Mato Grosso
em 1864, segundo Relatório do Exército Brasileiro
A situação da Província de Mato
Grosso, na ocasião da Invasão, segundo dados da História do Exército
Brasileiro, Relatório[8] do
Ministro da Guerra de 1864, especifica as unidades do Exército ativo
estacionado na região:
Tabela
8: Unidades Militares Brasileiras
1864 na região sul mato-grossense
Um
batalhão de caçadores
|
|
Um
corpo de cavalaria
|
|
Dois
batalhões de artilharia de Mato Grosso
|
|
Uma
companhia de artífices
|
|
Total
de Efetivo militar 851 homens incluindo 81 oficiais
|
Distribuídos
pelos cinco Distritos
|
Fonte:
História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai, General Augusto Tasso
Fragoso. Biblioteca do Exército, Volume
V, 1960.
Tabela
9: Distrito
Militar do Baixo Paraguai
Corumbá
|
Seis
homens;
|
Nova
Coimbra
|
46
homens
|
Taquari[9]
|
15
homens
|
Fonte:
História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai, General Augusto Tasso
Fragoso. Biblioteca do Exército, Volume
V, 1960.
Tabela
10: Distrito Militar de Vila de Miranda
Nioaque
|
Quatro
homens, dois corpo de artilharia
|
Colônia
dos Dourados
|
18
homens, sendo 12 do Corpo de Cavalaria,
5 do 2º de Artilharia e um do Batalhão de Caçadores
|
Vila
de Miranda
|
41
homens, sendo 31 do Corpo de Cavalaria, 9 do 2º de Artilharia e um do
Batalhão de Saúde
|
Colônia
de Miranda
|
11
homens, sete do Corpo de Cavalaria, três do Batalhão de Caçadores e um Artífice
|
Fonte:
História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai, General Augusto Tasso
Fragoso. Biblioteca do Exército, Volume
V, 1960.
Tabela
11: Distrito
Militar da cidade de Cuiabá
Cuiabá
|
Organizados
em vários destacamentos, o grosso das tropas da Província, 143 homens e o Estado Maior.
|
Fonte:
História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai, General Augusto Tasso
Fragoso. Biblioteca do Exército, Volume
V, 1960.
Tabela
12: Distrito de
Vila Maria
Vila
Maria[10]
|
58
homens, mais um de saúde, um religioso e um artífice
|
Fonte:
História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai, General Augusto Tasso
Fragoso. Biblioteca do Exército, Volume
V, 1960.
Tabela
13: Distrito
Militar da Cidade de Mato Grosso
Cidade
de Mato Grosso[11]
|
71
homens
|
Fonte:
História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai, General Augusto Tasso
Fragoso. Biblioteca do Exército, Volume
V, 1960.
5.2.4 Reforço das Guarnições Militares antes da
invasão paraguaia
Segundo, o relatório abaixo, os comandantes militares da Província de Mato
Grosso, já se encontravam em alerta quanto a uma possível ofensiva de Lopez na
região mato-grossense, pois de acordo com os meios de comunicação e transportes
da época, estávamos muito mais próximo de Assunção, Capital do Paraguai, do que
Rio de Janeiro, Capital do Império do Brasil.
“A 10 de outubro de 1864[12]
chegara às mãos do Presidente da Província, ofícios reservados de Tamandaré e
Viana Lima, nosso Ministro em Assunção, prevenindo das ameaças feitas por López
e salientando a necessidade de medidas para evitar a surpresa. O Presidente articulou os poucos meios de
que dispunha e mandou informar o Ministro da Guerra, enviando ao Rio de Janeiro
o Alferes Estevão de Andrade Vasconcelos, que só chegou a Capital, 21 de
dezembro do mesmo ano”.
Tabela
14: O reforço das unidades
militares ficou assim compostas:
Forte
de Coimbra
|
43
homens, mais 115 do Corpo de
Artilharia da Província.
|
Corumbá
|
Seis homens, mais o grosso do 2º Batalhão de
Artilharia a Pé.
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Vila
de Miranda
|
O
grosso do Batalhão de Caçadores a fim de servir de apoio ao 7º de Guarda
Nacional que deveria por-se em atividades
|
Nioaque
|
Quase
todo o Corpo de Cavalaria, antes em Vila de Miranda, sendo cerca de
aproximadamente 60 homens, sendo
quatro oficiais subalternos,
dois do Corpo de Cavalaria de Caçadores.
|
Colônia
Militar dos Dourados[13]
|
Fonte:
História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai, General Augusto Tasso
Fragoso. Biblioteca do Exército, Volume
V, 1960.
“Em Dezembro[14]
de 1864, ainda mais se reduziu este efetivo, ficando as praças com um total de
nove, sendo quatro do Corpo de
Cavalaria, dois do Batalhão de Artilharia e dois da Companhia de
Artífices. Viviam ainda na Colônia,
quatro ex-praças, na qualidade de colonos e um civil operário contratado, além
de algumas mulheres. São esses 14 homens
– soldados, ex-soldados e civis que irmanados
por uma causa comum, sob o comando de Antônio João, vão escrever
belíssima página de conduta militar pelo desprendimento e heroísmo que
demonstraram.
Foi com este efetivo militar e
cidadãos civis que oferecerão resistência à invasão paraguaia entre dezembro de
1864 e junho de 1867.
[1]
Termo para designar uma certa maturidade política, econômica e cultural da
Republica Paraguai.
[3]
Mbotetey, nome indígena dada ao Rio Miranda pelos Guaranis.
[4]
Em Guia Lopes da Laguna, atualmente.
[5]
Nioaque, Nhuaque, Nioac.
[6]
No atual município de Antônio João.
[7]
Ivinhema.
[8]
Guerra do Paraguai, Campanha de Mato
Grosso, 1864/65. História do
Exército Brasileiro, Volume 2, p. 589 – 590.
[9]
Coxim.
[10]
Cáceres.
[11]
Antiga Vila Bela, Primeira Capital do Mato Grosso.
[12] Op. Cit. Ref. 8, p. 291.
[13]
Antonio João, Ministério da Guerra, Secretaria do Ministério da Guerra,
Imprensa do Exército, Rio de Janeiro, 1964, p. 16.
[14] Op. Cit. Ref. 13.
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