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sexta-feira, 8 de abril de 2016

ELEMENTOS SOBRE A FUNDAÇÃO DA LENDÁRIA CIDADE DE NIOAQUE



FUNDAÇÃO DE NIOAQUE  - I

CAPÍTULO III



3 Introdução

Este Capítulo visa reunir resenhas documentárias sobre um pouco da História desta região secular, que é Nioaque – “Terra de Bravos e Berço de Heróis” – Patrimônio da História do Estado de Mato Grosso do Sul.

No capítulo[1] estão reunidos fragmentos de alguns registros e  que oferecem uma visão do início do povoamento e fundação da Cidade de Nioaque. 


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Para  compreensão do contexto da Fundação da cidade de Nioaque, três elementos são necessários definir: 

a) Povoamento  na área do Município de Nioaque;

b)  Fundação e povoamento da cidade de Nioaque;

c) Emancipação Política Administrativa  de Nioaque com a criação do Distrito de Paz (Freguesia) e do Município desmembrado  de Miranda.


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O seu povoamento teve  a sua origem nas regiões da serra de Maracaju, cabeceira do Apa, foz do Nioaque, margens do Miranda, com o estabelecimento de fazendas com criatório de gado vacum e animais cavalares, além de culturas de subsistência, enquanto que a fundação do povoado que deu origem a atual cidade, foi posteriormente. A Emancipação política acontecerá a quarenta e cinco anos posteriores a fundação.

No Capítulo I, que tratou sobre a ocupação e povoamento – Mato Grosso do Sul – há um esboço sobre os núcleos populacionais que caracterizam o marco da chegada dos colonizadores e ocupantes da terra sul mato-grossense.

Primeiramente o leitor encontrará todas as versões encontradas sobre a questão da fundação da cidade de Nioaque, uma vez que os registros são poucos, documentos são inexistentes e inúmeras são as divergências quanto aos fatos, nomes e datas  desta cidade rodeada de lendas e por  fim, há uma conclusão pessoal.

Em se tratando de terras, transcrevemos uma síntese do assunto, segundo o historiador Dr. Demóstenes Martins[2].


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3.1  Questões de Terras no Sul do Estado de Mato Grosso

As terras  que constituem hoje Nioaque, Mato Grosso do Sul, eram patrimônio Nacional, pertencentes à coroa, Império do Brasil, na sua maioria.

“Os nossos sertanistas foram ocupando como uma coisa sua.  Em 6 de março de 1850, a Lei 601, é que se regularizou a maneira da aquisição das terras que eram da coroa.   Regulamentadas pelo Decreto nº 1318 e por fim com o Regulamento nº 54 de 1854, onde este último estabelecia, que as terras sendo de propriedade da coroa, não poderiam estar sendo negociada, como coisa particular.

Mas, havia as ordenações do reino, que a lei civil regulamentava a  propriedade privada, determinava que depois de quarenta anos, a posse serviria como título definitivo de propriedade.

Posse é ocupação e Propriedade é o domínio.

A lei nº 54 estabeleceu que dentro do prazo de quatro anos, os ocupantes dessas terras regulamentassem sua situação, porque estes ocupantes, posseiros que eram, inventariavam e vendiam como propriedade sua, sem que eles tivessem o título de propriedade.   Eles tinham somente a ocupação.  Ocupação de propriedade que era do Patrimônio Público.  Ressalvando, entretanto, que aquelas propriedades adquiridas a título oneroso, adquirido por compra, eram consideradas propriedades particulares.  Isto porque o Governo havia recebido a Sisa, designação antiga, chamada hoje de Imposto de Transmissão, dizendo que era particular, não podia o Governo considerar propriedade sua, havia então, terras de ocupação simplesmente e terras adquiridas.

Os proprietários face  ao Regulamento nº 54, trataram de regularizar a sua situação e foram pagar a sisa, assim quando o Regulamento entrasse em vigor, em 1854, já encontraria o cidadão com o imposto pago.

Acontece que grande parte dos proprietários pagou a Sisa, no entanto, quando houve a invasão paraguaia, Dezembro de 1864/65, pegou de surpresa os habitantes da região, que puderam salvar pouco mais que a vida.

Os documentos, os comprovantes da Sisa, eram arquivados na única Coletoria Geral da Província aqui na região Sul.  Havia duas: uma em Santana do Paranaíba e a outra em Albuquerque.  Com a invasão de Albuquerque, em 1º de janeiro de 1865, eles atearam fogo na Povoação e os arquivos destruíram, desaparecendo os documentos.

Em 1917, o Código Civil prescreveu do meio da aquisição, ao “Uso Capião”, contra a propriedade pública.

A posse pelo Uso Capião, contra a propriedade pública, não se adquire a propriedade particular.  Se ocuparmos uma casa do Governo por 40 anos, não adquiriremos a propriedade, mas se ocuparmos por dez anos pelo Uso Capião, adquiriremos a propriedade.

Então não ficou outra forma, senão requerer as terras como era a Segunda forma; a primeira era o reconhecimento daquelas que havia pagado a Sisa, essa considerada particular e a Segunda requerer a repartição.  A repartição incluía as dificuldades de comunicação com Cuiabá, de modo que com o decorrer dos anos, criou-se os problemas de terras em nosso Estado ".


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3.2 Questões sobre o Povoamento de NIOAQUE, na área do município

No ano de 1834, precedente de Cuiabá, o Major João José Gomes, comandante Castrense da fronteira, navegando pelas águas dos rios Cuiabá, São Lourenço, Paraguai, Miranda, adiantou-se até a foz do rio Nioaque com este último e fundou a Fazenda Forquilha, onde passou a radicar em 1843.

Entretanto, o pioneirismo  coube aos irmãos Lopes e Barbosas, sertanistas arrojados, acompanhados dos seus familiares, saltaram o Paranaíba e embrenharam pelos sertões sul mato-grossense a procura de terra boa.   Acharam-na no Planalto de Maracaju e nas águas do Dourados, Apa, Brilhante, Vacaria.

Os trechos seguintes são extraídos do Livro[3]  onde fala sobre a  genealogia e ocupação das terras sul mato-grossense pela família Barbosa.   Os Barbosas venceram e se radicaram, multiplicando indefinidamente, sem egoísmo e sem vaidades, repartindo a glória com outras famílias que aos poucos se aventuravam.

Com carinho e dedicação, os aventureiros desceram a serra de Maracaju e foram catequizar os Guaicurus Cavaleiros.

Levando a notícia ao povoado de Miranda, aonde os elementos vindo no Norte da Província, Cuiabá, se encorajavam, ajudando-os na penetração, nas construções das fazendas e na criação de gado.

Os Pereiras, da Rosa, os Souzas, Azambujas, Pinheiros e outros mais, os pioneiros que vieram com os Barbosas, Garcias ou logo após eles, tendo sempre por seguidores os Lopes, Siqueiras, Candido.  Verdadeiros povoadores do Sul deste Estado,

Antonio Gonçalves Barbosa com cinco filhos homens e sete mulheres, sendo quatro já casados.   Francisco tendo seis filhos menores, João com seis, perdidos para a história em meio hostil rematada pela invasão paraguaia, das guerrilhas do Coronel Resquím.

Antonio Gonçalves Barbosa[4]  morador do Planalto da serra de Maracaju, era na década de 1850, Inspetor de Quarteirão, com jurisdição no alto e embaixo da serra.

Dentre a família Barbosa, apenas Inácio não quis arredar o pé de Vacaria, onde faleceu aos 51 anos de idade, deixando 16 filhos.  Viveu linda história de pouca duração, mas com profícua significação, não só pela criação austera de seus filhos, senão em proveito da Pátria, ao erguer fazenda nos campos sujos do Urumbeva, onde fundou Nioaque, Santa Rita, como a Fazenda da Prata encostada do Apa.

Deixou uma bela herança, porque seguiu os seus filhos a sua fibra e alguns deles foram também líderes conquistando respeito e admiração.

O seu progenitor,  Manoel Bruswink Barbosa[5], foi o catequizador dos  índios Cadiuéus e o fabricante dos quartéis em Nioaque, escreveu belas páginas de glória na resistência da invasão nos campos  bucólicos do ribeirão Desbarrancado[6].    Manoel aos 17 anos fundou a fazenda Urumbeva, às margens do pontal daquele ribeirão, junto ao rio Anhuac – Nioaque.   Algumas vezes usava o Gonçalves, adotando os dois nomes do seu pai – Gonçalves Barbosa e da sua avó – Bruswinck.

Moço destemido, bandeirante ousado e simpático, catequista, soube conquistar o respeito, descobrir o chão que escolhera para morar e granjear a amizade aos índios Guaicurus, cuja região estava repleta.  Com apenas um amigo, o preto Augusto, ergueu as benfeitorias necessárias para a criação de gado de que foi  fecundada a zona escolhida.

Passavam-se os anos e o moço Manoel, enriquecia e acostumava com a natureza bravia.

Entre os escritos na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros[7],  sobre a ocupação das terras nas cercanias de Nioaque, Planalto de Maracaju, na região dos Rio Brilhante e Vacaria, refere-se:

“...embora sem precisar a data da penetração do território de rio Brilhante, está intimamente ligada a História  do povoamento de Paranaíba, na terceira década do século XIX (1801-1900) quando os pioneiros das famílias Lopes, Souza, Leal, Pereira, Garcia e Barbosa atravessaram os campos daquela região entrando pelos sertões de Três Lagoas, iniciaram a história do povoamento da região sul de Mato Grosso”.

Os Barbosas depois de terem se fixados na zona do rio Pardo, local denominado Santa Rita, iniciaram o desbravamento da zona da Vacaria e de vários outros pontos da serra de Maracaju.  Diz José  de Melo e Silva “as citadas figuras são troncos donde brotariam as primeiras famílias da região, sedimentação excelente, donde se originariam, por sua vez, num entrelaçamento inevitável com a descendência de outros que mais tarde chegariam.   E antes mesmo que decorresse um quarto de século já era considerável o número de fazendolas situadas naquela região, que Aires do Cassal, impropriamente denominou de Província Camapuânica, impropriamente que assinalamos pelo fato de que nas raias desse território, apenas se enfeixam as vertentes dos rios Pardo, Sucuriú, Verde, Jauru e Taquari, derivando de outros setores as volumosas águas  do Brilhante e do Dourados, que cuja confluência resulta o Ivinhema, Bacia que ele certamente queria incluir na sua sistemática de Província, pelo critério de dispersão de águas de uma zona em sentidos diversos”.
           
            Não tardou, porém, entrelaçamento previsto pelo citado historiador: numerosas famílias gaúchas invadiram o Sul, muitas das quais também com as primeiras tocando os seus pequenos rebanhos de bovinos, equinos e ovinos, radicou-se na mesma região.  Os descendentes das primeiras famílias, bem depressa se dispersaram, indo habitar de preferencia às margens  dos rios Brilhante, Vacaria e Dourados, fomentando nelas a pecuária e a agricultura.   Ainda segundo Mello e Silva esteve também naquela região o frade franciscano Thimotheo de Castelnuevo, que por sinal foi educador dos filhos do casal Henrique Pires Martins e de dona Marcelina Barbosa, que vieram a constituir uma numerosa prole na região. 

            Núcleos humanos se formaram na vasta região, ali sem nenhuma assistência dos poderes públicos, foi certamente por isso, que Joaquim Francisco Lopes, o grande sertanista, prontificou-se a facilitar as pretensões do Barão de Antonina, no sentido de que este adquirisse vastas glebas  de terras em todo o sul do Estado.  O heróico sonhador movimentou-se em todas as  direções, indo até os campos de Vacaria, assinalando posses fictícias e transferindo domínios inexistentes, (ler anexo histórico 14).   Aquelas  posses que realmente não existiam e aquelas terras não transferidas pelos seus verdadeiros proprietários, exceto alguns tratos que comprou em Vacaria, não chegaram a ser povoadas pelo Barão e também não tiveram consistência, sendo julgadas inexistentes ao se defrontarem com o Pretório.  


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3.2.1 Barão de Antonina

       Saiba Mais:
João da Silva Machado, Barão deAntonina, nasceu no ano de 1782, na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul e faleceu em São Paulo em 18 de março de 1875.

Barão de Antonina, sempre muito pretensioso em posses de terras pertencentes ao Império do Brasil, na época da então Província de Mato Grosso, onde até o ano de 1931, os seus herdeiros brigavam na justiça pelas posses das terras.

Em recompensa aos seus serviços prestados ao Império, na defesa da ordem pública, por ocasião da perturbação provocada pelo Partido Liberal em São Paulo, no ano de  1842.

Foi um dos financiadores de Entradas pelos sertões de Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso, no reconhecimento, exploração e ocupação de terras e vias fluviais entre São Paulo e Sul de Mato Grosso.

Recebeu do Imperador do Brasil, D. Pedro II, o Título e Barão, e Antonina fora escolhido pelo mesmo Imperador, como Senador da Província do Paraná, através da Carta Imperial de 13 de Junho de 1854.
           

Joaquim Francisco Lopes, sentia-se revoltado com a indiferença dos governos ante o seu heroísmo, pois a sua vida estava em constantes perigos dado aos freqüentes encontros com os  selvagens, a maioria dos quais indômitos e cruéis.   Essa situação levou Gabriel Francisco Lopes, irmão de Joaquim e de José a pedir auxílio a Antônio Carlos Lopez, ditador do  Paraguai, antecessor e pai do marechal Francisco Solano  Lopez.

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3.2.2 Joaquim Francisco Lopes

                                         Saiba Mais:
Ousado sertanista, JoaquimFrancisco Lopes[8], natural de Piumi, Minas Gerais, nasceu em 7 de setembro de 1805 e faleceu no dia 3 de Maio de 1884, em Jatí, então Província do Paraná.

Filho de Antonio Francisco Lopes e de dona Teotônia  Joaquina de Souza.   Sendo o caçula dentre os seus seis irmãos do sexo masculino, prestou a particulares e ao Brasil o papel de importante Bandeirante, realizando Entradas pelas então Províncias de Minas, São Paulo e Mato Grosso.

Prestou a Mato Grosso e a particulares verdadeiros serviços em diversas explorações..   Como companheiro  do Engenheiro João Henrique Elliot, abriu o sertão da Vila de Jatí à Vila de Miranda, efetuou ainda vários outros trabalhos da mesma natureza.

Possuidor de algumas letras escreveu:

¨      Derrotas de Joaquim Francisco Lopes pelos sertões  das Províncias de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso, entre os 1829 e 1841.

¨      Itinerário das viagens exploradoras para descobrir uma linha de comunicação entre Antonina  e o Baixo Paraguai, na Província de Mato Grosso, entre 1844 a 1849.

Foi através deste itinerário que aconteceu a descoberta da melhor via fluvial entre os Rios Brilhante e o Nioaque e que daria origem ao povoado da cidade de Nioaque.

¨      Itinerário  de Joaquim Francisco Lopes de uma viagem exploradora pelos Rios Iguatemi, Amambaí e parte do Ivinhema feita em 1857.

Foi casado três vezes, sendo a sua última esposa dona Francisca Firmina da Silva.   Segundo sua declaração  “percorreu 15.700 léguas de terras sertanejas”.


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3.2.3  Gabriel Francisco Lopes

            Gabriel foi o descobridor dos campos e dos gados de Vacaria, cerca de 60 vacas e um touro, deixado pelos jesuítas e por volta de 1841 trouxe para ali o seu sogro Antônio Gonçalves Barbosa, que se fixou no lugar denominado Boa Vista, entre os rios Vacaria e Brilhante.  Foi o primeiro povoador, depois da retirada dos espanhóis. 

 Adiante  Gabriel Francisco Lopes deu início ao estabelecimento do Passa Tempo, 1845, que pouco depois negociou com Inácio Gonçalves Barbosa, irmão de Antônio Gonçalves Barbosa, iniciando  jornada rumo as regiões férteis do Apa, afim de ali escolher terras do seu gosto e que veio suceder-se no ribeirão Monjolinho, afluente do Apa onde fundou estabelecimento no ano de 1846.  Em companhia de sua família, cuidava da nova fazenda, não esquecendo de manter contatos com Antônio Gonçalves Barbosa, conservando sempre aberta a estrada que, segundo João Henrique Elliot, seguia, “até a morada de Gabriel Lopes que é genro do Senhor Antônio Barbosa, situado para baixo da serra de Maracaju, sobre o rio Apa, não longe do forte arruinado de São José (Paraguai)”.
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3.2.4  Inácio Gonçalves Barbosa

Irmão de Antonio Gonçalves Barbosa, francano, natural do Povoado de Covas, então Província de São Paulo, faleceu em 1865.
No ano de 1845, adquiriu de Gabriel Francisco Lopes, a propriedade que o mesmo havia  dado origem, denominada Fazenda Passa Tempo, nas cercanias do Vacaria, onde se radicou no início do povoamento da região.

Mário Monteiro refere-se em Episódios da Formação Geográfica do Brasil: “em 1856, Inácio Gonçalves Barbosa registrou terras de Nioaque, onde hoje é o povoado (cidade) como posse sua.  O Registro foi feito em Miranda, perante o Padre Bento Canavarro”.

Estas terras foram as que registraram a origem da Fazenda Urumbeva, das quais, uma área dela foi doada para  o Patrimônio Público.

Inácio prestou relevante serviço no sentido de firmar o povoamento e o Destacamento Militar, os quais originaram a fundação da própria cidade de Nioaque.   Préstimos estes que foram desde a construção dos quartéis até o fornecimento de alimentos.

Dois anos depois de ter fundado a fazenda, em 1848, Gabriel veio a falecer, deixando a sua mulher, Dona Senhorinha Maria Conceição, aos cuidados de manter a posse que ele fundara.

Nestes elementos históricos transcritos, encontram-se algumas referências sobre os primeiros povoadores das cercanias de Nioaque. Foi por intermédio   destes povoadores entre os rios Apa, Brilhante, Vacaria, Dourados, Miranda que possibilitará às margens do Rio Nioaque a fundação do Povoado.  Os povoadores já estavam estabelecidos nas cercanias, a necessidade imperiosa de apoio de um poder público, de segurança e apoio às novas migrações e imigrações, fez surgir à fundação de um núcleo populacional.

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3.3 A Epopeia sobre a Fundação do Povoado de Nioaque


Acompanhar-se-á agora as pegadas para a fundação deste núcleo, origem da atual cidade de Nioaque com as diversas narrativas literárias.

            Segundo Acyr Vaz Guimarães[9], sobre os pioneiros destaca:

            Por volta de 1850, desceram Antônio e Inácio Gonçalves Barbosa, da Vacaria, para estabelecer posses no baixio, fundando as de Jardim[10],    Desbarrancado, Estiva[11], Urumbeva[12],  Ariranha[13],  onde ficaram os seus filhos e genros.  Na posse da Fazenda Urumbeva, de Inácio, deu-se início do povoado de Nioaque.   Antônio morou no Desbarrancado, exercendo a função de inspetor de quarteirão – inspetor  de polícia, de então.
            Outras famílias devem ter-se localizado em  terras do município, antes da guerra, porque aprisionada, tiveram seus filhos escapos do Paraguai em 1867, com os nomes de Machado, Corrêa, Rodrigues Soares.

Depois da guerra, por volta de 1873, saído de Faxina (hoje Itapeva) viajando em canoada pelo Paranapanema, Ivinhema e Brilhante, chegaram Manoel Pinheiro de Almeida, que ficou no alto da serra (fazenda São Gabriel) e dois cunhados – Miguel e Gabriel de Almeida Melo, que desceram a serra e se estabeleceram no Canindé.   Com eles vieram os Loureiros e os Pires Martins, estes passados algum tempo, retornaram para Vacaria, onde fixaram residência e constituíram família, e aqueles se fixando em terras hoje de Bela Vista.   David Medeiros, nessa mesma época, e outros, estabeleceram-se nos sertões de Nioaque.

Muitos que a história não registra, vieram de Cuiabá, no rastro dos soldados que desciam para Nioaque.

Nioaque com o passar do tempo foi se desenvolvendo.  Concorria para isso o varadouro que trazia pioneiros chegados pelo Brilhante e por onde trafegavam as carretas que conduziam as mercadorias vindas em canoas de São Paulo, até o Porto de Santa Rosa ou Sete Volta.  De outro lado, o governo da província passou a  dar mais atenção à região, mandando fazer levantamentos cartográficos, como o realizado em 1856 pelo Capitão Francisco Nunes da Cunha, no alto da serra, dos formadores do rio Brilhante e, em 1864, do realizado pelo almirante Leverger e por seu auxiliar, Capitão Antônio Maria Coelho, que percorreram os campos virgens da região até o Apa e,  não fossem pesadas e continuadas chuvas de verão, tornando difícil a caminhada, prosseguiram até a região de Pedra de Cal.  Regressaram pelo vapor Alfa, para Cuiabá, livrando-se assim, de serem aprisionados por Resquim, invasor das terras sulinas, logo a seguir – em fins de dezembro de 1864”.     


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3.3.1 Descoberta da Rota Fluvial Rio Brilhante varadouro Rio Nioaque.


Joaquim Francisco Lopes, sertanista, empreendeu as suas primeiras viagens de exploração e reconhecimento por sertões de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso[14]  entre os anos de 1821 a 1841, das quais escreveu: Derrotas de Joaquim Francisco Lopes pelos sertões das Províncias de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso.

Entre  os anos de 1844 a 1847, empreendeu várias viagens de exploração e reconhecimento entre as quais, tomando posse de propriedades nos sertões sul mato-grossense, viajando oras por vias fluviais ora terrestres, entre as Províncias de São Paulo, Paraná e Mato Grosso, onde explorou a rede hidrográfica do rio Paraná e que lhe possibilitou a escolha da melhor via de comunicação fluvial entre os rios dessa Bacia com os rios  da Bacia  Hidrográfica do Baixo Paraguai.   Das quais também escreveu: Itinerário das Viagens exploradoras para descobrir uma linha de comunicação entre Antonina e o Baixo Paraguai, na Província de Mato Grosso.

Na data de  “21 de agosto de 1844[15] o Senador do Império, Barão de Antonina, idealizou um varadouro entre o Brilhante e o Miranda”.  Ledir Marques Pedrosa, descreve que o início dessa Exploração iniciou-se no dia 16 de Agosto de 1845[16].
           
Quando se cogitava posses de terras no território sul  mato-grossense, o Barão de Antonina, Senador do Império do Brasil e grande proprietário rural na Província do Paraná, incumbiu o cidadão e sertanista  arrojado Joaquim Francisco Lopes, de fazer posses e passar escrituras, de acordo com a lei, pagar a Sisa e regulamentar as posses.

Lopes, nessa diligência, atravessou o rio Paraná e do lado Oeste, descobriu as grandes campinas, os descampados de Mato Grosso. Foi Joaquim Francisco Lopes quem informou ao Barão da existência  das terras sul mato-grossense e que eram propícias para a criação de gados.

Virgílio Corrêa Filho[17], assim escreve:  “tratando  de perto os Senadores do Império do Brasil para cujo rol entrou em curto prazo, o Barão de Antonina sabia da gestão da lei 601 de 1850 e tratou de dar forma legal às terras que pretendia.      

            Consegui diretamente ou por meio do seu procurador, Joaquim Francisco Lopes, que os  ocupantes de terras, colocados por este,  em viagens anteriores e os próprios Barbosas lhes passassem escrituras de suas posses, mais ou menos eivadas de nulidades.

            Surgiu dessa maneira feito possuidor de grande parte da região compreendida entre os Rios Paraná e Paraguai.

            Passando, porém o entusiasmo dos primeiros tempos, não cogitou de exercer ação de domínio nem de posse nas terras”.

            Então, o Barão de Antonina, através de Joaquim, que já possuía dois irmãos embrenhados nesta região, José e Gabriel, incumbiu de comandar uma Entrada ao Sul da Província de Mato Grosso e dar forma legal às posses pretendidas e descobrir a melhor ligação fluvial entre Antonina, na Província do Paraná  e a Vila de Miranda, no Baixo Paraguai, na Província de Mato Grosso.  Na época, a vasta rede hidrográfica entre os rios Paraná e Paraguai, lhe permitira essa escolha adequada.

            No Capítulo IV, encontrar-se-á uma transcrição de uma escritura de terra, a qual registrar claramente a exposição acima descrita.  Confira!

            Foi assim que se deu vida a esse empreendimento, comandada por  Joaquim, auxiliado pelo  genro do Barão, Luiz Pereira de Campos e assessorado pelo  Mapista-piloto, o Engenheiro  João Enrique Elliot, de nacionalidade escocesa.

            A expedição foi iniciada em 3 de agosto de  1848[18], no rio Tibagy”, depois navegando pelo Paranapanema e Paraná, penetrando pelo território   mato-grossense, navegando pelos  rios Ivinhema, atingem o Brilhante, buscam um varadouro através da serra de Maracaju até atingirem a foz do ribeirão Urumbeva no rio Nioaque, local denominado de Barra.   À distância entre os dois extremos, Brilhante e Nioaque, é de aproximadamente nove léguas[19], onde a descoberta deste varadouro esteve ao encargo do Major João José Gomes, por determinação do governo Provincial.

            A expedição comandada por  Joaquim Francisco Lopes iniciada  no dia 03 de agosto de 1848, atinge a confluência entre os rios Nioaque e Urumbeva no “dia[20]  8 de abril de 1849”.

No dia 8 de abril de 1849, na confluência entre os rios Urumbeva e Nioaque, atingidas por Joaquim Francisco Lopes, deu-se à fundação inicial do povoado  de Nioaque.  Navegando através das águas do Nioaque até a foz, no lugar denominado de Forquilha e deste ponto em diante, através do Miranda, chegam à vila de Miranda, então distrito do Município de Corumbá.

Segundo L.M.Pedrosa, a  data oficial da primeira fundação do porto, povoado que resultará na cidade de Nioaque é 8 de abril de 1849 e seu fundador comandante, Joaquim Francisco Lopes. Acompanhe as narrativas:

“No dia 8 de Abril de 1849 chegaram a um porto de canoa no rio Nioaque, barra com um córrego que deram o nome de Urumbeva, em cujo local fizeram posse para o Barão de Antonina, fincando marcos de cerne[21]  com o ano de 1849 e com as iniciais de B.A., ai fundada a povoação de São João de Antonina, mais tarde Levergéria e hoje Nioaque.   Este lugar distante 12 léguas de Forquilha...”  

Quanto aos registros dessa rota fluvial, são encontrados nos Relatórios[22] do Governo da Província de Mato Grosso, no ano de 1848, onde demonstra a preocupação no sentido de aproveitamento para integração, desenvolvimento e ocupação dos grandes espaços  vazios, dominados pela natureza, cuja síntese extraímos o seguinte trecho:

“... esta via de comunicação, mais antiga  que a de Camapuã e também pouco freqüentada, acaba de ser melhorada pelos trabalhos do distinto brasileiro, Barão de Antonina.  Segundo  estes trabalhos em vez de atravessar o Miranda (Mondego) ao Anhanduí-Guassú, segue por campos do Distrito de  Miranda, descendo depois, pelos rios Brilhante e Ivinhema, subindo pelos rios Paraná, Paranapanema, Tibagi, na confluência do ribeirão das Congonhas, na Vila de Castro, da Comarca de Curitiba.

Esta nova rota fluvial, pode ser de muita vantagem para o comércio do Baixo Paraguai com a Comarca de Curitiba e para o estabelecimento de fazendas  de criação nos lugares  povoados que nela transitam”.

            Na seqüência, há a transcrição do texto original[23], como forma de  acrescentar o valor histórico:

“... cabe aqui mencionar duas vias de communicação para a Provincia de São Paulo, as quaes podem ser mixtas, por seguirem parte por terra e parte por agoa.   Huma ha de Camapoã , que descendo d’esta cidade pelos rios Cuyabá, São Lourenço e Paraguay e subindo pelas vias Taquary, Cochim e Camapoã, vara o isthmo d’esta  denominação que tem 6,230 braças de extensão, descendo depois pelas vias Sanguessunga e Pardo e subindo pelos rios Parana e Tietê até a Villa de Porto-Feliz.   Hoje ha pouco frequentada esta carreira pelas numerosas cachoeiras a tornão perigosa.

A outra ha de Miranda, pela qual descendo-se do Porto d’esta Capital pelas vias Cuyabá. São Lourenço e Paraguay e subindo-na pelos rios Mandego, vara-se o rio Anhanduhy-guassú pelo qual se vai procurar o rio Pardo, continuando-se dahi em diante como na carreira de Camapoã.

Esta via de Communicação, mais antiga que a de Camapoã e tambem pouco frequentada, acaba de ser melhorada pelos  trabalhos do distinto brasileiro Barão de Antonina.   Segundo estes trabalhos, em vez de varar-se o Mandego ao Anhanduhy-guassú, segue-se pôr campos do Districto de Miranda, descendo-se depois pelas vias Brilhante e Ivinheima e subindo-se pelos rios  Parana e Paranapanema e Tibagy, até a cofluencia do ribeirão das Conconhas na Villa de Castro da Commarca de Curitiba.

Esta carreira póde ser de muita vantagem para o  commercio do Baixo Paraguay com a Comarca de Curitiba e para o estabelecimento de fasenda de criação nos logares povoado ella transita”.

No mesmo livro, Relatórios[24] manuscritos, porém do ano de 1849, trás a seguinte complementação:

“... o rio Paraguay desde que começa a ser navegavel em não grande distancia da Villa de Diamantino, ate incorporar-se com o Parana a correr com elle para o Golphão do Prata, não tem obstaculos naturaes que empeção a navegação, senão baixios de pedras e de areias e alguns recifes que todos tem canaes transitaveis em qualquer epoca do anno, para embarcações,cuja demanda de poa não exceda de quatro palmos”

“É sem duvida a melhor ou antes a unica via pela qual possamos receber os objectos que necessitamos...”

“... porem poucas expedições passarão pôr ahi e as nossas communicações fluviaes com São Paulo estarião em quasi total abandono se ultimamente não tivessem tomado alento pôr huma nova via aberta pelos esforços de um distinto e emprehendedor  paulista, o Barão de Antonina, da Commarca de Curitiba, mandou elle á sua custa exploradores que descerão pelos rios Tibagy e Paranapanema ao Parana e d’este passarão ao Ivinheima que remontarão até onde o acharão navegável, e d’ahi caminharão por terra até  o   N  i  o  a  c [25], galho do Miranda.  Este emprehendimento com a valente proteção que lhe dá o governo Imperial ha de sem duvida progredir e já temos recebido alguns carregamentos vindo pôr esta via”.

“As carreiras são menos trabalhosas em muito menos numero que as da carreira de Camapoã.”

“Avalia-se em 8 legoas a extensão do varadouro, bem como da preparação dos meios de transportes para as cargas e canoas, foi pôr ordem do Ministério incumbida ahum official superior desta Provincia a cuja disposição mandei pôr  dous destacamentos de tropas de linha”.

Quando Joaquim Francisco  Lopes, chegou à região, hoje cidade de Nioaque, os Barbosas já eram  proprietários, na qual haviam ocupado as terras, na condição inicial de posseiros, uma vez que todas as propriedades desta região pertenciam ao Reino do Império do Brasil.   Foi da área da Fazenda Urumbeva, fundada por  Manoel Gonçalves Barbosa, que foi desmembrada  e doada a primeira área que deu origem ao povoado de Nioaque.

Concluindo, Virgilio Corrêa[26] escreve:

 “... em 1847, encarregou o Barão de Antonina, por conta do Governo, o sertanista Joaquim Francisco Lopes de abrir um caminho que viesse de  Antonina à Miranda.   Depois de várias tentativas, Lopes conseguiu afinal, atingir o termo da sua viagem, em que explorou todos os caminhos atravessados.   Apenas alguns membros da família Barbosa foram encontrados como posseiros nessa região, que os índios dominavam”.

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3.3.2  A   Primeira Denominação  a Cidade ou Povoado de Nioaque:

      – SÃO JOÃO DE ANTONINA -

3.3.2.1  São  João de Antonina

Topônimo atribuído por Joaquim Francisco Lopes, na ocasião da fundação do Povoado de Nioaque.  Oficialmente, este foi o primeiro nome referindo-se ao povoado de Nioaque.  Quanto a esta passagem encontramos as seguintes referências:

Segundo Virgílio Corrêa Filho[27]:

 “...  possuidor de latifúndios descomunais em Mato Grosso[28],  o Barão de Antonina, planejou ligá-los  às suas propriedades no Paraná. Por sua ordem sertanistas resolutos seguiram pelo Tibagi, Paranapanema, Paraná, Ivinhema, Brilhante, onde fundaram o  Porto de São José de Monte Alegre. Cruzaram em seguida o divisor percorrido por um varadouro de cerca de nove léguas e em sítios que se afigurou propício, abriram à margem do Nioaque, afluente do Miranda, o núcleo denominado de São João de Antonina, que abrigaria as embarcações destinadas a trafegar até Corumbá.

Não obstante, ainda mal apropriada ao trânsito intenso, pela nova estrada, alcançaram Miranda em 1856, precedente do litoral, o Comandante das Armas de Mato Grosso e o 2º Batalhão de Artilharia à Pé.

Antes, porém que aumentasse o movimento de passageiros por essa via, à abertura da navegação do rio Paraguai, encurtando o prazo da travessia, apesar de maior o percurso e melhorado o conforto, causou-se o abandono”.

Na Revista do Instituto Histórico e Geográfico[29] acrescenta:

 “...  1849, Joaquim Francisco Lopes  assenhorou-se das terras entre o ribeirão Urumbeva e o rio Nioaque, onde fincou dois esteios de Piúva, o pontal  do Nioaque com o Urumbeva, gravando as inscrições  “B” e “A” – Barão de Antonina”.

Em uma outra passagem:

“...no ano de 1850,no pontal do Nioaque com o Urumbeva, Joaquim Francisco Lopes, assentou as primeiras  construções e deu a futura povoação o nome de São João de Antonina, em homenagem ao Barão de Antonina, seu protetor, nas suas investidas  pelos sertões do Sul de Mato Grosso, onde fundou posses para revender àqueles”.

Para esta época, os esteios de piúva, com as inscrições “B” e “A” – Barão de Antonina, significava o marco da posse, embora ainda sem ocupação com povoamento.

Piúva é uma madeira da região, cujo teor é resistente ao  desgaste do tempo.

Sobre a passagem do 2º Batalhão de Artilharia à Pé e dos Engenheiros, que resultara na decisão da transferência do Primeiro Corpo de Cavalaria de Miranda para Nioaque, lê-se[30]:

“Por esta estrada viajaram o comandante das Armas da Província de Mato Grosso e o 2º Batalhão de Artilharia à Pé, que em 1856, chegaram à Nioaque.    Estudou-a  minuciosamente de dezembro de 1857 a fevereiro de 1858, o 1º Tenente F.C.Souza Pitanga, cujo relatório veio a lume no volume XXVIII da Revista do I.H.Brasileiro.”


Segundo Miguel Ângelo Palermo.

Do Livro[31] NIOAQUE, Evolução Política e Revolução de Mato Grosso, escrito pelo italiano radicado em Nioaque no século passado, cuja primeira edição veio a lume no ano de 1892, publicado no Paraguai, são extraídas algumas informações, as quais estão descritas abaixo:

 “A serra de Amambaí[32] apresenta pela sua fronte, a quarenta léguas de distância mais ou menos do caudaloso rio Paraguai, um imperceptível  declive, que se vai perdendo nas imensas campinas destinadas atualmente a industria pastoril;  nesse ponto, como majestosa rainha, desde sua cúspide, emanam várias torrentes que serpeando  pela suas fraldas vão pouco a pouco com pequenos ribeirões formando-se em rios respeitáveis, servindo todos eles depois de afluentes do soberbo Paraguai.

Uma dessas torrentes de água cristalina, que se precipita da mesma serra é a que se chama Nioaque.  Nasce em dois principais galhos, sete léguas a S.E. da povoação do mesmo nome, tendo por contravertentes as cabeceiras dos ribeirões S. Antonio e S. Antoninho afluentes do Brilhante.

Corre a N.NO. e antes da sua entrada no Miranda, recebe as águas dos ribeirões Canindé, Urumbeva, Formiga, Estiva, Rapadura, Areias, Gaxupé, Ícaro e Uacogo, tendo um leito de 95,5 quilômetros e segundo a exploração feita pelo ilustre  barão de Melgaço, desde a povoação do mesmo nome é navegável em canoas, apesar das oitenta e oito cachoeiras e corredeiras que de algum modo dificultam, sem  impedir, a sua navegação.

A povoação de Nioaque (hoje Levergeria em atenção aos serviços prestados pelo general Leverger, barão de Melgaço, ao Estado de Mato Grosso) está colocada na latitude de 21º 09’ 30’ e longitude 57º 57’ 50’’ Oeste de Paris (20º 31’ 30’’ do Pão de Açúcar).

Vem mencionada como Colônia Militar no relatório das terras públicas, quando ali nunca houve Colônia Militar alguma; porém bem pode levar tal nome por dever ao Regimento de Cavalaria Ligeira a sua nova e atual existência, pois foi destruída completamente na famosa guerra paraguaia.

Sua primeira fundação remonta ao ano de 1853 aproximadamente, quando o empreendedor Barão de Antonina, diligenciou estabelecer uma via de comunicação entre esta Província (Mato Grosso) e a do Paraná, pelos rios Tibagi, Paranapanema, Paraná, Ivinhema, Brilhante, Nioaque, Miranda, Aquidauana até o  Paraguai.

Como se vê, esta via é toda fluvial, menos em uma extensão de quinze a vinte léguas entre o ponto chamado Sete Voltas[33]  e o rio Nioaque, onde as cargas deveriam ser transportadas por terra; e tendo determinado os agentes do  barão as extremidades desta linha terrestre, o governo ordenou que se colocasse um destacamento de vinte e  cinco praças em cada uma, dando-se a estes pontos  os nomes de São João de Antonina e São José de Monte Alegre, nomes estes que logo caíram em desuso, como caiu em desuso e foi abandonada essa via fluvial interior pela franquia  da navegação do Paraguai e pela morte repentina do comandante do distrito de Miranda, Major João José Gomes, o qual estava incumbido de dar andamento a esses trabalhos.

A morte dele, as condições de Mato Grosso naquela ocasião e a impossibilidade de achar um homem  idôneo dotado da mesma força de vontade para substituir o  primeiro encarregado, fizeram com que houvesse pouca atividade nesse serviço, que em 1854 passou a ser dirigido pela presidência do Paraná, tornando em 1856 a ficar outra vez sob a dependência deste Estado (então Província).

Foi neste intervalo de dois anos que vieram do Paraná várias comissões, particulares umas, outras do governo, conduzindo pessoal e material de guerra, cabe fazer especial menção ao  comandante do 2º Batalhão   de Artilharia, que chegou a Pé a meado do ano de 1856.

Esse tráfego, a notícia da uberdade das  virgens campinhas, a excelência do clima e o espírito de novidade chamaram a Nioaque algumas pessoas, que ali se estabeleceram, dando começo a uma pequena povoação.

Em 1859, abandonado pelo governo o projeto que manifestara no ano anterior de fazer de Miranda uma praça militar, provavelmente por ver  que aquele ponto não tinha a importância estratégica que lhe  atribuíam, além de ser pouco sadio por causa dos alagadiços que a cercam, acrescendo ainda ser de difícil comunicação direta na fronteira na estação chuvosa, resolveu o mesmo governo que fossem mudadas para Nioaque não só a parada do Corpo de Cavalaria, como a sede do Distrito”.

Esta mudança foi o que contribuiu para levantar o conceito daquele ponto quase desconhecido e desde então a povoação foi tomando notável incremento entrando em uma era de verdadeiro progresso”.
                       
            Estas transcrições representam o que há de mais antigo sobre a fundação da cidade de Nioaque.  Por isso mesmo merecem crédito, porque estas informações não chegaram aos nossos dias por vias orais, mas representa o Livro mais antigo que se refere a Nioaque, remonta ao ano de 1892, dois anos após a  instalação do Município.

            Os destaques no texto foram para delinear alguns pontos significativos para este  começo da história da cidade de Nioaque.

Segundo o  Historiador Hélio Serejo,

 O Livro[34] que apresenta elementos específicos não apenas sobre a fundação de Nioaque, mas um contexto geral do século XIX sobre a História de Nioaque é da autoria  do  ilustre nioaquense, Hélio Serejo, sob o título:  Nioaque um pouco de sua  História.

Do citado livro, são extraídos alguns dados referenciais, sobre a fundação da cidade de Nioaque.

Em 1848, ano que se verificou incontestavelmente o início do povoamento de Nioaque”.  

“Neste mesmo ano e no dia 22 de maio, nas terras doadas por Inácio Gonçalves Barbosa, em festiva solenidade, os moradores do Anhuac, proclamaram a fundação da Vila de Santa Rita de Levergeria.  Mas o povo parece que achou difícil pronunciar Levergeria, a Vilinha passou então, a denominar-se Santa Rita do Urumbeva”.

“Esta proclamação da fundação não teve cunho oficial e os nomes não pegaram”.

“Em 1850, de conformidade com os registros de Columbia, publicados em Curitiba, no ano de 1878, as primeiras casas da Vila de Nioaque foram construídas por Joaquim Francisco Lopes”.

“Em 23 de novembro de 1853, foi fundada definitivamente a Vila de Nioaque pelo Capitão João Ribeiro, fundador da Colônia Militar de Miranda”.

“No mês de março de 1854, via fazenda Passa Tempo, fundada em 1844, chega a Nioaque, o Destacamento Militar que, em 1848, Inácio Gonçalves Barbosa solicitara ao Major Joaquim José de Oliveira, Presidente da Província de Mato Grosso, compunha de 75 homens e vinha sob o comando do Capitão Afonso Matias Pereira Forte”.

“Inácio comprometera-se, juntamente com os seus familiares em ajudar na construção do quartel, fornecer mantimentos para as tropas e que oferecia uma área da sua Fazenda Urumbeva para o levantamento de um povoado e o local para a construção de um pequeno quartel”.

Alguns dados são de referências contraditórias com as descrições de outros  historiadores, o que não invalida as notas históricas. Por exemplo: o primeiro nome  da cidade, o número de militares no destacamento.

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3.3.2.2 Antonio Arruda Fialho[35]

Faleceu no ano de 1850, na Colônia Militar de Nioaque, o então Capitão Antonio de Arruda Fialho, avô materno de Estevão de Mendonça,  Historiador Mato-grossense.

Nascido na Vila de São João  Del Rei, Minas Gerais, em 1750, foram seus pais, Manoel Antonio de Arruda Fialho e Dona Balbina Luiza da Conceição, esta natural de São Paulo.

Órfão aos doze anos de idade, em companhia de seu padrinho Gabriel Nunes Siqueira, passou a residir em Ouro Preto, onde aprendeu os primeiro rudimentos de escrita e leitura.

Em 1836, inteirou-se pelos sertões dos Garcias, Santana do Paranaíba, ali vivendo até 1841, época em que   veio para Miranda.

Em 1850, a convite do Barão de Antonina, encetou uma viagem com destino a Província do Paraná, faleceu no caminho.

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Segundo Manoel  de Pinho[36] a  fundação de Nioaque, segundo o pesquisador Manoel de Pinho, quando Sargento do 7º Regimento de Cavalaria, em 1906:

“O nome  correto é Anhuac, vem de duas palavras da tribo dos Terenas e também usado  pelos índios laianos e guanás, originários do Kinikináos, índios que dominavam as terras firmes e montanhosas do Urucum, Rabicho, Morro Grande, Piraputangas e Itambé.

A significação de Anhuac é  “anhu” – clavícula e “yac” – quebrada – “Clavícula Quebrada”.

Nos estudos históricos que me propus a fazer em 1906, sobre a região sul de Mato Grosso, quando Sargento do 7º Regimento de Cavalaria, visitando em sua aldeia, estabelecida às margens do Urumbeva, disse-me o velho capitão dos índios, Vitorino, filho de celebre chefe índio Vitorino Gibóia[37], ambos famosos veteranos da Guerra do Paraguai, que o nome Anhuac e depois Nioac, originou-se da queda de um jovem índio Terena, sofreu quando montava um cavalo, tendo fraturado a clavícula, com a qual ficou sendo conhecido a atual cidade de Nioaque.

Em 1850, O Imperador D. Pedro II, para proteger a florescente Vila de Miranda, hoje cidade e cabeça de Comarca, mandou fundar a Colônia Militar de Miranda[38], a 210 KM mais ou menos a SW, tendo sido nomeado para organizá-la, o Capitão honorário do Exército Brasileiro, João Ribeiro e a sua fundação se deu no dia 23 de dezembro de 1850.

Organizou e viu a necessidade de se criar um ponto intermediário, entre a Vila de Miranda e a Colônia, e resolveu fundar a 23 de novembro de 1853, o povoado de Nioac sob a invocação de Santa Rita, e que ficou sendo a padroeira do lugar.

Seu povoado foi feito com grande número de índios aldeados no Urumbeva e Ariranha e de outros pontos próximos e por alguns civilizados, precedentes da Vila de Miranda, de onde por via fluvial, se dirigia à Vila de Corumbá, à margem direita do  Paraguai.

Em 1848, apareceram alguns aventureiros, que construindo ranchos e abrindo roças, pretendiam estabelecer, à margem esquerda do Urumbeva, já na sua barra, e a margem direita do rio Nioac, num povoado com a denominação de Santa Rita de Leverger,  escolheram este nome por ali chegado no dia dessa Santa.  Entretanto, teve ali pouca duração, em virtude da forte oposição dos índios terenas, obediente ao seu cacique, Vitorino Gibóia.

Este acompanhado de  seu filho e dos maiorais da tribo recebeu  condignamente, o capitão João Ribeiro e as 21 praças do exército que se destinavam ao local conhecido por Jardim[39], nome conservado até  hoje, a fim de ser estabelecida a Colônia Militar de Miranda, em cumprimento às ordens do Governo Imperial.

Com o estabelecimento do ponto intermediário, entre a Colônia e a Vila de Miranda, o Capitão João Ribeiro, pode-se dizer, fundou Nioaque, conservando o nome da Padroeira Santa Rita.

Nioac se desenvolvia para uma linda e futura cidade, quando a invasão paraguaia de 1865, veio cortar-lhe o progresso, deixando-a em ruína”.

Algumas das informações  apresentam concordância com as descrições de Palermo e Serejo. Algumas referências aos índios Terenas, apresenta  sua  correlação de fatos históricos.  Entretanto, as aldeias indígenas no município de Nioaque, Água Branca e Brejão foram criadas em 1917, até então as famílias viviam desaldeadas.  Outro dado histórico contraditório, o autor diz que a Colônia Militar de Miranda foi criada antes da cidade de Nioaque.  As evidências, demonstram o contrário, primeiro fundou-se o povoado de nioaque e depois que estabeleceu um ponto intermediário entre  Nioaque e o Paraguai, que foi a fundação das Colônias Militares de Dourados e Miranda[40].


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Segundo João Batista de Souza, em Mato Grosso Terra da Promissão, assim escreve sobre Nioaque, quanto à fundação da Cidade:

            “O que deu origem[41]  a este Município, antes completamente despovoado, foi à criação de um destacamento militar, onde hoje se assenta a atual cidade, com soldados do Presídio de Miranda, o que se verificou em 1847, visto que em 1848, ele ali já existia.

            A ligação do Presídio de Miranda ao Paraná, em 1848, passando pela sede do Destacamento, deu-se certo desenvolvimento, com o estabelecimento das famílias Lopes e Barbosas,  todos mineiros de nascimento, de sorte que em 1850, Antônio Barbosa,  com morada no Desbarrancado, era  Inspetor de Quarteirão  do alto e baixo da serra de Amambaí (Maracaju), José  Francisco Lopes e seu irmão Gabriel, foram os  dois  Lopes primeiro que se fixaram no Município, o último,  porem, no retiro, hoje Município de Bela  Vista, onde faleceu em 1849.  José, mais tarde passou para a República do Paraguai, onde lá viveu sete anos, regressando, casou-se com a viúva do seu irmão, Dona Senhorinha, fundando então a fazenda Bom Jardim...”

            Sobre Maracaju, assim escreve:

            “Este Município começou povoar-se em 1847, pelos Souza e Barbosas e suas famílias, partindo de Minas, depois das suas demoras no Paranaíba.   Um dos seus primeiros habitantes foi sem dúvida, Antônio José de Souza, em cujas posses Água Fria, nasceram, Antonia em 1849 e Maria em 1850, ambas filhas de Joaquim Lopes”.


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Carta:
Segundo Dr. Demosthenes  Martins[42]em carta enviada ao Sr. Dario Pires Peixoto, então Prefeito Municipal de Nioaque, em 1966, Demosthenes Martins, assim escreveu a respeito da Fundação de Nioaque:

“Campo Grande, 25 de Abril de 1966.

Prezado amigo Prefeito Dario Pires Peixoto,

Quando do convite para assistir às festividades do aniversário de Nioac que o calendário marca para 24 de maio,  adverti  ao prezado amigo de que já é tempo para retificar-se esse equívoco, que indica 24 de maio como data da Fundação da sua cidade.   E como lhe prometi naquela ocasião, aqui estão os elementos que informam a minha assertiva:

8 de abril de 1849, JOAQUIM FRANCISCO LOPES, (irmão do GUIA LOPES, José Francisco Lopes) assenhorou-se das terras entre o rio Nioac e um ribeirão que ele denominou de Urumbeba, onde fincou dois esteios de piúva, nos quais gravou o ano de 1849 e as letras B. A. referente ao nome do Barão de Antonina (João Machado da Silva), em honra a esse titular que era que lhe subsidiava as suas investidas pelo Sul de Mato Grosso no propósito de  fundar  posses para serem vendidas.   O relato de Joaquim Francisco Lopes relativo a este feito está inserido na Revista do Instituto Histórico Geográfico, consoante registra Episódios da formação Geográfica do Brasil, livro de Mário Monteiro de Almeida, nas páginas 209 e seguintes e respectivas notas.

            O próprio nome dado a Povoação, que em 1850, Joaquim Francisco Lopes iniciou, com a construção das primeiras casas foi a de São João de Antonina, como escreveu Previsto Columbia, em Homens Notáveis – O Sertanejo – Curitiba, 1870).   O nome Nioac, foi alterado para LEVERGERIA, pela lei provincial nº 506 de 24 de maio de 1877, que lhe atribuiu a categoria de Distrito de Paz.   Aí, talvez esta a razão de ser  de considerarem esse dia como sendo o da fundação de Nioac.  Veja o que registra a esse respeito à ENCICLOPÉDIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS, Publicação do I.B.G.E.

            Portanto, meu caro Prefeito, retifique o equívoco em que nos encontramos e para o que estão à mão os subsídios de publicações merecedoras de todo o crédito. Há, ainda, o trabalho do Jurisconsulto Astolfo de Rezende na questão de terras em que ele foi advogado do Estado contra os herdeiros do Barão de Antonina. É a publicação  o Estado de Mato Grosso e as supostas terras de Antonina.

            Quando na divisão judicial da fazenda  da “FORQUILHA”, em que lutei durante 28 anos, como advogado dos seus posseiros, examinei detidamente uma enormidade de documentos nos arquivos de Cuiabá, Cáceres, Miranda e Nioac e fiz investigações em leis e publicações referentes ao desbravamento do Sul de Mato Grosso, eis que a posse da  FORQUILHA, filiava-se ao seu primeiro posseiro, Major João José Gomes, em casa de quem Joaquim Francisco Lopes estivera em Janeiro de 1849.

            Sem mais, um abraço amigo,

               Demosthenes Martins”.


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            Os argumentos desta carta, pelo que parece nunca se deu o seu devido valor pelas autoridades públicas  do município de Nioaque, mas  a data de 8 de abril de 1849, é a data da fundação da cidade de Nioaque

            Finalizam-se depoimentos de diversos historiares e escritores sobre a fundação da cidade de Nioaque, percebe-se que a semelhanças em alguns aspectos entre um e outro, assim como contradições  entre outros pontos.  

            Em outras pesquisas, encontramos  outros referenciais históricos, os quais são transcritos a seguir.

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3.4  Sobre a Colônia Militar de Nioaque

           
            Quanto aos registros que mencionam a fundação da Colônia Militar de Nioaque, Destacamento Militar, Posto Militar de Nioaque e que ao mesmo tempo simbolizam a fundação da cidade de Nioaque, estão contidos nos registros da própria história do Exército Brasileiro e em outros apontamentos.

            Na História do Exército Brasileiro[43]  “... a fundação da Colônia Militar de Nioac e Brilhante,  fundadas no ano de 1850”.

            Na passagem das famílias Barbosas[44] pelo Sul de Mato Grosso,  “... passavam-se os anos e Manoel Bruswick Barbosa, residente na Fazenda Urumbeva, um belo dia recebeu do seu pai, Inácio Gonçalves Barbosa, um bilhete, onde pedia para ajudar o Capitão da Milícia, que iria fundar Santa Rita do Anhuac, escolhesse o local mais adequado para uma futura cidade e conduzisse os seus amigos Guaicurus para que contribuíssem   na construção de um pequeno quartel, aproximassem dos civilizados. Civilizando-os também.  Assim fez Manoel, granjeando a amizade e consideração do ilustre brasileiro, valente oficial, João José Dias”.
           
Do Álbum Gráfico de Mato Grosso[45]   “...a principio simples destacamento militar de 25 praças de linha, com a tentativa do Barão de Antonina em ligar a então Provincia de Matto-Grosso à do Paraná, por meio da navegação dos rios Tibagy, Paranapanema, Paraná, Ivinheima, Brilhante, Anhoaque e Miranda e foram aos poucos se estabelecendo desde 1848, diversos moradores”. 

            Prosseguindo na própria História do Exército Brasileiro[46].  “Em Mato Grosso tivemos várias Colônias Militares, Nioac e rio Brilhante, criadas em 1850 e regulamentadas em 1855 as primeiras”.

            Sérgio Buarque de Holanda em seu livro Monções[47],   assim escreveu:       “...o Governo Imperial, quando a partir de 1854, tentou incentivar as viagens pelo Ivinhema; a velha rota começou nesta época a ser mais praticada, abandonando-se de todo ou quase o trajeto pelo Camapuã.     A varação pelo Nioaque fazia-se a partir do Brilhante, que freqüentaram tão assiduamente as bandeiras seiscentistas,o trato de terra de oito a nove léguas, que era o quanto chegava neste ponto o divisor entre as Bacias do Paraná e Paraguai, seria balizado nas extremidades por duas povoações.   Chegou-se a dar princípio a execução deste plano, com a fixação de dois destacamentos de 25 praças. Cada um nos extremos do Nioac e do Brilhante.   Diversos contratempos impediram, porém, que tal iniciativa produzisse  todos os resultados esperados.  Em compensação, ela veio permitir o crescimento do Núcleo de Nioaque, fruto dessa navegação.   ... desse ponto em diante, na  direção do Brilhante e do Nioac, seria aberto um caminho de carro,  empreendimento relativamente fácil, em lugar pouco acidentado”.

            Odilon Queirós, assim resumiu: Em 1850, o Imperador D. Pedro II, para proteger a florescente  Vila de Miranda, hoje cidade e cabeceira de Comarca, mandou  fundar a Colônia Militar de Miranda, a 210 Km ao SW mais ou menos, tendo sido nomeado para organizá-la, o Capitão Honorário do Exército Brasileiro, João Ribeiro e a sua fundação se deu no ano de 1850, 23 de Dezembro.

            O organizador viu a necessidade de criar um ponto intermediário  entre a Vila de Miranda e a Colônia, resolveu fundar a 23 de Novembro de 1853, o povoado de Nioaque, sob a invocação de Santa Rita, que ficou sendo a Padroeira da Cidade.   Seu povoado foi feito com grande número de índios aldeados no Urumbeva e Ariranha e outros pontos próximos e por alguns civilizados,  precedentes da Vila de Miranda, de onde por via fluvial, se dirigia a Corumbá, às margens direita do Paraguai.

              O mesmo autor prossegue[48]: “A Colônia Militar de Nioaque, mencionada nos antigos documentos paraguaios com o nome de  NHUAQUE, foi à origem do nome da Vila de Nioac.   Está situada na margem do rio Nioac, que nasce na serra de Amambaí ou Anhanvaí (Maracaju) e deságua no Miranda, no local denominado Forquilha, e a 21º 09’ 30’’ de latitude Sul e  57º 09’ 30’’ de Longitude Oeste de Paris.

            Foi criada como ponto intermediário ou de ligação com o rio Brilhante, pelo Barão de Antonina, que procurou estabelecer comunicação fluvial entre Mato Grosso e o Paraná, pelos rios Tibagi, Paranapanema, Paraná, Ivinhema, Brilhante, ponto terminal da primeira parte de onde foi estabelecida a guarda de 25 praças, pois daí deveriam as cargas ser transportadas até o ponto denominado Nioac,  onde outra guarda ficou instalada, dando origem ao porto ou Colônia Militar, que em verdade nunca  existiu, prosseguindo a rota, por água pelos rios Nioac e Miranda.   O Posto de Nioac ficou denominado de  São João de Antonina e o Posto de Brilhante, São José do Monte  Alegre, os nomes, porém, “não Pegaram”.   O Posto e Porto de Brilhante ficaram desde logo abandonado, em virtude de quase impossibilidade da navegação projetada e o de Nioac ficou estacionado até 1859, data em que  para ela mudou a parada do Corpo de Cavalaria e o Quartel do Comando do Distrito de Miranda”.


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            Através das narrativas descritas conclui-se que:


a) A cidade de Nioaque nasce do princípio de uma rota fluvial através das Bacias do Paraná e Paraguai, sendo o Brilhante a ligação com a primeira e o Nioaque com a Segunda;

b) Este itinerário fluvial visava uma ligação entre a Província do Paraná com a de Mato Grosso;

c) Nos extremos dos rios Brilhante e Nioaque foi marcado com dois portos;

d) Cada Porto deveria conter uma Guarnição Militar;

e) Brilhante, São José de Monte Alegre;

f) Nioaque, São João de Antonina;

g) As Guarnições militares, também conhecidas como Colônia Militar, deveria ter recebido um efetivo de vinte e cinco  militares.

h) Brilhante, extingui-se;

i)  Nioaque, com apoio dos Lopes,  Barbosa, índios e alguns militares manteve o povoado;

j) A Colônia Militar de Miranda manteve-se até os últimos dias do início da invasão paraguai, 1864.

l) 1859 transferência do Corpo de Cavalaria e Sede do Distrito Militar do Sul, da Vila de Miranda para a Povoação de Nioaque.

j) Os anos de 1844 -1845 início do povoamento nas cercanias do atual município de Nioaque.

l) Dia 8 de abril de 1849 é data oficial da fundação da cidade de Nioaque com o nome de São João de Antonina, fundada por Joaquim Francisco Lopes.  Veja o documento no final deste Capítulo.

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3.5  Doação de área para a Fundação da Cidade de Nioaque


            Embora quase não haja informações escritas a respeito da área que veio ocupar o povoado de Nioaque, no início da fundação da cidade.

            O que se possui de registros concretos, a área da atual cidade fora outrora pertencente a Inácio Gonçalves Barbosa e que através do seu filho, Manoel Gonçalves Barbosa, fundou a Fazenda Urumbeva, na escarpa ocidental da Serra de Maracaju, próximo ao pontal do rio de mesmo nome,  por volta de 1846, e que a mesma fazenda abrangia toda a extensão onde estão localizadas as confluências do rio Nioaque e do Urumbeva e os terrenos urbanos da cidade de Nioaque.

            Conforme registram outros dados históricos, foram doados antes da Guerra do Paraguai, por Manoel, através de Inácio Barbosa para o Patrimônio Público, na ocasião da fundação e do estabelecimento da Guarnição militar.

            No entanto, outros documentos, vagamente deixam transparecer que Joaquim Francisco Lopes, adquiriu as propriedades na confluência dos dois rios,  para o Barão de Antonina, onde  demarcou, denominou e fundou o Povoado de São João de Antonina.

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3.5.1 O local do Povoado de Nioaque até a Guerra do Paraguai

            Muitas análises tenho empreendido para delinear o local do povoado de Nioaque no período            compreendido entre a sua fundação 1849 até a ocupação paraguaia em 1865.  O único documento escrito que nos oferece uma visão, são os escritos por Visconde de Taunay, em a Retirada da Laguna, pois se tem como referência os seguintes pontos geográficos e naturais:


Vamos ao Texto[49]:

“Fora a vila de Nioac abandonada pelo inimigo a 2 de agosto de 1866.
Por toda a parte ali se viam vestígios do incêndio.

Poupadas apenas duas casas e uma pequena igreja de pitoresca aparência.
A primeira vista agrada o aspecto geral do lugar.

De um lado, o povoado[50] (Qual lado?) e um ribeirão chamado Orumbeva;
Do outro[51], (Qual lado?) o rio Nioac, cujas águas confluem cerca de 900 metros, para trás da igreja (Qual local da igreja?),

Deixando livre, em torno desta, (Igreja) à direita e a esquerda um espaço duas vezes maior.

Pequena colina, fica lhe em frente, a pouca distância. (Qual Colina?)

Ali chegamos às 11 horas de 24 de janeiro de 1867, (Qual local) acampamos em ordem de batalha, com a direita  encostada a margem direita  de Nioac;

E a esquerda a mata do Orumbeva.


Instalaram-se o quartel general e o trem à retaguarda, no local da vila,

Ocupando o hospital as pequenas casas salvas do fogo e o grande galpão que as pressas se construiu.

Concluindo:

Os mapas a seguir ajudam a localizar os pontos citados no texto.  As confluências entre os rios Nioaque e o Urumbeva. A Igreja, o quartel, as casas de residência e comercial. A pequena Colina que Taunay se refere, provavelmente deveria ser o local onde está a Vila dos Oficiais ou onde está o 9º GAC.

As estradas de entrada e saída para a Vila de Nioac, nada tem a ver com as atuais.  A saída para a Vila de Miranda, rio  Aquidauana, Coxim, Paranaíba percorria um trecho que atravessa o Urumbeva nas imediações da Confluência, um pouco acima e a estrada cortava por trás da APAMIM em direção ao córrego Formiga, mais ou menos no sentido da General Klinger.

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A imagem demonstra a confluência entre os rios Urumbeva e o Nioaque a principio aconteceu a  fundação do povoado,  à esquerda o rio Nioaque e à direita o rio Urumbeva. O Rio  Nioaque deságua no Rio Miranda.  A cidade representa estar cercada de água. Imagens do Google Pro 2016. Adaptação do autor.





A saída ou entrada a Vila de Nioac para as Colônias Militares de Miranda (hoje Guia Lopes da Laguna), Colônia de Dourados (hoje Antonio João), Bela Vista Paraguai, Fazenda Jardim do Guia Lopes (hoje Guia Lopes da Laguna), percorria o trecho da atual rua Marechal Rondon, percorrendo a margem do rio Nioaque, sentido à nascente, atravessando o Largo da Baía (Vila Baia) até a ponte de madeira que permite passagem a outra margem do rio Nioaque.  Da ponte, em diante, segue o trecho da velha estrada que atravessa o Canindé, Bálsamos, Morrinho e entra no Território do atual município de Guia Lopes da Laguna, Colônia Militar de Miranda, próxima ao rio Miranda.   Esta via vem sendo percorrida parcialmente pelas peregrinações de civis e militares, em Memória a Retirada da Laguna.



A planta da “Villa de Nioac” até o final da Guerra em 1870, obedece os traços e ruas dos tempos modernos, com finalidade didática par ilustrar como era a Vila a localização e que fora totalmente destruída pelos paraguaios em 1865/67


Hélio Serejo, Nioaque um pouco de sua história, vol 1, 1985, p.36, assim retrata sobre o povoado desta época 1864, por  ocasião da ocupação das tropas paraguaia:  “...O Povoado consta de 130 casas, sendo trinta principais, tendo um oratório e um espaçoso quartel que  cai ao oeste da praça sobre a rua Leverger.  A comandância cai a leste da mesma praça sobre a rua Santa Rita, podendo aquartelar 500 homens...”

Segundo o projeto de (52) expedição militar, apresenta em trilha de heróis a seguinte descrição sobre a ocupação urbana de Nioaque antes da Guerra, assim como Helio Serejo, descrevem e localizam os nomes das duas primeiras ruas que foram atribuídas a cidade de Nioaque: Rua Santa Rita e Leverger.



Desenho da Nioac de 1864. (Propriedade do Projeto)
Vista da entrada de Nioac pelo lado sul - Rua Leverger - estradas do Apa e de Vacaria.


  • A Primeira Igreja Católica de Santa Rita;
  • O local onde estavam construídos os antigos quartéis;
  • A principal via de acesso entrada e saída do povoado em direção a Vila de Miranda e a Colônia Militar de Miranda e dourados;
  • A Confluência e as margens dos Rios Nioaque e Urumbeva;
  • A pequena elevação ou colina que ficava a frente;
Na casa em primeiro plano à esquerda residiu o Sr. Valério da Costa Viana, a seguinte na mesma rua, à época, morava o Ten.-Cel. Dias que tinha, à frente do outro lado da praça, o Quartel - Rua Sta. Rita.
À frente das entradas sul, a formosa matriz.






            Confira com a imagem do Quartel Antigo reconstruído a partir de 1872, com a pequena igrela no lado direito da foto.  Atualmente nas imediações da Escola Estadual Odete Ignez Resstel Villas Boas:

Com o renascimento do Povoado de Nioaque, a partir de 1870, com a elevação a categoria de Distrito e depois Município, e com as leis e regulamentação das propriedades do Município é que foi levantada a preocupação em definir o tamanho da área urbana.    Somente no ano de 1891 é que se buscou a confirmação das terras doadas ao Patrimônio Público, área entre a confluência dos dois rios.   Também iniciou um planejamento urbano, onde se traçaram às linhas das ruas e se definiu o perímetro urbano central.   Pela demora em se definir a área urbana, proporcionou com o passar dos anos a ocupação por particulares de áreas que pertenciam ao Patrimônio Público Municipal.

            Nos tempos modernos, há muitos terrenos urbanos com problemas de regularização das escrituras.  Independente das áreas sujeitas a regularização judicial, no caso de inventariados de heranças, há um outro fato quase despercebido,  muitas propriedades urbanas pertenceram a moradores do final do século XIX até meados do século XX, e com a perca da importância Política, econômica e militar da cidade de Nioaque, estes moradores transferiram suas residência para outras localidades, deixando estes terrenos abandonados, sem pagarem impostos e sem transferência de proprietário.  

            A questão da regularização dos terrenos sempre esteve sujeita as mais diversa controvérsias e disputas judiciais, quanto aos verdadeiros donos.   Muitas áreas pertenceram  aos militares desde os tempos do Corpo de Cavalaria, 1859 e depois 7º Regimento de Cavalaria.  Muitos foram embora, deixando os terrenos sem negociação e sem pagarem os tributos municipais.   Muitos  moradores tinham a posse, porém sem documentos de propriedade.    Este e outros fatos respectivamente permitiram, que  outros ocupantes, sem reconhecerem os respectivos proprietários, iniciou-se uma nova ocupação e em muitos casos, existiram duplicidade de escrituras ou questões  de requerimento de herança familiar.

            O fato é que ainda hoje existem muitas áreas irregulares na própria zona urbana.

            A seguir, está sendo apresentada uma correspondência oficial· de 1894, da qual oferece a visão da época em torno desta questão das terras urbanas:

“Intendencia Municipal 10 de Março de 1894

            Eminente Cidadão

            Em cumprimento ao que V. Exa. Determina pela circular n. 5 de 18 de Janeiro do corrente anno, devo informar-vos que não consta officialmente haver este municipio gosado do favor de uma concessão de terras devolutas para o seu patrimonio em tempo algum.

            Vagamente circula a noticia de haver o falecido Antonio Gonçalves Barbosa[52] posseiro primitivo da fasenda denominada de “Urumbeba” da qual as terras d’esta localidade fasião parte, por inclusão somente nas declarações para registro que elle ofereceu segundo o regulamento n.  1318 de 1854, dado como  patrimonio um pedaço de terras dessa sua posse sem que tenhas esta Camara sciencia de quanto fôra a area dôada ou limites para a occupação da povoação.   Mas esta doação  é ineficas pôr falta de base e quanto  mesmo estivesse confirmada pôr documentos seria terras sujeitas a legitimação  tal como se acha ainda a referida fasenda “Urumbeba”, da qual  dizem haver pertencido a zona occupada pôr esta Villa que abrande dous kilometros mais ou menos.

            Em vista  do exposto a Camara Municipal, aceitando com agrado o arbitrio de V. Exa.  Indica  registrar-vos a área de 4 kilometros, nos termos do artigo n. 108 do regulamento annexo do Decreto n. 38 de 15 de fevereiro de 1893, comprehendendo as terras adjacentes inteiramente desocupadas servindo até agora quasi que de logradouro publico e limitada pôr terras pertencentes ao Cidadão Vicente Anastacio ao Sul, Francisco David de Medeiros a Leste,  com os herdeiros de Antonio Gonçalves Barboza ao Norte e terras devolutas ao Oeste da mesma Villa, ficando dentro da area acima a confluência dos rios Urumbeba e Nioac e abrangendo onde derem os limites a demarcar ambas as margens destes dous cursos d’agua.

            E para que semelhante descriminação se effectue em breve espaço de tempo, logo depois que Vossa Excelencia servir conceder a area ora pedida aponto para tal fim o Agrimmessor Cidadão Capitão Arthur Cavalcante do Livramento”.

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[1] Diversos Conceitos serão empregados no contexto geral desta pesquisa, por isso mesmo estão inseridos neste Capítulo para facilitar a compreensão: Brasil Colônia 1500 -1815, Brasil Vice-Reino de 1815 – 1822, Brasil Império de 1822 a 1889 e Brasil República de 1889 aos nossos dias. Deste modo, Mato Grosso foi denominado de: Capitania de Mato Grosso 1748 a 1822, Província de Mato Grosso de 1822 a 1889 e Estado de Mato Grosso de 1889 a 1977.  Em 11 de Outubro de 1977, o Estado de Mato Grosso foi dividido, criando-se o Estado de Mato de Mato Grosso do Sul. Sem esquecermos que Em 1942 foi criado o Território Federal de Ponta Porã.  Nioaque terá sua História construída dentro destes contextos territoriais e administrativos.

A divisão administrativa da Província, de 1822 até 1889 e/ou  Estado a partir de 1889, o  Município constituí-se em uma destas divisões. Entretanto o Município apresenta outras subdivisões  que podem ser: políticas, judiciárias, militares e eclesiásticas.

Nestes Capítulos serão empregados alguns termos tais como: Cidade, Comarca, Distrito de Paz, Distrito Policial, Freguesia, Paróquia, Povoado e Vila foram apenas algumas destas divisões.

Estas subdivisões estavam motivadas por vários fatores que possibilitavam a alteração na sua autonomia,  nos seus limites, de comandada para comandante:
Extensão territorial;
Forças políticas atuantes;
Importância geográfica e econômica;
Renda da população;
Número de habitantes;
Número de eleitores;
Segurança;
Conveniências administrativas.

a) Povoado

Também conhecido por lugarejo, vilarejo, corruptela e arraial. Caracteriza um pequeno lugar habitado, com quase nenhuma autonomia política, jurídica, subordinada a sede do  Município. Carente de infra-estruturas. É um aglomerado de  poucas casas e pessoas.

b) Freguesia

Subdivisão eclesiástica. Era uma parte da Paróquia, assim como o Distrito é uma parte do Município. Termologia empregada durante o Período Imperial, quando a Igreja era subordinada ao Estado. Freguesia, em termos eclesiásticos, era a criação da Própria Paróquia; em termos Jurídicos, era uma subdivisão administrativa do Município, o Distrito. A partir da nova Constituição, a primeira do Regime Republicano, promulgada em 1891, separou a Igreja do Estado, dando liberdade de culto religioso; instituiu o casamento civil, registro civil de nascimento. Freguesia possuía área de jurisprudência, limites, posto de Correios, distrito de Paz (Juizes de Paz), Posto Policial.

c) Paróquia

Termo eclesiástico. Até a Proclamação da República, com a promulgação da Constituição de 1891, o Estado possuía vínculo com a Igreja Católica. Uma das subdivisões da Igreja, que correspondia ao Município e a subdivisão era chamada de Freguesia,  possuía pároco e igreja, no entanto, submetida à autoridade  do reverendo pároco da sede da Paróquia e do Município.


Assim, Nioaque foi Freguesia do Município  e Paróquia de Miranda
.
d) Distrito Policial

Em qualquer lugar que haja uma povoação, para oferecer segurança a população local, é criado um distrito, Posto ou Destacamento policial, com um efetivo proporcional as necessidades, e dirigida por um sub-delegado ou um militar designado para tal fim, subordinado ao  Delegado da sede do Município.

e) Distrito de Paz

Uma sub-divisão do Poder Judiciário e da Comarca, existentes nas freguesias ou distritos e eram administradas pelos Juizes de Paz, que algumas vezes eram  eleitos juntamente com os Intendentes,  e desempenhavam funções de autoridade judiciária, na audiência ou inexistência dos juizes de Direito das Comarcas.

f) Vila  

Caracterizava-se como sendo a sede do Povoado e da Freguesia, pode constituir-se Termo ou Cabeça de Comarca. O Termo Vila nas concepções atuais, modernas, tem conotação diferente, simples povoado. Para a época do século XIX, significava tornar Povoado ou Freguesia em sede Política- administrativa, autonomia, direito em possuir poder Executivo, Legislativo e Judiciário. A designação era empregada quando a Freguesia era desmembrada do Município a do qual estava subordinada, passando a construir território próprio, exercendo jurisprudência administrativa.

g) Termo

É uma subdivisão da Comarca, do Poder Judiciário. Uma Comarca está localizada em um município central ou cidade pólo e podendo possuir sob sua circunscrição a única sede ou então várias outras cidades menores. Estas cidades menores constituem-se termos.

h) Comarca

Circunscrição Judiciária, sob a jurisdição de um ou mais juizes de Direito, julgando causas civis: criminais, trabalhistas, eleitorais, outras.

i) Cidade

Uma vila recebia o nome de  foro de cidade, proporcionalmente ao número de habitantes, eleitores e atividades política e econômica.

j) Unidade Monetária Réis

“A moeda de 1889, era o mil réis e um conto de réis era igual a 1.000 mil réis. Se a  moeda não tivesse mudado de nome ao longo desses cem anos – 1889-1989 (Cruzeiro em 1942, cruzeiro novo em 1967, cruzeiro novamente em 1970, Cruzado em 1986, cruzado novo em 1989 e em 1990 cruzeiro novamente)  - Na moeda de 1989 – l Cruzado Novo equivalia a 1 bilhão de mil réis ou 1 milhão de conto de réis. Tomando-se ás médias anuais de inflação e preços ano a ano, desde 1889 e a do primeiro semestre de 1989, chega-se a um cálculo aproximado de que: 1 mil réis de novembro de 1889 equivaleria a 21 Cruzados Novos de hoje” – (Edição Especial de Veja  -20 de Novembro de 1989 – República).  Não temos informações para fazer paralelo com o real, unidade monetária no ano de 2002.

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[2] Entrevista concedida em sua residência no ano de 1985, na cidade de Campo Grande e gravada em fitas K 7.
[3]  O livro do qual se extraiu as referências não possui capa e outros dados de identificação, apresentava as características de impressão dos anos de 1950, formato livro de Bolso.  Consultando Bibliotecas, não foi possível recuperar cópia com tais identificações, segundo informações colhidas pode ter sido por Emílio Garcia Barbosa, Os Barbosas em Mato Grosso.
[4]  Antonio Gonçalves Barbosa era filho mais velho de Francisco Apolinário Gonçalves Barbosa, descendente de Portugueses e de Margarida Teveja Brunswick, que ao casar-se adotou “Jesus”, descendente de alemães, e residia em Sabará, Província de Minas Gerais. Foram seus irmãos Joaquim Gonçalves Barbosa, João Gonçalves Barbosa, Inácio Gonçalves Barbosa Francisca Maria Gonçalves Barbosa, Alexandre Gonçalves Barbosa, Francisco Gonçalves Barbosa.  Antonio Gonçalves Barbosa casou-se três vezes, com Ana Maria da Costa em 1809. Nesta época era ele furriel e guarda do ouro da Coroa.  Sua esposa faleceu no parto de sua primeira filha, que se chamou Maria da Costa Borbosa.  Depois casou-se com Maria Vitória de Jesus, com a qual tiveram dez filhos e por fim casou-se  com  a viúva Rita de Souza, da qual tiveram um filho, chamado Teotônio.  Em meados de 1848, por volta dos sessenta anos, faleceu na região, debaixo da Serra de Maracaju.
[5] O mesmo Manoel Gonçalves Barbosa. 
[6] O rio Desbarrancado localiza-se no atual município de Guia Lopes da Laguna.
[7] Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, Volume XXXV, Rio Brilhante, Nioaque, IBGE, 1958.
[8] Irmão de José Francisco Lopes, Gabriel Francisco Lopes. Ler  o Anexo Histórico 14 que trata das Bandeiras de Joaquim Francisco Lopes.
[9] História dos Municípios, capítulo Nioaque, 1992, volume 1.
[10] Hoje, municípios de Guia Lopes da Laguna e Jardim.
[11] Fazendas no Desbarrancado e Estiva, atual município de Guia Lopes da Laguna.
[12] Fazenda Urumbeva, em Nioaque.
[13] Fazenda Ariranha, hoje em Nioaque e Guia Lopes da Laguna.
[14] Atual território de Mato Grosso do Sul.  Sugiro ao leitor que leia a Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, n° 1, Dezembro de 1998, Campo Grande Mato Grosso do Sul, parte 6, A Bandeira de Joaquim Francisco Lopes.
[15] Hélio Serejo, Nioaque um Pouco da sua História, vol 1, 1985.
[16] Ler o anexo histórico 14.
[17] Virgílio Corrêa Filho, Questões de Terra, São Paulo, 1923.
[18] Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, volume XXXV, IBGE, 1958,  Nioaque, p. 228, trata a data  como 14 de Junho de 1847.  De fato esta foi a primeira tentativa através do Brilhante ao Nioaque, mas sem a fundação do povoado. Segundo L.M.Pedrosa “Em 14 de Junho desse mesmo ano, 1847, Joaquim Francisco Lopes, João Henrique Helliot   acompanhados de três camaradas, embarcaram nas margens do Tibagy e do Paranapanema,  com destino a Mato Grosso.   Atravessaram as diversas corredeiras e ilhas do Tibagy e do Paranapanema   dentre elas as ilhas de São Francisco Xavier, que  conhecia-os desde a viagem de 1845, onde existem vestígios dos Jesuítas espanhóis.  No dia 11 de Julho, entraram no Rio Paraná ao meio-dia  e subiram o mesmo em procura da foz do Rio Xerez ou Vacaria; (anexo 14).
[19] Medida itinerária que atualmente no Brasil equivale a 6.000 m, ou seja, uma légua corresponde a seis quilômetros.
[20] Data contida nos manuscritos que descrevem a História de Nioaque, encontrados nos arquivos da Prefeitura Municipal e escolas de Nioaque.
[21] Segundo algumas literaturas tratam que a madeira utilizada chama-se Piuva.
[22] Relatório do Governo Provincial de Mato Grosso, ano de 1848.   “As vias de Comunicação da Provincia de Matto Grosso", folhas 121 e 122.  Cuiabá, CPA, Cópia cedida pelo Arquivo Público de Mato Grosso.
[23] Op. Cit.  19.
[24] Relatório do Governo Provincial de Mato Grosso, ano de 1849.   “As vias de Communicação da Provincia de Matto Grosso", folhas 167 e 168.  Cuiabá, CPA, Cópia cedida pelo Arquivo Público de Mato Grosso.
[25] Esta é a referência histórica mais antiga como documentos que trata da grafia Nioac, referindo-se ao rio, atual rio Nioaque.
[26] Op. Cit. 16.
[27] Virgilio Correa Filho – Terras do Barão – Barão de Antonina e seus Pretensos Latifúndios. S/d.
[28] Atualmente território do Estado de Mato Grosso do Sul.
[29] Referências oferecidas por Demosthenes Martins, Extraídas do Volume 3 da Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil e  também semelhanças contidas nos manuscritos do Arquivo da Prefeitura Municipal de Nioaque.
[30] Virgilio Corrêa Filho. Mato Grosso, 1920, p. 170.
[31] Nioaque, Evolução Política e Revolução de Mato Grosso. Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.  Campo Grande, 1992.
[32] Serra de Maracaju.
[33] No rio Brilhante.
[34] Volume 1, 1985.
[35] Em Nioaque há famílias Fialho, entre elas, a tradicional do Cartório de Registros,  Rui  Alves de Lima e sua esposa Diva Fialho.
[36] Apontamentos históricos de Manoel de Pinho, Sargento do 7º Regimento de Cavalaria Ligeira, quando ainda estacionado em Nioaque, até o ano de 1906, extraídos por Odilon de Queiros, referências fornecidas pela Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, 1985.
[37] Nome próprio escrito Gibóia com “G”. A cobra da família dos Boídeos escreve-se Jibóia. Por questão de citação, conserva-se a ortografia original.
[38] Próximo a Colônia Retirada da Laguna, no Município de Guia Lopes da Laguna.
[39] No ano de 1906, a região hoje compreendida pelos municípios de Guia Lopes da Laguna e Jardim, constituíam nesta época a grande fazenda Jardim,  ainda do tempo de José Francisco Lopes de Dona Senhorinha  Barbosa Lopes.
[40] Dourados, hoje no município de Antonio João e Miranda, no município de Guia Lopes da Laguna
[41] Dados extraídos do Livro Mato Grosso Terra da Promissão, editado em São Paulo, 1953. Apud Amílcar Bernardes Ferreira,  Rascunho de uma Existência, Maracaju, 1989.
[42] Documento cedido por Dario Pires Peixoto, Nioaque, 1983.
[43] História do Exército Brasileiro, vol 2, 1972, p. 515.
[44] Op. Cit. 3.
[45] Álbum Gráfico de Mato Grosso, Hamburgo, Alemanha, 1912.
[46] Op. Cit 40, p. 514.
[47] Sérgio Buarque de Holanda – Monções, Coleção Estudos Brasileiros, Rio de Janeiro, 1945.
[48] Citações de Odilon de Queirós.  Apud apontamentos históricos de Walter Spalding.  Texto original cedido pela Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 1985.
[49] Alfredo D”Escragnolle Taunay.  A Retirada da Laguna.  Ediouro, p.28.
[50] Margem esquerda do rio Urumbeva.
[51] Margem direita do rio Nioaque.
52 Imagem e texto extraído do site http://www.retiradalaguna.hpg.ig.com.br/ - acessado em 18 de dezembro de 2004. Guerra do Paraguai Província de Mato Grosso, trilha de heróis de Miranda a Porto Canuto, caminhos históricos da Retirada da Laguna.  Caminho realizado pela Expedição Militar Brasileira 1997.
[52] A posse primitiva.Segundo consta os registros da época antes da Guerra do Paraguai, fora pertencente a Inácio Gonçalves Barbosa,   Posterior parte Fazenda Urumbeva foi adquirida pelo comerciante italiana Vicente Anastacio, radicado em Nioaque desde 1871.



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