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sexta-feira, 8 de abril de 2016

OCUPAÇÃO E POVOAMENTO MATO GROSSO DO SUL E NIOAQUE


CAPÍTULO I

A OCUPAÇÃO E POVOAMENTO DE  MATO GROSSO DO SUL E NIOAQUE  
                      

  Introdução



Para chegarmos às esquecidas Memórias de Nioaque e reconstruí-las através dos fatos, ordená-los cronologicamente, faz-se necessário, mesmo singularmente, um estudo do contexto da História da exploração, ocupação e colonização, a priori pelos espanhóis na parte meridional e ocidental do continente Americano e  a portuguesa no Brasil, nos quais estamos inseridos pelos laços do passado, cujas conseqüências são tangíveis no presente.

            Literalmente, História é o estudo do Passado, os escritos oficiais ou não, as tradições orais, restos de materiais deixados pelos antepassados, onde procura compreender as razões melhores do modo de organização da vida social, política, econômica, educacional, religiosa do presente e deste modo realizar planejamento para o futuro.  A História é à procura do entendimento dos fatos, as suas conseqüências e a sua  ordenação numa estrutura concebida pela temporalidade, espacialidade e das relações dos grupos  constituidores da sociedade.

            Assim, mergulharemos através de documentos escritos e outros suportes históricos, mapas, por exemplo, para encontrarmos as raízes, por meio dos quais nasceu o Povoado de Nioaque.  Jamais entenderemos a História de Nioaque e de Mato Grosso do Sul, se tentarmos estudá-la como conseqüência  dos fatos, isoladamente de contexto de época, de região, de grupos de pessoas envolvidas nos fatos.  Acontecimentos locais podem afetar desde um pequeno grupo  até grandes contextos sociais.

No presente Capitulo, constitui um esboço  sobre os focos de  exploração, colonização e povoamento, será possível perceber a concretização sobre a ocupação definitiva dos atuais Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, chegando  a região compreendida pelo atual Município de Nioaque.    Apresenta  um estudo  sinóptico sobre os exploradores e posteriormente a ocupação com a formação dos primeiros núcleos populacionais.

            A exploração e o povoamento da América do Sul fizeram-se principalmente através de dois povos europeus: espanhóis e portugueses.   Os primeiros registraram-se porção Ocidental, sentido Norte-Sul, enquanto os portugueses na região litorânea atlântica, também na direção Norte-Sul do Continente Sul Americano.

            Regiões dos atuais Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o pioneirismo das explorações coube aos espanhóis.

            Por que os espanhóis foram os pioneiros?

            O princípio da resposta está em uma conjuntura externa, na Europa, precisamente na Espanha, na cidade de Tordesilhas, onde em 7 de Julho de 1494, portugueses e espanhóis, assinaram um acordo, por meio do qual, a Espanha entregava a Portugal todas as regiões que viessem a  descobrir ou já descobertas numa distância de 370 léguas  das Ilhas de Cabo Verde, terra situada a Oeste – Poente à Coroa Espanhola e a Leste – Nascente, ao Reino Português.

            Entre outras razões que motivaram a assinatura do Tratado de Tordesilhas, foram as descobertas das terras americanas por Cristóvão  Colombo, que a serviço dos reis espanhóis, em 12 de outubro de 1492, muito embora, somente depois de várias expedições de outros navegadores, confirmou-se tratar de uma nova terra e não a Índia, como se  supunha inicialmente.

            A descoberta do Brasil pelos portugueses, em 22 de abril de 1500 por Pedro Álvares Cabral, comandante da esquadra, oito anos após a descoberta da América, por muitos anos as teorias da História Nacional, tratou como descoberta ocasional.  Atualmente,  concebe-se a idéia da Descoberta do Brasil, como uma missão secreta do Governo Português, chefiada a Cabral, de modo que os portugueses  garantissem a posse da terra, a fim de evitar que outros povos a  ocupassem.

            Deste modo, quando os portugueses ocuparam a porção do Brasil, a partir de 1500, o Tratado de Tordesilhas já vigorava.  Observando o mapa, o Meridiano não dava aos portugueses nenhum direito sobre as terras situadas  entre os atuais  Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de   alguns Estados das regiões Norte, Centro Oeste,  Sul  e Nordeste. Deste então, o pioneirismo nas explorações das terras mato-grossenses  esteve nas mãos dos exploradores espanhóis.

            As expedições espanholas que por aqui passaram, pelo menos naquele princípio, eram atingir as minas de prata de Potósi[1], carecendo a preocupação com povoamento, com exceção de algumas reduções jesuíticas, na catequese dos  índios, de duração efêmera.

Aproveitando-se das vias fluviais foi o que facilitou em muito as incursões, pois serviam os rios para a navegação, como orientação na direção a se buscar durante as viagens.

Historicamente podemos reconstruir alguns nomes que as literaturas registram e que se faz jus mencioná-los.   No entanto, na questão cronológica das datas, as informações pesquisadas são bastante divergentes de autor para autor, e as citações que serão apresentadas possuem a finalidade de servir como ponto de referência.

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1.1  Alguns nomes de espanhóis

São chamados de exploradores[2] a estes espanhóis, pois entre eles não havia objetivos específicos de povoamento[3],  somente encontrar metais e pedras preciosas. Os núcleos  que surgiram, foram conseqüentes das descobertas de metais ou pedras preciosas e a necessidade de assegurar a posse e domínio sobre a região.

1.1.1        Aleixo Garcia[4] – 1524

Considerado por  muitos autores sendo o primeiro homem branco que pisou em solo mato-grossense, após a descoberta do Brasil em 1500.

Formou uma expedição de numerosos índios e partiu rumo a Potósi  em busca de metal precioso, saindo da região onde mais tarde se instalou a Capitania de São Vicente.

Atravessando a Bacia Hidrográfica[5] do Rio Paraná, transpôs a serra de Maracaju, descendo pelo rio Miranda até a foz com o Paraguai, deixando de lado a serra de Albuquerque, atinge a região boliviana, compreendida pela Província de Chiquitos.    A Bandeira penetra pela região compreendida pelos rios Guapey e Picolmayo e finalmente chega a Charco no Peru, onde recolheu grande quantidade de ouro e prata.

Quando retornava, na região da Bacia do Paraguai, foi trucidado pelos próprios índios.

1.1.2        Álvarez Nuñez Cabeza de Vacca – 1526

Navegando pela margem esquerda do rio Paraguai, atinge o rio Nabileque, à foz do rio Miranda, onde recebe informações pertinentes à penetração e as conquistas de Aleixo Garcia.  Chegando na Lagoa Gayva, toma posse do local em nome do Reino da Espanha.

1.1.3        Juan Ayolas – 1537

Em 1537, por ordem de Mendonza, o Capitão Juan Ayalas, à frente de numerosos soldados, parte de Buena Esperanza, remonta o Paraná e o Paraguai, com vista à descoberta de um caminho para o Peru.   Paraguai acima, chega a um ponto quem dá o nome de Candelária, possivelmente atual Forte Olympio, na República do Paraguai.

1.1.4        Nuflo Chaves – 1557

No ano de 1557, depois de percorridos vários rios, entre eles o Jauru, chegaram à região que denominara de Parabazana, posteriormente, Santa Cruz de La Sierra, Bolívia.

1.1.5        Juan Garay – 1567

No ano de 1567, explorou a região compreendida pela serra de Maracaju[6].

1.1.6   Dom Ruy Diaz de Melgarejo – 1580

Às  margens do rio Miranda  fundara um aldeamento indígena, denominado de Santiago de Xerez por volta de 1580.   Atacados pela maleita, conhecida como doença dos pântanos e perseguido pelos índios Guaicurus, os Jesuítas resolveram abandonar Miranda e fundaram às margens do rio Aquidauana a Nova Santiago de Xerez, elevada a Bispado em 1643 e destruída em 1648 por bandeirantes paulistas.


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1.2  Ação dos espanhóis em Mato Grosso

O território do Estado de Mato Grosso do Sul, que hoje constitui as terras formadoras dos municípios do sudoeste, oeste e noroeste foi  explorado pela primeira vez  em· 1524 quando Aleixo Garcia, Português de rija têmpera e aventureiro audaz teve conhecimento por intermédio de companheiros do piloto Juan Diaz de Solis, que a serviço da Espanha, descobrira anteriormente o rio da Prata, encontrando ali a seguinte tradição entre os gentios: nas origens do famoso Rio, existia uma serra daquele preciso metal, do qual os ditos selvagens possuíam muitos adornos e utensílios.  Conta-nos Antônio Corrêa da Costa que foi daí que se originou a denominação daquele majestoso rio da Prata e o qualificativo de Argentina para a grande República erigida nas suas margens, como complemento e fator da civilização Americana.

Fracassada a exploração do rio da Prata, com a morte de Solis, remanescentes da sua comitiva aportaram em Santa Catarina, daí entrando em contato com Aleixo Garcia, que desde logo acalentou o sonho de procurar aquela riqueza, não trepidando, juntamente com seus confidentes, em penetrar sertões à dentro buscando encontrar o tesouro da Sierra de La Plata.

Diz Antônio Corrêa da Costa que, em 1524, esse temerário aventureiro, com numerosos séqüitos de índios Guaranis, partiu de Santa Catarina e marchando sempre para o Ocidente, atravessou os rios Paraná e Paraguai e chegando as raias do Peru, realizou uma Odisséia  sem Homero que lhe decantasse a proeza e o heroísmo.  Não se tem o  conhecimento dos resultados da viagem de Garcia.   Entretanto, sabe-se que ele percorreu grande parte do rio Paraguai, chegando até o Porto de São Fernando, segundo os comentários de Álvarez Nuñez Cabeza de Vacca.

Coube a Juan de Ayolas comandar a Segunda expedição ao rio Paraguai, sucedendo assim ao infeliz Aleixo Garcia, em 1537.  Era Ayolas, Lugar Tenente do Adelantado Pedro de Mendonza, que em 1534 embarcou no lugar de Barrameda com 2500 espanhóis e 150 alemães e flamengos para colonizar o rio da Prata e fundar Buenos Aires.

Juan de Ayolas penetrou pelo rio Paraguai e depois de muitas vicissitudes, fundou  Villeta e conseguiu chegar a Assunção.  Aí ficou por um período superior a seis meses, providenciando os elementos essenciais para o prosseguimento da exploração do  Alto Paraguai.

Ao alcançar o Porto de São Fernando, iniciou a penetração da margem direita do Paraguai, deixando ali o Capitão Domingo Martinez de Irala com uma guarnição de 50 homens guardando as embarcações e viajou em direção ao poente até o Peru.

De regresso com grande cópia de ouro e prata não encontrou mais Irala que, findou o prazo estabelecido pelo comandante da expedição, havia regressado  a Assunção.  Ayola, com o pessoal estropiado pela longa jornada, sentindo já a escassez de alimentos foi socorrido pelos índios Paiaguás, habitantes daquela região.   A atitude hospitaleira dos silvícolas não era mais do que um ardil para captar a confiança dos espanhóis, que desconhecendo aquelas intenções, foram impiedosamente massacrados quando dormiam descuidadosamente.  Da chacina, só escapou um índio “Chané” por quem Mendonza soube da trágica ocorrência.

Depois da expedição de Juan Ayolas, sucederam-se as de Álvaro  Nunez Cabeza de Vacca, entre 1542 e 1543 e Domingos Martinez Irala, em 1546.

A expedição de Cabeza de Vacca atravessou todo o território ocupado pelos índios Guaicurus desde Assunção até o Fecho dos Morros.  Chegando em Itabitam, onde dominavam os Paiaguás e os Guaxarapós, continuou até chegar à foz do Miranda; prosseguindo na derrota, subindo sempre pelo rio Paraguai, cruzou vasta zona alagadiça da Xaraés, compreendida entre aquele Rio e o Cuiabá, São Lourenço, Taquari e o Miranda, cujas águas a inundam, transformando-a periodicamente em  largo  mar mediterrâneo, -  Mar dos Xaraés – e alcançou Lagoa Gayva, que Irala havia denominada de Puerto de Los Reys, onde fez acampamento, estabelecendo ali a sua base de operações.

Por motivos que não pode superar, Cabeza de Vacca viu-se obrigado a regressar a Assunção, onde foi deposto do Governo, preso e remetido de volta para a Espanha.   Assume  o governo de  Assunção Domingos Martinez de Irala, experiente e conhecedor do Rio Paraguai que ali já estivera acompanhado de Ayola e Cabeza de Vacca.   O novo  Governador, cercado dos mais famosos capitães da época: Gonzaga de Mendonza, Miguel de Ruttia, Nuflo Chaves e outros iniciaram a terceira expedição através do rio Paraguai, sendo obstado nos seus passos pelo então Vice-Rei do Peru, Pedro de La Casca, que mandou intimá-lo a regressar a Assunção, abandonando o território daquele Vice-Reinado, sob pena de morte.   Tal situação chegou ao conhecimento do Rei da Espanha, que ordenou a substituição de Irala, sem que esse chegasse a concretizar os seus planos em relação ao rio Paraguai.

A quinta e última  expedição, em 1557, também ordenada por Irala, esteve sob o comando de Nuflo Chaves, a quem deu instruções de subir o rio Paraguai até a nascente.  O intrépido Chaves partiu de Assunção em 1557, alcançou a foz do Jauru e de etapa em etapa através dos sertões nunca dantes por outrem perlustrado transpôs o rio Guaporé entrou pelos vastos planos de “Mojos” e caminhando sempre pelo Oeste, teve a surpresa de topar com o aventureiro André Manso, com quem entrou em disputa pela primazia do território conquistado.   Não chegando a qualquer resultado prático quanto ao desfecho da questão,  submeteram-na ao julgamento do vice-rei do Peru, que deu parecer favorável a Nuflo Chaves que, de regresso a Assunção, em 1560, fundou Santa Cruz de La Sierra.


Em 1566, Nuflo Chaves, voltava a sua Província de Santa Cruz, tratando logo de organizar nova expedição para desbravar o território existente em direção a noroeste.  Entretanto, muitos anos depois, o grandioso projeto de Nuflo era integralmente aproveitado pelo Capitão-General Luiz de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, Governador e Capitão-General das Capitanias de Mato Grosso e Cuiabá.


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1.2.1        As Missões Jesuíticas Espanholas

Eram aldeamentos indígenas dirigidas pelos Padres Jesuítas[7] e  integrantes  da Província de Assunção e, ocuparam no Estado de Mato Grosso do Sul somente algumas regiões.

Entre as Províncias Jesuíticas que tiveram sua existência entre os séculos XVI e XVII, o domínio esteve sempre sob os espanhóis vindos da Província do Paraguai. Destacam-se as Províncias de:
a)      Ciudad Real Del Guairá;
b)      Itatin.

No Mato Grosso do Sul, algumas regiões que outrora constituíram estes aldeamentos indígenas jesuíticas:
a)      Camapuã;
b)      Miranda e Aquidauana;
c)      Amambai;
d)     Iguatemi e Sete Quedas.
É evidente que estes aldeamentos nada tem a ver com as cidades/municípios  mencionadas, pois na época não existiam.

 

Nestes aldeamentos havia, na sua maioria, índios das tribos Tupis Guaranis, Guanás, Terenas, por serem mais dóceis, com certa vivência a vida sedentária e ao misticismo religioso entre as suas crenças e o catolicismo.   O interesse dos bandeirantes paulistas em aprisioná-los  nos aldeamentos, está relacionado ao fato de alguns índios estarem aculturados a práticas principalmente em atividades agropecuárias.

O fim dos aldeamentos foi motivado entre outras razões:
a)      Oposição sofrida pelos jesuítas no domínio espanhol;
b)   Invasão seguida dos bandeirantes, principalmente às bandeiras comandadas pelo por Antônio Raposa Tavares.

Com o fim de Guairá (Paraná, São Paulo, regiões sul e leste de Mato Grosso do Sul); depois Itatín (Paraguai, oeste, sudoeste e sul de Mato Grosso do Sul), as missões desapareceram, sendo que esta última acaba sendo invadida e dominada por grupos indígenas vindo do  Chaco[8], principalmente os Guaicurus, os mais resistentes  ao processo de assimilação da cultura dos homens brancos.

A origem do gado vaccum[9]  e cavalar, existente em nossa região, encontrado pelos povoadores do século XVIII e XIX, era herança deixada pelos jesuítas, onde os Guaicurus, muito bem souberam aproveitar a montaria dos cavalos.

Depois dos jesuítas, vamos encontrar um período relativamente calmo.  No século XVIII, teremos o início da ocupação definitiva das terras sul mato-grossenses com a criação de gado vaccum.

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1.3   União das Coroas Ibéricas

No ano de 1580, um fator externo a Colônia Portuguesa, o Brasil, provoca mudanças nas explorações e ocupações na América espanhola e portuguesa, inclusive na região compreendida pelo território mato-grossense.  Agora, os portugueses, no Brasil, avançam  significativamente além dos limites demarcatórios  do Tratado de Tordesilhas, penetrando através das Bandeiras, pelo interior do território da Colônia portuguesa.

Na batalha de Alcácer-Quibir, contra os Mouros de Marrocos, Norte da África, morre o jovem Rei de Portugal, Dom Sebastião.   Não deixando sucessor direto, para ocupar o trono, o seu tio-avô, Cardeal Dom Henrique, primeiro da linhagem sucessória, passou a governar o Reino Português.

O problema sucessório estava aberto, vários netos de Dom Manoel, cobiçavam o trono português dentre eles, o mais forte, Felipe II, Rei da Espanha.  Dom Henrique morre dois anos depois sem deixar decidido o sucessor.  Como Felipe II, ainda durante o tempo do Cardeal, conseguiu vários pontos de apoio, foi o que facilitou a anexação do território português ao espanhol.  Deste modo, Felipe II, passou a reinar sobre os dois povos e dois reinos, Espanha e Portugal.

Portugal sob novo governo, as suas colônias ultramarinas foram  todas incorporadas à coroa espanhola, conhecido pela denominação, União das Coroas Ibéricas.    Esse período luso-espanhol foi bastante significativo para o Brasil.  Foram conservadas as autoridades portuguesas na colônia; deu-se à penetração ao interior do território através das Entradas[10] e Bandeiras[11], principalmente desta última, estabeleceu-se o comércio do sul da colônia com a região do Prata.

A Colônia do Brasil, anexada  as demais colônias espanholas, a linha do Meridiano de Tordesilhas, agora não tinha efeito, o que, aliás, nunca chegou a ser respeitada de fato, pois foi assim que, bandeirantes partindo principalmente da região de São Paulo, realizaram incursões pelo território mato-grossense.


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1.4  Alguns nomes de Bandeirantes

Historicamente[12], a literatura registra alguns nomes de comandantes de Expedições de Portugueses, entre outros:

1.4.1        Nicolau Barreto

Organizou uma bandeira, que em 1602, partindo do  Planalto de Piratininga, com incursões pelo interior do território mato-grossense, destruindo possessões espanholas encontradas no caminho, chegando no mesmo ano nas minas de prata de Potósi.

1.4.2        Antônio Raposa Tavares

Em 1648, Antônio Raposa Tavares, navegou pelo rio Ivinhema e explorou as cabeceiras, os campos de Vacarias, o planalto e a serra, a qual denominou de Maracaju.   Lutou contra os índios Guaicurus, grupos que habitavam aquela região com a criação de gado, cavalos e porcos.

Chegou até as nascentes do rio Pardo, destruiu uma  Catequese Jesuítica denominada de San José.  Navegando através do Paraguai, passou para o Guaporé, andou pela Cordilheira dos Andes, Peru e retornou através do  rio Solimões, Amazonas, chegando anos depois a São Paulo, ponto de partida.

1.4.3        Ascenso Ribeiro

Juntamente com os seus companheiros, em  1663, destroem a Nova Santiago de  Xerez e outras Missões Jesuíticas, de San José de Itati, Angeles, San Pedro y San Pablo.  Estes voltaram a reconstruir nas terras de Xerez e antigos Lianos de Yaguari, entre os rios Pardo, Anhanduí e foz do Miranda, Nossa Senhora da Fé e San Inacio e que mais tarde foram destruídas pelas Bandeiras de Raposa Tavares, Antônio Domingos e André Fernandes.

1.4.4        Pascoal Moreira Cabral e Antônio Pires de Campos

Pertencentes ao grupo de bandeirantes, após a Guerra dos Emboabas, entre paulistas e portugueses na região, atual Estado de Minas Gerais, guerra que os encheu do mais profundo e justificado desgosto, por se verem privados de recolherem os frutos das suas fadigas e esforços, decidiram dirigir as suas explorações de rios e sertões pelo noroeste e oeste da Colônia, compreende atuais Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

            Em 1718, Pires de Campos, passando do rio Paraguai, para o São Lourenço e deste para o Cuiabá, chegou até a barra do rio Coxipó-Mirim, onde travou luta contra grupos indígenas coxiponenses.

            No retorno, encontrou-se no caminho com a expedição comandada pelo bandeirante Pascoal Moreira Cabral.  Juntos decidem e seguem para a região do rio Coxipó.  A intenção inicial era explorar a região e prear índios, no entanto, navegando pelas margens do rio Coxipó, perceberam que os índios usam colares ornados com pepitas de ouro, metal tão precioso e cobiçado.

            Explorando a região, observaram que a margem do Rio apresentava uma  superfície crivada de granitos de ouro.   Cabral e seus companheiros, mesmo desprovidos de instrumentos apropriados iniciaram imediatamente a exploração da região.

            A notícia da descoberta do ouro rapidamente se espalhou pela Colônia  e provocou uma corrida de novas expedições e grupos de aventureiros. As viagens  eram  ora por via terrestre, ora por via fluvial, através dos rios das Bacias Hidrográficas do Paraná e do Paraguai.        Surgem as monções.  Em 1719, nasceu o termo Cuyabá  e começa a desenvolver o Arraial, muito embora, Villa Bella[13]  passa a ser escolhida e torna-se a primeira Capital da Capitania de Mato Grosso.


            Esta corrida do ouro, de modo geral, não determinou o povoamento das terras sul mato-grossense, exceto algumas guarnições militares.   Somente  Cuiabá, Vila Bela e algumas outras regiões  do norte é que passam a receber apoio do governo da Metrópole em função das minas descobertas, as quais representam interesse econômico para a coroa portuguesa.

 Entretanto, de qualquer modo,  é importante destacar que  através do desenvolvimento do ciclo aurífero  no norte e o declínio do mesmo, algumas das razões que motivam a ocupação e o povoamento de alguns núcleos isolados no atual território do Estado de Mato Grosso do Sul, sem que fossem áreas mineradoras, destaques por serem pontos estratégicos, para garantir a segurança dos monçoeiros[14], impedir o avanço e invasão dos espanhóis oriundos  do Paraguai e garantir a navegação fluvial[15]. Outro fator natural  e econômico que contribui para aglutinar populações nas terras sul mato-grossense  neste período  foi à qualidade do solo, a topografia plana, pastagens naturais, água, elementos naturais propícios para o desenvolvimento da pecuária com a criação de bovinos, eqüinos e produções agrícolas.

            Finalmente, quando o Tratado de Tordesilhas  não mais vigorava, para toda esta região Oeste do Brasil, também o vestígio da exploração espanhola não mais existia.

            Esta situação  conduz os portugueses e os espanhóis a discutirem novamente o assunto sobre a partilha  do território da América Meridional.  O brasileiro Alexandre de Gusmão, nascido em Santos, foi o principal autor do novo tratado, o Tratado de Madrid, que se baseou no princípio do  Uti Possidetis.   Segundo este princípio, o direito de posse da terra cabe ao seu primeiro ocupante efetivo.

            Madrid, 13 de janeiro de 1750 é assinado o Tratado luso-espanhol, que revogava o anterior.  O Tratado de Madrid apresenta a configuração territorial parecida com o atual mapa do Brasil, assegura a posse das terras mato-grossenses à Colônia Portuguesa.   Este acordo não teve efeito para a Colônia de Sacramento e as Aldeias de Sete Povos das Missões no Uruguai e territórios dos atuais Estados do Acre e Amapá.

            Novos acordos irão ainda surgir, sem haver, no entanto uma definição clara dos limites entre o Brasil com a fronteira da República do Paraguai, o que se efetivaria somente após a sangrenta Guerra da Tríplice Aliança e o Paraguai.  Tiveram-se assim os Tratados do Pardo em 1761 e Santo Idelfonso em 1777.


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1.5   Criação da Capitania[16] de Mato Grosso

No dia 9 de maio de 1748 por Carta Regia  foi criada a Capitania de Mato Grosso, desmembrando-a de Capitania de São Paulo.

O objetivo da Coroa Portuguesa ao criar  Capitania de Mato Grosso era garantir a posse da terra cujas riquezas minerais  já eram conhecidas e para facilitar a administração da região.  A Carta Instrutiva trazida de Lisboa mostra os interesses políticos e econômicos dos portugueses para esta região ocidental:
a)      Sede do Distrito em Mato Grosso;
b)    Escolha do Local a ser fundada a Capital, perto do rio Guaporé, efetivando a pesca e a navegação do referido Rio, impedindo que os espanhóis navegassem através dele;
c)      Proibir a mineração de diamante, monopólio da Coroa;
d)   Vila Bela foi escolhida para ser a primeira Capital da Capitania de Mato Grosso.

  A nomeação do seu primeiro Governador e Capitão General recaiu em Dom Antônio Rolin de Moura Tavares,  o futuro conde de Azambuja e 2º vice-rei  do Brasil, toma posse do cargo a 17 de janeiro de 1751, em Cuiabá.


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1.6  Povoamento no sul de Mato Grosso Século XVIII – 1701 – 1800

A questão do povoamento que aqui se trata é um esboço sucinto e restringe-se a representar o espaço territorial do atual Estado de Mato Grosso do Sul.  Não se pode esquecer que historicamente até o ano de 1977, o Estado de Mato Grosso não estava dividido era um território, uma administração e uma história geral, assim todos os acontecimentos anteriores a esta data dizem respeito ao Mato Grosso como um todo.

Está sendo abordados apenas os povoados ou ocupações surgidas até a fundação de Santa Rita do Anhuac,  Nioaque, não se detendo aos demais municípios e cidades.

Os ocupantes primitivos foram os grupos indígenas: Guaranis, Guaicurus, Terenas, Caiapós, Caiuás, Paiaguás, Cadiuvéus.   Sendo seguido por exploradores espanhóis e missionários jesuítas provenientes do Paraguai e região do Prata com a fundação de Aldeamentos[17] com tribos indígenas, onde se destacaram as Províncias de Itatin e Guairá.   Em seguida houve as incursões de Bandeiras, exploradores denominados de bandeirantes   que vieram em busca de índios para comercializa-los como escravos entre os fazendeiros e cultivadores de cana-de-açúcar do Rio de Janeiro e São Paulo.  E finalmente com a  corrida pelo ouro às minas mato-grossenses, inicia-se a ocupação das terras  do Estado.

A corrida  pelo ouro às minas cuiabanas,  vencendo as distâncias, navegando ora através dos rios Paraná, Tietê; Tibagi, Paranapanema, Paranaíba, Pardo, Brilhante, Ivinhema  ou da Bacia Hidrográfica do Paraguai: Coxim, Taquari, Miranda, Aquidauana, São Lourenço, Cuiabá, Paraguai, além dos varadouros e a criação da Capitania de Mato Grosso, motivaram  até o final do século  XVIII  a constituição de dois fatores que influenciaram o povoamento das terras sul mato-grossenses:

a)                  A criação de destacamentos, presídios e fortins militares, para garantir a ocupação da região e guarnecer as fronteiras contra possíveis ataques dos espanhóis provenientes do Paraguai, além de oferecer garantia à navegação fluvial através de alguns rios:

b)                 Sitiante radicado em fazendas de criação de gado, por onde se dava parada, pouso aos monçoeiros, exploradores, aventureiros, tropeiros que se dirigiam para Cuiabá ou para o interior da região.


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1.6.1        Alguns redutos populacionais  deste século XVIII

a) Camapuã -   Segundo apontamentos históricos[18], em 1593, jesuítas  espanhóis vindo do Paraguai, navegando pelos afluentes do rio Paraná  estabeleceram à margem do ribeirão Camapuã estabeleceram uma redução  indígena a dezoito quilômetros do porto de desembarque do rio Pardo e a três quilômetros da atual cidade de Camapuã, iniciativa que teve pouco mais de meio século de duração destruída  pelos bandeirantes paulistas por volta de 1650, mais tarde, pouso das expedições que subiam através do rio Coxim rumo as minas de Cuiabá.

            Na rota das viagens entre São Paulo à Cuiabá, cerca de 530 léguas via fluvial, salvo no varadouro de Camapuã, onde os irmãos Lemes em 1723, entre os rios Sanguessuga, afluente do Pardo e do Coxim, criaram um sítio de  abastecimento e proteção aos navegantes.  Com a diminuição da produção do ouro na região cuiabana, a descoberta e melhoramento  de novas rotas fluviais, entre elas através dos rios Paraguai e Cuiabá e cessada as penetrações das Bandeiras, acabou ficando em desuso e abandono.

            Com a finalidade de evitar que os espanhóis oriundos através do Paraguai se apoderassem  de pontos estratégicos na Capitania de Mato Grosso e que viria a ser prejudicial ao comércio e comunicação entre São Paulo e Cuiabá, impedindo o trânsito das monções foram fundados redutos militares com destacamento policial, deste modo obteve-se:

b) Forte de Coimbra – Nasce assim em 13 de setembro de 1775 a fundação do Presídio Nova Coimbra, hoje Forte de Coimbra, pelo Capitão Matias Ribeiro da Costa, a mando do Capitão-General Luiz Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, então governador da Capitania de Mato Grosso, situada à margem direita do rio Paraguai, lugar conhecido como estreito de São Francisco Xavier.

c) Albuquerque/Corumbá -   A fundação de Albuquerque e Corumbá se deve também à visão política do governador e estrategista, Capitão-General Pereira e Cáceres e a posse das terras mato-grossenses e sul mato-grossense na porção Oeste para o Brasil.

De acordo com registros históricos[19], Pereira e Cáceres não satisfeitos com o engano do seu auxiliar, que deveria ter estabelecido  à fundação do Forte de Coimbra, quarenta léguas mais abaixo, no lugar denominado Fecho dos Morros, mandou o Sargento-Mor Marcelino Ruyz Camponês a explorar o rio Paraguai e seus afluentes. Dos relatórios, determinou a fundação de  dois novos postos militares: Vila Maria, atual cidade de Cáceres, no Mato Grosso e Albuquerque.

Em 21 de setembro de 1778, ocupou-se o lugar inicial para a fundação do Arraial que recebeu a denominação de Nossa Senhora da Conceição de Albuquerque, situado às margens do rio, foz do rio Miranda com o Paraguai.  Durante longo período o Arraial de Albuquerque foi mantido como simples posto militar, e em 1800, sofreu um incêndio, onde foi quase totalmente destruída.  Através da Lei Provincial de 26 de agosto de 1835, o povoado foi elevado à categoria de Freguesia. E  através da lei n 4 de 19 de abril de 1838, a Freguesia foi transformada em Distrito.  Em 1859, o presidente da Província de Mato Grosso,  transfere a sede do Distrito de Albuquerque para o local onde se encontra a cidade de Corumbá.

Há de se notar que entre os anos de 1776/78, ouve uma tentativa de radicalização de moradores na região onde hoje compreende as cidades de Corumbá/Ladário.  O Capitão João Leme do Prado, sua família e alguns colonos, primeiros estabelecidos no local da povoação de Corumbá.  Sítios que tiveram durações efêmeras.

d) Presídio de Miranda -  O breve histórico apresenta os dados seguintes sobre o local onde se encontra a atual cidade de Miranda[20].  A ocupação do local deve-se à conquista do Capitão João Leme do Prado, dois anos após ter descoberta as ruínas da antiga redução indígenas jesuítica, Santiago de Xerez, fundada em 1580 pelo espanhol Ruy Diaz de Melgarejo, destruída pelas Bandeiras Paulistas e pela resistência dos índios Guaicurus.  Assim, em  16 de julho de 1778,  Leme do Prado lança os alicerces do Presídio, com a denominação de Nossa Senhora do Carmo do rio Mondego[21], por determinação do Capitão-General das Capitanias de Mato Grosso e Cuiabá, Caetano Pinto de Miranda Montenegro.  Em 30 de maio de 1857  o povoado de Miranda é elevado a categoria de Vila com a denominação de Miranda.
           
Nioaque surge então como parte integrante do território do município de Miranda, nesta época, 1857, era somente pequeno povoado.

e) Amambai – Colônia Militar de Iguatemi -  Embora a fundação da cidade seja recente, no entanto, quanto ao aspecto do seu povoamento remontam os séculos conforme narrativas históricas[22]  o início da exploração da região foi por Aleixo Garcia, oriundo da região do atual Estado de Santa Catarina, com uma comitiva de índios Guaranis no início do século XVI.  

Por volta de 1580, estabeleceram na região as missões jesuíticas, as quais segundo consta, ali aportou por ordem de Domingo Martins Irala, o Adelantado[23] de Espanha em Assunção.  O novo tratado firmado entre Portugal e Espanha, naquele ano, já sob o governo de uma só coroa·, além de invalidar acordo de Tordesilhas, resultou na fundação dos jesuítas e com ela  a zona de influência espanhola, buscando uma saída para o litoral pelo nascente.   Acordo este não bem visto pelos habitantes da Colônia do Brasil.   Os paulistas não se conformavam com a situação e planejaram modificar no que diz respeito à terra brasileira.

              Antônio Raposa  Tavares, organiza uma Bandeira e parte em agosto de 1628 de São Paulo com destino as missões de Guairá.  Destruição que ficou concluída em 1632 desaparecendo a  missão jesuítas em terras banhadas pelo Paraná.  Segundo Virgilio Correa Filho, a missão jesuítica de Guaíra[24]  devia ter cerca de cem mil índios aldeados,  quinze mil foram mortes e sessenta mil conduzidos como prisioneiros e vendidos como escravos  em São Paulo e  Rio de Janeiro.      

            Os conflitos a partir de então continuam de parte a parte sem que fosse encontrada a melhor solução     para resolver as pendências.  Em vista desta situação o Capitão-General da Capitania de São Paulo, Dom Luiz de Souza, resolve fundar a Fortaleza de Iguatemi.  O destacamento que surgiu para o Forte recebeu a denominação de Colônia Militar de Iguatemi[25] mantendo-se ali até o ano de 1777, quando atacado a mando do Governador do Paraguai Agostinho Fernandes de Pinedo. Com a assinatura do Tratado de Santo Idelfonso em 1777, veio amenizar os choques armados na terra sul mato-grossense, na fronteira com o Paraguai, quando as partes interessadas revalidaram os limites pelo Igurey, já adotadas em 1750.      Decorridos os anos, sem que se estabelecessem novas posses na região, somente em tempos modernos, final do século XIX e XX inicia novo processo de ocupação.                                                                                                                                                                                                         
f) Coxim -  Os índios Caiapós foram os primeiros habitantes da região.  No século XVII[26]  a região foi visitada por preadores de índios vindo das regiões de São Paulo.  Com a descoberta de ouro na região cuiabana a partir de 1720, tornou-se caminho mais freqüente na ligação entre São Paulo e Cuiabá, utilizando as Bacias  Hidrográficas do Paraná e Paraguai, através dos rios Pardo e Coxim.

            Consta que em 1723[27] no varadouro aberto entre os rios Pardo e o ribeirão Camapuã, afluente do Coxim, os irmãos Lemes criaram um sítio  para abastecimento e proteção aos  navegantes expedicionários, os monçoeiros e que recebeu o nome de Fazenda Camapuã.  Iniciativa esta secundada pelos sertanistas Domingos Gomes Belliago, Antonio de Souza Bastos, Manoel Caetano e os Padres Antonio de Moraes e  José de Farias estabeleceram o Arraial[28] de Belliago, ou Coxim a margem direita do rio Taquari.


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1.7 A Proclamação da Independência do Brasil

            Em 7 de  setembro de 1822, o Príncipe  Regente do Brasil proclama a independência  política do Brasil de Portugal[29]. Com a Independência e a Proclamação da Constituição de 1824, o Brasil adotava novas nomenclaturas para a sua constituição político-administrativo, Império do Brasil; Províncias ao invés de Capitanias; Presidente ao invés de Capitão-General.

O primeiro Presidente da Província de Mato Grosso nomeado foi o Tenente Coronel José Saturnino da Costa Pereira, investido na função no dia 10 de setembro de 1825.


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1.8 Povoamento em Mato Grosso do Sul Século XIX[30]

            Trata-se de apenas alguns núcleos de povoamento surgidos no sul de Mato Grosso, caracterizando o período que abarca até a metade do Século XIX, ano de 1850, não se detendo em detalhes, cujo objetivo nesta pesquisa é aproximar as questões de povoamento para  chegar ao mapeamento cronológico que contribuiu para o nascimento do povoado que deu origem à cidade e município de Nioaque, nos campos do Distrito de Miranda.

            No povoamento deste século pode ser destacada a influência de cinco fatores:
a)      Estabelecimento de fazendas de criação de gado vacum e cavalar;
b)      As guarnições ou Colônias Militares;
c)      Exploração da Erva Mate nativa;
d)     Solo e água favorável ao desenvolvimento das atividades de agricultura;
e)      Solo, pastagem nativa, água, topografia favorável para o desenvolvimento de atividades de pecuária.



Os bandeirantes do século XIX são diferentes dos períodos anteriores, não vêm para caçar índios, ouro, prata, pedras preciosas.  São homens, mulheres, jovens e crianças, famílias inteiras que vêm construir sua nova morada.  Gente de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, do  norte da Província e até mesmo de outras nacionalidades.

Bandeirantes do Século XIX são os verdadeiros povoadores das terras sul mato-grossense.  Não se limitam  a ocupar e explorar, mas fazê-la produzir o alimento sagrado para sustentar seus familiares, abrindo caminhos para outros filhos aqui se estabelecerem. Tocando suas carretas, conduzindo seus animais de criação, transportando os poucos apetrechos domésticos e ferramentas de trabalhos os bandeirantes[31] do século XIX aos poucos estabeleceram posses por todo o interior, abrindo roças, estabelecendo criatórios de animais domesticados. 
    
 

Estes tropeiros bandeirantes e povoadores  dirigiam-se principalmente para os campos de vacaria[32],  pantanal, alto e baixo da serra de Maracaju, onde a topografia favorecia, com terrenos planos, campos sujos, poucas matas, pastagem exuberante, clima salutar, rede hidrográfica vasta.  As missões jesuíticas dos séculos XVI e  XVII, já havia descoberto a hombridade da região e o potencial para a criação de animais e cultura de produtos agrícolas.

Muito embora, o gado bovino valesse pouco, aproveitando-se mais para o comércio do couro, tração para as carretas, além da carne e leite para a alimentação, entretanto, o desenvolvimento da criação da pecuária bovina proporcionou a ocupação, posse e radicação  dos bandeirantes do século XIX em áreas onde se encontram os municípios de Nioaque,  Campo Grande, Paranaíba, Aquidauana, Miranda e toda a região do Planalto de Maracaju.   As fazendas[33] desde logo estiveram espalhadas por todos os espaços vazios, ocupando-se com a pecuária, constituindo em um dos principais elementos da economia.

As Colônias Militares, Guarnições ou mesmo redutos Militares contribuíram em vários aspectos para o povoamento das terras sul mato-grossenses, entre outros:  garantia de posse e segurança para os ocupantes das terras do interior, surgindo Nioaque, Colônia Militar dos Dourados[34],  Colônia Militar de Miranda[35], além das cidades já citadas, Corumbá, Miranda, Coxim, Coimbra.

As condições naturais, pastagem, topografia, solo, água, ainda em tempos moderno continuam sendo fatores estimuladores para o estabelecimento de fazendas com a criação de gado vacum.

Dentro de um contexto  cronológico, seguem algumas narrativas pontuando a ocupação e a presença marcante de famílias pioneiras no sentido do povoamento do território do Mato Grosso do Sul.

O início da ocupação começa praticamente através da região de Paranaíba, que abrange nos tempos modernos, áreas dos municípios de Paranaíba, Três Lagoas, Aparecida do Tabuado, Águas Claras entre outros.   O território era ocupado primitivamente pelos índios Caiapós, depois ocupado pelas bandeiras paulista e pelas monções que se dirigiam para Cuiabá ou de lá vinham para São Paulo ou Minas.  Por volta de 1829, surgem bandeiras, sertanistas oriundos de Minas Gerais e São Paulo, fixando-se na região da grande Santana do Paranaíba, famílias dos Garcias, Leal, Lopes, Barbosas, Souzas, Rosas, Fernandes.

De acordo com  as referências históricas[36]  por volta de 1830 teve início o povoamento onde hoje compreende o município de Paranaíba, com a vinda de várias famílias da então Província de Minas Gerais, dali emigrado por questões políticas.   José Garcia Leal, comandando a sua grei, tocando a sua frente seu gado e escravos, entregando a criação de animais e agricultura de subsistência.

Aglutinaram novas famílias vindo de Minas Gerais e São Paulo, facilitadas pela abertura  da estrada pioneira do Piquiri entre 1836 e 1838, partindo de Cuiabá, ali se bifurcava, um trecho seguindo para a cidade de Uberaba em Minas e a outra à Araraquara em São Paulo.

Surge neste período a família Lopes, filhos de Minas, mas radicados em São Paulo, na região de Franca, em uma fazenda denominada Morro Redondo do Pontal.  Dentre os irmãos Lopes, filhos de Antônio Francisco Lopes e Theotônia Joaquina de Souza teremos os irmãos Lopes Gabriel, Joaquim e José Francisco, que desempenharam um papel relevante na história da região sudoeste do nosso Estado de Mato Grosso do Sul.   Sob a influência de  José Garcia Leal,  José Francisco Lopes, veio aquém do Paranaíba explorar a região.

Saiba Mais:
Joaquim Francisco Lopes, o mais moço e dotado de algumas letras e de espírito sertanista ocuparão lugar de destaque nas explorações de itinerários e de terras, entre elas a serviço do Barão de Antonina, dando origem a Nioaque e também a  região de Água Clara e Maracaju,

Gabriel Francisco Lopes, na exploração do Planalto de Maracaju, descobre a região de Vacaria e acaba constituindo posse na Cabeceira do Apa.  Influenciará a  fundação de Bela Vista.

José Francisco Lopes,  o nosso Guia Lopes, se constituirá na Fazenda Jardim, às margens do Miranda, mais tarde contribuirá de maneira indireta para a fundação da cidade e município,  que recebe em homenagem o seu nome,  Guia Lopes da Laguna e Jardim.

            Influenciado pelos Lopes, surgem  à família Barbosa, também proveniente de Franca, que penetrando sertões à dentro, irão estabelecer posse, no planalto de Maracaju, alto e baixo da serra, destacando os irmãos Antônio e Inácio Gonçalves Barbosa e seus familiares.

Algumas fazendas vão surgindo, graças ao espírito aventureiro de alguns desbravadores, que deixando suas terras, vão ocupando às margens dos rios: Miranda, Aquidauana, Negro, Nioaque, Brilhante, Vacaria, Apa e tantos outros afluentes.

Por volta de 1839, Antônio Gonçalves Barbosa e seu genro Gabriel Francisco Lopes fundam a Fazenda Boa Vista, na região entre o rio Brilhante e Vacaria, transferindo  posse e residência.

Em torno de 1844, Gabriel instala-se na região da margem direita do Apa,  próximo a um rego d’água, com a posse denominada Monjolinho.

Por volta de 1847/48, com auxílio dos Barbosa e Joaquim Francisco Lopes, inicia a fundação do povoado de Nioaque.

Em torno de 1850, Antonio Gonçalves Barbosa, Já com muitos outros fazendeiros ao seu redor e com filhos crescidos, fez posse e instalou fazenda à  margem do Rio Miranda, com terra em ambos os lados[37], onde levantou benfeitorias, inclusive plantando laranjal.    Casado em segundas núpcias, dona  Senhorinha, filha de Antônio Gonçalves Barbosa, mudou-se com José Francisco Lopes, para a posse do Jardim, em 1858.    Hoje os municípios de Guia Lopes da Laguna e Jardim são  os herdeiros das terras da Antiga Fazenda.

Em 1860, tivemos a fundação da Colônia Militar de Miranda.

Em 1861,  ocorreu a instalação da Colônia Militar de Dourados, embora sua criação aconteceu em 1856.

No  pós-guerra,  1874, definido os limites entre o Brasil e o Paraguai, na região, oeste na região,  hoje Bela Vista, Ponta Porã, Porto Murtinho, Antônio João novas fazendas são instaladas.   Destaca a empresa Mate Laranjeira, que passa a explora a erva-mate na região de Ponta Porã.

Em 1880, um destacamento militar, chegou ao lugar, dando início à cidade de Ponta Porã.

Mais tarde, Tomás Laranjeira,  requereu terras no atual município de Bela Vista - Fazenda Margarida e anos depois, 1892, já tendo como sócio os irmãos Murtinhos, deu início a exportação da erva-mate, produzidas nas terras arrendadas do Estado, pelo Porto que recebeu o nome de Murtinho, no Rio Paraguai.    

As carretas, vindas de Ponta Porã, passando pela Fazenda Margarida (Bela Vista) e dali para Porto Murtinho, propiciaram a fundação da cidade de Bela Vista, que em 1908, tornou-se Município, desmembrado de Nioaque.

Com o progresso entre o eixo de Aquidauana - Nioaque - Bela Vista, tendo a estrada rodoviária como a principal via de acesso, transporte, comunicação, trânsito inicial de montaria a cavalo, carretas e dos primeiros veículos que aventuravam trafegar por estes sertões,  implicava em melhoria das estradas e das pontes sobre rios e córregos.    A análise deste fato será  decisivo para compreender as razões sobre a fundação do povoado de  Guia Lopes da Laguna e Jardim, uma vez que a região já se encontrava toda ocupada por fazendas.

Os efeitos da Guerra, tanto serviram para desalojar os povoadores desta região sudoeste, como para divulgar as suas riquezas e atrair novos colonizadores.

A exploração da erva mate trouxe consigo um dos ciclos econômicos muito significativo para a região  era uma atividade  de extrativismo vegetal, incluindo industrialização, que surge após a Guerra do Paraguai e atinge  o declínio na década de 1940.   Este ciclo ervateiro estimulou o comércio com as Repúblicas do Paraguai e Argentina, e entraram no cenário,  núcleos urbanos tais como: Porto Murtinho, Bela Vista, São Tomás, Nhú-Verá, Campanário, Ponta Porã, Amambaí, Caracol, Margarida, Cabeceira do Apa, Porto Feliz, Vista Alegre, Antônio João, Nioaque.

Com o término da Guerra em 1870, alguns núcleos populacionais vão se afirmando na região sul de Mato Grosso, tendo Cuiabá, a Capital, em seguida destacando  Corumbá, Miranda e Nioaque.

Em 1877, Nioaque é elevada a categoria de Freguesia (Distrito de Miranda) e em  18 de Julho 1890 é Emancipada como Município, desmembrado do Município de Miranda.

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1.9 A Proclamação da República Brasileira


Em 15 de Novembro de 1889, com a Proclamação da República dos Estados Unidos do Brasil[38] a Província de Mato Grosso passa a denominar-se de Estado, e o executivo  provincial de presidente  passa a chamar-se de Governador.   Assim, o primeiro presidente da República do Brasil, foi Marechal Deodoro da Fonseca e o primeiro Governador do Estado de Mato Grosso foi o General Antônio Maria Coelho.

A região, hoje compreendida pelo Município e cidade de Nioaque, pertenceu outrora aos espanhóis, principalmente a Província de Assunção - Paraguai.   Depois a Capitania de São Paulo; a partir de 1748 a Capitania de Mato Grosso; depois ao Município de Corumbá; em seguida pertenceu ao Município de Miranda e somente  em 1890 passou a constituir município próprio,  em 1942, foi incorporado a Território Federal de Ponta Porã, desmembrado de Mato Grosso; em 1946,  com a extinção do Território, retorna administrativamente ao Estado de Mato Grosso; e em 1977, constitui um dos 55 municípios formadores do novo Estado de Mato Grosso do Sul, desmembrado de Mato Grosso.

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1.10 A Criação do Território Federal de Ponta Porã


Segundo Elpídio Reis[39], “o Território Federal de Ponta Porã representava matéria da mais alta importância política para Mato Grosso e evidentemente para o Brasil.  É que  a extinção do Território fez reacender a chama no coração dos que desejavam a separação de Mato Grosso em dois Estados, o que acabou acontecendo”.

            Em 13 de setembro de 1943, então presidente do Brasil Getulio Vargas, houve por bem criar cinco territórios federais, sendo dois em território mato-grossense, o de Ponta Porá e o de Guaporé[40].  O Território de Ponta Porá passou a ser constituído pelos Municípios e distritos: Nioaque, Dourados, Miranda, Maracaju, Porto Murtinho, Bela Vista e Ponta Porã, a Capital.

            Como governador do Território Federal de Ponta Porã foi nomeado o  Coronel Ramiro Noronha.

            No ano de 1946, com a promulgação da nova Constituição do Brasil, esta trouxe no artigo oitavo das Disposições Transitórias a extinção do Território, voltando a sua área  a integrar o Estado de Mato Grosso.


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1.11  Criação do Estado de Mato Grosso do Sul


No início do século XX iniciou-se a construção da Ferrovia, inicialmente denominada Itapura-Corumbá, mais tarde Noroeste e hoje Novoeste, deu impulso às cidades de Miranda, Aquidauana, Corumbá, Campo Grande, surgem novas: Três Lagoas, Água Clara, Ribas do Rio Pardo, Porto Esperança, estendendo ramais por  Sidrolandia, Maracaju, Ponta Porã.  

Este empreendimento foi de vital importância para o desenvolvimento e integração do Leste ao Oeste até surgirem às rodovias e a  expansão dos veículos automotores.

Atualmente o desenvolvimento da fronteira agrícola trouxe a região sul mato-grossense o surgimento e o progresso de vários outros núcleos populacionais entre outros: Sonora, São Gabriel do Oeste, Chapadão do Sul, Fátima do Sul, Dourados, Maracaju, Mundo Novo, Angélica, Douradina, Juti, Vicentina.

A agricultura está sendo a mola propulsora do desenvolvimento, com solos de boa qualidade, clima relativamente favorável, proximidades dos centros comerciais e industriais, melhoria dos meios de transportes e comunicação e nos últimos anos a intensa corrente migratória proveniente dos diversos Estados Brasileiros.

A pecuária continua sendo à base de apoio econômico de todo o desenvolvimento do Estado, cooperado pela agricultura, industria, comércio, extrativismo mineral, turismo.

E finalmente através de todos os povos, filhos ou não da terra mato-grossense contribuíram para  a região adquirir maturidade política, administrativa e econômica para dirigir o próprio destino, idéias emancipacionistas em que Nioaque foi um destes berços dos movimentos que deram origem[41] a  criação do Estado de Mato Grosso do Sul.

Nada mais resta, senão  o Presidente da República do Brasil, General Ernesto Geisel, sancionar a Lei Complementar nº 31 de 11 de outubro de 1977, Dividindo o Estado de Mato Grosso e criando o Estado de Mato Grosso do Sul.

Escolhida como Capital a cidade de Campo Grande, com a qual os nioaquenses também se orgulham, pois no ano de 1899, a então Freguesia de Santo Antonio de Campo Grande foi elevada à categoria de Vila, constituindo município próprio, desmembrada do território do município de Nioaque.

O nome escolhido para Governador foi o do engenheiro Harry Amorim Costa.

A instalação oficial do governo teve lugar às dezessete horas do dia primeiro de janeiro de 1979, no teatro Glauce Rocha, na Capital.   Na ocasião esteve agregado por 55 municípios entre eles Nioaque, na ordem geral, o quarto mais antigo na sua emancipação.[42]


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1.12  Tronco das primeiras Famílias


Para conclusão deste Capítulo serão transcritos alguns parágrafos do Livro a Divisão de Mato Grosso[43], resposta ao General Rondon.   O  povoamento de Mato Grosso como é sabido, no Centro, na região do ouro, de que Cuiabá, foi à cabeça.  Gera-se a civilização mato-grossense desligada do tronco paulista e por aí fica circunscrita, sem nenhuma influência no Sul e no Norte.

São os filhos de outros Estados que exploram e povoam o Sul: Os Garcias saem de Minas; exploram os rios Paranaíba e Sucuriú;  fundam Santana no deserto, e, mais tarde, mandam emissários à longínqua Cuiabá, avisar ao Governo da fundação do povoado que se descobriu no vale do Sucuriú, diz um documento oficial.   Os Barbosas vêem de São Paulo, penetram por Santana e rumam pelo Planalto, para Vacaria; navegam o Paranapanema, o Paraná e o Ivinhema e invadem os celebres campos.   Nas suas pegadas chegam os Lopes, os Pereiras, os Souzas, os Marques, os Coelhos, os Azambujas, os Limas, Nogueiras, Nantes, Martins, etc.

Os Garcias povoam os vales do Aporé, do Sucuriú e Verde; os Limas -  Anhanduí e o Pardo; os Barbosas, Pereiras, Souzas, etc, os campos de Vacaria, Brilhante e Serra Baixo, até as vertentes do Miranda; os Azambujas fixam-se em Santa Maria e os Lopes penetram até o Apa que o Paraguai tem como seu.

Quando se dá à invasão Paraguaia, o sul está ponteado de posses, de moradores e cortado de caminhos.   Senhorinha Lopes é fazendeira no Jardim, donde os paraguaios a arrastam prisioneira.   Nioaque e Miranda são os únicos povoados no sul.

As famílias multiplicaram-se aos milhares e compram terras ao Estado, organizam pomares, levantam moradas, igrejas, hospitais, substituem os ranchos por habitações higiênicas, abrem caminhos, armam telefones e lançam pontes por toda parte.  Fundam escolas. Fazem a sua civilização.

Santana é fundada por mineiros; campo grande por mineiros. Ponta Porã, Bela Vista, Murtinho por filhos de outros Estados.  Aquidauana por mato-grossenses e gente de fora.  Ainda há pouco tempo, são sulistas e filhos de fora, que fazem três Lagoas, Entre Rios, Maracaju, Santa Rita, Rio Pardo, União, Vista Alegre...

A forte corrente imigratória rio-grandense, de 1890, espalha-se hoje em milhares de sulistas, ligadas a nossa gente pelo casamento, destacando-se no comércio, na agricultura, nas indústrias e nos cursos secundários.

Aí estão os filhos de outros Estados, transfigurados nas suas proles: José Garcia Leal, Inácio Barbosa, João Barbosa, Henrique Pires Martins, Antonio Nantes, Cunegundes Nogueira, Lopes, o Herói, Antonio Barbosa, Diogo de Souza, Bazilio Lima, Antonio Trindade, Isaac Marques, Jango de Castro...

E vivos[44]   Luiz Antonio Pereira, filho de um dos fundadores de Campo Grande, Porfiro de Brito, José Luiz e inúmeros Loureiros e Matos, etc com milhares de descendentes, donos de terras e de haveres.   E filhos do sul, quase centenários – Antonio  Barbosa, Barnabé Barbosa, Manoel  Cecílio, Fastino  Dias; e mais moço e influentes na vida, nos negócios do Sul: Domingos Barbosa Martins, Alfredo Justino, Mario Xavier, Laucidio Azambuja, João Vicente, Jango Trindade, Flavio Garcia, Antonio de Moraes e tantos nomes magníficos que honram o sul.  E quanto outros milhares, que desapareceram de 1840 para cá, Marcos Barbosa, Joaquim Barbosa, Diogo de Souza, Bento Pereira, Manoel Pereira, José Martins, Zeca Taveira, Henrique Pires Martins e uma centena mais com grande descendência sulista e os filhos de velhos estrangeiros – Geazone Rebuá, Manoel Moreira, Antonio R. Coelho, Vicente Anastácio.

Pelo sul nada fez o Centro.  A História nos diz que, da região cuiabana, poucos se aventuraram para o sul, sendo pequena a corrente que varou o pantanal para a região de Miranda:  as famílias Alves Corrêa, Rondon, Alves Ribeiro e  Vieira de Almeida.  Esta se fixa em Campo Grande.   Os Alves Corrêa marcam a sua influência até Aquidauana, pondo em destaques as  suas magníficas qualidades.  Os Rondon influem na vida aquidaunense.

Dos velhos troncos sertanejos rebentam os Mascarenhas, os Limas, os Fontouras, os Azambujas, os Moreiras, os Loureiros, os Rondons, os Coelhos.   São por milhares os Barbosas e numerosos os Pereiras, Nantes, Lopes e outros”.







[1] Potosi, etimologicamente o termo designa riquezas enormes, tesouros.  Trata-se da denominação de uma região andina rica em ouro e prata, provavelmente na atual Bolívia.
[2] Exploradores, pessoa ou grupo de pessoas que viajam para fazer  reconhecimentos, descoberta numa região, podendo ser um grupo de aventureiros  que lançam ao desafio pelo novo.  Historicamente neste período, os grupos de exploradores tinham objetivos:  reconhecimento da topografia do relevo, dos rios das áreas desconhecidas do interior da América do Sul, procura de metais preciosos ouro e prata, pedras preciosas,  e até o aprisionamento de índios nas aldeias missões dos jesuítas para trabalharem nas lavouras das Capitanias de São Paulo e Rio  de Janeiro.
[3] Povoamento, o termo está sendo empregado como ato de estabelecimento de moradia  e a exploração da região em busca de subsistência e por grupos humanos em regiões até então considerados sertões.
[4] Aleixo Garcia, citado por alguns autores de nacionalidade duvidosa, portuguesa ou espanhola. Enciclopédia dos Municípios Brasileiro, IBGE, volume XXXV, 1958, trata como portuguesa. Neste contexto, está inserido como referência histórica, e a serviço da coroa espanhola.
[5] Bacia Hidrográfica ou rede hidrográfica trata-se de um conjunto de rios de uma determinada região, constituída por um rio principal coletor de água de diversos outros rios da margem esquerda e direita.  Exemplo: Bacia Hidrográfica do rio Paraná; Bacia Hidrográfica do rio Paraguai, cujo rio principal é o rio Paraguai, o rio Nioaque e o Miranda, constituem afluentes do Paraguai.
[6] Serra de Maracaju, no Estado de Mato Grosso do Sul, principal divisor de águas entre as nascentes dos rios que   deságuam na Bacia Hidrográfica do Paraná e Paraguai.  O Município e cidade de Nioaque estão localizados na escarpa ocidental da serra de Maracaju, constituindo-se marco natural de limites com o Município de Maracaju, a Leste.
[7] Jesuítas,  membros da ordem religiosa da Igreja Católica, chamada Companhia de Jesus, fundada por Santo Inácio de Loyola.
[8] Chaco, o mesmo que Pantanal, na região paraguaia e boliviana.
[9]  Gado Vaccum, do latim, qualidade de gado que compreende vacas, touros, novilhos, bezerros.
[10] Entradas, nome dado às expedições organizadas normalmente pelo órgão oficial do governo, no período colonial, principalmente  entre os séculos XVI e XVII e que  partindo de diversos pontos  do litoral brasileiro, penetravam nos sertões em busca de riquezas minerais ou índios para escravizar.
[11] Bandeiras, nome dado às expedições organizadas normalmente por particulares, no período colonial, principalmente  entre os séculos XVI e XVII e que  partindo de diversos pontos  do litoral brasileiro, principalmente de São Paulo, penetravam nos sertões em busca de riquezas minerais,  diamante, ouro,  e pedras preciosas ou para apresamento de índios para escravizar.  Os índios eram destinados para trabalhar nas lavouras  nas regiões de São Paulo e Minas Gerais.
[12] Desenho retirado do Atlas Histórico Escolar, CNME – MEC, 1967. Manuel Maurício de Albuquerque, p. 19.
[13] Vila Bela, atual cidade de Mato Grosso, Sudoeste de Cuiabá.
[14] Monções, Expedições que estabeleciam a comunicação fluvial da Capitania de São Paulo à Capitania de Mato Grosso nos séculos XVIII e XIX.
[15] Fluvial, o termo designa rio. Navegação  através do leito dos rios.
[16] Capitania, designação das primeiras circunscrições administrativas e territoriais do Brasil no tempo da Colônia, normalmente governada por um Capitão-General; no período do  Império, denominavam-se Províncias e na República Estados. Exemplo: Capitania de Mato Grosso, Província de Mato Grosso, Estado de Mato Grosso.

[17] Aldeamento, termo  utilizado também pela denominação de Reduções, segundo algumas definições, na América Colonial espanhola e portuguesa, distrito em que se arrendavam terras aos indígenas ou povoação em que os jesuítas reuniam os indígenas e desenvolviam a catequização e produções  agropastoris, com agricultura de subsistência e criação de animais.
[18] Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, Volume XXXV, Camapuã, p.105.
[19] Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, IBGE, Vol. XXXV, 1958, p.139.
[20] Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, IBGE, Vol. XXXV, 1958, p.222.
[21] Mondego, nome indígena ao atual rio Miranda.
[22] Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, IBGE, Volume XXXV,  1958,  Amambai, p. 53.
[23] Adelantado, em espanhol, significa adiantamento, intrometido, atrevido. No sistema administrativo espanhol para a região da Bacia do rio da Prata e Paraguai, era um representante da coroa, uma espécie de um Governador.
[24] Em Espanhol, denominado de Província del Guairá.
[25] Localizou nas áreas do atual município de Iguatemi.
[26] Século XVII, entre os anos 1601 a 1700.
[27] Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, IBGE, Volume XXXV,  1958,  Coxim, p. 149.

[28] Arraial, povoação pequena, sem a categoria de vila ou cidade, pequena aldeia.
[29] O Brasil ainda sob a regência de D. João VI havia sido elevado a categoria de Vice-Reino Unido a Portugal e Algarves, isso quer dizer que não era mais considerada Colônia.
[30] Século XIX, entre os anos de 1801 a 1900.
[31] Algumas literaturas tratam estes bandeirantes do século XIX pela denominação de tropeiros, boiadeiros, sertanejos, sertanistas, povoadores, colonizadores.  Na abordagem desta pesquisa está sendo tratado pelo nome de bandeirantes do século XIX.
[32] Campos de Vacaria,  segundo Aires do Cassal, apud Hélio Serejo, Nioaque Um Pouco da Sua História, registrou em  sua Geografia Brasílica, Vacaria, por causa do gado vacum, que ali ficou disperso, quando as Bandeiras paulistas ali passando, destruíram as aldeias espanholas, entre elas a de Xerez.  Alguns apontamentos históricos, sem autor definido atribuem a Gabriel Francisco Lopes a origem da denominação de Vacaria, na ocasião descobriram nos campos da região compreendida entre os atuais rios Brilhante e Vacaria, cerca de 60 vacas e 1 touro, selvagens, mas remanescentes das antigas missões jesuíticas.                                                                                            
[33] No Capítulo IV, trata da transcrição de uma Escritura de Terra, acompanhado esta posse desde os tempos em que somente os índios a ocupavam.
[34] Localiza-se no atual município de Antonio João.
[35] Localiza-se no atual município de Guia Lopes da Laguna.
[36]  Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, IBGE, Volume XXXV, Paranaíba, p.239.
[37] Hoje, Jardim e Guia Lopes da Laguna.
[38] Hoje, Republica Federativa do Brasil, Artigo 1º da Constituição, 1988.
[39] Apud José Barbosa Rodrigues, História de Mato Grosso do Sul, 1985, p.153.
[40] Guaporé, atual Estado de Rondônia. Os demais territórios foram Amapá, Rio Branco e Iguaçu.
[41] Ver Capítulos XV, XVII, XVIII, XXI.
[42] Emancipação Política: Corumbá em  5 de julho de 1850; Miranda em 30 de maio de 1857;  Paranaíba 10 de julho de 1857;  Nioaque em 18 de julho de 1890; Coxim em 11 de abril de 1898; Campo Grande em 26 de agosto de 1899.
[43] Divisão de Mato Grosso, Resposta ao General Rondon, Maracaju,  março de 1934, p. 6 a 10.
[44] Este documento foi escrito e publicado no ano de 1934.



Um comentário:

  1. Pois é,os Ottoni de Alto Sucuriu (Fazenda Pedra Azul) e de Agua Clara - MS(Fazenda Nascente)contribuíram sobremaneira para a consolidação econômica (expansão da agropecuária; o enriquecimento da história do Leste sul mato-grossense;e no entanto não foram citados nesse texto.

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