CAPÍTULO I
A OCUPAÇÃO E
POVOAMENTO DE MATO GROSSO
DO SUL E NIOAQUE
Para chegarmos às esquecidas Memórias de Nioaque e reconstruí-las
através dos fatos, ordená-los cronologicamente, faz-se necessário, mesmo
singularmente, um estudo do contexto da História da exploração, ocupação e
colonização, a priori pelos espanhóis na parte meridional e ocidental do
continente Americano e a portuguesa no
Brasil, nos quais estamos inseridos pelos laços do passado, cujas conseqüências
são tangíveis no presente.
Literalmente, História é o estudo do
Passado, os escritos oficiais ou não, as tradições orais, restos de materiais
deixados pelos antepassados, onde procura compreender as razões melhores do
modo de organização da vida social, política, econômica, educacional, religiosa
do presente e deste modo realizar planejamento para o futuro. A História é à procura do entendimento dos
fatos, as suas conseqüências e a sua
ordenação numa estrutura concebida pela temporalidade, espacialidade e
das relações dos grupos constituidores
da sociedade.
Assim, mergulharemos através de
documentos escritos e outros suportes históricos, mapas, por exemplo, para
encontrarmos as raízes, por meio dos quais nasceu o Povoado de Nioaque. Jamais entenderemos a História de Nioaque e
de Mato Grosso do Sul, se tentarmos estudá-la como conseqüência dos fatos, isoladamente de contexto de época,
de região, de grupos de pessoas envolvidas nos fatos. Acontecimentos locais podem afetar desde um
pequeno grupo até grandes contextos
sociais.
No presente Capitulo, constitui
um esboço sobre os focos de exploração, colonização e povoamento, será
possível perceber a concretização sobre a ocupação definitiva dos atuais Estados
de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, chegando
a região compreendida pelo atual Município de Nioaque. Apresenta
um estudo sinóptico sobre os
exploradores e posteriormente a ocupação com a formação dos primeiros núcleos
populacionais.
A exploração e o povoamento da
América do Sul fizeram-se principalmente através de dois povos europeus:
espanhóis e portugueses. Os primeiros
registraram-se porção Ocidental, sentido Norte-Sul, enquanto os portugueses na
região litorânea atlântica, também na direção Norte-Sul do Continente Sul
Americano.
Regiões dos atuais Estados de Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul, o pioneirismo das explorações coube aos espanhóis.
Por que os espanhóis foram os
pioneiros?
O princípio da resposta está em uma
conjuntura externa, na Europa, precisamente na Espanha, na cidade de
Tordesilhas, onde em 7 de Julho de 1494, portugueses e espanhóis, assinaram um
acordo, por meio do qual, a Espanha entregava a Portugal todas as regiões que
viessem a descobrir ou já descobertas
numa distância de 370 léguas das Ilhas
de Cabo Verde, terra situada a Oeste – Poente à Coroa Espanhola e a Leste –
Nascente, ao Reino Português.
Entre outras razões que motivaram a
assinatura do Tratado de Tordesilhas, foram as descobertas das terras
americanas por Cristóvão Colombo, que a
serviço dos reis espanhóis, em 12 de outubro de 1492, muito embora, somente
depois de várias expedições de outros navegadores, confirmou-se tratar de uma
nova terra e não a Índia, como se
supunha inicialmente.
A descoberta do Brasil pelos
portugueses, em 22 de abril de 1500 por Pedro Álvares Cabral, comandante da
esquadra, oito anos após a descoberta da América, por muitos anos as teorias da
História Nacional, tratou como descoberta ocasional. Atualmente,
concebe-se a idéia da Descoberta do Brasil, como uma missão secreta do
Governo Português, chefiada a Cabral, de modo que os portugueses garantissem a posse da terra, a fim de evitar
que outros povos a ocupassem.
Deste modo, quando os portugueses
ocuparam a porção do Brasil, a partir de 1500, o Tratado de Tordesilhas já
vigorava. Observando o mapa, o Meridiano
não dava aos portugueses nenhum direito sobre as terras situadas entre os atuais Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul,
além de alguns Estados das regiões
Norte, Centro Oeste, Sul e Nordeste. Deste então, o pioneirismo nas
explorações das terras mato-grossenses
esteve nas mãos dos exploradores espanhóis.
As expedições espanholas que por
aqui passaram, pelo menos naquele princípio, eram atingir as minas de prata de
Potósi[1],
carecendo a preocupação com povoamento, com exceção de algumas reduções
jesuíticas, na catequese dos índios, de
duração efêmera.
Aproveitando-se das vias fluviais
foi o que facilitou em muito as incursões, pois serviam os rios para a
navegação, como orientação na direção a se buscar durante as viagens.
Historicamente podemos
reconstruir alguns nomes que as literaturas registram e que se faz jus
mencioná-los. No entanto, na questão
cronológica das datas, as informações pesquisadas são bastante divergentes de
autor para autor, e as citações que serão apresentadas possuem a finalidade de
servir como ponto de referência.
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1.1 Alguns
nomes de espanhóis
São chamados de exploradores[2]
a estes espanhóis, pois entre eles não havia objetivos específicos de povoamento[3], somente encontrar metais e pedras preciosas.
Os núcleos que surgiram, foram
conseqüentes das descobertas de metais ou pedras preciosas e a necessidade de
assegurar a posse e domínio sobre a região.
1.1.1
Aleixo Garcia[4] –
1524
Considerado por
muitos autores sendo o primeiro homem branco que pisou em solo
mato-grossense, após a descoberta do Brasil em 1500.
Formou uma expedição de numerosos
índios e partiu rumo a Potósi em busca
de metal precioso, saindo da região onde mais tarde se instalou a Capitania de
São Vicente.
Atravessando a Bacia Hidrográfica[5] do
Rio Paraná, transpôs a serra de Maracaju, descendo pelo rio Miranda até a foz
com o Paraguai, deixando de lado a serra de Albuquerque, atinge a região
boliviana, compreendida pela Província de Chiquitos. A Bandeira penetra pela região compreendida
pelos rios Guapey e Picolmayo e finalmente chega a Charco no Peru, onde
recolheu grande quantidade de ouro e prata.
Quando retornava, na região da
Bacia do Paraguai, foi trucidado pelos próprios índios.
1.1.2
Álvarez Nuñez Cabeza de Vacca – 1526
Navegando pela margem esquerda do rio Paraguai,
atinge o rio Nabileque, à foz do rio Miranda, onde recebe informações
pertinentes à penetração e as conquistas de Aleixo Garcia. Chegando na Lagoa Gayva, toma posse do local
em nome do Reino da Espanha.
1.1.3
Juan Ayolas – 1537
Em 1537, por ordem de Mendonza, o
Capitão Juan Ayalas, à frente de numerosos soldados, parte de Buena Esperanza,
remonta o Paraná e o Paraguai, com vista à descoberta de um caminho para o
Peru. Paraguai acima, chega a um ponto
quem dá o nome de Candelária, possivelmente atual Forte Olympio, na República
do Paraguai.
1.1.4
Nuflo Chaves – 1557
No ano de 1557, depois de
percorridos vários rios, entre eles o Jauru, chegaram à região que denominara
de Parabazana, posteriormente, Santa Cruz de La Sierra, Bolívia.
1.1.5
Juan Garay – 1567
No
ano de 1567, explorou a região compreendida pela serra de Maracaju[6].
1.1.6 Dom Ruy Diaz
de Melgarejo – 1580
Às margens do rio Miranda fundara um aldeamento indígena, denominado de
Santiago de Xerez por volta de 1580.
Atacados pela maleita, conhecida como doença dos pântanos e perseguido
pelos índios Guaicurus, os Jesuítas resolveram abandonar Miranda e fundaram às
margens do rio Aquidauana a Nova Santiago de Xerez, elevada a Bispado em 1643 e
destruída em 1648 por bandeirantes paulistas.
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1.2 Ação
dos espanhóis em Mato Grosso
O território do Estado de Mato
Grosso do Sul, que hoje constitui as terras formadoras dos municípios do
sudoeste, oeste e noroeste foi explorado
pela primeira vez em· 1524 quando Aleixo Garcia, Português de rija
têmpera e aventureiro audaz teve conhecimento por intermédio de companheiros do
piloto Juan Diaz de Solis, que a serviço da Espanha, descobrira anteriormente o
rio da Prata, encontrando ali a seguinte tradição entre os gentios: nas origens
do famoso Rio, existia uma serra daquele preciso metal, do qual os ditos
selvagens possuíam muitos adornos e utensílios.
Conta-nos Antônio Corrêa da Costa que foi daí que se originou a
denominação daquele majestoso rio da Prata e o qualificativo de Argentina para
a grande República erigida nas suas margens, como complemento e fator da
civilização Americana.
Fracassada a exploração do rio da
Prata, com a morte de Solis, remanescentes da sua comitiva aportaram em Santa
Catarina, daí entrando em contato com Aleixo Garcia, que desde logo acalentou o
sonho de procurar aquela riqueza, não trepidando, juntamente com seus
confidentes, em penetrar sertões à dentro buscando encontrar o tesouro da
Sierra de La Plata.
Diz Antônio Corrêa da Costa que,
em 1524, esse temerário aventureiro, com numerosos séqüitos de índios Guaranis,
partiu de Santa Catarina e marchando sempre para o Ocidente, atravessou os rios
Paraná e Paraguai e chegando as raias do Peru, realizou uma Odisséia sem Homero que lhe decantasse a proeza e o
heroísmo. Não se tem o conhecimento dos resultados da viagem de
Garcia. Entretanto, sabe-se que ele
percorreu grande parte do rio Paraguai, chegando até o Porto de São Fernando,
segundo os comentários de Álvarez Nuñez Cabeza de Vacca.
Coube a Juan de Ayolas comandar a
Segunda expedição ao rio Paraguai, sucedendo assim ao infeliz Aleixo Garcia, em
1537. Era Ayolas, Lugar Tenente do
Adelantado Pedro de Mendonza, que em 1534 embarcou no lugar de Barrameda com 2500
espanhóis e 150 alemães e flamengos para colonizar o rio da Prata e fundar
Buenos Aires.
Juan de Ayolas penetrou pelo rio
Paraguai e depois de muitas vicissitudes, fundou Villeta e conseguiu chegar a Assunção. Aí ficou por um período superior a seis
meses, providenciando os elementos essenciais para o prosseguimento da
exploração do Alto Paraguai.
Ao alcançar o
Porto de São Fernando, iniciou a penetração da margem direita do Paraguai,
deixando ali o Capitão Domingo Martinez de Irala com uma guarnição de 50 homens
guardando as embarcações e viajou em direção ao poente até o Peru.
De regresso com grande cópia de
ouro e prata não encontrou mais Irala que, findou o prazo estabelecido pelo
comandante da expedição, havia regressado
a Assunção. Ayola, com o pessoal
estropiado pela longa jornada, sentindo já a escassez de alimentos foi
socorrido pelos índios Paiaguás, habitantes daquela região. A atitude hospitaleira dos silvícolas não
era mais do que um ardil para captar a confiança dos espanhóis, que desconhecendo
aquelas intenções, foram impiedosamente massacrados quando dormiam
descuidadosamente. Da chacina, só
escapou um índio “Chané” por quem Mendonza soube da trágica ocorrência.
Depois da expedição de Juan
Ayolas, sucederam-se as de Álvaro Nunez
Cabeza de Vacca, entre 1542 e 1543 e Domingos Martinez Irala, em 1546.
A expedição de Cabeza de Vacca
atravessou todo o território ocupado pelos índios Guaicurus desde Assunção até
o Fecho dos Morros. Chegando em
Itabitam, onde dominavam os Paiaguás e os Guaxarapós, continuou até chegar à foz
do Miranda; prosseguindo na derrota, subindo sempre pelo rio Paraguai, cruzou
vasta zona alagadiça da Xaraés, compreendida entre aquele Rio e o Cuiabá, São
Lourenço, Taquari e o Miranda, cujas águas a inundam, transformando-a
periodicamente em largo mar mediterrâneo, - Mar dos Xaraés – e alcançou Lagoa Gayva, que
Irala havia denominada de Puerto de Los Reys, onde fez acampamento,
estabelecendo ali a sua base de operações.
Por motivos que não pode superar,
Cabeza de Vacca viu-se obrigado a regressar a Assunção, onde foi deposto do
Governo, preso e remetido de volta para a Espanha. Assume
o governo de Assunção Domingos
Martinez de Irala, experiente e conhecedor do Rio Paraguai que ali já estivera
acompanhado de Ayola e Cabeza de Vacca.
O novo Governador, cercado dos
mais famosos capitães da época: Gonzaga de Mendonza, Miguel de Ruttia, Nuflo
Chaves e outros iniciaram a terceira expedição através do rio Paraguai, sendo
obstado nos seus passos pelo então Vice-Rei do Peru, Pedro de La Casca, que mandou
intimá-lo a regressar a Assunção, abandonando o território daquele
Vice-Reinado, sob pena de morte. Tal
situação chegou ao conhecimento do Rei da Espanha, que ordenou a substituição
de Irala, sem que esse chegasse a concretizar os seus planos em relação ao rio
Paraguai.
A quinta e última
expedição, em 1557, também ordenada por Irala, esteve sob o comando de
Nuflo Chaves, a quem deu instruções de subir o rio Paraguai até a
nascente. O intrépido Chaves partiu de
Assunção em 1557, alcançou a foz do Jauru e de etapa em etapa através dos
sertões nunca dantes por outrem perlustrado transpôs o rio Guaporé entrou pelos
vastos planos de “Mojos” e caminhando sempre pelo Oeste, teve a surpresa de
topar com o aventureiro André Manso, com quem entrou em disputa pela primazia
do território conquistado. Não chegando
a qualquer resultado prático quanto ao desfecho da questão, submeteram-na ao julgamento do vice-rei do
Peru, que deu parecer favorável a Nuflo Chaves que, de regresso a Assunção, em
1560, fundou Santa Cruz de La Sierra.
Em 1566, Nuflo Chaves, voltava a
sua Província de Santa Cruz, tratando logo de organizar nova expedição para
desbravar o território existente em direção a noroeste. Entretanto, muitos anos depois, o grandioso
projeto de Nuflo era integralmente aproveitado pelo Capitão-General Luiz de
Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, Governador e Capitão-General das
Capitanias de Mato Grosso e Cuiabá.
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1.2.1
As Missões Jesuíticas Espanholas
Eram aldeamentos indígenas
dirigidas pelos Padres Jesuítas[7] e integrantes
da Província de Assunção e, ocuparam no Estado de Mato Grosso do Sul
somente algumas regiões.
Entre as Províncias Jesuíticas
que tiveram sua existência entre os séculos XVI e XVII, o domínio esteve sempre
sob os espanhóis vindos da Província do Paraguai. Destacam-se as Províncias de:
a)
Ciudad Real Del Guairá;
b) Itatin.
No Mato Grosso do Sul, algumas
regiões que outrora constituíram estes aldeamentos indígenas jesuíticas:
a) Camapuã;
b) Miranda e Aquidauana;
c) Amambai;
d) Iguatemi e Sete Quedas.
É evidente que estes aldeamentos
nada tem a ver com as cidades/municípios
mencionadas, pois na época não existiam.
Nestes
aldeamentos havia, na sua maioria, índios das tribos Tupis Guaranis, Guanás,
Terenas, por serem mais dóceis, com certa vivência a vida sedentária e ao
misticismo religioso entre as suas crenças e o catolicismo. O interesse dos bandeirantes paulistas em
aprisioná-los nos aldeamentos, está
relacionado ao fato de alguns índios estarem aculturados a práticas
principalmente em atividades agropecuárias.
O fim dos aldeamentos foi
motivado entre outras razões:
a) Oposição sofrida pelos jesuítas
no domínio espanhol;
b) Invasão
seguida dos bandeirantes, principalmente às bandeiras comandadas pelo por
Antônio Raposa Tavares.
Com o fim de Guairá (Paraná, São
Paulo, regiões sul e leste de Mato Grosso do Sul); depois Itatín (Paraguai,
oeste, sudoeste e sul de Mato Grosso do Sul), as missões desapareceram, sendo
que esta última acaba sendo invadida e dominada por grupos indígenas vindo do Chaco[8],
principalmente os Guaicurus, os mais resistentes ao processo de assimilação da cultura dos
homens brancos.
A origem do gado vaccum[9] e cavalar, existente em nossa região,
encontrado pelos povoadores do século XVIII e XIX, era herança deixada pelos
jesuítas, onde os Guaicurus, muito bem souberam aproveitar a montaria dos
cavalos.
Depois dos jesuítas, vamos
encontrar um período relativamente calmo.
No século XVIII, teremos o início da ocupação definitiva das terras sul
mato-grossenses com a criação de gado vaccum.
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1.3 União das Coroas Ibéricas
No ano de 1580, um fator externo a Colônia
Portuguesa, o Brasil, provoca mudanças nas explorações e ocupações na América
espanhola e portuguesa, inclusive na região compreendida pelo território
mato-grossense. Agora, os portugueses,
no Brasil, avançam significativamente
além dos limites demarcatórios do
Tratado de Tordesilhas, penetrando através das Bandeiras, pelo interior do
território da Colônia portuguesa.
Na batalha de Alcácer-Quibir,
contra os Mouros de Marrocos, Norte da África, morre o jovem Rei de Portugal,
Dom Sebastião. Não deixando sucessor
direto, para ocupar o trono, o seu tio-avô, Cardeal Dom Henrique, primeiro da
linhagem sucessória, passou a governar o Reino Português.
O problema sucessório estava
aberto, vários netos de Dom Manoel, cobiçavam o trono português dentre eles, o
mais forte, Felipe II, Rei da Espanha.
Dom Henrique morre dois anos depois sem deixar decidido o sucessor. Como Felipe II, ainda durante o tempo do
Cardeal, conseguiu vários pontos de apoio, foi o que facilitou a anexação do
território português ao espanhol. Deste
modo, Felipe II, passou a reinar sobre os dois povos e dois reinos, Espanha e
Portugal.
Portugal sob novo governo, as
suas colônias ultramarinas foram todas
incorporadas à coroa espanhola, conhecido pela denominação, União das Coroas
Ibéricas. Esse período luso-espanhol
foi bastante significativo para o Brasil.
Foram conservadas as autoridades portuguesas na colônia; deu-se à
penetração ao interior do território através das Entradas[10] e
Bandeiras[11],
principalmente desta última, estabeleceu-se o comércio do sul da colônia com a
região do Prata.
A Colônia do Brasil, anexada as demais colônias espanholas, a linha do
Meridiano de Tordesilhas, agora não tinha efeito, o que, aliás, nunca chegou a
ser respeitada de fato, pois foi assim que, bandeirantes partindo
principalmente da região de São Paulo, realizaram incursões pelo território
mato-grossense.
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1.4 Alguns
nomes de Bandeirantes
Historicamente[12],
a literatura registra alguns nomes de comandantes de Expedições de Portugueses,
entre outros:
1.4.1
Nicolau Barreto
Organizou uma bandeira, que em
1602, partindo do Planalto de
Piratininga, com incursões pelo interior do território mato-grossense,
destruindo possessões espanholas encontradas no caminho, chegando no mesmo ano
nas minas de prata de Potósi.
1.4.2
Antônio Raposa Tavares
Em 1648, Antônio Raposa Tavares, navegou pelo rio
Ivinhema e explorou as cabeceiras, os campos de Vacarias, o planalto e a serra,
a qual denominou de Maracaju. Lutou
contra os índios Guaicurus, grupos que habitavam aquela região com a criação de
gado, cavalos e porcos.
Chegou até as nascentes do rio Pardo, destruiu
uma Catequese Jesuítica denominada de
San José. Navegando através do Paraguai,
passou para o Guaporé, andou pela Cordilheira dos Andes, Peru e retornou
através do rio Solimões, Amazonas,
chegando anos depois a São Paulo, ponto de partida.
1.4.3
Ascenso
Ribeiro
Juntamente com os seus companheiros, em 1663, destroem a Nova Santiago de Xerez e outras Missões Jesuíticas, de San
José de Itati, Angeles, San Pedro y San Pablo.
Estes voltaram a reconstruir nas terras de Xerez e antigos Lianos de
Yaguari, entre os rios Pardo, Anhanduí e foz do Miranda, Nossa Senhora da Fé e
San Inacio e que mais tarde foram destruídas pelas Bandeiras de Raposa Tavares,
Antônio Domingos e André Fernandes.
1.4.4
Pascoal
Moreira Cabral e Antônio Pires de Campos
Pertencentes ao grupo de bandeirantes, após a Guerra
dos Emboabas, entre paulistas e portugueses na região, atual Estado de Minas
Gerais, guerra que os encheu do mais profundo e justificado desgosto, por se
verem privados de recolherem os frutos das suas fadigas e esforços, decidiram
dirigir as suas explorações de rios e sertões pelo noroeste e oeste da Colônia,
compreende atuais Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Em
1718, Pires de Campos, passando do rio Paraguai, para o São Lourenço e deste
para o Cuiabá, chegou até a barra do rio Coxipó-Mirim, onde travou luta contra
grupos indígenas coxiponenses.
No
retorno, encontrou-se no caminho com a expedição comandada pelo bandeirante
Pascoal Moreira Cabral. Juntos decidem e
seguem para a região do rio Coxipó. A
intenção inicial era explorar a região e prear índios, no entanto, navegando
pelas margens do rio Coxipó, perceberam que os índios usam colares ornados com
pepitas de ouro, metal tão precioso e cobiçado.
Explorando
a região, observaram que a margem do Rio apresentava uma superfície crivada de granitos de ouro. Cabral e seus companheiros, mesmo
desprovidos de instrumentos apropriados iniciaram imediatamente a exploração da
região.
A
notícia da descoberta do ouro rapidamente se espalhou pela Colônia e provocou uma corrida de novas expedições e
grupos de aventureiros. As viagens eram ora por via terrestre, ora por via fluvial,
através dos rios das Bacias Hidrográficas do Paraná e do Paraguai. Surgem as monções. Em 1719, nasceu o termo Cuyabá e começa a
desenvolver o Arraial, muito embora, Villa
Bella[13] passa a ser escolhida e torna-se a primeira
Capital da Capitania de Mato Grosso.
Esta
corrida do ouro, de modo geral, não determinou o povoamento das terras sul
mato-grossense, exceto algumas guarnições militares. Somente
Cuiabá, Vila Bela e algumas outras regiões do norte é que passam a receber apoio do
governo da Metrópole em função das minas descobertas, as quais representam
interesse econômico para a coroa portuguesa.
Entretanto,
de qualquer modo, é importante destacar
que através do desenvolvimento do ciclo
aurífero no norte e o declínio do mesmo,
algumas das razões que motivam a ocupação e o povoamento de alguns núcleos
isolados no atual território do Estado de Mato Grosso do Sul, sem que fossem
áreas mineradoras, destaques por serem pontos estratégicos, para garantir a
segurança dos monçoeiros[14],
impedir o avanço e invasão dos espanhóis oriundos do Paraguai e garantir a navegação fluvial[15].
Outro fator natural e econômico que
contribui para aglutinar populações nas terras sul mato-grossense neste período
foi à qualidade do solo, a topografia plana, pastagens naturais, água,
elementos naturais propícios para o desenvolvimento da pecuária com a criação
de bovinos, eqüinos e produções agrícolas.
Finalmente,
quando o Tratado de Tordesilhas não mais
vigorava, para toda esta região Oeste do Brasil, também o vestígio da
exploração espanhola não mais existia.
Esta
situação conduz os portugueses e os
espanhóis a discutirem novamente o assunto sobre a partilha do território da América Meridional. O brasileiro Alexandre de Gusmão, nascido em
Santos, foi o principal autor do novo tratado, o Tratado de Madrid, que se
baseou no princípio do Uti
Possidetis. Segundo este
princípio, o direito de posse da terra cabe ao seu primeiro ocupante efetivo.
Madrid,
13 de janeiro de 1750 é assinado o Tratado luso-espanhol, que revogava o
anterior. O Tratado de Madrid apresenta
a configuração territorial parecida com o atual mapa do Brasil, assegura a
posse das terras mato-grossenses à Colônia Portuguesa. Este acordo não teve efeito para a Colônia
de Sacramento e as Aldeias de Sete Povos das Missões no Uruguai e territórios
dos atuais Estados do Acre e Amapá.
Novos
acordos irão ainda surgir, sem haver, no entanto uma definição clara dos
limites entre o Brasil com a fronteira da República do Paraguai, o que se
efetivaria somente após a sangrenta Guerra da Tríplice Aliança e o
Paraguai. Tiveram-se assim os Tratados
do Pardo em 1761 e Santo Idelfonso em 1777.
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1.5 Criação da Capitania[16] de
Mato Grosso
No dia 9 de maio de 1748 por Carta Regia foi criada a Capitania de Mato Grosso,
desmembrando-a de Capitania de São Paulo.
O objetivo da Coroa Portuguesa ao criar Capitania de Mato Grosso era garantir a posse
da terra cujas riquezas minerais já eram
conhecidas e para facilitar a administração da região. A Carta Instrutiva trazida de Lisboa mostra
os interesses políticos e econômicos dos portugueses para esta região
ocidental:
a)
Sede do Distrito em Mato Grosso;
b) Escolha do Local a ser fundada a
Capital, perto do rio Guaporé, efetivando a pesca e a navegação do referido
Rio, impedindo que os espanhóis navegassem através dele;
c)
Proibir a mineração de diamante,
monopólio da Coroa;
d) Vila Bela foi escolhida para ser a
primeira Capital da Capitania de Mato Grosso.
A nomeação
do seu primeiro Governador e Capitão General recaiu em Dom Antônio Rolin de
Moura Tavares, o futuro conde de
Azambuja e 2º vice-rei do Brasil, toma
posse do cargo a 17 de janeiro de 1751, em Cuiabá.
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1.6 Povoamento no sul de Mato Grosso Século
XVIII – 1701 – 1800
A questão do povoamento que aqui se trata é um
esboço sucinto e restringe-se a representar o espaço territorial do atual
Estado de Mato Grosso do Sul. Não se
pode esquecer que historicamente até o ano de 1977, o Estado de Mato Grosso não
estava dividido era um território, uma administração e uma história geral,
assim todos os acontecimentos anteriores a esta data dizem respeito ao Mato
Grosso como um todo.
Está sendo abordados apenas os povoados ou ocupações
surgidas até a fundação de Santa Rita do Anhuac, Nioaque, não se detendo aos demais municípios
e cidades.
Os ocupantes primitivos foram os grupos indígenas:
Guaranis, Guaicurus, Terenas, Caiapós, Caiuás, Paiaguás, Cadiuvéus. Sendo seguido por exploradores espanhóis e
missionários jesuítas provenientes do Paraguai e região do Prata com a fundação
de Aldeamentos[17] com
tribos indígenas, onde se destacaram as Províncias de Itatin e Guairá. Em seguida houve as incursões de Bandeiras,
exploradores denominados de bandeirantes que
vieram em busca de índios para comercializa-los como escravos entre os
fazendeiros e cultivadores de cana-de-açúcar do Rio de Janeiro e São
Paulo. E finalmente com a corrida pelo ouro às minas mato-grossenses,
inicia-se a ocupação das terras do
Estado.
A corrida
pelo ouro às minas cuiabanas,
vencendo as distâncias, navegando ora através dos rios Paraná, Tietê;
Tibagi, Paranapanema, Paranaíba, Pardo, Brilhante, Ivinhema ou da Bacia Hidrográfica do Paraguai: Coxim,
Taquari, Miranda, Aquidauana, São Lourenço, Cuiabá, Paraguai, além dos
varadouros e a criação da Capitania de Mato Grosso, motivaram até o final do século XVIII
a constituição de dois fatores que influenciaram o povoamento das terras
sul mato-grossenses:
a)
A criação de destacamentos, presídios e
fortins militares, para garantir a ocupação da região e guarnecer as fronteiras
contra possíveis ataques dos espanhóis provenientes do Paraguai, além de
oferecer garantia à navegação fluvial através de alguns rios:
b)
Sitiante radicado em fazendas de criação
de gado, por onde se dava parada, pouso aos monçoeiros, exploradores,
aventureiros, tropeiros que se dirigiam para Cuiabá ou para o interior da
região.
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1.6.1
Alguns
redutos populacionais deste século XVIII
a)
Camapuã - Segundo apontamentos históricos[18],
em 1593, jesuítas espanhóis vindo do
Paraguai, navegando pelos afluentes do rio Paraná estabeleceram à margem do ribeirão Camapuã
estabeleceram uma redução indígena a
dezoito quilômetros do porto de desembarque do rio Pardo e a três quilômetros
da atual cidade de Camapuã, iniciativa que teve pouco mais de meio século de
duração destruída pelos bandeirantes
paulistas por volta de 1650, mais tarde, pouso das expedições que subiam
através do rio Coxim rumo as minas de Cuiabá.
Na
rota das viagens entre São Paulo à Cuiabá, cerca de 530 léguas via fluvial,
salvo no varadouro de Camapuã, onde os irmãos Lemes em 1723, entre os rios
Sanguessuga, afluente do Pardo e do Coxim, criaram um sítio de abastecimento e proteção aos navegantes. Com a diminuição da produção do ouro na
região cuiabana, a descoberta e melhoramento
de novas rotas fluviais, entre elas através dos rios Paraguai e Cuiabá e
cessada as penetrações das Bandeiras, acabou ficando em desuso e abandono.
Com
a finalidade de evitar que os espanhóis oriundos através do Paraguai se
apoderassem de pontos estratégicos na
Capitania de Mato Grosso e que viria a ser prejudicial ao comércio e
comunicação entre São Paulo e Cuiabá, impedindo o trânsito das monções foram
fundados redutos militares com destacamento policial, deste modo obteve-se:
b)
Forte de Coimbra – Nasce assim em 13 de setembro de 1775 a
fundação do Presídio Nova Coimbra, hoje Forte de Coimbra, pelo Capitão Matias
Ribeiro da Costa, a mando do Capitão-General Luiz Albuquerque de Mello Pereira
e Cáceres, então governador da Capitania de Mato Grosso, situada à margem
direita do rio Paraguai, lugar conhecido como estreito de São Francisco Xavier.
c)
Albuquerque/Corumbá - A fundação de Albuquerque e Corumbá se deve
também à visão política do governador e estrategista, Capitão-General Pereira e
Cáceres e a posse das terras mato-grossenses e sul mato-grossense na porção
Oeste para o Brasil.
De acordo com registros históricos[19],
Pereira e Cáceres não satisfeitos com o engano do seu auxiliar, que deveria ter
estabelecido à fundação do Forte de
Coimbra, quarenta léguas mais abaixo, no lugar denominado Fecho dos Morros,
mandou o Sargento-Mor Marcelino Ruyz Camponês a explorar o rio Paraguai e seus
afluentes. Dos relatórios, determinou a fundação de dois novos postos militares: Vila Maria,
atual cidade de Cáceres, no Mato Grosso e Albuquerque.
Em 21 de setembro de 1778, ocupou-se o lugar inicial
para a fundação do Arraial que recebeu a denominação de Nossa Senhora da
Conceição de Albuquerque, situado às margens do rio, foz do rio Miranda com o
Paraguai. Durante longo período o
Arraial de Albuquerque foi mantido como simples posto militar, e em 1800,
sofreu um incêndio, onde foi quase totalmente destruída. Através da Lei Provincial de 26 de agosto de
1835, o povoado foi elevado à categoria de Freguesia. E através da lei n 4 de 19 de abril de 1838, a
Freguesia foi transformada em Distrito.
Em 1859, o presidente da Província de Mato Grosso, transfere a sede do Distrito de Albuquerque
para o local onde se encontra a cidade de Corumbá.
Há de se notar que entre os anos de 1776/78, ouve
uma tentativa de radicalização de moradores na região onde hoje compreende as
cidades de Corumbá/Ladário. O Capitão
João Leme do Prado, sua família e alguns colonos, primeiros estabelecidos no local
da povoação de Corumbá. Sítios que
tiveram durações efêmeras.
d)
Presídio de Miranda - O
breve histórico apresenta os dados seguintes sobre o local onde se encontra a
atual cidade de Miranda[20]. A ocupação do local deve-se à conquista do
Capitão João Leme do Prado, dois anos após ter descoberta as ruínas da antiga
redução indígenas jesuítica, Santiago de Xerez, fundada em 1580 pelo espanhol
Ruy Diaz de Melgarejo, destruída pelas Bandeiras Paulistas e pela resistência
dos índios Guaicurus. Assim, em 16 de julho de 1778, Leme do Prado lança os alicerces do Presídio,
com a denominação de Nossa Senhora do Carmo do rio Mondego[21],
por determinação do Capitão-General das Capitanias de Mato Grosso e Cuiabá,
Caetano Pinto de Miranda Montenegro. Em
30 de maio de 1857 o povoado de Miranda
é elevado a categoria de Vila com a denominação de Miranda.
Nioaque surge então como parte integrante do
território do município de Miranda, nesta época, 1857, era somente pequeno
povoado.
e)
Amambai – Colônia Militar de Iguatemi - Embora a fundação da cidade seja recente, no
entanto, quanto ao aspecto do seu povoamento remontam os séculos conforme
narrativas históricas[22] o início da exploração da região foi por
Aleixo Garcia, oriundo da região do atual Estado de Santa Catarina, com uma
comitiva de índios Guaranis no início do século XVI.
Por volta de 1580, estabeleceram na região as
missões jesuíticas, as quais segundo consta, ali aportou por ordem de Domingo
Martins Irala, o Adelantado[23]
de Espanha em Assunção. O novo tratado
firmado entre Portugal e Espanha, naquele ano, já sob o governo de uma só coroa·, além de invalidar acordo de Tordesilhas,
resultou na fundação dos jesuítas e com ela
a zona de influência espanhola, buscando uma saída para o litoral pelo
nascente. Acordo este não bem visto
pelos habitantes da Colônia do Brasil.
Os paulistas não se conformavam com a situação e planejaram modificar no
que diz respeito à terra brasileira.
Antônio Raposa Tavares, organiza uma Bandeira e parte em
agosto de 1628 de São Paulo com destino as missões de Guairá. Destruição que ficou concluída em 1632
desaparecendo a missão jesuítas em
terras banhadas pelo Paraná. Segundo
Virgilio Correa Filho, a missão jesuítica de Guaíra[24] devia ter cerca de cem mil índios
aldeados, quinze mil foram mortes e
sessenta mil conduzidos como prisioneiros e vendidos como escravos em São Paulo e Rio de Janeiro.
Os
conflitos a partir de então continuam de parte a parte sem que fosse encontrada
a melhor solução para resolver as
pendências. Em vista desta situação o
Capitão-General da Capitania de São Paulo, Dom Luiz de Souza, resolve fundar a
Fortaleza de Iguatemi. O destacamento
que surgiu para o Forte recebeu a denominação de Colônia Militar de Iguatemi[25]
mantendo-se ali até o ano de 1777, quando atacado a mando do Governador do
Paraguai Agostinho Fernandes de Pinedo. Com a assinatura do Tratado de Santo
Idelfonso em 1777, veio amenizar os choques armados na terra sul
mato-grossense, na fronteira com o Paraguai, quando as partes interessadas
revalidaram os limites pelo Igurey, já adotadas em 1750. Decorridos os anos, sem que se
estabelecessem novas posses na região, somente em tempos modernos, final do
século XIX e XX inicia novo processo de ocupação.
f)
Coxim - Os índios Caiapós foram os primeiros
habitantes da região. No século XVII[26] a região foi visitada por preadores de índios
vindo das regiões de São Paulo. Com a
descoberta de ouro na região cuiabana a partir de 1720, tornou-se caminho mais
freqüente na ligação entre São Paulo e Cuiabá, utilizando as Bacias Hidrográficas do Paraná e Paraguai, através
dos rios Pardo e Coxim.
Consta
que em 1723[27] no
varadouro aberto entre os rios Pardo e o ribeirão Camapuã, afluente do Coxim,
os irmãos Lemes criaram um sítio para
abastecimento e proteção aos navegantes
expedicionários, os monçoeiros e que recebeu o nome de Fazenda Camapuã. Iniciativa esta secundada pelos sertanistas
Domingos Gomes Belliago, Antonio de Souza Bastos, Manoel Caetano e os Padres
Antonio de Moraes e José de Farias
estabeleceram o Arraial[28]
de Belliago, ou Coxim a margem direita do rio Taquari.
<><><><><><><>
1.7
A Proclamação da Independência do Brasil
Em
7 de setembro de 1822, o Príncipe Regente do Brasil proclama a
independência política do Brasil de
Portugal[29]. Com a
Independência e a Proclamação da Constituição de 1824, o Brasil adotava novas
nomenclaturas para a sua constituição político-administrativo, Império do
Brasil; Províncias ao invés de Capitanias; Presidente ao invés de
Capitão-General.
O primeiro Presidente da Província de Mato Grosso
nomeado foi o Tenente Coronel José Saturnino da Costa Pereira, investido na
função no dia 10 de setembro de 1825.
<><><><><><><>
1.8
Povoamento em Mato Grosso do Sul Século XIX[30]
Trata-se de apenas alguns núcleos
de povoamento surgidos no sul de Mato Grosso, caracterizando o período que
abarca até a metade do Século XIX, ano de 1850, não se detendo em detalhes,
cujo objetivo nesta pesquisa é aproximar as questões de povoamento para chegar ao mapeamento cronológico que
contribuiu para o nascimento do povoado que deu origem à cidade e município de
Nioaque, nos campos do Distrito de Miranda.
No
povoamento deste século pode ser destacada a influência de cinco fatores:
a)
Estabelecimento de fazendas de
criação de gado vacum e cavalar;
b)
As guarnições ou Colônias Militares;
c)
Exploração da Erva Mate nativa;
d)
Solo e água favorável ao desenvolvimento
das atividades de agricultura;
e)
Solo, pastagem nativa, água, topografia
favorável para o desenvolvimento de atividades de pecuária.
Os
bandeirantes do século XIX são diferentes dos períodos anteriores, não vêm para
caçar índios, ouro, prata, pedras preciosas.
São homens, mulheres, jovens e crianças, famílias inteiras que vêm
construir sua nova morada. Gente de São
Paulo, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, do norte da Província e até mesmo de outras
nacionalidades.
Bandeirantes do Século XIX são os
verdadeiros povoadores das terras sul mato-grossense. Não se limitam a ocupar e explorar, mas fazê-la produzir o
alimento sagrado para sustentar seus familiares, abrindo caminhos para outros
filhos aqui se estabelecerem. Tocando suas carretas, conduzindo seus animais de
criação, transportando os poucos apetrechos domésticos e ferramentas de trabalhos
os bandeirantes[31] do
século XIX aos poucos estabeleceram posses por todo o interior, abrindo roças,
estabelecendo criatórios de animais domesticados.
Estes tropeiros bandeirantes e
povoadores dirigiam-se principalmente
para os campos de vacaria[32], pantanal, alto e baixo da serra de Maracaju,
onde a topografia favorecia, com terrenos planos, campos sujos, poucas matas,
pastagem exuberante, clima salutar, rede hidrográfica vasta. As missões jesuíticas dos séculos XVI e XVII, já havia descoberto a hombridade da
região e o potencial para a criação de animais e cultura de produtos agrícolas.
Muito embora, o gado bovino
valesse pouco, aproveitando-se mais para o comércio do couro, tração para as
carretas, além da carne e leite para a alimentação, entretanto, o
desenvolvimento da criação da pecuária bovina proporcionou a ocupação, posse e
radicação dos bandeirantes do século XIX
em áreas onde se encontram os municípios de Nioaque, Campo Grande, Paranaíba, Aquidauana, Miranda
e toda a região do Planalto de Maracaju.
As fazendas[33]
desde logo estiveram espalhadas por todos os espaços vazios, ocupando-se com a
pecuária, constituindo em um dos principais elementos da economia.
As Colônias Militares, Guarnições
ou mesmo redutos Militares contribuíram em vários aspectos para o povoamento
das terras sul mato-grossenses, entre outros:
garantia de posse e segurança para os ocupantes das terras do interior,
surgindo Nioaque, Colônia Militar dos Dourados[34], Colônia Militar de Miranda[35],
além das cidades já citadas, Corumbá, Miranda, Coxim, Coimbra.
As condições naturais, pastagem,
topografia, solo, água, ainda em tempos moderno continuam sendo fatores
estimuladores para o estabelecimento de fazendas com a criação de gado vacum.
Dentro de um contexto cronológico, seguem algumas narrativas
pontuando a ocupação e a presença marcante de famílias pioneiras no sentido do
povoamento do território do Mato Grosso do Sul.
O início da ocupação começa
praticamente através da região de Paranaíba, que abrange nos tempos modernos,
áreas dos municípios de Paranaíba, Três Lagoas, Aparecida do Tabuado, Águas
Claras entre outros. O território era
ocupado primitivamente pelos índios Caiapós, depois ocupado pelas bandeiras
paulista e pelas monções que se dirigiam para Cuiabá ou de lá vinham para São
Paulo ou Minas. Por volta de 1829,
surgem bandeiras, sertanistas oriundos de Minas Gerais e São Paulo, fixando-se
na região da grande Santana do Paranaíba, famílias dos Garcias, Leal, Lopes,
Barbosas, Souzas, Rosas, Fernandes.
De acordo com as referências históricas[36] por volta de 1830 teve início o povoamento
onde hoje compreende o município de Paranaíba, com a vinda de várias famílias
da então Província de Minas Gerais, dali emigrado por questões políticas. José Garcia Leal, comandando a sua grei,
tocando a sua frente seu gado e escravos, entregando a criação de animais e
agricultura de subsistência.
Aglutinaram novas famílias vindo
de Minas Gerais e São Paulo, facilitadas pela abertura da estrada pioneira do Piquiri entre 1836 e
1838, partindo de Cuiabá, ali se bifurcava, um trecho seguindo para a cidade de
Uberaba em Minas e a outra à Araraquara em São Paulo.
Surge neste período a família
Lopes, filhos de Minas, mas radicados em São Paulo, na região de Franca, em uma
fazenda denominada Morro Redondo do Pontal.
Dentre os irmãos Lopes, filhos de
Antônio Francisco Lopes e Theotônia Joaquina de Souza teremos os irmãos Lopes Gabriel, Joaquim e José Francisco, que
desempenharam um papel relevante na história da região sudoeste do nosso Estado
de Mato Grosso do Sul. Sob a influência
de José Garcia Leal, José Francisco Lopes, veio aquém do Paranaíba
explorar a região.
Saiba Mais:
Joaquim
Francisco Lopes,
o mais moço e dotado de algumas letras e de espírito sertanista ocuparão lugar
de destaque nas explorações de itinerários e de terras, entre elas a serviço do
Barão de Antonina, dando origem a Nioaque e também a região de Água Clara e Maracaju,
Gabriel
Francisco Lopes,
na exploração do Planalto de Maracaju, descobre a região de Vacaria e acaba
constituindo posse na Cabeceira do Apa.
Influenciará a fundação de Bela
Vista.
José
Francisco Lopes, o nosso Guia Lopes, se constituirá na Fazenda
Jardim, às margens do Miranda, mais tarde contribuirá de maneira indireta para
a fundação da cidade e município, que
recebe em homenagem o seu nome, Guia Lopes da Laguna e Jardim.
Influenciado
pelos Lopes, surgem à família Barbosa,
também proveniente de Franca, que penetrando sertões à dentro, irão estabelecer
posse, no planalto de Maracaju, alto e baixo da serra, destacando os irmãos
Antônio e Inácio Gonçalves Barbosa e seus familiares.
Algumas fazendas vão surgindo,
graças ao espírito aventureiro de alguns desbravadores, que deixando suas
terras, vão ocupando às margens dos rios: Miranda, Aquidauana, Negro, Nioaque,
Brilhante, Vacaria, Apa e tantos outros afluentes.
Por volta de 1839, Antônio
Gonçalves Barbosa e seu genro Gabriel Francisco Lopes fundam a Fazenda Boa
Vista, na região entre o rio Brilhante e Vacaria, transferindo posse e residência.
Em torno de 1844, Gabriel
instala-se na região da margem direita do Apa,
próximo a um rego d’água, com a posse denominada Monjolinho.
Por volta de 1847/48, com auxílio
dos Barbosa e Joaquim Francisco Lopes, inicia a fundação do povoado de Nioaque.
Em torno de 1850, Antonio
Gonçalves Barbosa, Já com muitos outros fazendeiros ao seu redor e com filhos
crescidos, fez posse e instalou fazenda à
margem do Rio Miranda, com terra em ambos os lados[37],
onde levantou benfeitorias, inclusive plantando laranjal. Casado em segundas núpcias, dona Senhorinha, filha de Antônio Gonçalves
Barbosa, mudou-se com José Francisco Lopes, para a posse do Jardim, em
1858. Hoje os municípios de Guia Lopes
da Laguna e Jardim são os herdeiros das
terras da Antiga Fazenda.
Em 1860, tivemos a fundação da
Colônia Militar de Miranda.
Em 1861, ocorreu a instalação da Colônia Militar de
Dourados, embora sua criação aconteceu em 1856.
No pós-guerra,
1874, definido os limites entre o Brasil e o Paraguai, na região, oeste
na região, hoje Bela Vista, Ponta Porã,
Porto Murtinho, Antônio João novas fazendas são instaladas. Destaca a empresa Mate Laranjeira, que passa
a explora a erva-mate na região de Ponta Porã.
Em 1880, um destacamento militar,
chegou ao lugar, dando início à cidade de Ponta Porã.
Mais tarde, Tomás
Laranjeira, requereu terras no atual
município de Bela Vista - Fazenda Margarida e anos depois, 1892, já tendo como
sócio os irmãos Murtinhos, deu início a exportação da erva-mate, produzidas nas
terras arrendadas do Estado, pelo Porto que recebeu o nome de Murtinho, no Rio
Paraguai.
As carretas, vindas de Ponta
Porã, passando pela Fazenda Margarida (Bela Vista) e dali para Porto Murtinho,
propiciaram a fundação da cidade de Bela Vista, que em 1908, tornou-se Município,
desmembrado de Nioaque.
Com o progresso entre o eixo de
Aquidauana - Nioaque - Bela Vista, tendo a estrada rodoviária como a principal
via de acesso, transporte, comunicação, trânsito inicial de montaria a cavalo,
carretas e dos primeiros veículos que aventuravam trafegar por estes
sertões, implicava em melhoria das
estradas e das pontes sobre rios e córregos.
A análise deste fato será
decisivo para compreender as razões sobre a fundação do povoado de Guia Lopes da Laguna e Jardim, uma vez que a
região já se encontrava toda ocupada por fazendas.
Os efeitos da Guerra, tanto
serviram para desalojar os povoadores desta região sudoeste, como para divulgar
as suas riquezas e atrair novos colonizadores.
A exploração da erva mate trouxe
consigo um dos ciclos econômicos muito significativo para a região era uma atividade de extrativismo vegetal, incluindo
industrialização, que surge após a Guerra do Paraguai e atinge o declínio na década de 1940. Este ciclo ervateiro estimulou o comércio
com as Repúblicas do Paraguai e Argentina, e entraram no cenário, núcleos urbanos tais como: Porto Murtinho,
Bela Vista, São Tomás, Nhú-Verá, Campanário, Ponta Porã, Amambaí, Caracol,
Margarida, Cabeceira do Apa, Porto Feliz, Vista Alegre, Antônio João, Nioaque.
Com o término da Guerra em 1870,
alguns núcleos populacionais vão se afirmando na região sul de Mato Grosso,
tendo Cuiabá, a Capital, em seguida destacando
Corumbá, Miranda e Nioaque.
Em 1877, Nioaque é elevada a
categoria de Freguesia (Distrito de Miranda) e em 18 de Julho 1890 é Emancipada como Município,
desmembrado do Município de Miranda.
<><><><><><><>
1.9
A Proclamação da República Brasileira
Em 15 de Novembro de 1889, com a Proclamação da República dos Estados Unidos do Brasil[38] a
Província de Mato Grosso passa a denominar-se de Estado, e o executivo provincial de presidente passa a chamar-se de Governador. Assim, o primeiro presidente da República do
Brasil, foi Marechal Deodoro da Fonseca e o primeiro Governador do Estado de
Mato Grosso foi o General Antônio Maria Coelho.
A região, hoje compreendida pelo
Município e cidade de Nioaque, pertenceu outrora aos espanhóis, principalmente
a Província de Assunção - Paraguai.
Depois a Capitania de São Paulo; a partir de 1748 a Capitania de Mato
Grosso; depois ao Município de Corumbá; em seguida pertenceu ao Município de
Miranda e somente em 1890 passou a
constituir município próprio, em 1942,
foi incorporado a Território Federal de Ponta Porã, desmembrado de Mato Grosso;
em 1946, com a extinção do Território,
retorna administrativamente ao Estado de Mato Grosso; e em 1977, constitui um
dos 55 municípios formadores do novo Estado de Mato Grosso do Sul, desmembrado
de Mato Grosso.
<><><><><><><>
1.10
A Criação do Território Federal de Ponta Porã
Segundo
Elpídio Reis[39], “o
Território Federal de Ponta Porã representava matéria da mais alta importância
política para Mato Grosso e evidentemente para o Brasil. É que
a extinção do Território fez reacender a chama no coração dos que
desejavam a separação de Mato Grosso em dois Estados, o que acabou
acontecendo”.
Em 13 de setembro de 1943, então
presidente do Brasil Getulio Vargas, houve por bem criar cinco territórios
federais, sendo dois em território mato-grossense, o de Ponta Porá e o de
Guaporé[40]. O Território de Ponta Porá passou a ser
constituído pelos Municípios e distritos: Nioaque, Dourados, Miranda, Maracaju,
Porto Murtinho, Bela Vista e Ponta Porã, a Capital.
Como governador do Território
Federal de Ponta Porã foi nomeado o
Coronel Ramiro Noronha.
No ano de 1946, com a promulgação da
nova Constituição do Brasil, esta trouxe no artigo oitavo das Disposições
Transitórias a extinção do Território, voltando a sua área a integrar o Estado de Mato Grosso.
<><><><><><><>
1.11 Criação
do Estado de Mato Grosso do Sul
No início do século XX iniciou-se
a construção da Ferrovia, inicialmente denominada Itapura-Corumbá, mais tarde
Noroeste e hoje Novoeste, deu impulso às cidades
de Miranda, Aquidauana, Corumbá, Campo Grande, surgem novas: Três Lagoas, Água
Clara, Ribas do Rio Pardo, Porto Esperança, estendendo ramais por Sidrolandia, Maracaju, Ponta Porã.
Este empreendimento foi de vital
importância para o desenvolvimento e integração do Leste ao Oeste até surgirem
às rodovias e a expansão dos veículos
automotores.
Atualmente o desenvolvimento da
fronteira agrícola trouxe a região sul mato-grossense o surgimento e o
progresso de vários outros núcleos populacionais entre outros: Sonora, São
Gabriel do Oeste, Chapadão do Sul, Fátima do Sul, Dourados, Maracaju, Mundo
Novo, Angélica, Douradina, Juti, Vicentina.
A agricultura está sendo a mola
propulsora do desenvolvimento, com solos de boa qualidade, clima relativamente
favorável, proximidades dos centros comerciais e industriais, melhoria dos
meios de transportes e comunicação e nos últimos anos a intensa corrente
migratória proveniente dos diversos Estados Brasileiros.
A pecuária continua sendo à base
de apoio econômico de todo o desenvolvimento do Estado, cooperado pela
agricultura, industria, comércio, extrativismo mineral, turismo.
E finalmente através de todos os
povos, filhos ou não da terra mato-grossense contribuíram para a região adquirir maturidade política,
administrativa e econômica para dirigir o próprio destino, idéias
emancipacionistas em que Nioaque foi um destes berços dos movimentos que deram
origem[41]
a criação do Estado de Mato Grosso do
Sul.
Nada mais resta, senão o Presidente da República do Brasil, General
Ernesto Geisel, sancionar a Lei Complementar nº 31 de 11 de outubro de 1977,
Dividindo o Estado de Mato Grosso e criando o Estado de Mato Grosso do Sul.
Escolhida como Capital a cidade
de Campo Grande, com a qual os nioaquenses também se orgulham, pois no ano de
1899, a então Freguesia de Santo Antonio de Campo Grande foi elevada à
categoria de Vila, constituindo município próprio, desmembrada do território do
município de Nioaque.
O nome escolhido para Governador
foi o do engenheiro Harry Amorim Costa.
A instalação oficial do governo
teve lugar às dezessete horas do dia primeiro de janeiro de 1979, no teatro Glauce
Rocha, na Capital. Na ocasião esteve
agregado por 55 municípios entre eles Nioaque, na ordem geral, o quarto mais
antigo na sua emancipação.[42]
<><><><><><><>
1.12 Tronco
das primeiras Famílias
Para conclusão deste Capítulo
serão transcritos alguns parágrafos do Livro a Divisão de Mato Grosso[43],
resposta ao General Rondon. O povoamento de Mato Grosso como é sabido, no
Centro, na região do ouro, de que Cuiabá, foi à cabeça. Gera-se a civilização mato-grossense
desligada do tronco paulista e por aí fica circunscrita, sem nenhuma influência
no Sul e no Norte.
São os filhos de outros Estados
que exploram e povoam o Sul: Os Garcias saem de Minas; exploram os rios
Paranaíba e Sucuriú; fundam Santana no
deserto, e, mais tarde, mandam emissários à longínqua Cuiabá, avisar ao Governo
da fundação do povoado que se descobriu no vale do Sucuriú, diz um documento
oficial. Os Barbosas vêem de São Paulo,
penetram por Santana e rumam pelo Planalto, para Vacaria; navegam o
Paranapanema, o Paraná e o Ivinhema e invadem os celebres campos. Nas suas pegadas chegam os Lopes, os
Pereiras, os Souzas, os Marques, os Coelhos, os Azambujas, os Limas, Nogueiras,
Nantes, Martins, etc.
Os Garcias povoam os vales do
Aporé, do Sucuriú e Verde; os Limas -
Anhanduí e o Pardo; os Barbosas, Pereiras, Souzas, etc, os campos de
Vacaria, Brilhante e Serra Baixo, até as vertentes do Miranda; os Azambujas
fixam-se em Santa Maria e os Lopes penetram até o Apa que o Paraguai tem como
seu.
Quando se dá à invasão Paraguaia,
o sul está ponteado de posses, de moradores e cortado de caminhos. Senhorinha Lopes é fazendeira no Jardim,
donde os paraguaios a arrastam prisioneira.
Nioaque e Miranda são os únicos povoados no sul.
As famílias multiplicaram-se aos
milhares e compram terras ao Estado, organizam pomares, levantam moradas,
igrejas, hospitais, substituem os ranchos por habitações higiênicas, abrem
caminhos, armam telefones e lançam pontes por toda parte. Fundam escolas. Fazem a sua civilização.
Santana é fundada por mineiros;
campo grande por mineiros. Ponta Porã, Bela Vista, Murtinho por filhos de
outros Estados. Aquidauana por
mato-grossenses e gente de fora. Ainda
há pouco tempo, são sulistas e filhos de fora, que fazem três Lagoas, Entre
Rios, Maracaju, Santa Rita, Rio Pardo, União, Vista Alegre...
A forte corrente imigratória
rio-grandense, de 1890, espalha-se hoje em milhares de sulistas, ligadas a
nossa gente pelo casamento, destacando-se no comércio, na agricultura, nas
indústrias e nos cursos secundários.
Aí estão os filhos de outros Estados,
transfigurados nas suas proles: José Garcia Leal, Inácio Barbosa, João Barbosa,
Henrique Pires Martins, Antonio Nantes, Cunegundes Nogueira, Lopes, o Herói,
Antonio Barbosa, Diogo de Souza, Bazilio Lima, Antonio Trindade, Isaac Marques,
Jango de Castro...
E vivos[44] Luiz Antonio Pereira, filho de um dos
fundadores de Campo Grande, Porfiro de Brito, José Luiz e inúmeros Loureiros e
Matos, etc com milhares de descendentes, donos de terras e de haveres. E filhos do sul, quase centenários –
Antonio Barbosa, Barnabé Barbosa,
Manoel Cecílio, Fastino Dias; e mais moço e influentes na vida, nos
negócios do Sul: Domingos Barbosa Martins, Alfredo Justino, Mario Xavier,
Laucidio Azambuja, João Vicente, Jango Trindade, Flavio Garcia, Antonio de
Moraes e tantos nomes magníficos que honram o sul. E quanto outros milhares, que desapareceram
de 1840 para cá, Marcos Barbosa, Joaquim Barbosa, Diogo de Souza, Bento
Pereira, Manoel Pereira, José Martins, Zeca Taveira, Henrique Pires Martins e
uma centena mais com grande descendência sulista e os filhos de velhos
estrangeiros – Geazone Rebuá, Manoel Moreira, Antonio R. Coelho, Vicente
Anastácio.
Pelo sul nada fez o Centro. A História nos diz que, da região cuiabana,
poucos se aventuraram para o sul, sendo pequena a corrente que varou o pantanal
para a região de Miranda: as famílias
Alves Corrêa, Rondon, Alves Ribeiro e
Vieira de Almeida. Esta se fixa em
Campo Grande. Os Alves Corrêa marcam a
sua influência até Aquidauana, pondo em destaques as suas magníficas qualidades. Os Rondon influem na vida aquidaunense.
Dos velhos troncos sertanejos
rebentam os Mascarenhas, os Limas, os Fontouras, os Azambujas, os Moreiras, os
Loureiros, os Rondons, os Coelhos. São
por milhares os Barbosas e numerosos os Pereiras, Nantes, Lopes e outros”.
[1]
Potosi, etimologicamente o termo designa riquezas enormes, tesouros. Trata-se da denominação de uma região andina
rica em ouro e prata, provavelmente na atual Bolívia.
[2]
Exploradores, pessoa ou grupo de pessoas que viajam para fazer reconhecimentos, descoberta numa região,
podendo ser um grupo de aventureiros que
lançam ao desafio pelo novo.
Historicamente neste período, os grupos de exploradores tinham
objetivos: reconhecimento da topografia
do relevo, dos rios das áreas desconhecidas do interior da América do Sul,
procura de metais preciosos ouro e prata, pedras preciosas, e até o aprisionamento de índios nas aldeias
missões dos jesuítas para trabalharem nas lavouras das Capitanias de São Paulo
e Rio de Janeiro.
[3]
Povoamento, o termo está sendo empregado como ato de estabelecimento de
moradia e a exploração da região em
busca de subsistência e por grupos humanos em regiões até então considerados
sertões.
[4]
Aleixo Garcia, citado por alguns autores de nacionalidade duvidosa, portuguesa
ou espanhola. Enciclopédia dos Municípios Brasileiro, IBGE, volume XXXV, 1958,
trata como portuguesa. Neste contexto, está inserido como referência histórica,
e a serviço da coroa espanhola.
[5]
Bacia Hidrográfica ou rede hidrográfica trata-se de um conjunto de rios de uma
determinada região, constituída por um rio principal coletor de água de
diversos outros rios da margem esquerda e direita. Exemplo: Bacia Hidrográfica do rio Paraná;
Bacia Hidrográfica do rio Paraguai, cujo rio principal é o rio Paraguai, o rio
Nioaque e o Miranda, constituem afluentes do Paraguai.
[6]
Serra de Maracaju, no Estado de Mato Grosso do Sul, principal divisor de águas
entre as nascentes dos rios que
deságuam na Bacia Hidrográfica do Paraná e Paraguai. O Município e cidade de Nioaque estão
localizados na escarpa ocidental da serra de Maracaju, constituindo-se marco
natural de limites com o Município de Maracaju, a Leste.
[7]
Jesuítas, membros da ordem religiosa da
Igreja Católica, chamada Companhia de Jesus, fundada por Santo Inácio de
Loyola.
[8]
Chaco, o mesmo que Pantanal, na região paraguaia e boliviana.
[9] Gado Vaccum, do latim, qualidade de gado que
compreende vacas, touros, novilhos, bezerros.
[10]
Entradas, nome dado às expedições organizadas normalmente pelo órgão oficial do
governo, no período colonial, principalmente
entre os séculos XVI e XVII e que
partindo de diversos pontos do
litoral brasileiro, penetravam nos sertões em busca de riquezas minerais ou
índios para escravizar.
[11]
Bandeiras, nome dado às expedições organizadas normalmente por particulares, no
período colonial, principalmente entre
os séculos XVI e XVII e que partindo de
diversos pontos do litoral brasileiro,
principalmente de São Paulo, penetravam nos sertões em busca de riquezas
minerais, diamante, ouro, e pedras preciosas ou para apresamento de
índios para escravizar. Os índios eram
destinados para trabalhar nas lavouras
nas regiões de São Paulo e Minas Gerais.
[12]
Desenho retirado do Atlas Histórico Escolar, CNME – MEC, 1967. Manuel Maurício
de Albuquerque, p. 19.
[13]
Vila Bela, atual cidade de Mato Grosso, Sudoeste de Cuiabá.
[14]
Monções, Expedições que estabeleciam a comunicação fluvial da Capitania de São
Paulo à Capitania de Mato Grosso nos séculos XVIII e XIX.
[15]
Fluvial, o termo designa rio. Navegação
através do leito dos rios.
[16]
Capitania, designação das primeiras circunscrições administrativas e
territoriais do Brasil no tempo da Colônia, normalmente governada por um
Capitão-General; no período do Império,
denominavam-se Províncias e na República Estados. Exemplo: Capitania de Mato
Grosso, Província de Mato Grosso, Estado de Mato Grosso.
[17]
Aldeamento, termo utilizado também pela
denominação de Reduções, segundo algumas definições, na América Colonial
espanhola e portuguesa, distrito em que se arrendavam terras aos indígenas ou
povoação em que os jesuítas reuniam os indígenas e desenvolviam a catequização
e produções agropastoris, com
agricultura de subsistência e criação de animais.
[18]
Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, Volume XXXV, Camapuã, p.105.
[19]
Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, IBGE, Vol. XXXV, 1958, p.139.
[20]
Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, IBGE, Vol. XXXV, 1958, p.222.
[21]
Mondego, nome indígena ao atual rio Miranda.
[22]
Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, IBGE, Volume XXXV, 1958,
Amambai, p. 53.
[23]
Adelantado, em espanhol, significa adiantamento,
intrometido, atrevido. No sistema administrativo espanhol para a região da
Bacia do rio da Prata e Paraguai, era um representante da coroa, uma espécie de
um Governador.
[24]
Em Espanhol, denominado de Província del Guairá.
[25]
Localizou nas áreas do atual município de Iguatemi.
[26]
Século XVII, entre os anos 1601 a 1700.
[27]
Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, IBGE, Volume XXXV, 1958,
Coxim, p. 149.
[28]
Arraial, povoação pequena, sem a categoria de vila ou cidade, pequena aldeia.
[29]
O Brasil ainda sob a regência de D. João VI havia sido elevado a categoria de
Vice-Reino Unido a Portugal e Algarves, isso quer dizer que não era mais
considerada Colônia.
[30]
Século XIX, entre os anos de 1801 a 1900.
[31]
Algumas literaturas tratam estes bandeirantes do século XIX pela denominação de
tropeiros, boiadeiros, sertanejos, sertanistas, povoadores, colonizadores. Na abordagem desta pesquisa está sendo
tratado pelo nome de bandeirantes do século XIX.
[32]
Campos de Vacaria, segundo Aires do
Cassal, apud Hélio Serejo, Nioaque Um Pouco da Sua História, registrou em sua Geografia Brasílica, Vacaria, por causa
do gado vacum, que ali ficou disperso, quando as Bandeiras paulistas ali
passando, destruíram as aldeias espanholas, entre elas a de Xerez. Alguns apontamentos históricos, sem autor
definido atribuem a Gabriel Francisco Lopes a origem da denominação de Vacaria,
na ocasião descobriram nos campos da região compreendida entre os atuais rios
Brilhante e Vacaria, cerca de 60 vacas e 1 touro, selvagens, mas remanescentes
das antigas missões jesuíticas.
[33]
No Capítulo IV, trata da transcrição de uma Escritura de Terra, acompanhado
esta posse desde os tempos em que somente os índios a ocupavam.
[34]
Localiza-se no atual município de Antonio João.
[35]
Localiza-se no atual município de Guia Lopes da Laguna.
[36] Enciclopédia dos Municípios Brasileiros,
IBGE, Volume XXXV, Paranaíba, p.239.
[37]
Hoje, Jardim e Guia Lopes da Laguna.
[38]
Hoje, Republica Federativa do Brasil, Artigo 1º da Constituição, 1988.
[39]
Apud José Barbosa Rodrigues, História de Mato Grosso do Sul, 1985, p.153.
[40]
Guaporé, atual Estado de Rondônia. Os demais territórios foram Amapá, Rio
Branco e Iguaçu.
[41]
Ver Capítulos XV, XVII, XVIII, XXI.
[42]
Emancipação Política: Corumbá em 5 de
julho de 1850; Miranda em 30 de maio de 1857;
Paranaíba 10 de julho de 1857;
Nioaque em 18 de julho de 1890; Coxim em 11 de abril de 1898; Campo
Grande em 26 de agosto de 1899.
[43]
Divisão de Mato Grosso, Resposta ao General Rondon, Maracaju, março de 1934, p. 6 a 10.
Pois é,os Ottoni de Alto Sucuriu (Fazenda Pedra Azul) e de Agua Clara - MS(Fazenda Nascente)contribuíram sobremaneira para a consolidação econômica (expansão da agropecuária; o enriquecimento da história do Leste sul mato-grossense;e no entanto não foram citados nesse texto.
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