CAPÍTULO
VII
7 Introdução
A primeira Carta Constitucional
do Brasil, Outorgado em 25 de Março de 1824, por D. Pedro I estabelece como
culto religioso oficial do Império do Brasil, a Religião Católica.
O casamento religioso era oficial.
A Igreja Católica expedia a certidão de casamento e de batismo.
Encontramos aí a denominação
Igreja e Estados integrados: o Poder Espiritual com o Poder Temporal e
Vice-Versa.
Assim sendo, em Maio se 1877,
quando então Povoado, foi elevado à categoria de FREGUESIA[1],
sob a proteção de SANTA RITA, que por sua vez esta passou a ser oficialmente
declarada a Padroeira da Cidade de
Nioaque.
Foi a criação da Paróquia de
Santa Rita de Levergeria[2],
denominação que Nioaque recebeu de 1877 a 1883, desmembrada da Paróquia e
Município de Miranda, subordinado ao Bispo de Cuiabá.
Entre os anos de 1878 a 1900, embora constituída
Paróquia, praticamente toda a
assistência Religiosa era prestada pelo Padre Capelão do 7º Regimento de
Cavalaria Ligeira. Regularmente, vinha o sacerdote de Miranda e temporariamente
missionários[3].
Saiba Mais
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A IGREJA DE SANTA RITA DE CASSIA EM NIOAQUE, AS ORIGENS
A primeira Igreja Católica foi
construída à frente do atual prédio da Escola Estadual Odete Ignêz Resstel
Villas Bôas,[4] uma vez
que frente da cidade estava volta para a confluência entre os dois rios:
Nioaque e Urumbeva. Esta Igreja foi construída de Pedras e coberta de telhas.
Foi desta igreja, que segundo as
tradições, foi roubado o sino pelos paraguaios durante a Guerra e conduzido
para o Paraguai, transformado em canhão,
para alguns, para outros está mergulhado sobre as águas do Rio Nioaque[6].
Sem que tenhamos documentos para comprovar, mas tudo indica que o sino possuía
a seguinte inscrição gravada: ”Doado pelo Imperador D. Pedro II”.
A
Terceira Igreja Católica, que constituiu a Paróquia de Santa Rita iniciou
a sua construção por volta de 1885 e que acabou de ser construída em torno de 1892, localizava-se nas mediações do local da
atual igreja, em frente a praça XV de Novembro.
De acordo com o Decreto Federal
n.º 119 de 7 de janeiro de 1890, decretado pelo Presidente Provisório do
Brasil, Marechal Manoel Deodoro da
Fonseca, proíbe a intervenção de autoridade Federal e dos Estados Federados em
matéria religiosa, consagra a plena liberdade de cultos, extingue o padroado e
estabelece outras providências.
No ano de 1891 com a Proclamação
da Primeira Constituição Republicana, do Brasil desvinculou a Igreja Católica
do Estado, ambos passaram a constituir Instituições Independentes e estabeleceu
o casamento civil e a certidão de nascimento civil; também concedeu a liberdade
de culto religioso.
Dos tempos em que a Igreja e
Estado constituíam um único poder e quando foi criada a Freguesia[7],
há algumas certidões de casamento e Batizado, as quais serão transcritas logo a
seguir, considerando a relevância histórica destes documentos seculares,
depoimentos que permitem fazer uma
leitura sobre os costumes da época.
<><><><><><><>
Documentos inéditos[8],
que entre outras leituras que podem ser feitas:
¨
Casamentos;
¨
Nomes
de pessoas da época;
¨
Nome
dos Padres;
¨
Escrita
ortográfica;
¨
Certidões
de casamento e batizados com validade de
certidões de casamento e nascimento civil.
¨
Batizados;
¨
Tratamento
que recebiam os negros e os escravos;
¨
Certidões
de paraguaios, brasileiros, descendentes de africanos.
7.1
Certidões de Casamento[9]
7.1.1 Documento um
- Certidão de Casamento - 1878
“No dia quatro de Julho de mil
oitocentos e setenta-e-oito nesta Igreja Matriz de Santa Rita de Nioac, com
authorização do Reverendo Parocho de Miranda Julião Urquia, em presença do
Reverendo Frei Jerônimo de Montefiori e das testemunhas Norberto David de
Medeiros e Manoel Antonio dos Santos receberão-se em Santo Matrimonio com
palavras de presente na formas das Constituições do Sagrado Concilio
Tridentino, Antonio de Oliveira, filho natural de Maria dos Santos e Ignez da
Purificação Gonçalves, filha legitima de Manoel Gonçalves e Maria Leite de
Campos. Receberão as bençãos Nupciaes na
forma do ritual Romano e para constar lavrei este termo em que me assigno.
Nioac 2 de Outubro de 1878
O Pro-Parocho Simão Moreira da
Rocha
-Tenente Capellão-.
<><><><><><><>
7.1.2 Documento
dois - Certidão de Casamento – 1881
No dia vinte e oito de Janeiro de
mil oitocentos e oitenta e um, na Igreja Matriz de Santa Rita de Nioac em minha
presença e das testemunhas Ignacio Gonçalves Barbosa e Ladislau Marcondes de
Oliveira Campos receberão em matrimonio com palavras de presente Estevão
Hungria de Souza, filho natural desta provincia
e Maria Carolina, filha natural de Maria Francisca de Spirito Santos,
natural da Provincia de Minas Gerais. Receberão as bençãos nupciaes na forma do
ritual romano. E para constar, lavrei a presente em que me assigno.
Padre Simão Moreira da Rocha
Encarregado da Parochia.
<><><><><><><>
<><><><><><><>
7.1.3 Documento
três - Certidão de Casamento – 1881
No dia onze de Junho de mil oitocentos e oitenta e
hum, em minha presença e das testemunhas Athanasio de Almeida Mello e Joaquim
Ferreira Lucio, receberão-se em Santo Matrimônio com palavra de presente,
segundo as constituições do Sagrado Concilio Tridentino, Francisco Garcia Leal
Pael, filho de Maria Antonia Garcia Leal e Carolina Umbelina de Lima com
desessete annos de idade filha legitima de Antonio Alves de Lima e Thereza das
Dores Ferraz.
Receberão as bençãos nupciaes na
Forma do Ritual Romano. E para constar lavrei o presente assento em que me
assigno.
Padre Simão Moreira da Rocha
Encarregado da Freguesia.
<><><><><><><>
7.2
Certidões de Batismo[10]
7.2.1 Documento um – Certidão de
Batizado - 1878
Batizado realizado pelo Frei
Jerônimo de Montefiori em visita a Freguesia de Levergeria em 1878.
No dia trinta de Julho de mil oitocentos e
setenta-e-oito em as casas de residencia
de Lucio Candido de Oliveira, o Reverendo Frei Jerônimo de Montefiori
baptizou solenemente a Indalecia, nascida a seis de Janeiro de mil oitocentos e
setenta-e-oito, filha legitima de Lucio Candido de Oliveira e Balduina Izabel
de Oliveira. Forão Padrinhos Patricio Gonçalves Barbosa e Ritta Ramona Lopes
Barbosa.
E para
constar lavrei este termo em que me assigno.
Nioac 30 de Setembro de 1878
Pro-Parocho Simão Moreira da
Rocha
Capellão Tenente.
<><><><><><><>
<><><><><><><>
7.2.2 Documento dois – Certidão
de Batizado - 1878
No dia trinta de Julho de mil oitocentos e setenta-e-oito,
em casa de residencia de Lucio Candido de Oliveira, o Reverendo Frei Jerônimo
de Motefiori baptizou solenemente a Maria, nascida aos quinze de Dezembro de
mil oitocentos e setenta-e-sete, filha legitima de Pedro Mandieta e Thereza
Villamagi Mandieta. Forão Padrinhos José Machado Francelino e Cecilia do Carmo
Gil. E para constar lavrei este termo em que me assigno.
Nioac
30 de setembro de 1878
Pro-Parocho – Simão Moreira da
Rocha
Capellão Tenente.
<><><><><><><>
<><><><><><><>
7.2.3 Documento três – Nome de
Batismo mais antigo que se tem registro - 1876
Segundo os Livros de Batismo da
Paroquia de Santa Rita o nome registrado mais antigo é o de “Josephina da
Trindade, realizado no ano de 1876”.
7.3. Criação de
Paróquias no Município de Nioaque
No ano de 1900, foram criadas
duas novas Paróquias no Município de Nioaque, a de Bela Vista e a de Ponta
Porã, desmembradas de Nioaque, conforme a resolução de n.º 255 de 10.04.1900.
Lembrando que neste período
histórico até 1908, as cidades de Bela Vista e Ponta Porã, constituíam
Distritos do município de Nioaque.
Na
a seqüência íntegra da Resolução[11].
“1900 – n.º 255
O Coronel João Paes de Barros,
Vice Presidente do Estado de Matto-Grosso.
Faço
saber a todos os seus habitantes que a Assembléa Legislativa decretou e eu
sancionei a seguinte Resolução:
Artigo Primeiro – Fica creada a
Parochia de Porto Murtinho, na Povoação do Mesmo nome, desanexada de Corumbá a qual terá por
limites os que forem estabelecidos em vista do artigo 2.º da Lei n.º 165 de 6
de Março de 1897.
Artigo Segundo – Ficam igualmente
creadas as parochias de Ponta Porã e Bella Vista desanexadas da de
Nioac, comprehendendo a primeira os limites dos Districtos policiaes de Dorados
e Ponta Porã e a Segunda a do districto
policial do mesmo nome.
Artigo terceiro – O
Governo do Estado providenciará opportunamente sobre as eleições dos Juizes de
Paz tomando as medidas necessarias para que sejam logos instalados as referidas
parochias.
Artigo quarto –
Revogam-se as disposições em contrario mandando portanto a todas as autoridades
a quem o conhecimento e execução da referida resolução pertencer que a cumpram
e a façam cumprir fielmente.
O Secretario do
Estado a faça imprimir, publicar e correr.
Palacio da Presidencia do Estado
Em Cuyabá aos dez dias de Abril de 1900
Duodecima da Republica
João Paes de Barros
Foi sellada a publicada a presente Resolução nesta secretaria do
Governo em Cuyabá aos dez dias de Abril de 1900
O Secretario,
José Magno da Silva Pereira.
<><><><><><><>
<><><><><><><>
7.4 A
Visita do Bispo[12]
Dom Carlos Luís D’Amour, como Bispo do Império do Brasil
No dia 8 de Setembro
de 1886, conforme consta nos livros de registro[13] da Paróquia de Santa Rita de Cássia, em
Nioaque, aqui esteve em visita Pastoral o Bispo de Cuiabá, D. Carlos Luís
D’Amour e Comitiva.
A Freguesia de Nioaque
constava com aproximadamente 300 habitantes, na sede do Povoado.
A visita estendeu-se
por várias localidades e fazendas do Sul da Província. A viagem Cuiabá, Corumbá
e Miranda foi via fluvial; de Miranda, Nioaque e Campo Grande a cavalo.
Em missão realizou
diversos batizados, casamentos, crismas, pregações e outras celebrações.
Paulo Coelho Machado,
assim transcreve[14]: À noite estiveram com o senhor bispo os
Senhores Antonio Francisco Rodrigues Coelho e o Capitão Honorário do Exército
João Caetano Teixeira Muzzi, dois dos mais abastados fazendeiros que habitavam
os campos de Vacaria e que puseram à disposição da caravana os meios de transportes necessários, que
consistiam dois carros puxados a cavalos e ainda algumas alimárias de
montarias, além de carro-de-bois.
Recebeu a visita de
Vicente Anastacio, Pedro José Rufino, José Álvares Sanches Surga e da
Professora primária Jovita Sampaio Neto.
No dia imediato,
fizeram um passeio à chácara do Surga, na bifurcação do Urumbeva com o Nioaque,
que havia pertencido ao alferes Elias de Alexandre, por concessão de Leverger,
no tempo em que Nioaque era simples
Colônia Militar. Havia uma casa nova para morada e outra para engenho de
açúcar.
Na freguesia, na
parte da tarde, foi constituída uma comissão para as obras do cemitério,
composta pelo coronel Rufino, Vicente Anastácio, Padre Simão M. da Rocha,
Apolinário José Ferraz, e João Anastácio Monteiro de Mendonça.
O padre dá a notícia
da chegada da condução oferecida por Antônio Rodrigues Coelho: duas carretas atreladas
por três juntas de bois cada uma. Um dos carreteiros, de Joaquim Popino,
tornou-se compadre do bispo e do cônego Severino. Na manhã seguinte, dia 11, às
seis horas, partiram de Nioaque acompanhados pelos cidadãos Pedro José Rufino,
Major Francisco Davi Medeiros, Capitão Antônio Nicolau Cônsul, Amitas Silvano,
Manoel de Castro Pinheiro, tenente Augusto Gonçalves Gomide, Benedito Brusque
de Oliveira, Alferes Antônio Francisco Xavier e muitas outras pessoas gradas.
O retorno da viagem
seguiu praticamente o mesmo itinerário, partindo de Campo Grande no dia 4 de
Outubro e chegando a Nioaque no dia 17.
Novamente em
Nioaque foram hóspedes de Vicente
Anastácio, à noite, houve um concerto musical de harpa e rabeca, executado por Pedro Petroni e Rocca Daniel.
No dia 18 de Outubro deixaram Nioaque
acompanhados por várias pessoas, entre elas, Dona Elizena Muzzi Rocca, filha do
Capitão Muzzi, o marido dela, Bernardo Elói, Vicente Anastácio e Major Davi
Medeiros. Os acompanhantes regressaram depois de uma légua, com exceção de
Aplonário José Ferraz.No córrego areias, numa toalha estendida na relva, foi
servido o almoço. Diz o padre: comemos com o devido apreço em guisado saboroso
e substancial, que foi variado com outras iguarias de que nos dera provisão o estimado
D. Vicente Anastácio.
No dia 21, entraram
em Miranda, retornando no barco a vapor para Corumbá e deste para a sede da
diocese, Cuiabá.
Sobre
a visita do bispo também escreveu[15]
com a recepção do comandante do Corpo de Cavalaria, Coronel Pedro José Rufino:
“Ao anoitecer passamos o rio Urumbeva e logo depois entramos em Nioac.
À pouca distância das primeiras casas estava postada uma guarda de honra e reunida grande parte da população, destacando-se as pessoas mais gradas, entre as quais vi os srs. tenente-coronel Pedro José Rufino, rvmo. vigário, D. Vicente Anastácio, João Anastácio Monteiro de Mendonça, João Augusto da Fonseca, D. José Alvares Sanches Surga e o capitão honorário do exército Manoel de Castro Pinheiro. Ali o bondoso prelado dignou-se de apear fazendo assim um grande sacrifício, pois que viajara de sol a sol, inclementíssimo sol e tinha as pernas pesadas e o corpo consumido de fadigas. Foi então um porfiar de todos para beijar cada qual primeiramente as mãos de S. Exa. Rvma. Muito fogo do ar e repiques de sinos se fizeram ouvir nesse momento de concerto com a música militar que rompeu com entusiasmo o hino da independência. Finda esta parte do recebimento, que esteve aparatosa e animadíssima, S. Exa. encaminhou-se para a casa que lhe havia sido preparada, onde nada faltou para brilhante remate da recepção.”
De Nioaque, o bispo segue para as fazendas Esperança e Santa Rosa, encerrando sua viagem em Campo Grande.
7.5
A Freguesia de Nioaque, Organização e outros fatos
Já descrito nos Capítulos[16]
anteriores, principalmente no esboço da presença militar que a vida inicial do
povoado de Nioaque este envolvida sob as feições da presença militar, a tal
ponto que a vida religiosa esteve por muitos anos sob os cuidados do Padre
Capelão Tenente Simão Moreira da Rocha,
assistência prestada aos civis, militares, escravos e índios.
Por esta presença militar, a
Paróquia de Nioaque era denominada de Paróquia de Cunho Militar[17]. O atendimento religioso era feito ou pelo capelão militar ou pelo vigário de
Miranda.
Em 22 de maio de 1860, o vigário de
Miranda, Frei Mariano de Bagnaia, batizou solenemente diversas crianças[18]
Cronologia[19] seguinte apresenta a presença do atendimento
religioso de Nioaque.
Em 1849, ano do início da
fundação do povoado de Nioaque, sendo capela de Miranda, era então responsável
o Padre João Caetano da Costa Faria, vigário encomendado.
Em 1850, Verifica-se a presença do Padre Bento de Souza Vaz
Canavarro.
Conforme
se pode ser lidos nos documentos da época[20]:
“Miranda seis de Fevereiro de mil
oitocentos e cincoenta e seis.
Como procurador de Joaquim
Pinheiro Ferreira de Mello e sua mulher Dona Anna da Conceição – Justino Dias
Paptista Prestes.
Registre-se na Freguesia de
Miranda, trese de Fevereiro de mil oito centos e cincoenta e seis.
O
Vigário Canavarros”.
<><><><><><><>
Entre 1850 e 1858 atua em Miranda e
Nioaque o Padre Domingos de Souza Canavarro.
Em 1861 esteve presente em
Nioaque o Padre Benedito de Araujo
Filgueira, capelão militar, recebeu uma carta do Bispo em 21 de outubro de
1859: “bastante fico agradecido a V.
Excia pela maneira com que se dignou agradecer-me o nenhum serviço que mal
prestei como vigário interino à freguesia de Miranda. Assinado em Nioaque em 6 de Julho de 1860[21]”.
No dia 28 de Novembro de 1859, chegou em Nioaque o Corpo de Cavalaria vindo de
Miranda, com ela a presença do capelão Padre Benedito de Araujo Filgueira.
Em 1861 o Padre Benedito realizou
batizados em Nioaque e em 1862, o Frei Mariano batizou solenemente Bernardino.
No período do final de 1864 a meados
de 1870, Nioaque esteve sobre os escombros da Guerra do Paraguai.
Entre os anos de 1869, 1874 Frei Mariano atendia as Freguesia de
Miranda, Corumbá e Herculânea[22].
Nos anos de 1874 era pároco de
Miranda o Padre Julião Urquia, responsável também por Nioaque.
“No dia oito de julho de mil
oitocentos e setenta e oito nesta Igreja Matriz de Santa Ritta de Noac com
authorização do Reverendo Parocho de Miranda Julião Urquia e em presença do
Frei Jenônimo de Montefiori e das testemunhas Marcos Duarte e Paula Ortega receberão-se
em santo Matrimonio com palavras de presente os Paraguaios Manoel Antonio
Fernandes, filho natural de Maria da Paz Fernandes e Tereza Valenzuela e
Francisca Acosta. Receberão as bençãos Nupciaes na forma do Ritual
Romano. E para constar lavrei este termo
em que me assigno. Nioac dois de outubro
de 1878. O Pró-Parocho. Simão Moreira da Rocha. Capellão Tenente”.
Através da Lei Provincial de 24 de
maio de 1877 foi criada a Paróquia de Nioaque, com a denominação de Freguesia
de Santa Rita de Levergeria.
Nos anos de 1878 a 1888 atendia a Paróquia de Santa Rita de
Levergeria, Nioac, o Capelão Tenente Simão Moreira da Rocha.
“No dia vinte de Novembro de 1879 em
desobriga baptisei solenemente a Luiza com três annos de idade filha de
Martinho e de Gertrudes escravos de Emerenciana de Souza. Forão padrinhos João da Cruz e Maria Leonia.
E Para constar fiz este asento. Santa Rita de Nioac, 20 de Janeiro de
1880.
O Pro-Parocho Simão Moreira da
Rocha.
Capellão Tenente”
<><><><><><><>
Entre os anos de 1888 a 1897 a
Paróquia de Santa Rita fora atendida pelo Padre Benedito Conti.
Em 20 de julho de 1878 Levergeria recebeu a visita
de Frei Jerônimo de Montefiori, missionário apostólico Capuchinho.
Na cópia abaixo, foto cartão do
Reverendo Frei Jerônimo de Montefiori, que serviu a comunidade de Nioaque e
região no ano de 1878, imediatamente após a criação da Paróquia de Santa Rita,
em 1877.
No verso da fotografia há a
seguinte inscrição:
“Offerecido
ao
Sr. Antonio
José
Ferreira
Por Frei Jerônimo
De
Montefiori
M 1.º Apet.Capucho
A Certidão de
casamento seguinte atesta os nomes de três Sacerdotes desta época:
a) do Reverendo Parocho de Miranda
Julião Urquia;
b) presença do Reverendo Frei
Jerônimo de Montefiori;
c) Pro-Parocho Capellão Tenente
Simão Moreira da Rocha. Encarregado da Freguesia.
No dia oito de Julho de mil
oitocentos e setenta-e-oito nesta Igreja matriz de Santa Rita de Nioac e com a
authorização do Reverendo Parocho de Miranda Julião Urquia, em presença do
Reverendo Frei Jerônimo de Montefiori e das testemunhas Marcos Duarte e Paula
Ortega, receberão se em Santo Matrimonio com palavras de presente os paraguaios
Manoel Antonio Fernandez, filho natural de Maria da Paz Fernandez e Thereza
Valensuela, filha legitima de José Antonio Valensuela e Francisca Acosta. E
para constar lavrei este termo em que me assigno.
Nioac 2 de Outubro de 1878
Pro-Parocho
Capellão Tenente Simão Moreira da
Rocha. Encarregado da Freguesia
<><><><><><><>
7.5.1
A presença do Frei Mariano de Bagnaia em Nioaque
Documento com a assinatura do Frei Mariano de Bagnaia em
visita episcopal a Nioaque, 26
de Agosto de 1882.
No ano de 1882, 26 de agosto,
registra a visita do Frei Mariano de Bagnaia[23] a
Freguesia de Santa Rita de Nioac como
visitador Episcopal.[24]
Frei Mariano[25]
nasceu na Itália em 1820, nome de batismo era Saturnino Colonna. A 4
de março de 1847, chegou ao
Brasil, no Rio de Janeiro, Capital do Império.
Em 1848 já estava na Província de Mato Grosso. Em 1850 está trabalhando com aldeias indígenas
na região de Albuquerque, foz do rio Miranda com o rio Paraguai. Em
1859 é nomeado vigário da Vila de
Miranda. Em Maio[26] de 1864
saiu em visita pastoral às paróquias da sua Comarca. Recolhendo bastante frutos espirituais e administrando o sacramento da
Confirmação a muita gente.
Foto Frei
Mariano Retirada da Laguna, juntamente
com outros frades capuchinhos.
Na eminência da invasão dos
Paraguaios em dezembro de 1864, refugiou-se com os paroquianos, as margens do
Miranda, na localidade chamada Salobra.
Preocupado com o povo da Vila, e
das suas paróquias tentou ir implorar clemência ao militares paraguaios. Entretanto, nada conseguiu, pelo contrário,
apresentando resistência, foi preso e conduzido a Nioaque, onde ficou sendo a
Quartel General dos Paraguaios, após a ocupação e a fuga da população
nioaquense. Depois de alguns dias de
prisioneiro, foi conduzido com outros prisioneiros de guerra para Concepcion e
dali para Assunción. Liberto em 16 de
agosto de 1869 pelo exército brasileiro do
presídio de Parrero Grande. O caminho de
retorno foi de Assunção a Nioaque, segue para Miranda, Corumbá e Cuiabá. Em 1870 é nomeado vigário de Corumbá.
<><><><><><><>
7.5.2
Lenda do Padre que Amaldiçoou Nioaque
No princípio das pesquisas,
realizando levantamentos históricos através de entrevistas, diversas lendas foi
possível coletar, muitas das quais para justificar a redução da importância de
Nioaque no cenário Estadual. Entre as
diversas lendas ou estórias destaca-se:
¨
A
lenda do Padre que Amaldiçoou Nioaque;
¨
A
lenda dos Sinos de Ouro;
¨
A
lenda do esqueleto do Burro;
¨
As
lendas dos enterros;
¨
Cemitério.
Todas as histórias narradas sempre tinham um cunho
religioso e em volta com a guerra do Paraguai, por ocasião da invasão e ocupação do povoado de Nioaque.
7.5.2.1 Lenda do Padre
Sobre a lenda do Padre que
Amaldiçoa o Povoado de Nioaque, rogando praga para que a cidade jamais se
desenvolveria e progrediria. Contam as
tradições, que na ocupação Paraguai do Povoado de Nioaque, um padre que havia
sido feito prisioneiro de guerra, que interpolou junto aos chefes militares
paraguaios para que abandonassem a cidade, libertasse os prisioneiros,
deixassem todos viverem livres como filhos de Deus. Como o petitório não foi atendido e por fim conduzido à força como
prisioneiro de guerra para o Paraguai, sem saber qual seria seu destino daí
para frente, uma vez que tudo estava nas mãos dos invasores.
Revoltado, roga a sua fúria
contra os invasores e que eles jamais teriam sucesso sobre o domínio do
povoado.
Outros dizem que ao sair da
cidade o padre sacudiu o pó das suas sandálias e amaldiçoando a Nioaque.
De acordo com os levantamentos, o
padre que apresentou resistência ao domínio paraguaio, foi o Frei Mariano de
Bagnaia que depois de uma estada em Nioaque foi levado para o Paraguai onde já
se encontrava o Padre Ângelo de Caramânnaico.
Quanto o amaldiçoamento da
cidade. Nada se pode provar. Lendas são Lendas.
7.5.2.2
Lenda dos Sinos de Ouro.
Recolhido entre os depoimentos à história
seguinte: Assim que os Paraguaios
ocuparam a cidade de Nioaque, em meados de 1865 começaram a enviar para
Assunção além dos prisioneiros tudo o mais que pudesse ser importante para o
país em Guerra, assim foi levado gado, cavalos, armas, munições, documentos,
jóias, pratarias, e também os dois sinos
da capela de Santa Rita. O que contam,
que os sinos eram de ouro. Os paraguaios
transportavam nas carretas. Ao atravessar a ponte sobre o rio Nioaque,
em virtude do peso e das condições da ponte, a carreta tombou. O sino
e outros objetos tombaram dentro do rio e lá se encontram até hoje. Diversos aventureiros já tentaram encontrar,
mas sem sucesso.
O que se tem de fato, primeiro que sino para produzir o som, não
constituia-se de metal ouro, mas bronze.
Os paraguaios conduziram para Assunção diversos sinos encontrados na
região. Os sinos foram fundidos
nas fundições metalúrgicas e
transformados em armamentos, entre eles canhões.
Se os sinos da capela de Santa Rita
realmente foram ou não levados para o Paraguai, pouco se sabe, muito menos que caíram no rio.
De acordo com as pesquisas do Frei
Alfredo[27],
Em 1862, o Frei Mariano inaugurou a Capela de Santa Rita em Nioaque. E em comunicado de 3 de Julho de 1863 que
fizera ao Bispo, faz o mesmo em relação aos sinos que mandou vir para a capela
de Nioaque, é de 160 kilos de peso, em 2 de fevereiro de 1863.
Informações coletadas através dos
depoimentos, alguns registros comentam que estes sinos haviam a inscrição
“Doados pelo Imperador do Brasil D.
Pedro II”, no qual a Igreja da Vila de Miranda também havia sido beneficiada.
Ainda Frei Alfredo[28],
relatório apresentado pelo Frei Mariano em 4 de janeiro 1874 a respeito dos
danos apresentados por ocasião da invasão Paraguai a Província de Mato Grosso,
faz referências exatamente aos dois sinos:
Nioac,
¨
Uma
Igreja filial que não foi destruída, das
que se achou menos arruinada, cuja construção custou 1:500$000 (um conto
e quinhentos réis).
¨
Dois
sinos com duzentas libras de bronze, 200$000.
¨
Um
jogo de armamentos novos na importância de 400$000
¨
Duas
cadeiras de braços, que juntamente com
outras alfaias, foram conduzidas
comigo para o Paraguai, 100$000.
O documento menciona ainda que foram levados sinos
das seguintes Igrejas alem de outros objetos metálicos usados nas igrejas:
¨
Dois
sinos da Igreja de Albuquerque;
¨
Um
sino da missão do Bom Conselho;
¨
Cinco
sinos da Igreja de Miranda;
¨
Três
sinos da Igreja de Corumbá.
<><><><><><><>
7.6
Santa Rita de Cássia
Ao escrever estes textos sobre Nioaque,
despertou-me, como pesquisador, por que não escrever algumas linhas sobre uma
das mensageiras de Deus e de Cristo, que na Terra e no seu tempo exemplificou conduta de vida e
amor ao próximo, Santa Rita de Cássia?
Ainda
que da fé Católica, mas foi uma mensageira divina, uma filha, esposa, mãe e por
fim uma freira da ordem agostiniana, que acompanhou desde os primeiros tempos a
ocupação das terras mato-grossenses e por fim nioaquenses. Fé. Devoção trazida pela família de Inácio e
Antonio Gonçalves Barbosa, que através da sua numerosa parentela, de oratório
particular passou ao culto oficial do povoado, Freguesia e Cidade de Nioaque.
Algumas vezes chegou a ser
identificada pelas denominações de Santa Rita do Anhoac; Santa Rita do
Urumbeva; Santa Rita de Levergeria; Santa Rita de Nioac e por fim somente Santa
Rita de Cássia.
Alimentou por muitas décadas o culto
cristão católico, as festas, as procissões, as novenas, o socorro nas horas
aflitivas. O 22 de Maio, bem que poderia
ser considerado o dia do aniversário da cidade de Nioaque. Reza a crença, ser a senhora intercessora
junto a Jesus e a Deus dos seus devotos da Terra para solucionar os casos
difíceis, complicados, que só uma força do Alto, ajuda a soluciona-lo.
Foram os tempos em que vinham famílias de diversas regiões do
Estado para participar dos festejos de Santa Rita e pagarem as suas
promessas das graças alcançadas. Conheça
nos textos seguintes, um pouco das razões que alimentaram e ainda alimenta a fé
de muitas pessoas nesta Santa de Deus entre os Nioaquenses[29].
7.6.1 Oração a Santa Rita de Cássia
Oração de Santa Rita
Oh! Gloriosíssima Santa Rita,
padroeira e advogada nossa, consolação das almas aflitas, modelo de esposas e
mães cristãs; Vós que tivestes nesta vida um esposo terreno que purificou a
Vossa virtude e agora sois esposa amantíssima de Jesus Cristo, alcançai-me de
Deus a graça de conservar meu coração puro e limpo de todo pecado e levar com
santa resignação a cruz do matrimônio. Guardai, como anjo do paraíso, a
religião e a piedade em minha casa e família.
Compadecei-vos
de meu esposo e muito especialmente dos meus tenros e amados filhos. Não me
abandoneis na vida e na morte para que, imitando Vossos exemplos e virtudes,
possa gozar em Vossa amável companhia, da glória eterna, amém...
7.6.2
Novena a Santa Rita de Cássia
Introdução
As pessoas que desejam tirar
proveito desta novena e alcançar por intercessão da Santa as graças espirituais
e temporais, devem exercitar-se nas obras de virtude próprias de seu estado. A
verdadeira devoção aos santos baseia-se na imitação das virtudes que eles
praticaram.
Primeiro dia
Ato
de Contrição
Senhor meu Jesus Cristo, Deus e
homem verdadeiro, Criador, Pai e Redentor meu: porque sois Bondade infinita,
vos amo, Senhor, sobre todas as coisas e mais que a mim mesmo. Pesa-me de todo
o meu coração de vos ter ofendido. Por amor vosso e porque assim o quereis e
ordenais, perdôo de todo o meu coração aos meus inimigos para que Vós, Senhor,
useis para comigo de misericórdia e me perdoeis minhas culpas.
Oração
Ofereço-Vos a minha vida, as
minhas obras e trabalhos em satisfação de todos os meus pecados; concedei-me a
graça de preservar em vosso amor e serviço até a morte. Amém.
Astro refulgente da Igreja,
pérola preciosa da Ordem Agostiniana, gloriosa Santa Rita, cujo nascimento foi
presságio de futura santidade celebrada pelos anjos ao anunciarem a vossos
virtuosos pais a boa nova de que teriam uma filha, admirada por todos ao
contemplarem as mercês que Deus vos prodigalizava: compadecei-vos dos vossos
devotos e alcançai-nos, pelo muito que vos queremos, a graça de corresponder
fielmente às divinas inspirações, para que mereçamos a palma da vitória. Amém.
Meditação
Considera, alma devota, a alegria
inefável que os pais de Santa Rita tinham, vendo como Deus favorecia sua
inocente filha por modos tão extraordinários, e as graças que davam a Nosso
Senhor, por ter-lhes concedido um dom tão precioso, que desde os primeiros
instantes de sua existência era já a admiração de quantos a contemplavam!
Peçamos a Deus, por intercessão
da Santa, a graça de perseverar, até à morte, limpos de pecado mortal. Deus
prova com as águas das tribulações os que predestina para a glória.
Leva com ânimo varonil a cruz que
Deus te enviar, à imitação da Santa, se desejar alcançar a graça desta novena.
Ofereçamos a Deus um Padre-Nosso
e quatro Ave-Marias, dando-lhe graças pelas virtudes com que adornou a Santa
Rita nos quatro estados de sua vida, para que se digne conceder-nos as que
necessitamos - Padre-Nosso, Ave-Maria, quatro vezes, e um Glória Pai.
Oração
final para todos os dias:
Dulcíssimo e dolorosíssimo Jesus,
que, para maior tormento de vosso corpo santíssimo, quisestes que vossa sagrada
cabeça fosse coroada de espinhos, presenteando com um deles a vossa dileta
filha Santa Rita, marcando com este sinal a fronte de vossa esposa,
concedei-me, Senhor, por sua intercessão e pelo sangue que jorrou da vossa
cabeça e molhou vosso divino rosto, que, levando-a com ele, a minha alma se
limpe e purifique dos espinhos de tantos pecados, que foram a causa de vossas
dores, e colha copiosos frutos de boas obras. E mereça, assim, pelo vosso
sangue precioso e pela proteção da Santa, minha protetora e advogada, a vida
eterna, onde em companhia dos coros dos anjos vos louve por toda a eternidade.
Amém.
Antífona
Assinalastes,
Senhor, vossa serva Rita.
Com
o sinal da vossa caridade e paixão.
Oração
Segundo
Dia (veja o primeiro dia.)
Oração
para este dia
Salve, modelo de perfeita
obediência, heroína de abnegação e paciência! Salve, espelho das jovens puras,
das esposas atribuladas e das mães estremecidas de seus filhos! Salve, mulher
forte, que, compreendendo ser melhor a obediência que o sacrifício,
renunciastes ao voto de virgindade, para aceitar a pesada cruz do matrimônio,
recebendo por companheiro um esposo cruel, colérico, dominado pelos vícios e a
quem, como outra Mônica, conseguistes converter com a eloqüência do vosso
silêncio e a eficácia da vossa paciência.
Tende piedade, ó Santa Rita, da
inexperiente e irrefletida juventude! Aliviai o peso esmagador de tanta
tribulação e de tanta amargura que pesa sobre o coração de inocentes esposas
que com vós, não tem outro consolo senão as lágrimas e o silêncio. Consegui
para todos nós a resignação nos trabalhos e a fortaleza na adversidade, para
lutar valorosamente até alcançar a bem-aventurada. Assim seja.
Meditação
Considera, alma piedosa, o
heróico sacrifício de Santa Rita ao aceitar, por obediência a seus pais, o
estado do matrimônio, pelo qual desde criança tinha marcada aversão.
E que vida de matrimônio a sua,
até conseguir converter aquele homem de caráter feroz e de maus costumes,
segundo a Igreja chama ao esposo de Santa Rita! Desprezos, ultrajes,
infidelidades... por tudo isso passou aquela segunda Mônica, de quem havia de
ser com o tempo filha predileta.
Suplicamos à Santa que alcance a
paz e concórdia para todos aqueles desventurados lares, onde reina a desavença
e o ódio. Peçamos-lhe que acabe com os dramas dolorosos no seio das famílias,
onde não reina o santo temor de Deus, e que para nós consiga a graça que
esperamos receber desta novena.
(termina
como no primeiro dia.)
Terceiro
dia (veja o primeiro dia.)
Oração
para este dia
Ó insigne Santa Rita, modelo de
virtudes cristãs, que, à força de sacrifícios, lágrimas e penitências
conseguistes a conversão de vosso esposo; e, quando a alegria sorri em vosso
lar, recebestes a infausta notícia da morte pérfida do vosso consorte, ficando
privada de sua doce companhia; e vos resignastes com tão sensível perda e, o
que é mais, perdoastes aos assassinos pelo amor de Deus. Alcançai-nos, pois, a
mesma virtude para perdoar e merecer que o Senhor nos perdoe os nossos pecados.
Assim seja.
Meditação
Reflete, alma piedosa, qual não
seria o desconsolo de Santa Rita, vendo-se sozinha no mundo, sem a companhia
daquele esposo convertido à custa de tantos sacrifícios; sem os sues dois
filhinhos arrebatados pela morte para que não vingassem a morte do pai! Ela,
não obstante, resigna-se e humilha-se, dizendo como piedoso Jó: "Deus mos
deu, Deus mos tirou: bendito seja seu santo nome".
Oh! Que exemplo, que lição para
as esposas, para as mães e para as viúvas! Suplica à Santa que te conceda a
graça de imitá-la no heroísmo, ou ao menos, na resignação, nos trabalhos com
que Deus quiser visitar-te nesta vida.
(termina
como no primeiro dia.)
Quarto
dia (veja o primeiro dia)
Oração
para este dia
Ó prodígio de santidade, ilustre
Santa Rita, donzela virtuosíssima, esposa sem igual, mãe excelente e viúva sem
mancha! Para enaltecer e santificar com vossas virtudes os estados de vida da
mulher falta realizar o sonho dourado da vossa infância: vestir o hábito
religioso. Que importam os obstáculos que possam vir a dificultar a realização
de vossos desejos?
Vossas
súplicas e vossas lágrimas as vencerão todas; e, quando isto não baste, Deus,
que vos ama como filha predileta enviará do céu os três santos, vossos
advogados, São João, Santo Agostinho e São Nicolau, os quais vos conduzirão à
casa do Senhor, pela qual tanto suspirável, onde de braços abertos sereis
recebida pelas filhas de Santo Agostinho.
Alcançai-nos o dom da
perseverança em nossos bons propósitos, contra as graves dificuldades e
tentações que se nos apresentem até chegar a ver-nos na glória. Assim seja.
Meditação
Considera, alma devota, a aflição
que amarguraria o coração de nossa Santa, ao ver desatendido os seus rogos e
frustrado as suas esperanças de consagrar-se inteiramente a Deus por meio dos
votos no convento das religiosas agostinianas, sendo várias vezes repelida, por
não ser costume admitir em sua companhia as mulheres viúvas. Imenso foi o gozo
que experimentou quando, acompanhada por aqueles três celestiais mensageiros,
foi introduzida no convento de Cássia. Admiradas ficaram as freiras ao vê-la
dentro da clausura, pois as portas estavam fechadas; e mais admiradas ficaram
ao ouvir da boca da própria Santa o meio milagroso como tinha entrado. Todas,
então, bendisseram a Deus, dando-lhe graças pelo inestimável tesouro.
Suplica a Santa te alcance a
graça de seres firme e constante em teus bons propósitos.
(termina como no primeiro dia.)
Quinto
dia (veja primeiro dia)
Oração
para este dia
Esclarecida filha de Santo
Agostinho que, havendo conseguido os vossos desejos vestindo o santo hábito e
cingindo a correia, consagrando-vos assim totalmente a Deus pelos votos
religiosos, vos dedicastes com todo o fervor à prática das virtudes no novo
estado e merecendo, em prêmio de vossa obediência, rigorosas mortificações e
contínua meditação nas dores e sofrimentos do Redentor, receber grandes
favores, como o de fazer brotar fragrantes rosas e saborosos frutos na estação
do inverno: e, sobretudo a graça de ter-se cravado na vossa fronte um dos
espinhos da coroa de Jesus – alcançai-nos uma obediência perfeita às divinas
inspirações e graça para meditar sempre nos padecimentos de Jesus Cristo Senhor
nosso.
Assim
seja.
Meditação
Considera, alma devota, o fervor
com que a nossa Santa, vestindo o hábito agostiniano e pronunciando os votos
religiosos, se entregou de corpo e alma a toda espécie de penitências, até o
extremo de passar dias e dias em extática contemplação, sem outro alimento que
o manjar eucarístico.
Seu leito era o duro chão; seu
corpo andava cingido de ásperos cilícios; dedicada inteiramente aos exercícios
da caridade, humildade e obediência, completamente absorta na contemplação de
seu amado Crucifixo, de quem recebeu tantos favores.
Suplica a Deus, por intercessão
de Santa Rita, a graça da fortaleza cristã, para domar tuas paixões; pede o
espírito de oração e o desapego das vaidades deste mundo.
(Termina
como no primeiro dia.)
Sexto
dia (como no primeiro dia)
Oração
para este dia
Ó gloriosa Santa Rita! Pelas
dores agudas e por aquele isolamento de vossas irmãs que não podiam suportar a
vista da incurável ferida aberta na vossa fronte pelo estigma glorioso da cruz:
consegui para nós, ó Serafim de Cássia, que saibamos suportar com resignação
cristã o peso das cruzes do nosso próprio estado e que, como vós, possamos
morrer no meio do sofrimento, crucificados com Cristo Jesus.
Assim
seja.
Meditação
Considera, alma cristã, o muito
que sofreria Santa Rita, por causa da ferida que lhe produziu o sagrado
espinho. Incomodadas as freiras pelo cheiro intolerável que exalava e a náusea
que lhes produzia aquela ferida sempre supurando, pedem à superiora que proíba
a Santa de assistir aos atos da comunidade; e Santa Rita se vê obrigada a viver
sozinha e retirada, por muitos anos.
Aquele penoso isolamento, ela o
aproveitou para mais à vontade contemplar as dores e os sofrimentos de seu
amado Jesus; e Jesus, para comunicar-se mais intimamente com sua esposa
predileta, cumulou-a de inúmeros favores.
Suplica
à Santa que te alcance a graça de te conformares com a vontade divina, tanto
nas coisas adversas, como nas prósperas.
(Termina
como no primeiro dia.)
Sétimo
dia (como no primeiro dia)
Oração
para este dia
Ó gloriosa Santa Rita, que, no
prolongado martírio de vossa vida, recebestes no meio de tantas amarguras e
pungentes dores o bálsamo das consolações que inebriam e arrebatam a alma,
acendendo nela o desejo de padecer por Jesus, para gozar e reinar depois com
ele: fazei que nas tribulações de nosso espírito desça sobre nossas almas o
orvalho das divinas consolações, perseverando sem desmaiar na prática da
virtude e no serviço de Deus.
Assim
seja.
Meditação
Considera os traços da divina
providência nos diversos estados da vida de Santa Rita, tão depressa submergida
num mar de amarguras, como engolfada nas águas de celestiais deleites, para,
deste modo, poder sobrepujar as privações a que Deus a submeteu desde a sua
infância.
Desde criança resolve conservar
sem mácula a pureza de sua coisa alguma que discordasse da honestidade e recato
dos filhos dum Deus puríssimo. Por obediência, aceitou o estado do matrimônio,
ordenando-o Deus a Rita, para que nela os casados aprendessem a ser puros e
castos.
No convento, era tida como
espelho puríssimo desta virtude angelical, e as mais virtuosas entre as virgens
do Senhor a reconheciam como modelo da virtude da castidade.
Suplica à Santa que te alcance de
Deus a graça para cumprir fielmente com as obrigações de teu estado, e luz para
o bom acerto na escolha da tua vocação.
(termina
como no primeiro dia.)
Oitavo
dia (como no primeiro dia)
Oração
para este dia
Ó gloriosa Santa Rita, cuja
morte, em tudo semelhante à vossa vida, foi o espetáculo mais tenro e comovedor
que se pode ver nos claustros!
Que conselhos e despedidas a
vossa daquelas irmãs de hábito! Ao mesmo tempo em que choravam vossa partida,
invejavam tão santa morte! Que olhar tão doce o vosso olhar! Que suspiros tão
tenros por vosso amado Jesus! A chaga da fronte começou a emitir fragrância e
luz! Por todas estas maravilhas, vos pedimos que nos alcanceis a perseverança
final e uma morte preciosa aos olhos de Deus. Assim seja.
Meditação
Considera, alma devota, a
profunda humildade da Santa, pedindo perdão no leito da morte a suas irmãs,
dando-lhes bons conselhos e abençoando-as com o Crucificado que não largava de
suas mãos e de seus lábios. Contemplava-a sorridente e jubilosa, porque já
passou o inverno desta miserável e trabalhosa vida e chegou a primavera, o dia
almejado de sua alma, para celebrar as eternas núpcias com seu celestial
Esposo.
Concentra a atenção nos prodígios
que a Onipotência divina operou na sua morte, fazendo brotar flores e frutos
fora do tempo para recreá-la em sua enfermidade. Jesus e Maria a visitam,
garantindo-lhe que em breve iria gozar de sua doce presença no céu. Finalmente,
considera como Santa Rita, de braços postos e olhos fitos no Crucificado,
adormeceu num êxtase de amor, para acordar na mansão das eternas delícias.
Suplica à Santa te alcance a
graça de morrer no seio da Igreja, confortada com os últimos sacramentos.
(Termina
como no primeiro dia).
Nono
dia (como no primeiro dia)
Oração
do último dia
Ó gloriosa Santa Rita que, depois
de terdes enaltecido e santificado com vossas heróicas virtudes todos os
estados da mulher donzela, mãe, viúva e religiosa, deixando em todos eles
exemplos admiráveis para imitar, merecestes após a vossa morte o título de
advogada das coisas impossíveis, por mais desesperados que pareçam, que não
tenham solução, se a vós recorrerem: alcançai-nos, Santa bendita em troca do
amor que vos devotamos e como fruto desta novena, que mereçamos a graça de
cumprirmos com fidelidade os deveres do nosso estado e a santificação de nossas
almas, pelos merecimentos de Jesus Cristo Senhor Nosso. Assim seja.
Meditação
Regozija-te, alma piedosa, pelas
grandes maravilhas operadas por intercessão da Santa, tão logo entregou sua
alma ao Criador. Os sinos do convento e os da cidade repicaram festivos,
tocados pelas mãos dos Anjos: celestial fragrância exalava seu corpo,
perfumando o ar; a chaga da fronte transformou-se em luminoso brilhante; não
houve enfermo que não sarasse no tocar o sagrado corpo. Muitas esposas
alcançaram a paz de suas famílias e a conversão de seus maridos e filhos.
Até hoje se conserva incorrupto e
mole o seu corpo. Prodígio maravilhoso é o fato de se levantar na urna por
ocasião das visitas oficiais do Sr. Bispo da diocese e do Superior da Ordem
Agostiniana.
Os milagres sem conta e as graças
extraordinárias alcançadas pela nossa Santa explicam a devoção sempre maior do
povo cristão para com Santa Rita.
No fim desta novena pede à Santa,
com inteira confiança, que te alcance alguma graça especial.
(Termina
como no primeiro dia.)
(Para
maior glória de Deus.)
<><><><><><><>
7.7 Um Pouco da História de Santa Rita de Cássia
7.7.1
Dos Céus da Itália
Sob o formoso céu da Itália, numa
das antigas províncias dos Estados Pontifícios, cortada por arroios de
cristalinas águas que correm sussurrantes à sombra de álamos e salgueiros,
coroada de picos de agrestes montanhas, engalanada pelo perpétuo verdor de seus
bosques, vales e prados enriquecidos de exuberante vegetação, encontra-se a
famosa e pitoresca Úmbria, cujo nome desperta a idéia da poética paisagem
naturalmente amena e esmaltada de flores.
Não obstante ser pouco povoada a
província da Úmbria, pode-se afirmar que não há cidade, vila ou povoado que não
registre na sua história alguma celebridade. Se liberal foi a natureza na
abundância e variedade de seus produtos, não foi menos pródiga a graça na
virtude e santidade.
Conta a Úmbria, entre seus
filhos, os gloriosos Patriarcas S. Bento e S. Francisco, a ilustre Clara de
Assis e as não menos insignes agostinianas Clara de Montefalcone e Rita de Cássia.
Na encosta das alterosas
elevações sabinianas, ramificação dos montes Apeninos, conservam-se os vistos
muros da antiga cidade de Cássia, outrora capital dum pequeno Estado
independente, que mais tarde veio a fazer parte dos Estados Pontifícios, pela
livre vontade de seus habitantes: hoje é uma das províncias da moderna Itália.
Santa Rita foi sempre chamada de
Cássia por ter sido ali batizada e por ter vivido durante quarenta anos no
convento das agostinianas de Cássia, onde se conserva o seu corpo.
7.7.2 Os Pais da Santa
Em meados do século XIV viviam em
Rocha Porena, distante de Cássia uma légua, Antônio Mancini e Amada Ferri,
casal exemplar e merecedor do respeito e da consideração de seus concidadãos
pelas virtudes que praticavam: seus conterrâneos conheciam-nos pelo nome de pacificadores
de Jesus Cristo.
Gozavam de imenso prestígio e
autoridade no meio daquela gente, por suas heróicas virtudes. Sua ocupação
diária era visitar os vizinhos mais necessitados, levando consolo ao coração e
tranqüilidade aos espíritos atribulados, junto com as esmolas que a sua
caridade prodigalizava.
A virtude característica deste
bom casal era a de pacificadores dos ânimos de seus cidadãos. Onde quer que o
espírito da discórdia apareça, ali estavam eles como anjos da paz, dando bons
conselhos a uns, repreendendo com meigas palavras a outros, conseguindo sempre
transformar os ódios fratricidas em amor de irmãos.
A mansidão de Jesus e os divinos
exemplos de paciência do Redentor eram as armas de que se serviam para debelar
o espírito da discórdia. Tranqüilos passavam eles os dias no exercício da
caridade fraternal sem que nada perturbasse a paz de suas almas. Para que a
felicidade – o quanto cabe neste mundo – fosse completa, faltava-lhes o fruto
de bênção que viesse estreitar ainda mais os laços de seu mútuo amor. Sem
dúvida, muito os afligia o fato de não terem sucessão: mas, meio à sua aflição,
adoravam submissos os altos desígnios de Deus, sem, por isso, deixarem de pedir
com todo fervor se apiedasse deles, concedendo-lhes o que tanto almejavam.
Apesar da idade avançada de Amada
Ferri – 62 anos -, nem por isso deixavam de confiar em Deus para que nada é
impossível. Como em outro tempo os pais do Batista foram consolados na velhice
com o nascimento do precursor, assim o foram também estes: conta a história de
nossa Santa que um anjo revelou à Amada que daria à luz uma menina que seria a
admiração de todos, porque o Senhor a tinha escolhido para manifestar os
prodígios de suas divinas misericórdias e para ser modelo de todas as virtudes.
7.7.3 Nascimento de Santa Rita de Cássia
A 22 de maio de 1381, nasceu esta
admirável criatura, enobrecida por tantos títulos. O nome de Rita, diminutivo
de Margarida, que quer dizer reta, foi revelado por um anjo, querendo Deus indicar
a fidelidade com que a nossa Santa cumpriria com os deveres próprios de todos
os estados da mulher.
Não é preciso dizer o cuidado que
os pais de Rita teriam com o tesouro que o céu lhes liberalizou, pondo todo
esmero em dar à sua filha uma educação verdadeiramente cristã. Não ignoravam a
imensa responsabilidade que têm os pais na educação dos filhos; por isso,
apressaram-se a lançar no coração virgem de sua filhinha o germe da virtude. E
Deus abençoou os seus desvelos. A menina correspondeu à graça divina e ao zelo
de seus pais, antecipando-se à idade na perfeição com que fazia as coisas.
Ilustrada com as luzes do alto,
punha todas as suas delícias na virtude; sem recreios e divertimentos, na
oração, conversando com Jesus, esposo de sua alma; deste modo transpôs a fase
perigosa da juventude sem macular a cândida flor de sua inocência.
Rita era um anjo, respeitosa e
obediente para com seus pais até ao heroísmo, amava-os com delírio; eles
olhavam-na extasiados por terem a felicidade de possuí-la. Aos oito anos
resolve consagrar a sua virgindade a Jesus, esposo das virgens.
Gostava
tanto da vida retirada, que seus pais lhe permitiram ter um oratório dentro de
casa; ali passava os dias meditando no amor de Jesus, castigando seu inocente
corpo com duras penitências. Mistérios da graça!
Só assim se explica a vida
extraordinária de Rita, em tão tenra idade, e o consentimento de seus pais em
permitir à sua filha estas penitências, que outros teriam qualificado de
loucuras.
Além das prendas da alma, Rita
era formosa, de coração nobre e generoso, compassiva e doce, tudo isto realçado
por aquelas angélicas modéstias e encantadora simplicidade.
A sua virtude infundia respeito,
tinha o mágico poder de cativar os corações de quantos a conheciam,
demonstrando mais uma vez que não há no mundo coisa tão amável como a virtude,
sobretudo quando ela resplandece numa jovem.
Aproximava-se de Rita esse
momento em que é preciso fazer uma opção de estado de vida, e para o qual toda
a reflexão é pouca; comumente, do acerto da escolha depende a sorte futura,
tanto temporal como eterna.
Chegou aqui, não podemos deixar de exclamar
com S. Paulo: "Ó Senhor, como são incompreensíveis nossos juízos". Já
fica dito como Rita desde seus mais tenros anos sentia especial predileção pela
solidão e retiro, desejando consagrar-se sem reserva ao amado de seu coração.
Ao completar os 16 anos pensava no modo de ratificar os místicos desposórios
com Jesus; queria consagrar-lhe irrevogavelmente a sua virgindade por meio dos
votos, tomar parte no coro das virgens do Senhor.
Embebida estava nestes pensamentos quando seus pais, guiados pelo amor natural e pelo desejo de fazer a felicidade de sua filha, resolveram casá-la com um jovem que pedira sua mão. Uma espada de dor traspassou aquele inocente coração! Debulhada em pranto, escutou Rita, surpreendida, a resolução de seus pais que, com a melhor intenção, cavavam, talvez, a desgraça de sua filha. A providência servia-se deles para outros objetivos mais altos. Só assim se explica como pais tão piedosos e bons, que tanto amavam a sua filha, conhecendo sua vocação, tentassem contrariá-la, privando-a de realizar o seu sonho dourado.
Luta horrível se desencadeou desde este momento no coração de Rita,
entre o amor à virgindade e a obediência devida a seus pais.
"Minha Mãe!" – exclamou, caindo de
joelhos, de mãos postas sobre o peito, marejada de lágrimas, a voz entrecortada
pelo pranto e o coração batendo com violência. "Mãe idolatrada, pelo amor
de vossa filha! Eu nunca soube o que é desobedecer, nem contrariar vossos
desejos! Mas, o sacrifício que me pedis é superior às minhas forças; a morte
seria menos dolorosa do que obrigar-me a que me case! Tinha-me oferecido a
Jesus, e só a Ele quero por esposo! Permiti ao menos que o consulte, antes de
vos dar a resposta!"
Orou muito ao pés da Imagem de Jesus e Maria, pedindo luz para seu
espírito... Levantou-se resignada e disposta a sacrificar-se no altar da
submissão à vontade divina, pois, entendeu que Deus lhe dizia ser melhor a
obediência que qualquer outro sacrifício, dando-lhe ao mesmo tempo forças para
abraçar a pesada cruz que lhe oferecia.
Bem longe estava a inocente
donzela de calcular e medir os trabalhos que tal enlace lhe acarretaria!
Não obstante, ainda que incerto o
futuro que a sorte lhe reservara, decidiu fazer a vontade de seus pais,
unindo-se pelo vínculo do matrimônio com aquele jovem de caráter feroz e sem
temor a Deus, que durante 18 anos a fez sofrer um verdadeiro martírio, pelos
maus-tratos que diariamente lhe infligia, e que ela soube suportar com a mais
alta resignação e com o brilho das mais heróicas virtudes cristãs.
7.7.4 Vida de Santa Rita no Matrimônio
Quanto padeceu no longo período
de 18 anos que viveu com seu esposo Fernando! Não têm conta as vezes que bebeu
o cálice de amargura até a última gota; incontáveis os atos heróicos de
paciência e resignação que praticou; as lágrimas ardentes que derramou...
imagine-o o leitor, pelo fato surpreendente de o casal Ter vivido em paz e harmonia,
apesar do caráter iracundo do esposo, dos acessos de cólera a que era propenso
e das infidelidades com que amargurava o coração de sua delicada esposa! A
prudência de Rita soube vencer o duro e insensível coração do esposo, apesar de
tratá-la com brutal desdém e desumano desprezo.
A mansidão e prudência da esposa
suavizaram aquela rude impetuosidade, conseguindo transformar em manso cordeiro
aquele leão furioso.
Com que eloqüência ensinava às
suas vizinhas casadas o modo de manter a paz e a harmonia com seus esposos.
Elas, admiradas por nunca terem
visto divergências em casa de Rita, iam com freqüência consolar-se com ela e
expor os dissabores e ultrajes que recebiam de seus maridos.
À imitação de Santa Mônica, Rita
lhes respondia: "lembrai que, desde o momento em que recebemos nossos
esposos, como maridos, os aceitamos como nossos donos e senhores, e assim lhes
devemos amor, obediência e respeito, pois isto significa ser casadas! Notai que
não tem menos culpa a mulher que fala mal de seu marido do que o marido que,
com incorreto proceder, dá ensejo à mulher para que fale mal". Por isso,
não permitia que em sua presença se murmurasse dos defeitos alheios. Por este
meio conseguiu desterrar de muitos o péssimo costume de falar mal dos outros.
Fernando não pôde resistir a
tanta abnegação e mudou completamente de vida, tornando-se honrado consorte.
Quanto pode o heroísmo da mulher! E com é certo que ela, sozinha, consegue
reformar não só uma família, mas até uma cidade.
Verdade é que há esposos que se deixam
arrastar pelo vício; mas não é menos certo que, se a mulher se resolve a fazer
o bem e é constante em procurar atrair o homem para o bom caminho, raríssima
vez acontecerá não sair vitoriosa. Aí estão os exemplos de muitas que a
história registra para edificação de todos.
Infeliz do homem que tenha de
compartilhar a vida de uma mulher pouco virtuosa e sem temor de Deus! Feliz
daquele que está único a uma esposa virtuosa! Santa Rita, ao receber Fernando
por esposo, fez um grande sacrifício, que devia chegar até o holocausto, e este
ainda não estava consumado.
Sentia-se imensamente feliz por
ver o seu consorte convertido ao bom caminho. Não se cansava de dar graças a
Deus por tamanho benefício. Sentia-se feliz por educar no princípios da
religião os dois filhinhos que o céu lhe dera. Mas..., triste condição das
coisas humanas: como durou pouco o tempo aquela felicidade de santa esposa e
mãe estremecida! Quando menos esperava, tudo mudou, e dum modo violento e
trágico: seu esposo foi perfidamente assassinado!
Doloroso e cruel foi o golpe.
Outra, que não fosse Rita, teria sucumbido à vista do cadáver de seu esposo,
barbaramente esfaqueado! Aos pés do Crucificado achou resignação suficiente
para não só perdoar os assassinos, como também para pedir à justiça que não
fossem punidos como mereciam.
Ó
mulher admirável! Sumida na mais triste viuvez, com o consolo único de seus
dois filhos, até este lhe veio a faltar! Vendo que eles tratariam de vingar a
morte do pai, quando a idade lho permitisse, horrorizava-se ante a
possibilidade de ver realizado tão grande crime! Vivia com o coração amargurado
entre dois sentimentos, o amor dos filhos e o temor do crime.
Vendo que não podia extirpar o
germe da vingança do coração de seus exclamava cheia de tristeza marejada de
lágrimas e com o coração angustiado: "Meu Deus! Se algum dia estes filhos
que me destes houverem de chegar a pôr em execução o crime que tanto temo,
dignai-vos, Senhor, leva-os para Vós antes admirável de amor maternal
santificado no altar do amor divino! Deus ouviu a oração da santa Mãe.
A Rainha D. Branca de Castela
dizia a São Luis, rei da França: "Meu filho, desejo ver-te morto em meus
braços, a ver tua alma manchada com o pecado!".
7.7.5
Viuvez da Santa Rita
Desligada dos laços do matrimônio
e dos cuidados maternais pela morte do esposo e dos filhos, dedicou-se com
afinco à prática das virtudes, às obras de caridade e à oração, onde achava
todas as suas delícias, levando aquele estilo de vida de que fala S. Paulo
acerca das viúvas. A caridade para com o próximo era inesgotável. Não se
contentando em dar o que tinha, trabalhava com suas próprias mão para poder dar
mais e convidava suas conhecidas e amigas para que fizessem o mesmo. A sua casa
converteu-se em ateliê de costura para os pobres, em albergues dos infelizes e
refúgio dos necessitados. Isto ainda não bastava para aquela alma inflamada no
amor divino: estava fora do seu centro. As primeiras inclinações pelo estado
religioso, que desde a infância havia sentido com força irresistível, tornaram
a aparecer.
Uma dificuldade havia, porém, que poderia frustrar suas esperanças: a de ser viúva.
Uma dificuldade havia, porém, que poderia frustrar suas esperanças: a de ser viúva.
Na vizinha cidade de Cássia
existia uma comunidade de religiosas agostinianas às quais ela queria muito bem
pela devoção que tinha a Santo Agostinho, por ter sido Santa Mônica seu modelo
nos diversos estados de vida e tão parecida com ela no sofrimento. Para lá
voltou suas atenções e, depositando confiança em Deus, foi bater à porta do
convento onde suplicou às freiras se dignassem recebe-la em sua companhia. Não
era costume, entre aquelas filhas de Santo Agostinho, receber no convento as
viúvas, por isso não atenderam ao pedido. Ela suspirou, insistiu, mas nada
conseguiu. Retirou-se triste à sua casa, sem perder a confiança em Deus, que
interiormente a confortava. Redobrou suas penitências, pedindo a Jesus que
tivesse piedade dela Quem em Deus confia não verá frustrados os seus desejos.
Muitas vezes adia a concessão do que Lhe pedimos para que, crescendo o desejo
saibamos apreciar melhor o benefício.
Achava-se uma noite a nossa santa
em fervorosa oração, suplicando a Deus que tivesse piedade dela, quando de
repente ouviu uma voz celestial que a chamava: "Rita, tuas súplicas foram
benignamente escutadas; Deus te concede o que tanto desejas!" Volve o
olhar e vê com grande admiração a São João Batista, Santo Agostinho e S.
Nicolau Tolentino, seus protetores os quais continuam: "Somos enviados por
Deus para te dizer que é chegado o tempo de pôr termo a tuas tristezas". E
lhe ordenam que os acompanhe. Obedece prontamente; e no silencio da noite, por
caminhos desconhecidos, chegam a Cássia; entram no Convento e desaparecem,
deixando lá a Santa, num canto do coro, agradecendo a Deus o imenso favor que
acabava de receber.
Imagine-se a surpresa das freiras
quando, no dia seguinte, deram com a nossa santa dentro do convento! "Sou
eu mesma – dizia, chorando – aquela que tantas vezes pediu para entrar aqui e
não me aceitastes com indigna de tanta felicidade! Santas esposas de Jesus;
sabei como a divina Majestade me fez este singular favor, enviando na noite
passada o Santo Precursor, acompanhado do glorioso Patriarca Santo Agostinho e
S. Nicolau, meus protetores, que me trouxeram aqui de maneira milagrosa.
Eu vos rogo, por aquele Senhor
que tão liberal foi comigo, que me recebais em vossa companhia". As
freiras ficaram pasmas ao ouvirem a narração e, diante dum milagre tão
estupendo adoraram os desígnios de Deus, dando-Lhe graças, e admitiram
jubilosas em sua companhia aquela criatura mais angelical que humana.
7.7.6
Vida Admirável de Santa Rita no Convento
Se desde os primeiros momentos
sua existência, Deus se mostrou tão liberal com esta criatura predileta, quem
poderá descrever a torrente de graças que inundaram aquele coração nascido para
o céu desde o momento em que foi admitida no número das esposas do Cordeiro
Imaculado? A primeira coisa que ela fez, foi mandar repartir entre os pobres
todos os bens que possuía. Livre dos empecilhos terrenos e erguendo-se pelos
espaços das mais excelsas virtudes, admirável era a sua obediência, profunda a
sua humildade, grandes as suas penitências, as suas mortificações e os seus
êxtases.
Dum
modo especial exercitava-se na contemplação dos mistérios da Paixão e Morte de
Jesus; a tanto chegou o seu amor na consideração das dores de Jesus que, um
dia, prostrada aos pés do Crucificado, pediu amorosamente ao Senhor que lhe
fizesse sentir um pouco daquela imensa dor que ele havia sofrido pregado na
cruz. Ó prodígio!
Da coroa que cingia a cabeça da imagem do Redentor, desprendeu-se um espinho, que se cravou na fronte da Santa, causando-lhe intensíssima dores até à morte; o penhor do amor de Jesus por sua serva não podia ser mais certo nem mais extraordinário; era um tormento indizível para acrisolar a virtude de Rita.
Aquela ferida era, na verdade fonte de celestiais doçuras para a Santa, mas, ao mesmo tempo, de desgosto para as religiosas que não podiam suportar a vista daquela repugnante ferida, vendo-se, por esse motivo, obrigada a viver isolada de suas amadas irmãs.
A Santa aceitou isto como um novo
favor do céu, ficando, assim livre para tratar mais intimamente com Deus. Ali
redobrou as suas penitências, os seus jejuns e as suas orações, esforçando-se
em unir-se mais estreitamente com Jesus, seu celestial esposo Confessemos que a
linguagem humana não pode descrever a vida dum anjo!
Por aquele tempo, o Romano
Pontífice concedeu um jubileu e para ganhá-lo era preciso ir pessoalmente à
Roma. A Superiora do convento ordenou o necessário excluindo a nossa Santa da
comitiva por causa da ferida da fronte. Rita pediu e instou para acompanhar
suas irmãs, mas em vão. Foi aos pés do Crucificado e de repente fechou-se a
ferida, sem que com isso desaparecessem as dores. Foi a Roma com as outras,
ganhou o jubileu e, de volta ao convento, reapareceu o estigma sagrado tão
grandes tesouros de virtude não podiam ficar por muito tempo ocultos: a fama de
santidade espalhou-se rapidamente por toda a Úmbria; de toda parte fluía gente
para admirar tantos prodígios, fazer consultas, expor suas dúvidas: a Santa
para todos tinha palavras de consolo e, com aquela luz celestial que o divino
Espírito Santo lhe dava, resolvia as dúvidas de todos.
Quantas lágrimas enxugou! Quantos
corações tranqüilizou! Quantos transviados trouxe ao bom caminho!
A fama da Santa entre aquela
gente era coisa sabida. Ninguém ignorava que passava muitos dias sem tomar
outros alimentos a não ser a sagrada Comunhão.
Naquele corpo macerado pelas
penitências encerrava-se um espírito gigante, desejo de deixar o pesado
invólucro da carne, para voar às alturas da glória, aos braços de seu Deus.
Na última enfermidade, que durou
quatro anos, veio visitá-la uma sua parenta; a Santa agradeceu a visita e,
quando tratou de se despedir disse-lhe:
_ Vai à horta que fica perto de
tua casa, por amor de Jesus, e traga-me uma rosa.
Era
o mês de Janeiro, quando os campos estão
cobertos de neve e a vegetação morta. A parenta não deu crédito, pensando que a Santa delirasse; contudo,
para ser agradável, se dispôs a ir, certa porém, de que não
encontraria rosa alguma. A Santa
percebeu suas dúvidas e lhe disse:
_ Vai, não duvides, que as acharás.
_ Vai, não duvides, que as acharás.
Entrou na horta e achou uma linda
rosa. Cortou-a e levou-a enferma; esta tornou a dizer-lhe que voltasse à mesma
horta e lhe trouxesse dois figos. Foram achados numa figueira que lá havia.
Sem dúvida, o esposo celestial sugeria à Santa
as palavras do livro Cântico dos Cânticos: "Levanta-te, amiga minha, e
vem; já passou o inverno... as flores do nosso jardim desabrocharam... a
figueira tem frutos maduros".
7.7.5
A Morte da Santa Rita
Tinha-lhe Deus revelado o dia e a
hora de sua morte; próxima a deixar aquele corpo extenuado pelas penitências,
recebeu os últimos sacramentos com alegria e fervor angelical; disposta a
partir, falou às suas irmãs que choravam:
_Chegou
o tempo, minhas queridas irmãs, de sair deste mundo. Deus assim o quer. Muito
vos ofendi por não vos Ter amado e obedecido como era de obrigação; com toda a
minha alma vos peço perdão de todas as negligências e descuidos; reconheço que
vos tenho sido molesta por causa desta ferida da fronte; rogo-vos tenhais
piedade das minhas fragilidades; perdoai minhas ignorâncias e rogai a Deus por
mim, para que minha alma alcance a paz e a misericórdia da clemência divina...
Cessou de falar e cerrou os olhos
ficando como se estivesse dormindo.
No convento só se ouviam os
soluços das freiras. O rosto pálido da enferma começou a tomar viva cor:
transformou-se de repente, voltando a recuperar a formosura dos anos juvenis.
As freiras a contemplavam extasiadas. Ela abriu novamente os olhos e, fitando
os circundantes com suavidade e doçura, manifestou-lhes que a esperavam os
Santos, seus protetores, e acrescentou: "Amai a Deus, minhas irmãs, sobre
todas as coisas, porque a sua bondade e formosura são inigualáveis e só Ele
deve merecer o vosso amor; observai a regra que haveis professado, venerai o
nosso grande pai Santo Agostinho por nos ter dado nela um caminho real para a
glória". Este foi o seu testamento; e, levantando as mãos, assim
prosseguia: "Ficai com Deus, em paz e caridade fraterna".
Sorriu, pareceu adormecer e...
acordou no céu entre os anjos.
A morte de Santa Rita ocorreu a
22 de maio de 1457, depois de ter vivido 76 anos; nascera em 1381.
Seu rosto ficou formosíssimo,
ferida da fronte resplandecia como brilhante e seu corpo exalava fragrância
celestial, que se espalhava pelo convento e pela igreja.
Os sinos
repicaram festivos por
mãos invisíveis; toda a cidade, movida como que por instinto, invadiu o
convento para ver a Santa. Beijavam-lhe as mãos como se beijam as
coisas santas; todos queriam
alguma relíquia qualquer
coisa de uso da
santa. Foi preciso manter o corpo da santa
insepulto por vários dias, para satisfazer a piedade dos fiéis.
7.8
Beatificação e Canonização de Santa Rita
Nas
Sagradas Escrituras disse o Divino Espírito Santo que Deus é admirável em seus
santos. Com toda justiça podemos aplicar isto à incomparável Rita de Cássia. De
fato, Deus mostrou-se soberanamente magnífico e liberal em todos os momentos da
prodigiosa vida de Santa Rita, e mais ainda depois de sua morte.
A intensa devoção que o povo
cristão sente por esta Santa e a proteção que em todas as suas necessidades
experimenta são a melhor prova do grande poder que ela tem.
As freiras trataram de dar
sepultura ao corpo da Santa, mas eis que a providência de Deus fez que em toda
a cidade não se achasse mais que um carpinteiro, e este tão doente que não
podia pegar nas ferramentas.
_Que a Santa me sare – disse ele
-, e eu farei o caixão.
De fato, Francisco Barbari –
assim se chamava o carpinteiro _ sentiu-se repentinamente curado e cumpriu a
promessa, cheio de satisfação. Nos funerais ocorreram vários milagres: entre
outros, o de uma senhora que tinha um braço paralisado fazia muito tempo, e
recebeu a saúde.
São tantos e tão prodigiosos os
milagres que, no decorrer dos tempos, Deus tem feito intermédio de Santa Rita,
que cansaríamos o piedoso leitor se tentássemos relatá-los.
O povo, na sua expressiva
linguagem, tem dado à Santa o título de advogada dos impossíveis: isto basta e fala mais que
todo um livro, e, ao mesmo tempo, declara o grande poder que Deus lhe concedeu.
Acrescentaremos que ao contato de suas relíquias e à fervorosa invocação de seu
nome, têm recuperado a vista os cegos, o ouvido os surdos, a saúde os
paralíticos, paz os atribulados, e os desviados do bom caminho têm abandonado
os vícios: tudo isto não é mais que uma pequena parte dos favores daquela que
leva o título de advogada das coisas impossíveis. Mais de quatrocentos anos que
passaram desde que a alma de Rita deixou de animar aquele corpo; não obstante,
o poder de Deus o conserva tão inteiro e fresco, que parece que nele respira a
alma daquela insigne mulher. As vestes que lhe serviam de mortalha estão tão
perfeitas como no dia em que a envolveram. Logo que ela expirou, o povo começou
a dar a Rita as honras de Santa.
O papa Urbano VIII, antes bispo
de Espoleto, a cuja diocese pertence Cássia, presenciou vários milagres. Logo
que foi elevado à cátedra de São Pedro, mandou iniciar o processo de
beatificação. Em 1627 aprovou a reza e missa em honra da Santa. A partir dessa data, o culto já muito
estendido da Santa, tomou novo incremento espalhando-se pelo mundo católico.
Em 1724 o papa Bento XIV concedeu
que na cidade do Rio de Janeiro se erigisse uma igreja sob a invocação da Santa,
distinção esta reservada somente a santos canonizados.
O povo brasileiro não ficou atrás na
terna devoção à Santa; basta para demonstrá-lo diversos lugares que tomaram o
nome de Santa Rita e as paróquias que a têm como padroeira. Foi a Providência
de Deus que quis que decorressem tantos anos para a solene canonização de Santa
Rita. Foi em tempos calamitosos para a religião e para a sociedade, que o
imortal Leão XIII elevou a nossa Santa às honras supremas dos altares em 24 de
maio de 1900, rodeado do corpo cardinalício e de duzentos arcebispos e bispos,
que tinham assistido às festas jubilares do mesmo ano. Após a solene
canonização, o Santo Padre dirigiu-se ao Geral da Ordem Agostiniana e lhe
disse: "Alegrai-vos, hoje, filhos de Santo Agostinho. Já vedes realizada a
canonização mais solene dos tempos modernos. Imitai vossa irmã: propagai sua
devoção, levai-a ao seio de todas as famílias". Oh!, que imitem a Santa
Rita as mulheres de nossos tempos.
A partir desse dia solene, novo incremento
tem tomado a devoção à Santa.
O perfume de suas heróicas virtudes e o prestígio de seus milagres valeram-lhe muitos altares, onde as tribulações encontram consolação; as feridas da alma, bálsamo que as cicatriza; os enfermos acham alívio para seus males; todas as famílias, a suspirada paz. Sobretudo, onde aparece bem marcado o influxo benéfico de Santa Rita - e desejamos que mais e mais se acentue - é no centro de onde devem partir os raios que iluminem a sociedade e que são o mais robusto esteio de toda a nação vigorosa e bem organizada: o lar doméstico.
O perfume de suas heróicas virtudes e o prestígio de seus milagres valeram-lhe muitos altares, onde as tribulações encontram consolação; as feridas da alma, bálsamo que as cicatriza; os enfermos acham alívio para seus males; todas as famílias, a suspirada paz. Sobretudo, onde aparece bem marcado o influxo benéfico de Santa Rita - e desejamos que mais e mais se acentue - é no centro de onde devem partir os raios que iluminem a sociedade e que são o mais robusto esteio de toda a nação vigorosa e bem organizada: o lar doméstico.
Este bendito santuário está confiado
à mulher, que deve procurar a conservação deste dom inestimável que a
Providência lhe liberalizou; deve ser luz de sua casa, arrimo do esposo mestre
e guia dos filhinhos, confidente e participante de tosos os segredos, de todas
as alegrias, o bálsamo para todos os sofrimentos e lágrimas, a não ser que
esteja disposta a ver sua honra aviltada, e ferida a própria dignidade.
Dada que a mulher constitui base da família, e a família o alicerce sobre que descansa o edifício social, a impiedade dirige então seus assaltos para apoderar-se da mulher e convertê-la em joguete de suas caprichosas veleidades. Bem sabe a incredulidade que o futuro da sociedade depende da mulher.
Por isso quer por todos os meios ganhá-la para
concretizar seus perversos intentos e dominar a sociedade. Onde estiver a
mulher, ali estará a vitória, desse um líder socialista; por isso, o novo
paganismo, o mundo, trabalha pelo cinema, pela imprensa, pela novela, pelo
jornal e na escola, para arrancar do coração da mulher os nobres e elevados
sentimentos que recebeu da religião católica. Não é no campo de impiedade onde
a mulher cristã pode ostentar os encantos que seu coração encerra: respirando
essa atmosfera de miasmas corruptores, depressa se despétala a bela flor da
modéstia e se evapora o aroma do pudor, fazendo-a voltar ao estado de
aviltamento de onde o cristianismo a elevou: não seria mais a mulher de afetos
puros e ternuras encantadoras; seria uma aberração que só produziria costumes
degradantes, famílias licenciosas e indivíduos dissolutos Não; que a mulher
católica guarde sempre dentro de seu coração a fé de sua religião e não se
esqueça de que Jesus Cristo a restituiu ao posto que lhe correspondia por sua
natureza assim a incredulidade não cantará vitória, e a mulher continuará sendo
o apóstolo da sociedade e da família, a destemida defensora da verdade, a
guarda fiel das tradições cristãs.
Para que a nobreza da mulher não
decaia, é necessário que tenha um modelo que lhe sirva de estímulo para
perseverar na sua missão civilizadora. Com razão disse o imortal Leão XIII:
"Santa Rita é a Santa dos tempos modernos, guia e norte da mulher cristã em
todas as situações da vida doméstica e social". A jovem cândida, a honesta
senhora casada, a viúva aflita e as que vestem o hábito da penitência a tomaram
por modelo.
Correi a alistar-vos na
associação das senhoras católicas, jovens, para que aprendais a guardar o
candor da inocência; tomai a medalha de Santa Rita, senhoras casadas, e
sentireis sua influência para carregar com resignação a pesada cruz do
matrimônio e para educar cristãmente os vossos filhos. Viúvas que chorais a
perda dos vossos caros esposos, a olhei-vos debaixo da proteção da Santa e
experimentareis alívio em vossas tribulações e tristezas. Assim como as árvores
contribuem para purificar a atmosfera, do mesmo modo as associações religiosas
servem para manter os bons costumes da sociedade.
Mãe e esposas cristãs, quem sabe se este
livreto, caindo em vossas mãos, não irá contar-vos a vossa história, a história
das vossas vidas!... Em Santa Rita tendes o vosso modelo: estudai-o, imitai-o.
A paciência abnegada, a humildade de
alegre, o amor sincero, a confiança em Deus - eis o segredo do êxito seguro dos
vossos desejos, dos vossos ideais. Por intermédio de Santa Rita, Nosso Senhor
enxugará as vossas lágrimas, abençoará vossos pedidos.
O
céu vos concedeu o fruto do amor conjugal? Felizes se souberdes ser mães como
Deus quer! Aí está vossa missão, a vossa sorte, vossa melhor coroa: a educação
cristã de vossos filhos.
Ensinai-lhes o amor à virtude desde a
mais tenra idade; que sejam obedientes, humildes e caritativos. Evitareis assim
para o futuro as lágrimas tardias do arrependimento.
7.9
Exemplos de Milagres atribuídos a Santa Rita
_Em Pergola, lugarejo da Umbria,
havia uma casa pertencente a uma das mais ilustres famílias da Itália, que,
pela grande devoção que tinha a Santa Rita, lhe fazia tosos os anos a festa na
igreja de Santo Agostinho. Estavam casados há mais de dezoito anos, mas viviam
tristes porque não tinham filhos. Recorreram a Santa Rita com fervorosas
súplicas, para que lhes alcançasse de Deus o que lhe pediam. O Senhor atendeu a
suas orações, dando-lhes dois filhos, que foram a consolação dos pais e a honra
da família.
_ Na cidade de Valença, no ano de
1688, Santa Rita restituiu a visão a uma menina cega de nascimento, no fim de
uma novena que os pais da criança lhe fizeram.
_ A Bernardino, filho de Tibério,
restituiu Santa Rita a visão de um dos olhos, que tinha perdido por causa de
uma ferida: entrando no sepulcro da Santa, saiu livre do mal que padecia.
_ Uma mulher nobre, chamada Mateia
de César, natural de Rocha, que era surda-muda desde a sua primeira idade, fez
uma promessa a Santa Rita. Pois bem, passou a ouvir e logo falou.
_ Francisca, natural de Fucella,
surda de cinco anos, pela intercessão de Santa Rita conseguiu ouvir, só por lhe
rezar três Ave-Marias.
_ No ano de 1457 um homem,
natural de Ocone, tremendamente aflito de pedras nos rins, recorreu a Santa
Rita e logo se viu livre de tão penoso mal.
_A mãe da menina Josefa Maria
prometeu a Santa Rita vestir-lhe um hábito igual ao da Santa, se a livrasse de
um terrível mal do coração. Concedeu-lhe a Santa imediatamente a graça.
_Venúncio de Santi, aleijado de
um braço, levou um braço de cera ao sepulcro da Santa e ficou livre do mal.
_Não é menor a graça que recebeu
uma criança chamada Ana, cuja garganta foi atravessada por um alfinete, que lhe
impedia a respiração. Sendo-lhe aplicada com grande fé uma estampa da Santa, no
mesmo tempo expeliu o alfinete pela boca.
_Lúcia tinha um filho de pés e
mãos entrevados, havia muitos anos: untou-os com azeite da lâmpada de Santa
Rita e invocou o seu patrocínio; pois levantou-se o menino completamente são.
_No grande terremoto, que
sofreram alguns lugares da Itália, em 12 de maio de 1730, contam que o corpo de
Santa Rita levantou-se da urna em que estava e, suspenso no ar por espaço de
várias horas, reprimiu o golpe do espantoso terremoto, que na cidade de Cássia
não passou de ameaça. Este fato foi confirmado pelo bispo do lugar e divulgado
por toda a Europa.
Estas maravilhas e outras muitas
estão arroladas no processo de beatificação de Santa Rita de Cássia.
[1]
Termo eclesiástico de Paróquia
[2]
No Capítulo XVII, Evolução Política de Nioaque, encontra-se anexo à cópia
integral da lei n.º506 de 24 de Maio de 1877, que criou a Paróquia de Santa
Rita, desmembrada de Miranda.
[3]
Frei Mariano de Bagnaia, Frei Jerônimo de Montefiori.
[4]
Prédio Antigo Grupo Escolar Antonio João.
[5]
Ler no Capítulo V – Guerra do Paraguai, 2ª ocupação
de Nioaque, 1867.
[6]
Encontra-se entre as lendas dos moradores mais antigos.
[7]
Distrito e Paróquia de Santa Rita.
[8]
Os registros foram extraídos dos Livros: Livro de casamentos, n.º 1 – Julho de
1878/Março de 1897; e do Livro de Batizados n.º1 – Julho de 1878/Dezembro de 1892.
[9]
No Capítulo XI, Presença do Regime Escravocrata
em Nioaque, encontra-se diversas certidões de Casamento de Escravos e
Alforriados.
[10]
No Capítulo XI, a Presença do Regime Escravocrata em Nioaque, encontra-se
diversas certidões de Batismo de filhos de escravos.
[11]
Cópia original do Documento foi cedida pelo Arquivo Público de Mato Grosso,
Cuiabá, 1984.
[12]
Don Carlos Luís d'Amour nasceu em São
Luís, Maranhão 3 de junho de 1837 e
faleceu em 9 de julho de 1921. Foi bispo de Cuiabá de 1877 a 1910, sucedendo
José Antônio dos Reis, e também cônego, monsenhor e vigário. Foi o primeiro
arcebispo da arquidiocese de Cuiabá, quando da elevação desta a arquidiocese,
em 10 de março de 1910.
[13]
“Visto em visita Pastoral. Parochia de Santa Rita de Nioaque 8 de Setembro de
1886 – D. Carlos, Bispo de Cuyabá”. Op. Cit. Ref. 8.
[14]
Paulo Coelho Machado – A Rua Velha (Pelas Ruas de
Campo Grande) 1990.
[15]
FONTE: Luis Philippe Pereira Leite, Bispo do Império, edição do autor, Cuiabá,
sd., página 162. (foto reproduzida do livro Retirada da Laguna, de Taunay).
Blog http://datasefatoshistoricos.blogspot.com.br/
7 de março 2011.
[16]
Capítulos III e VI.
[17]
Frei Alfredo Sganzerla, A História do Frei Mariano de Bagnaia. P. 315.
[18]
Ibidem.
[19]
Ibidem, p.316.
[20]
Verificar no Capítulo IV, uma Herança Histórica – Escritura de Terra.
[21]
Ibidem.
[22]
Atual cidade de Coxim.
[23]
Para mais conhecimentos sobre a presença
e vida do Frei Mariano, ler o Livro do Frei Alfredo Sganzerla, A
História do Frei Mariano de Bagnaia, 1992,
p. 462.
[24]
Livros de Registros Batizados e Casamentos,
da Paróquia de Santa Rita, em Nioaque, 1878.
[25]
Foto Frei Mariano de Bagnaia, extraída do Livro do Frei Alfredo Sganzerla,
p.172.
[26] Op. Cit. Ref. 21, p. 194.
[27] Op. Cit. Ref. 21, p. 317.
[29]
Adaptado do Livro Nioaque Estudos Sociais de José Vicente Dalmolin, 1989 e do site
sobre a vida de Santa Rita de Cássia, acessado no dia 18 de Julho de 2002. www.fortunecity.com/styscraper/perl/552/index.html
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